James
E a guerra estava ganha. Os deuses e seus filhos haviam triunfado contra seus pais, os Titãs. A batalha havia sido dura, porém, os heróis, novamente sucederam. Mas James não tinha muita fé que seria para sempre assim. Ele tinha medo de que o pior pudesse acontecer. E se os deuses falhassem e os Titãs dominassem a Terra? James não queria nem pensar nas consequências da derrota. Era tempo de descanso, embora já houvesse semanas que a guerra havia terminado, e o Acampamento Meio-Sangue estava, finalmente, em paz. Merecida paz.
Embora James não tivesse tido uma grande participação na Guerra, sua participação fora crucial. Todos os heróis foram importantes na Guerra. Porém, James havia lutado contra Cronos, na Ilha de Manhattan, juntamente com Percy Jackson, o herói semideus.
Percy Jackson se tornou seu amigo desde a Grande Guerra. Muitas vezes, James batalhou com ele, embora Percy sempre tivesse ganhado. Era algum tempo há mais de experiência. É, James deveria admitir, ele sentia uma ponta de inveja de Percy. Ele tinha reconhecimento, era famoso, e principalmente, tinha uma namorada linda. Mas não poderia namorar sua irmã. Embora não do mesmo pai, seria incesto da mesma maneira.
Sim, James era filho de Atena. Ele havia sido reclamado por ela já havia dois anos, quando, num incidente com uma dezena (sim, dez) dracanaes, dois semideuses o acharam e levaram-no para o Acampamento Meio-Sangue. Na mesma noite daquele dia, James fora reclamado por Atena, com um direito a vários "vivas" do chalé da deusa. Ele tinha 13 anos na época.
Na mesma noite, James fora atraído para a Arena do Acampamento, e lá estava sua mãe. Ela estava divina, literalmente. Vestia uma túnica branca, e seus cabelos eram encaracolados. Era a pessoa mais bonita que tinha visto, em toda sua vida.
Atena não pode deixar de sorrir quando viu seu filho. Embora era dito que deuses não deveriam manter contato com seus filhos, Atena totalmente quebrava esta regra.
- James. Você cresceu, minha criança. – Era possível sentir orgulho em sua voz.
- Sim... Mãe. Eu cresci. Sem você. – Já James, ele sentia o contrário: Tristeza. – Por que não pode ficar conosco? Nunca mais vi papai dar um sorriso espontâneo. Não na minha presença, de qualquer maneira. – Disse James, dando de ombros.
- Oh, querido... – Ela finalmente se aproximou do rapaz, e acariciou seu rosto. – Imagine todo filho meu me pedindo isso. Não é fácil. Não é a vontade que me falta. Eu tenho, e muita. Mas não posso, meu querido filho.
- Eu entendo. – Ele cortou a frase da mãe, para evitar maior tristeza entre eles, afinal, quando ele veria a mãe novamente? – Mas, me diga: O que faz aqui? Melhor: você pode estar aqui?
- Posso, é claro, mas não por muito tempo. Bom, eu vim te cumprimentar. Oficialmente, digo. – Suas palavras pareciam ser cautelosamente escolhidas, como se, um pequeno erro, fosse magoar James. – E com isso, vim te trazer presentes. Eu sei o quanto você gosta deles.
- É... Gosto mesmo. – E um sorriso brotou em seu rosto. Ele realmente ficou feliz, de repente. – Mas o que a senhora trás?
- James, não me chame de "senhora". Não gosto de lembrar o quão velha sou. A idade pesa, algumas vezes... – Por um momento, ela ficou cabisbaixa, como se realmente a idade fosse uma das piores de suas inimigas. – Mas de qualquer maneira. Eu vim te trazer um dom, e dois pequenos presentes. Este é um deles.
Com isso, misticamente, uma mochila surgiu nas mãos da deusa. Não uma mochila ordinária, mas uma mochila em forma de coruja. O item flutuou até suas costas, e ajustou-se ao molde delas.
- Essa mochila é especial, James. – Atena dizia com a maior naturalidade possível, apesar de James estar encantado. – Além dela ter um fundo quase infinito, você não sentirá nenhum peso. Carregue uma pena, ou um martelo, nada será sentido. – Ela sorria para James. O sorriso dela era capaz de cegar o garoto. – Bom, e o outro, é esse conjunto.
Na mão de Atena, um pequeno chaveiro. E um escudo e uma lança. James tinha um pressentimento do que aquilo poderia ser.
Suas expectativas se comprovaram quando, subitamente, o chaveiro se transformou em uma longa lança dourada, com quase sua altura, e um escudo, que no meio, havia o rosto de uma Górgona.
- Aegis? – Disse James, julgando conforme seu conhecimento.
- Na verdade, não. – Atena deu um riso nervoso, enquanto abaixava a cabeça. – Não é o Aegis. Mas tem o mesmo poder. A maioria dos monstros terá medo de você, mas não fugirão. Será seu papel destruí-los e mandá-los de volta ao Tártaro.
- Obrigado, Atena. Quer dizer, mãe. – Seria somente depois que James descobriria que além de uma lança, ele poderia ter também uma espada, ao contrário da lança.
Atena deu um risinho baixa com a confusão de seu filho, porém ela devia estar acostumada. Não era todo dia que um adolescente conhecia sua mãe desaparecida há mais de uma década, e ela ainda era uma deusa. Legal, huh?
- E por último, mas não menos importante, como a todo filho meu, lhe darei o dom da sabedoria. – Suas mãos fizeram gestos, porém desta vez, nada apareceu. James sentia apenas um estranho formigamento percorrer seu corpo. – Com ela, você terá acesso semi-infinito à informação, além de se tornar um grande estrategista, o que você sempre foi. – Terminada a frase, Atena deixou escapar um sorriso bobo. O que ela pensava do filho? James tinha certeza que era algo bom.
- Puxa... Nem sei como agradecer, mãe. – James disse cautelosamente a última palavra. Era bom, mas ele não estava acostumado.
- Não é necessário dizer nada, meu filho. Saiba, que você terá um papel importante em uma trama, em menos de uma década. E você, junto de outros, carregarão um fardo importantíssimo. – Atena alertou. Antes que James pudesse dizer algo, Atena levantou um dedo e colocou-o em frente de seus lábios. – Não há mais tempo, criança. Foi... Bom te conhecer, meu filho.
E com isso, Atena desapareceu, deixando um vazio no ambiente... E no coração de James. Ele ficou parado no meio da Arena, extasiado. Quem sabe, todos aqueles anos de espera valeram a pena.
James estava no mundo da lua quando ouvir seu nome ser chamado. Ele rapidamente se pôs em pé, com uma expressão um tanto confusa, enquanto deixou cair seu travesseiro, que estava apoiado em suas coxas, enquanto ele tinha um rápido flashback. Quando ele dirigiu seu olhar à entrada do chalé, lá estava sua namorada, Alice.
- Querido, bom dia! – Ela tinha um sorriso largo em seu rosto, e correu para abraçar seu namorado. James segurou-a em seus braços, e quando finalmente eles se soltaram, ele deu um beijo nela. Os outros dois filhos de Atena, presentes no chalé, murmuraram algo incompreensível, mas era provavelmente algo repreensível.
- Bom dia, meu amor. – James era curto em suas palavras, mas ele punha emoção em cada uma delas.
- James, venha comigo. Temos que treinar para hoje à noite! – James achava que Alice era mais hiperativa que a maioria, pois era dia ou era noite, ela pulava e não parava.
Alice puxava o namorado pelas mãos, levando-o para fora do chalé, e logo, para o lugar reservado ao treinamento. James deveria assumir, sua a namorada era linda. Não, maravilhosa. Ela facilmente poderia ser confundida com uma deusa. Muitos homens davam em cima dela, mas ela, como sempre, ignorava-os e partia para dar um beijo em James. Ele, logo, se sentia privilegiado, mas alvo de olhares cínicos e maléficos.
James e sua namorada estavam já preparados para se enfrentar. O garoto segura sua espada e seu escudo quase-Aegis. Alice segurava uma lança, e um escudo em forma de coração.
- Ah James, desista, meu amor. Você sabe que não pode ganhar. – Não é justo, James pensou. Alice estava usando seu poder de persuasão.
- É claro... Que não. Seu poder não me atinge... Tanto. – Ele levantou suas armas, e quase em seguida, Alice fez o mesmo.
Os dois se olhavam intrigados. James adorava uma batalha, ainda mais com ela. Embora filha de Afrodite, Alice poderia derrotar facilmente um filho de Ares, ou até mesmo, um filho de Zeus. Eles estavam prestes à iniciar o combate, quando ambos ouviram alguém gritando ao longe. Conforme as pessoas se aproximavam dos dois, James podia ouvir seu próprio nome sendo gritado. Sua visão ia, lentamente, observando melhor quem eram. Facilmente, ele identificou quem eram as pessoas: Lucca e Sunshine. Ele se virou para eles, mas podia sentir a raiva nos olhos de Alice, metralhando James.
- Bom dia, gente. – Ele cumprimentou ambos. Ele havia falado poucas vezes com Lucca, mas ele gostava bastante dele. Embora não soubesse explicar, estar perto de Lucca é estar bem e otimista. Já Sunny e ele eram grandes amigos. Na Batalha de Manhattan, Sunny o curou quando um monstro atravessou seu estômago com a espada dele, e mais tarde, no mesmo dia, James salvou-a de certa morte. Desde então, eles se tornaram ótimos amigos.
- Uau, olha só quem chegaram! Le fille stupide d'Apollon et le garçon qui personne n'aime! – Como Alice era filha de Afrodite, francês era a melhor língua que ela falava. Por sorte, Lucca e Sunny não entenderam, mas James sabia muito bem que ela estava falando mal de ambos seus amigos.
- Calada, filha de Afrodite. Se você se julga tão poderosa, vejamos hoje, na batalha. Cuidado, pois meu pai é quase tão poderoso quanto os Três Grandes. – Havia provocação e zombaria na voz de Sunny, assim como em seus olhos. Ela tinha um sorriso estampado em seu rosto, que demonstrava um desafio claro. James ria por dentro, e Lucca somente observava a cena.
- Você vai me pagar, filha de Apolo! Veremos se o jogo será tão inocente quanto você pensa. – Embora Alice demonstrasse calma na voz, ela estava como um furacão por dentro, envolvendo raiva, fúria, e principalmente, ódio. – E você, James, eu quero você longe dessa menina!
Alice saiu sem hesitação, esbarrando em Lucca e Sunny no caminho, com raiva. Quando ela estava suficientemente longe, os três riram da situação, inclusive James. Apesar de estar junto com ela, Alice era um turbilhão bipolar, e ele já estava cansado dela.
- Vai sonhando, amor. – James sussurrou. – Bom! Depois desse, ah, furacão, farei minha pergunta para vocês: O que vocês fazem aqui? Está cedo, e eu só estava acordado porque tinha perdido o sono.
- Iríamos fazer a mesma pergunta para você, James. – Lucca finalmente disse algo. Ele era um menino introvertido, embora quando você o tivesse como amigo, ele continuava o mesmo, porém mais aberto. – Eu chamei Sunny para treinar para o jogo hoje à noite. Por sorte, em meu time, está o chalé de Apolo e Atena hoje. Vai ser divertido. – Lucca estatou.
- É, com certeza. Mas eu tenho um pressentimento ruim sobre hoje a noite. – Muitos poderiam achar besteira, mas James sempre acreditava em Sunny, afinal, ela era filha do deus dos oráculos. Devia ter alguma relação, né.
- Tipo o quê? – Lucca perguntou.
- Eu também sinto isso, Sunny. Mas não parece ter nada haver com o jogo em si. – James murmurou. Ele coçava a nuca com um assunto tão complicado. – Mas de qualquer maneira. Estamos aqui, no campo, todos tem suas armas em mãos. Podemos treinar, certo? Ainda é cedo para vestir nossas armaduras... Então, o que acham?
- Eu estou dentro. – Lucca assentiu e sorriu.
- É claro! – E Sunny também.
Logo, os três haviam se separado, e puxado suas armas, preparando-se para o embate. Mal eles sabiam, que eles teriam uma batalha maior que a da noite de hoje. Suas vidas se tornariam uma constante batalha.
