Capítulo 1 – Um tipo de Magia

O pequeno Harry Potter, de quatro anos de idade, estava feliz. Não que ele soubesse seu próprio nome, já que seus parentes nunca o chamaram por ele, sempre havia sido 'garoto', 'inútil' ou 'maluco'. Novamente ele caminhava com sua tia Petúnia e seu primo Duda ao parquinho. Não era a companhia atual que fazia o garoto feliz, já que seus parentes não tinham nenhum sentimento bom para com ele. Nem era o parquinho, já que ele estava proibido de sair da caixa de areia ali, e mesmo lá ele estava bastante restrito quanto ao que poderia fazer. O que deixava o menino feliz era a oportunidade de ver novamente sua amiga Lisa.

Harry conhecera a menina a apenas dois dias atrás, e ela rapidamente tornou-se a melhor coisa de sua vida, já que ela era a primeira coisa a fazê-lo feliz em toda sua lembrança. Ignorado pelas outras crianças, devido às roupas enormes que vestia e seu semblante triste, bem como pelos olhares soturnos de sua tia e as ameaças que seu primo fazia a qualquer um que dele se aproximasse, Harry estava experiente em estar sozinho. Por alguma razão, a menina também parecia solitária, e isso capturara sua atenção.

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Lisa estava sempre acompanhada por sua mãe. Elas costumavam passear pelo parque de mãos dadas, ou sentar juntas em um dos bancos para olharem as crianças brincando ao redor. Mesmo o encorajamento da mãe não ajudava muito em fazer Lisa interessar-se pelos brinquedos ou pelas outras crianças, e a menina permanecia quieta ao lado da mãe. Harry notara que a mãe estava sempre conversando com a filha, mas a menina normalmente apenas respondia por acenos com a cabeça, raramente falando algo em resposta.

Foi durante um desses passeios, quando elas passaram próximo do menino, que a pequena Lisa surpreendeu sua mãe ao deixar seu lado para encaminhar-se até onde Harry estava, sentando-se próximo dele na beirada da caixa de areia, olhando para os desenhos que o menino estivera fazendo na areia. Harry, também surpreso, mal foi capaz de sorrir para ela antes de retornar ao seu desenho, pouco à vontade com a súbita atenção que recebia. A garotinha permaneceu quieta a seu lado, apenas observando, por cerca de uns vinte minutos, quando finalmente o garoto decidiu tentar uma aproximação. Timidamente ele ofereceu para ela o palito de sorvete que estivera usando para desenhar na areia, tentando envolve-la na atividade.

Por algumas vezes Lisa passeou seu olhar entre o palito e o menino, como se estivesse em dúvida sobre o que fazer. Notando essa indecisão, Harry, sem levantar de seu lugar, inclinou-se na direção da menina, colocando ao lado dela o palito antes de voltar à sua posição original, sorrindo para ela. A garota olhou para o palito e então para Harry que, ainda sorrindo, acenou com a cabeça convidando-a a pegar o palito.

Surpreendendo sua mãe, que olhava atentamente a cena sem interferir, e também ao garoto, Lisa finalmente pegou o palito mas, ao invés de iniciar um desenho, aproximou-se mais do menino sentando-se colada a seu lado, colocando então o palito na mão dele e, apontando para o desenho incompleto, incentivando-o a continuar. Harry apenas anuiu com a cabeça e voltou para seu desenho, a garota ao seu lado, olhando com atenção.

Incomodado pelo silêncio, mas sabendo que, por alguma razão, a garota era naturalmente quieta, mesmo com sua mãe, Harry iniciou uma conversa unilateral, explicando em detalhes para a menina aquilo que estava fazendo, sem esperar por resposta. Mesmo assim, o garoto estava feliz com a atenção que a menina lhe dispensava, até anuindo ocasionalmente. Verdade seja dita, aquilo era mais do que ele esperava, e aquela simples atividade e companheirismo deu a ele os mais felizes momentos de sua vida até então. Ele sabia que se lembraria daquela tarde por muito tempo como um presente especial.

Harry não saberia dizer quanto tempo eles passaram daquele jeito, horas com certeza, quando ele notou que o sol aproximava-se do horizonte, sinal seguro de que sua tia logo iria querer voltar para casa para começar a preparar o jantar. Vendo que seu tempo chegava ao fim, Harry resolveu tentar uma interação mais direta com a menina. Mudando de lado em relação a ela, ele pegou a pequena mãozinha da menina dando-lhe o palito e, suavemente, guiou a mão dela através de um desenho simples, ainda o tempo todo falando enquanto desenhavam: "... o outro olho... agora a boca..." Para sua felicidade, a excitação da menina era visível, e seu coração quase saltou quando, terminado o desenho, ela virou-se para ele e apresentou-lhe o mais lindo sorriso que ele já vira, os olhinhos da menina brilhando de felicidade.

Harry porém teve pouco tempo para saborear seu sucesso, já que sua tia estava preparando-se para o retorno para casa. De qualquer modo, duas outras surpresas foram adicionadas à suas razões para estar feliz. Quando ele se levantou, a menina também ficou em pé e deu-lhe o primeiro abraço de sua vida, enquanto que a mãe dela gentilmente brincou com seu cabelo enquanto murmurando-lhe um 'obrigado' antes de partir com a filha. O menino sentia-se tão privilegiado pela maravilhosa tarde que a companhia delas lhe proporcionara que ele estava certo de que deveria ter sido ele a agradecer.

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No dia seguinte Harry ficou triste ao chegar ao parquinho e não ver a menina em seu lugar habitual, mas aquilo só durou alguns minutos. Logo ele viu a pequena marchando em sua direção, puxando a mãe pela mão. Sem hesitar, a menina sentou-se próxima a ele, olhos brilhando e um grande sorriso em sua carinha fofa. Harry sorriu de volta e, exibindo o palito, perguntou: "Quer desenhar comigo?" ao que a menina avidamente concordou. Um sorriso trocado com a mãe garantiu ao garoto que ele era bem-vindo em brincar com a filha.

Harry teve outra maravilhosa tarde que nem os olhares furiosos de sua tia e primo conseguiram estragar. Melhor ainda, entre sorvetes e guloseimas que a mãe da menina gentilmente adquiria para os dois, o menino sentiu, pela primeira vez em sua memória, o que era estar saciado. Harry não só recebeu tudo o que a menina ganhava, como frequentemente auxiliava a garotinha a terminar o dela, já que meia porção normalmente bastava para ela.

Sem deixar o menino perceber, a mãe da menina estava notando várias e grandes diferenças entre ele e seu primo. Um tinha tudo, o outro nada, fosse comida, carinho, cuidados, brinquedos, roupas... Quando sua filha começou por si mesma um desenho, ela aproveitou para conversar com o tímido garoto.

"Desculpe por não termos conversado antes, eu odiaria interrompê-los enquanto vocês estavam tão concentrados. Meu nome é Iekaterina, ou Katherine, mas costumo ser chamada de Bete, graças à essa pequenina que se chama Elisabete, ou Lisa como ela prefere."

"Prazer em conhecê-la, senhora. Espero que não se importe de eu brincar com Lisa."

"Oh, claro que não. Eu até agradeço-lhe por isso; ela tem estado tão só..."

"Se não se importa em explicar, por que chamam você de Bete?"

"Bom, veja bem, quando eu estava ensinando a Lisa o nome dela, eu perguntei se ela preferiria abreviar para Lisa ou Bete. Ela então pensou um pouco e respondeu 'Eu Lisa, você Bete'. E é isso, eu me tornei Bete desde então. Mas eu ainda não seu o seu nome."

"Bem, em casa costumam me chamar..." começou o garoto, mas foi interrompido por sua tia.

"É Harry" respondeu ela do banco onde estava, e o olhar de surpresa do menino deixava claro que aquela era a primeira vez que ele escutava o próprio nome. 'Muito estranho' pensou Bete.

Lisa, que estava tão próxima e ouviu a estória, olhou para eles e sorriu satisfeita com sua escolha de nome para sua mãe. Infelizmente, a tia de Harry estava também por perto, tornando difícil para Bete conversar com Harry sobre sua vida doméstica sem ela ouvir, de modo que Bete preferiu direcionar a conversa para outro rumo. Ela tinha notado que o menino estava curioso pelo quão calada sua filha era, mas parecia estar com vergonha de mencionar o fato. Bete então decidiu que ele merecia algumas respostas.

"Lisa é uma garota esperta, Harry. Se ela não fala muito, é porque o inglês é uma língua nova para ela. Nós chegamos da Rússia há pouco tempo, e ela vai precisar de mais algum tempo para se ajustar a todas as mudanças e à nova língua. Não deixe esse jeitinho quieto dela enganá-lo, normalmente ela é bem desenvolta. Ela só está um pouco encabulada por ainda não conhecer o suficiente para conversar."

Aquilo foi seguido pela menina em questão protestando com um longo "Mãe!", mas agora sabendo a razão do silêncio dela, Harry dobrou seus esforços em conversar com ela, tanto sobre o que iam desenhando como sobre qualquer outra coisa que tomasse suas atenções. Logo eles iniciaram uma brincadeira, com Lisa apontando para algo ou fazendo uma mímica, e Harry dizendo a palavra correspondente em inglês que a menina então repetia, enquanto o garoto corrigia a pronúncia dela quando necessário.

Normalmente Bete preocupava-se com sua dieta e a da filha, mas hoje ela mais uma vez comprou um bocado de guloseimas para ambas as crianças, apenas para checar o quão faminto o garoto era mantido pelos seus familiares. E o que ela descobriu deixou-a triste e brava. Seu pequeno experimento confirmara que o garoto estava recebendo abuso dos familiares, e agora sua mente cientificamente treinada tentava entender por que um garoto tão gentil e bem-educado era tratado tão mal, e por membros de sua própria família, e buscava uma forma de como ajudar o garoto a por um fim àquela situação.

Bete certamente teria evitado conduzir seu pequeno experimento se soubesse o quanto ele custaria ao pequeno Harry. Petúnia, tão logo eles retornaram ao número 4 da rua dos Alfaneiros, pegou-o por uma orelha, gritando com ele por sua falta de educação em aceitar comida de estranhos, e por não oferecer nada a seu primo, e milhares de outras coisas que ela considerava ofensas sérias, mas que o menino tinha dificuldade em entender por que seriam consideradas erradas. Para 'pensar sobre seus erros' ele foi trancado no armário sob as escadas com a pior ameaça de todas, de que se ele não melhorasse seu comportamento, seria proibido de retornar ao parquinho.

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Aquela noite tinha tudo para ser uma das piores na curta vida do garoto, mas uma surpresa logo ocorreria que mudaria sua vida para sempre, apenas porque ele havia sido gentil com uma garotinha de cachinhos loiros encaracolados.

Com sua barriga cheia e o tédio de não ter nada para fazer, Harry logo caia no sono. No meio de seus sonhos uma voz infantil o acordou, perguntando "Quer brincar?". O menino lentamente abriu seus olhos e procurou a origem daquela voz, encontrando o rosto de Lisa a poucos centímetros do seu, bem visível mesmo ele estando sem seus óculos.

"Lisa? Como você entrou aqui?" ele perguntou à garota enquanto terminava de despertar. Embora ele logo reconhecesse o interior do armário sob as escadas, tão acostumado ele estava àquele pequeno espaço, a situação em que ele se achou era inteiramente nova e assustadora. Se não fosse pela presença da menina a seu lado, abertamente rindo de seu desconforto, evitando que ele entrasse em pânico, dando-lhe indicação de que não havia perigo eminente, ele estaria certamente aterrorizado.

O que chamou sua atenção de pronto foi que seu corpo estava flutuando acima do chão. Em seguida ele percebeu o aspecto translúcido e imaterial de seu corpo e do de Lisa. Então ele se deu conta de que ambos estavam nus, mas ele logo esqueceu isso ao ver, logo abaixo dele, um 'outro' ele calmamente dormindo sobre o colchonete, este sim com uma aparência normal de um corpo constituído de carne e ossos.

"Primeira vez?" perguntou Lisa, tirando o rapaz do estupor em que ele havia caído.

O rapaz concordou com um gesto de cabeça, enquanto tentava compreender aquela estranha situação. 'Por que é sempre comigo que essas coisas estranhas têm que acontecer?' foi seu primeiro pensamento. Então outra ideia cruzou sua mente, e ele tinha que saber imediatamente: "Nós morremos?"

Daquele momento em diante o que se seguiu foi a mais fantástica, exultante, excitante, maravilhosa, emocionante noite que ele jamais tivera, ou que ele jamais teria, ele pensou. Era um verdadeiro divisor de águas em sua vida, algo que para sempre marcaria sua vida como um antes e depois daquela experiência. Foram tantas descobertas surpreendentes em tão pouco tempo que mudaram sua vida de tal forma que ele se sentiu como se estivesse realmente acordado pela primeira vez, tudo o que ele vivera antes um sonho triste e cinza a ser esquecido.

Quando Harry acordou na manhã seguinte ele estava tão sobrecarregado de novas experiências que ele precisava assimilar que ele ficou feliz que sua tia não se importou em libertá-lo para o café da manhã. Ele realmente precisava de tempo para colocar alguma ordem na confusão que reinava em sua mente. E a primeira coisa que ele fez foi um resumo de todas as descobertas da noite.

Harry decidiu começar pela própria Lisa. Ele estava realmente feliz de descobrir quão inteligente e falante sua pequena amiga era. Ele tinha ficado preocupado e triste ao ouvir sua tia Petúnia falando com malícia que o comportamento e silêncio da menina eram provas de que ela era mentalmente deficiente, e como somente alguém igualmente mentalmente deficiente como Harry poderia se relacionar bem com ela. Aquilo, como tudo o mais que saia da boca dos Dursleys, era apenas mais uma mentira, fruto de preconceito, ignorância e pura maldade deles contra todas as outras pessoas. Para a família com que ele vivia Harry logo descobrira que ninguém além deles e Guida, a versão ligeiramente feminina de Valter Dursley, tinham qualquer valor.

Pelo que ele descobriu de Lisa, a garota sempre entrava naquele estado quando adormecia, era algo natural para ela. Naquele estado imaterial Lisa descobrira que ela estava imune a qualquer dor ou perigo e, sabendo disso, ela era muito mais ativa e energética daquele modo do que quando acordada. Era simplesmente uma questão de sentir-se segura. Mesmo sendo invisível para as outras pessoas, Lisa logo começara a pesquisar lugares distantes onde as crianças estavam ativas e brincando enquanto ela dormia. Ela gostava da proximidade de outras crianças, e de passar o tempo entre elas como se ela realmente estivesse lá e participando dos jogos e brincadeiras, mesmo não podendo ser vista, ouvida ou sentida pelas outras crianças.

Uma coisa que auxiliara Lisa enormemente é que, naquele estado, ela conseguia compreender o que outras pessoas diziam ou pensavam, qualquer que fosse a linguagem nativa delas. Sem um corpo, ela não podia realmente ouvir o que era dito, mas aquele era um tipo de estado mental próximo de pensamentos e emoções, de modo que ela estava sempre consciente dos pensamentos e emoções a seu redor, e não apenas em relação a seres humanos, mas também com relação aos animais mais evoluídos. Por outro lado, como Lisa permanecia tão quieta perto das outras pessoas naquele estado, ela acabara acostumando-se a estar quieta sempre, algo que Harry tencionava mudar para o bem dela.

Durante o tempo que passaram juntos algo muito especial ocorreu, que era uma novidade mesmo para a experiente Lisa. Enquanto eles estavam fazendo piruetas e acrobacias aéreas por pura diversão, acidentalmente seus 'corpos' acabaram ocupando a mesma posição, sobrepostos. O que então aconteceu é que cada um ficou totalmente exposto ao outro; suas memórias, pensamentos, emoções, tudo que os definia como indivíduos ficou completamente ao alcance do outro, mesmo os mais guardados segredos. Harry experimentou a completa experiência do que 'ser Lisa' significava, e foi fantástico, mas também assustador e incrivelmente íntimo. E a vergonha que sentiu ao perceber que Lisa tivera acesso a todas as suas memórias! Ela descobrira todos os seus temores, medos, faltas, os castigos que os Dursleys infligiam a ele, tudo! Mas, para sua surpresa, nem por um momento a menina o julgou culpado. Não, ela colocou toda a culpa em seus parentes! Aquela era uma sensação incrível, a garota o absolvendo de tudo o que seus parentes condenavam como sendo suas faltas ajudou-o a absolver-se a si mesmo e colocar a culpa onde ela de fato estava. Aquele momento único lavara anos de insegurança e abuso que ele tinha sofrido sob os 'cuidados' de sua família.

Harry ficara impressionado com a quantidade de conhecimentos geográficos, étnicos e sociais que sua pequena amiga acumulara em tais viagens, não que ele conhecesse muito bem aqueles termos. Mas a quantidade de lugares que ela havia conhecido, a quantidade de pessoas que ela observara em todo tipo de atividades, trabalhando ou festejando, praticando crimes ou rituais sagrados; as diferenças físicas entre eles, suas diferentes vestimentas, hábitos, costumes, tradições, habitações, ferramentas... tudo ela havia absorvido, sem críticas ou preconceitos, como a resposta particular daquelas pessoas aos problemas, alegrias e dificuldade de estar vivo. Ela até era capaz de prever como certas pessoas se comportariam em certas situações, e também era muitas vezes capaz de explicar, ao surpreso menino, as razões para o que quer que aquelas pessoas estivessem fazendo.

Outra grande fonte de felicidade para Harry era a total liberdade de movimento que eles possuíam como 'fantasmas vivos'. Ele era capaz e voar sem qualquer equipamento ou suporte a velocidades incríveis, fazendo o mais arriscado balé aéreo imaginável, e tudo sem riscos de ferir-se. Os dois passaram horas apenas brincando de pega-pega ou siga-o-chefe enquanto faziam piruetas e acrobacias não só nos céus, mas também no fundo do mar e mesmo mergulhando através de objetos sólidos. No início ele havia temido acabar se perdendo, mas Lisa logo lhe explicou como rapidamente voltar para junto dela, ou para qualquer lugar que ele conhecesse, simplesmente querendo estar lá.

A total ausência de inércia permitia que eles acelerassem instantaneamente sem enjoarem-se e sem sofrer o efeito de múltiplas gravidades a que pilotos de jatos e astronautas eram submetidos em suas máquinas voadoras. Era perfeito: não precisavam respirar, não se cansavam, seus músculos não doíam, não sentiam frio ou calor, nenhuma pressão nos ouvidos com o movimento, nenhum risco de machucarem-se em colisões.

Após algum tempo apenas se acostumando àquele novo estado, brincando ao redor da casa de sua família, Harry foi guiado por Lisa para uma viagem pelos locais favoritos dela, ao redor de todo o planeta. O Grand Canyon e as cataratas do Niágara; as ilhas do Caribe, com um maravilhoso mar azul e as praias de areia tão branca; a floresta Amazônica; os icebergs da Antártida; as savanas africanas com tantos grandes animais; as pirâmides do Egito; as luzes e a vida noturna de Paris; a Grande Muralha da China e a incrível vida animal na Austrália, Nova Zelândia e Nova Guiné foram apenas parte do que eles viram durante a noite, em rápida sucessão. Nada melhor para duas crianças curiosas e aventureiras que ter a habilidade de viajar instantaneamente e sem riscos para onde quer que eles queiram ir! Aquilo tudo era tão maravilhoso que Harry ficou preocupado se haveria algum preço oculto a pagar mais tarde por tão fantástica habilidade.

Quando Petúnia finalmente veio libertá-lo de sua prisão no armário, o almoço já estava sobre a mesa. Tão logo ele saiu do armário, sua tia começou a dizer-lhe exatamente o que esperava dele. Infelizmente, ela queria Harry longe da menina e de sua mãe, sem conversas com elas, e sem aceitar nada que lhe oferecessem. Ele pensou em desistir de acompanhar Duda e Petúnia ao parquinho para evitar qualquer conflito, mas a vontade de ver Lisa novamente era forte demais. E Duda, aquele porco gigante! Todo o tempo atrás de sua mãe, para não ser visto por ela, fazendo faces e tirando sarro do sofrimento de Harry, como se fosse a coisa mais divertida do mundo! Harry estava se preparando emocionalmente para um dia muito, muito difícil.