SOBRE LUNA LOVEGOOD


sobre os brincos

Ameixas dirigíveis. Pareciam rabanetes, flutuavam, ótimas para levitação, ingrediente especial da Poção de Alegria de Flora. Nos dias em que Luna acordava doentinha, ou Xenophilius se decepcionava com alguma edição da revista, Flora preparava uma bebida que os fazia levitar, literal e figurativamente. É claro que o suco era apenas um suco, mas por muito tempo Luna acreditou que aquilo que os deixava felizes.

Então mamãe morreu. A poção acabou. A felicidade acabou.

Luna colheu duas ameixas, um pouco de verniz, um pouco de jeito com arame, e fez um par de brincos. Assim, podia se lembrar da alegria, o flutuar, da liberdade de pensamento de Flora.


sobre o colar

Xenophilius chegou um dia em casa com três garrafas de um líquido amarelo, com espuma branca, que Luna desconhecia. Ele se sentou à mesa, todo animado, e destampou as garrafas, entregando uma para a filha, tomando o líquido da outra, em grandes goles, deixando a terceira apoiada na mesa.

"Xeno, eu não acredito. Você não pode dar isso pra Luna!", Flora reclamou, mesmo com a voz branda.

"Por que? Cerveja amanteigada não tem álcool, é gostoso, e aquece por dentro", disse ele ainda animado.

Flora assentiu com a cabeça, juntando-se a eles, pegando a garrafa sobrando para si.

"Isso é gostoso, mamãe", a pequena Luna disse.

Flora sorriu, olhando para a filha com um bigode de espuma. Xeno olhou para ela, piscando cúmplice.

E quando Flora morreu, Xeno e Luna precisavam se aquecer por dentro. Duas garrafas de cerveja amanteigada foram abertas, mas pouco ajudaram.

Luna juntou as rolhas, e com um barbante, fez um colar para si, para se lembrar de sempre ter o peito aquecido pela presença da mãe.


sobre a varinha atrás da orelha

"Mamãe, por que você põe a varinha atrás da orelha?", Luna perguntou sentada na grama, observando a mãe, curiosa.

"Oras... para melhor utilizar as mãos", Flora respondeu calmamente. Enquanto isso, uma mão segurava um verme-cego, a outra segurava uma lupa, para observá-lo. "Além disso, eu preciso estar sempre com a varinha pronta, não é? Como estaria de prontidão com a varinha perdida em um dos meus bolsos?"

É claro, fazia o maior sentido do mundo.

"Mamãe, quando eu tiver a minha varinha, eu vou pôr atrás da orelha também"

E quando Flora morreu, nem mesmo a varinha tão fácil pôde ajudá-la.


Tudo bem que eu chorei escrevendo? Eu sou tão doente assim?

E sim, eu inventei Flora.