Domo pessoal

Não se preocupem, Vale das Flores esta longe de acabar, mas devido a uma idéia meio doida minha resolvi separar as duas historias, aquela que conta sobre a viagem (supostamente para a Índia) do Shaka com a Aaliah e o pós revelações do Afrodite sobre o passado dele com a Aimê.

Bom, aqui esta o primeiro capitulo de 'De Volta ao Vale das Flores', logo vocês vão entender o porque, sinceramente espero que gostem dessa nova fic e ela vai começar agora no meio de Vale das Flores e terminar antes do fim da mesma, pelo menos é o que eu pretendo fazer.

No mais, qualquer coisa eu falo depois. Então, vamos ao que interessa...

Boa leitura!


Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem, apenas Aaliah é uma criação única e exclusiva minha, para essa saga.


De Volta ao Vale das Flores

Capitulo 1: Memórias e Saudades.

I – A Viagem.

Respirou fundo, fechando os olhos momentaneamente ao encostar a cabeça no encosto do acento. Sentia o doce perfume de rosas emanado da jovem a seu lado invadir-lhe as narinas, Aaliah parecia inquieta; ele pensou, instintivamente sua mão buscou pela dela, que jazia pousada sobre o colo. Querendo de alguma forma transmitir-lhe segurança.

Aaliah voltou-se para ele, como se ainda perguntasse se aquilo era o certo a fazer? Mas não havia como retroceder, já havia decidido isso há muito tempo, desde que ele descobrira a verdade; ela pensou.

-Vai dar tudo certo; Shaka sussurrou, tocando-lhe a face ternamente, dando-lhe um beijo suave sobre a testa.

Viu-a fechar os olhos e assentir. Logo a voz da comissária de bordo fez-se presente, avisando a todos sobre como proceder dali em diante. Desde colocar os cintos de segurança a utilização das mascaras de oxigênio se fosse necessário.

Em silencio esperaram. Sentindo as rodas aos poucos deslizarem suaves pela pista e o avião levantar vôo.

-Srs passageiros, desejamos que façam uma boa viagem e que em breve estaremos desembarcando em Estolcomo; a comissária de bordo avisou.

Todos assentiram, acomodando-se em seus acentos da melhor forma possível.

Fechou os olhos, lembrando-se como tudo aquilo começara. Ou melhor, quando acontecera.

Alguns meses atrás...

Subiu as escadas dos templos rapidamente, Afrodite havia lhe pedido para encontrá-lo em Peixes; Shaka pensou, lembrando-se que o amigo pedira que fosse lá para conversarem algo importante.

Deparou-se com as portas do templo abertas, possivelmente ele já era esperado. Entrou calmamente, dando um breve toque na porta anunciando sua chegada.

A casa estava no mais completo silencio. Adentrou pelo corredor, deparando-se com a porta que levava ao jardim de Peixes aberta, possivelmente Afrodite deveria estar ali cuidando de suas rosas. Caminhou com calma pelo lugar, o cheiro de rosas era inebriante, se elas ainda fossem venenosas teria caído ao dar o primeiro passo para dentro daquele lugar; ele pensou.

Deparou-se com a jovem de melenas azuis sentada de costas para si, em frente a alguns vasos de flores. Parecia entretida com alguma coisa.

Franziu o cenho ao sentir a energia dela alterar-se, normalmente só quando as pessoas comuns ficavam irritadas é que ocorria essa variação de cosmo, mas a dela parecia proposital.

Silenciosamente, aproximou-se parando atrás dela. Foi com surpresa que viu a jovem colocar a mão sobre um vaso de flores vazio, apenas com terra e de dentro dele surgir uma bela roseira.

As rosas vermelhas que brotaram dali pareciam surreais de mais para que acreditasse que elas pudessem existir. Eram lindas, cheias e vivas. Se pudesse tocá-las agora, diria que elas eram maiores que a palma de sua mão.

-Aaliah; Shaka chamou, colocando a mão sobre o ombro da jovem.

Viu-a assustada virar-se para trás, acabando por cortar-se com os espinhos.

-Ai; ela gemeu de dor, enquanto levantava-se. Algumas gotas de sangue escorriam levemente pelo braço.

-Me desculpe, não queria assustá-la; ele desculpou-se, retirando um fino lenço de seda do bolso e tomando a mão da jovem entre as suas, envolveu o corte para que o sangue fosse estancado.

-Tudo bem, eu estava distraída; Aaliah respondeu um tanto quando hesitante, perguntando-se há quanto tempo ele estava ali a lhe observar? Estava concentrada de mais para sentir a presença dele e isso não era algo bom; Aaliah pensou, recriminando-se pelo descuido.

Lembrou-se que o pai havia avisado que havia marcado de encontrar-se com o cavaleiro em Peixes, mas pediu que aviasse que ele precisara sair e resolver algumas coisas, não pensou em momento algum que o pai houvesse deixado as portas do templo abertas.

-Ahn! São lindas; ele comentou, tentando desviar o assunto.

-Como? –ela perguntou piscando, voltou-se para o cavaleiro deparando-se com os orbes azuis intensos a lhe fitar, sentiu a face aquecer-se levemente.

-As rosas; Shaka falou, apontando para o vaso que ela acabara de preencher com as mesmas.

-Ah sim, as rosas; ela balbuciou, afastando-se.

-Algum problema? –o cavaleiro perguntou, vendo-a com um olhar melancólico.

-...; Aaliah negou com um aceno.

-Não é o que parece; Shaka falou, aproximando-se.

-Não é nada; ela afirmou, recuando alguns passos.

-Se não quiser falar sobre isso não tem problema, mas ficar assim não adianta nada; o cavaleiro falou, em tom compreensivo.

-Eu sei, mas...; Aaliah não completou, sentindo uma lagrima rolar-lhe dos olhos.

Respirou fundo, fechando os olhos, tentando conter as demais que vieram depois. Sentiu um par de braços lhe envolver de maneira terna, fazendo-a sentir-se protegida.

Um alto soluço escapou dos lábios da jovem fazendo-o recriminar-se mentalmente por simplesmente não saber o que poderia fazer para acalmá-la. Estreitou os braços em torno da jovem, sentindo-a aconchegar-se e relaxar. Já era um começo; ele pensou.

-Calma; sussurrou-lhe ao pé do ouvido.

De que adiantava ser treinado para enfrentar titãs ensandecidos e deuses neuróticos se nem ao menos sabia como fazer uma garota parar de chorar; Shaka pensou.

-Me desculpe; ela balbuciou, tentando afastar-se, embora o desejo de permanecer ali fosse bem maior.

-Não tem porque se desculpar; ele respondeu, mantendo um dos braços sobre a cintura da jovem, enquanto uma das mãos tocava-lhe a face, contendo as ultimas lagrimas.

Os orbes amendoados possuíam uma tristeza que nunca havia visto antes e isso lhe assustou. Desde que ela chegara, estava acostumado a ver Aaliah sorrindo, vez ou outra de cara fechada ao discutir com alguém sobre suas opiniões. Opiniões das quais, defendia com veemência sem se abalar por argumento algum.

Vê-la triste assim era simplesmente horrível. Sentia-se tão impotente, por não saber o que fazer para acabar com essa dor que nublava os orbes amendoados.

-Shaka, posso te fazer uma pergunta? –Aaliah perguntou, surpreendendo-o ao invez de se afastar, aconchegou-se mais entre os braços dele, apoiando a cabeça sobre seu ombro.

-Pode; ele respondeu num sussurro, deixando uma das mãos correrem suavemente pelas melenas azuis, ouvindo-a suspirar.

-Porque ela não pode agüentar um pouco mais? –ela perguntou, com a voz chorosa. –Só um pouco; a jovem completou, num fraco sussurro.

-Uhn? –ele murmurou confuso.

Sentiu-a segurar-se firmemente em sua camisa, aumentando a intensidade do choro. Quando deu-se conta do que ela se referia.

-Há coisas que por mais duras que sejam, às vezes precisam ser da forma que são Aaliah; Shaka falou, compreensivo.

-Mas...; Ela começou, voltando-se para ele com os orbes vermelhos e carregados de lagrimas.

-Eu sei que não parece justo, mas as coisas são assim; ele continuou, apoiando a testa sobre a dela.

Céus, como era difícil. Agora sim, sentia-se um completo inútil; ele pensou.

-Queria tanto que ela estivesse aqui; Aaliah sussurrou.

-Ela esta, sempre vai estar; Shaka respondeu. Viu-a erguer a cabeça, surpresa. –Aqui; ele completou. Apontando-lhe o coração, com a ponta dos dedos. –Enquanto você a mantiver aqui, ela sempre velara por você;

-Obrigada; a jovem murmúrio, voltando a descansar a cabeça sobre o ombro dele.

-Quando quiser falar sobre isso, pode me procurar se achar que assim o deve; ele falou.

-...; Aaliah assentiu.

Sentiu o cavaleiro tencionar afastar-se, porém surpreendeu até mesmo a si, com atitude tão ousada.

-Posso ficar assim? –ela perguntou, segurando-se firmemente sobre a camisa dele, mantendo-se entre seus braços.

-Como? –Shaka perguntou, num misto de confusão e surpresa.

-Assim, com você; Aaliah sussurrou. –Me sinto bem com você; a jovem completou num sussurro.

Shaka assentiu, sentou-se em um banco de mármore do jardim, acomodando-a entre seus braços. Ouviu suspirar. Não procuraria uma forma de responder o que se passava em ambas as mentes naquele momento. Apenas esperava que com isso, ela se sentisse melhor, fazendo com que aquela estranha inquietação e sentimento de impotência sumissem, embora soubesse que isso não aconteceria tão cedo.

-o-o-o-o-

Virou-se para o lado, ouvindo a jovem ressonar baixinho em meio a um breve cochilo. Poucas horas haviam se passado desde que o avião decolara.

Aaliah passara um bom tempo inquieta até acalmar-se e descansar. Não duvidava que quando chegassem ela estaria mais cansada do que o normal. Viagens longas e demoradas como essa, normalmente causavam esse efeito nas pessoas.

Notou que a temperatura do ar condicionado havia caído levemente, devido à pele alva da jovem estar levemente arrepiada.

Levantou-se de forma que não a acordasse, puxando do compartimento acima de sua cabeça, uma coberta. Estendeu-a sobre ela, vendo Aaliah remexer-se e agarrar-se na mesma voltando a dormir.

Suspirou aliviado. Ainda sentia as lembranças dos acontecimentos que vieram depois permanecerem bem frescas em sua mente.

-Lembrança-

Respirou fundo entrando em casa. Era muita informação para uma cabeça só; ele pensou, isso porque acabava de chegar do ultimo templo, por volta de uma da manhã. Ficara conversando com os amigos e quando notaram, já era àquela hora.

Também pudera, ninguém ousava sair daquele templo até que Ilyria e o Grande Mestre terminassem de contar tudo que havia acontecido naqueles anos em que todos acreditavam que o Grande Mestre era um idoso.

O mais curioso disso tudo era que Kanon parecia saber muito bem dessa história. Ainda se perguntava se ele não andara conversando com Mú sobre isso, mesmo porque ouvira alguns boatos sobre a estranha chegada dos dois ao santuário depois de uma noitada de farra.

Um absurdo diga-se de passagem, o ariano sempre fora discreto e não dado a esse tipo de coisa, se fosse Milo até concordava, apesar de que não podia mais levar isso em conta, a julgar por alguns fatos do passado relacionados ao Escorpião encrenqueiro. Irresponsabilidade não era mais sinônimo de Milo de Escorpião, mas deixaria para pensar nisso outra hora.

Passou pelo largo corredor, adornado com belas pinturas de divindades indianas, indo para seu quarto. Era melhor tomar um banho e relaxar, havia algumas coisas pra fazer pela manhã, mas aquele calor certamente não o deixaria dormir.

Entrou no largo banheiro, retirando as peças, deixando-as metodicamente dobradas sobre um aparador. Não as vestiria de novo, mas a simples possibilidade de ficarem amassadas já era irritante.

Momentos depois saia do chuveiro com uma toalha sobre a cintura, enquanto insistentemente tentava secar os fios dourados que haviam molhado.

Abriu a porta do quarto, deparando-se com o corredor. Franziu o cenho ao sentir uma estranha movimentação dentro do templo. Se estava sozinho ali, quem poderia estar em sua casa aquela hora? –ele se perguntou.

Com passos calculados e sem fazer barulho, dirigiu-se para o corredor em direção a sala. Parou no caminho recriminando-se por ter deixado a porta aberta. Lembrou-se que Kamus vivia lhe chamando a atenção por isso, mas nunca se importou, será que agora teria de começar a mudar alguns hábitos?

Viu um vulto mover-se na sala escura, parecia impaciente. Poderia dizer que o vulto assemelhava-se a um leão enjaulado. Andando de um lado para outro. Encostou-se no batente da porta observando com mais atenção.

A julgar pela primeira vista não conseguia distinguir quem era. Resolveu colocar um fim nisso de uma vez nisso.

-O que quer aqui? –perguntou, sem ainda acender as luzes. A voz soou grave e intimidadora, viu a sombra querer se afastar, como se fosse correr, porém acertou a perna no canto da mesa de centro perdendo o equilíbrio.

Correu até ela tentando evitar a queda, porém não contava que a mesma mesa, no mesmo lugar acabasse por enroscar em sua perna, fazendo com que prendesse o equilíbrio e em vez de ajudar, acabassem ambos no chão.

-Droga;

Shaka surpreendeu-se ao ouvir uma voz feminina e um corpo bem delineado moldando-se ao seu, juntamente com a respiração ofegante e descompassada sobre seu pescoço. Elevou seu cosmo de forma que fizesse com que as luzes aos poucos fossem se acendendo.

-Aaliah? –ele murmurou, notando o quão assustada ela estava.

-Me desculpe incomodar vindo a essa hora, mas...; Aaliah parou, ao dar-se conta da situação em que estavam. Engoliu em seco, sentindo a face incendiar-se.

-Não tem problema; Shaka respondeu, levantando-se e estendendo a mão a jovem. Viu-a hesitar. –O que foi? –Aaliah apenas negou com um aceno, enquanto apoiava-se na mão dele para se levantar.

-Ahn! Eu posso voltar outra hora; ela falou.

-Não, espera; Shaka falou, impedindo-a de se afastar. Ela estava inquieta e porque não dizer insegura. –Aconteceu alguma coisa?

-...; Ela assentiu, desviando o olhar.

-E o que é? –ele insistiu, pelo que conhecia de Aaliah ela não era o tipo de garota que se deixa intimidar, ou até mesmo, recuar diante de um olhar. Havia alguma coisa errada;

-Eu realmente acho melhor voltar outra hora; ela falou, apontando para ele.

Shaka voltou-se para si, notando o motivo do incomodo da jovem. Sentiu a face levemente aquecida.

-Só me da um minuto; ele falou, se afastando.

-Mas...;

-Eu já volto, não saia daí; ele completou, imaginando que aquele era o momento que ela tentaria recuar.

Aaliah observou-o sumir no corredor. Dando um breve suspiro.

-"Céus e pensar que tudo isso fica escondido a maior parte do tempo, por causa daquelas roupas brancas"; ela pensou, com a face levemente aquecida e um meio sorriso nos lábios, usando uma das mãos como leque, abanando-se levemente.

Sentou-se no sofá esperando-o voltar. Lançou um olhar a sua volta, notando o quanto a personalidade do cavaleiro influenciava no ambiente que estava.

Virginianos normalmente são metódicos e gostam das coisas padronizadas, porém aquele templo era a completa exceção a regra. Os moveis estavam num perfeito equilíbrio entre clássico e moderno muito bem dispostos.

Os sofás da sala formavam um "L" em um dos cantos da parede, acima de sua cabeça, jazia na parede um projetor, que refletia-se na tela de plasma do outro lado. Bem próximo a um discreto barzinho, com algumas garrafas e copos de bebidas.

Em vários pontos da sala podia ver quadros com representações de antigas divindades indianas. Alguns vasos de flores secas no canto da porta, lustres e cortinas perfeitamente alinhadas.

Aquela era a primeira vez que estava em Virgem sem a presença do pai, mas precisava falar com alguém antes que surtasse; ela pensou, recostando-se no sofá, fechando os olhos momentaneamente.

-Aaliah; Shaka chamou, retornando a sala. Franziu o cenho ao ver um olhar quase que decepcionado da jovem sobre si. –Algum problema? –ele perguntou, arqueando a sobrancelha.

-Nada não; Aaliah respondeu prontamente. –"Eu ainda vou fazer ele usar preto, tudo isso ficar escondido por causa dessas roupas brancas é um sacrilégio"; ela concluiu em pensamentos.

-Quer tomar alguma coisa? –Shaka perguntou, dirigindo-se para o bar, sentindo-a acompanhá-lo com o olhar.

-Só se for algo bem fraco; a jovem respondeu, vendo-o colocar uma pequena dose de wisky em um copo.

-Então, por onde quer começar? –ele perguntou, entregando-lhe um copo e sentando-se ao lado dela.

-Bem...; Ela começou, serrando os punhos sobre o colo. Respirou fundo, precisava começar de alguma forma, tomou em um gole só o conteúdo do copo, voltando-se para ele. –Shaka, você chegou a conhecer a minha mãe?

-Cheguei, mas ela era muito nova quando veio ao santuário pela primeira vez e depois que começou a treinar, não a vi mais, porque? –ele perguntou curioso devido a reação da jovem.

-Você acha que somos parecidas? –Aaliah perguntou, voltando-se para ele, com um olhar quase suplicante em busca de uma resposta.

-Ahn! Aaliah, o que exatamente você quer saber? –Shaka perguntou, fitando-lhe intensamente, como se assim pudesse descobrir o que acontecida com ela.

-Shaka, eu gosto muito do meu pai, mas...; Ela parou, deixando o copo sobre a mesa de centro. –Acho que seria melhor eu voltar para a Suécia;

-O que? –ele perguntou espantado. Visivelmente incomodado com a possibilidade, embora no momento desconhecesse os motivos.

-...; Aaliah assentiu.

-Porque?

-Eu não sei se somos parecidas ou não, mas toda vez que meu pai olha pra mim, eu sinto o quanto ele fica triste. Não sei como era antes, mas acho que ele não era assim. Quem sabe se eu voltar para lá, ele possa ficar bem aqui; ela completou, sentindo as lágrimas caírem por sua face.

-Calma; ele pediu, abraçando-a. –Seu pai te ama Aaliah, só-...;

-Só? –ela o cortou.

-Só não está acostumado a ter uma filha adolescente em casa; ele completou, sentindo-a aconchegar-se entre seus braços.

-Como assim?

-Todos nós, não só seu pai, muito menos só eu, crescemos com a idéia de que assim que nos tornássemos cavaleiros, seriamos apenas nós, digamos que completamente individualistas. Não poderíamos ter nada que desviasse nossas atenções e comprometesse o nosso desempenho.

Aaliah ergueu a cabeça, podendo assim ouvir com mais atenção o que ele falava.

-Ele passou por muitas coisas, o período de treinamento, a adaptação com o santuário, se separar de Aimê. Entre infinitos fatores que fizeram com que ele se tornasse uma pessoa mais fria. Agora, depois de alguns anos após os términos da guerra, aos poucos cada um vai mudando a sua maneira, eu entendo que às vezes ele fique confuso. Você e Aimê são bastante parecidas, mas não a ponto de serem confundidas. Creio que ele sente falta dela e sente falta dos momentos que perdeu por não passar ao lado dela. Por não poder te ver crescer, nem acompanhar seus primeiros passos. Mais aos poucos ele vai se acostumando, agora as coisas são outras e que a nova oportunidade que recebeu ao voltar a vida, vai servir para compensar todos esses anos longe. Por isso que ele quis que você viesse para o santuário, onde pudessem ficar mais próximos;

-Acha mesmo? –Aaliah perguntou esperançosa.

-Acho, só de um tempo pra ele. Não tome uma decisão precipitada; ele falou, tocando-lhe a face carinhosamente.

-Obrigada Shaka; ela falou.

-Não há porque agradecer sabe que pode contar comigo; ele respondeu, com um meio sorriso.

Viu-a assentir e abraçar-lhe fortemente. Sentiu a face levemente aquecida devido a isso, mas não deixou de corresponder. Aos poucos sentiu-a relaxar e foi com surpresa que ouviu um baixo ressonar da jovem, que dormir tranqüilamente. Depois avisaria Afrodite que ela estava lá, antes dele rodar o santuário todo surtando.

-Fim da Lembrança-

-Chá ou café?

Piscou confuso, sentindo alguém lhe cutucar pelo ombro. Virou para a direção da voz, deparando-se com uma simpática comissária de bordo com um carrinho de bebidas a seu lado.

-Chá ou café, Sr?

-Agora nada, obrigado; ele falou, vendo-a assentir e se afastar.

Virou-se para o lado de Aaliah novamente, ela estava dormindo. Tocou-lhe a face, afastando delicadamente alguns fios azuis que caiam sobre os olhos da mesma. Olhou para o relógio de pulso, constatando que ainda faltavam algumas horas, não faria mal tirar um cochilo antes de desembarcar; ele pensou, recostando-se novamente sobre a poltrona, fechando os olhos por fim.

Continua...