Nota: Sim, aqui está a continuação de "ALGO MAIS QUE NOVE MESES". Espero que vocês gostem tanto quanto eu.

Sipnose: Para Bella, há uma coisa mais importante do que sua própria vida: Sua filha, Lilly Cullen. Porém, aos vinte e um anos de idade, ela tem que enfrentar muito mais do que apenas ser uma mãe adolescente. Bella tem que passar por dificuldades nunca imaginadas por ela, com a força e a perseverança que só as verdadeiras mães podem ter.

Capitulo Um: Todo o meu mundo

Lentamente, a consciência foi chegando até mim. Eu abri meus olhos e encarei a luminosidade ofuscante que vinha da janela. Rolei na cama e meu corpo travou quando sentiu outro prestes a ser esmagado.

Lilly.

Eu olhei para o pequeno corpinho da minha filha, agarrado ao meu. Os cabelos castanhos estavam espalhados pelo travesseiro branco e os olhinhos fechados, na mais linda expressão de serenidade que existe no mundo.

Eu sorri.

Quando se tem um filho, apesar de todos os problemas que sua vida pode ter, é impossível não sorrir ao acordar.

Eu a puxei para mim e ela fez um barulho engraçado com a garganta. Apoiei meu queixo na sua cabeça enquanto eu olhava para o teto.

Então, como se fosse um raio cortando o céu, eu me lembrei. Era hoje.

Há exatamente quatro anos, nesse mesmo dia, eu havia engravidado de Edward.

Como pode passar tanto tempo sem eu nem perceber? Eu sai da cama com o menor barulho possível e me olhei no espelho. Eu continuava a mesma. A mesma pele pálida, a mesma boca torta, os mesmos olhos sem graça. Eu tinha vinte e um anos, mas continuava sendo a mesma Bella Swan de dezessete.

Meus olhos vagaram para a penteadeira que se estendia em baixo do espelho e então pararam no retrato que havia ali. Na foto, estávamos eu, Lilly e Edward na formatura dele. Eu senti meu coração apertar e meus olhos ficaram levemente molhados. Puxei o retrato até meu rosto e beijei a parte que o rosto de Edward sorria brilhantemente para mim.

Havia aquele buraco imenso que eu chamava de saudade dentro de mim.

Ouvi Lilly falar algo atrás de mim e recoloquei o retrato na penteadeira, girando o corpo para olhá-la.

Ela estava sentada na cama, os cabelos apontando para todos os lados e os imensos olhos verdes abertos em minha direção.

"Bom dia, querida." – Disse.

Ela esfregou o rosto e parecia ainda mais sonolenta assim.

"Tô com fome, mãe."

Eu ri alegremente, andando até ela para pegá-la no colo. Então, eu andei pela casa dos Cullen, de onde eu nunca havia saído, em direção à cozinha.

Lilly começou a fazer uma trança nos meus cabelos e eu dei um tapinha no seu bumbum para ela parar.

Meu pequeno poço de alegria.

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"Vóóó, tem panqueca?"

Eu coloquei Lilly no chão e ela saiu correndo na direção de Esme, que comia juntamente à Carlisle o café da manhã. Lilly subiu no colo dela e começou a comer do seu prato. Esme reclamou e Carlisle deu risada.

Eu me sentei no meu lugar costumeiro e esperei que Esme recolocasse Lilly na sua cadeirinha.

"Ela está tão parecida com o Edward." – Carlisle falou enquanto Esme dava leite na boca de Lilly. Eu, a única que prestei atenção ao que ele falou, o olhei curiosa.

Era mais que óbvio que Lilly não se parecia comigo. Ela tinha o tom dos meus cabelos e, talvez, o formato dos meus olhos, mas isso era tudo. Eu podia ver todos os outros traços idênticos aos de Edward, mas era difícil alguém falar aquilo.

"Eu também acho." – Respondi com um sorriso. Carlisle me olhou pensativo e depois olhou para o relógio.

"Você recebeu alguma carta dele esses dias?"

Eu senti a felicidade esvaziar-se do meu peito.

Inevitavelmente, eu tentava esquecer isso. Eu tentava guardar dentro de mim o fato de que Edward só estava comigo em meus sonhos, e não ao meu lado fisicamente.

Depois de se formar, Edward foi aceito em muitas faculdades. Inclusive a que ele desejava desde pequeno, que ficava em Londres. Quando ele recebeu a carta de aprovação, ele logo a descartou, dizendo que não iria me deixar quando eu mais precisava dele. Lilly ainda era muito pequena naquela época.

Ninguém contradisse ele.

Apenas eu.

Eu havia acabado de repetir o terceiro ano e sabia que ainda teria dois longos anos de colegial pela frente. Eu estava sentindo na pele o quanto era ruim ter que adiar algo. E eu não quis que Edward fizesse isso.

Quando eu contei à ele que queria que ele fosse, ele brigou comigo. Ele disse que eu estava sendo ridícula, com o meu altruísmo exacerbado. Ele disse que não importava o quanto ele quisesse essa faculdade, Lilly precisaria dele com ela.

Na época, eu achei que não.

Eu não me considerava uma pessoa altruísta. Eu somente queria que ele tivesse um futuro.

Nós pensamos em nos mudarmos todos para Londres, mas Esme e meus pais foram completamente contra. No fim, depois de muita conversa, eu consegui fazer com que Edward fosse. E ele, muito a contragosto, aceitou desde que ele pudesse voltar, pelo menos, uma vez por mês.

E foi isso que ele fez.

No inicio.

Eu o via sempre cansado e suas notas não eram tão boas. Às vezes, ele trazia trabalhos para fazer aqui, enquanto ele podia fazer tudo lá. Por mais que eu contasse os dias para suas vindas, eu sabia que isso o estava prejudicando. Então, eu pedi a ele que só viesse uma vez a cada dois meses.

Ele não quis aceitar e passou mais um ano vindo todo mês. Até que o diretor da faculdade falou que teria que diminuir sua bolsa se ele não melhorasse as notas.

Então ele resolveu me escutar.

O curso teria três anos. Então, tecnicamente, ele deveria ter acabado. Porém, fazia duas semanas que ele não se comunicava com ninguém. Nós tentávamos telefone, celular e email, mas ele não estava respondendo.

Eu dei um suspiro rápido e voltei a focar meus olhos em Carlisle.

"Não. E você?"

Ele negou também.

Devia ter alguma razão. Eu não iria pensar em nada, só esperar pela razão.

Eu senti Lilly me olhando e quando girei meus olhos para ela, ela deu um aceno alegre para mim.

Eu suspirei e sorri para ela.

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Depois do café da manhã, eu estava direcionada a ir até meu quarto, mas acabei me vendo sozinha, deitada na cama de Edward.

Eu afundei minha cabeça em seu travesseiro, ainda sentindo o cheiro maravilhoso que estava quase extinto dele. Um pouco mais feliz, eu girei meu corpo e fiquei olhando para o teto.

A cratera em meu coração rugiu aborrecida e eu fechei os olhos, tentando controlar as lágrimas. Por fim, resolvi me levantar e sair dali, antes que eu passasse o dia inteiro deitada.

No meio do caminho, porém, notei alguns papéis jogados em sua mesa de estudo. Eu andei até lá e me sentei, puxando o papel para mim e posicionando a caneta no inicio da folha.

Edward,

Estamos com saudades. Eu e Lilly. Gostaríamos de saber quando você voltará.

Com amor,

Bella.

Olhei para os meus rabiscos e fiz uma careta. Depois, amassei o papel e joguei fora.

Edward,

Como está tudo por aí? Sentimos sua falta.

Com amor,

Bella.

Havia ficando idêntico ao primeiro! Revoltada, eu o amassei e joguei fora também.

Edward,

Como está Londres? E o curso? Estamos com muita saudade de você.

Com amor,

Bella.

Eu olhei incrédula para as mesmas palavras que eu havia feito três vezes seguidas. Irritada, eu amassei e joguei fora, me levantando e desistindo daquilo. Desci as escadas decidida a ir até Port Angeles com Lilly, ver algum filme novo, mas antes que eu pudesse sequer achar minha filha, Esme apareceu na minha frente segurando uma carta nas mãos.

"É do Edward!" – Ela anunciou animada e isso fez com que meu coração sacolejasse dentro do peito. Eu estiquei as mãos, ansiosa, enquanto ela me entregava a carta endereçada à mim. Eu a apertei contra o peito e fui correndo para a sala mais próxima, a do piano, ler.

Eu me sentei no banquinho do piano e rasguei o papel, minhas mãos tremiam segurando a carta.

Bella,

Desculpe por ter ficado esse tempo sem dar noticia. Eu só conseguia pensar em uma coisa e eu sabia que se escrevesse para você, iria acabar contando sem nem ter nada confirmado ainda.

Mas, há duas horas, recebi a confirmação e é por isso que estou te mandando essa carta. Eu fui contratado na empresa em que eu fazia estágio! Eu não poderia estar mais feliz! Tenho certeza que tudo vai dar certo agora.

Estou morto de saudades e mal posso esperar para ver você e Lilly... Logo!

Eu não consigo mais continuar vivendo em Londres sem vocês. Eu preciso das duas, aqui. Não importa o quanto meus pais achem isso ruim, não ligue para eles. Junto com essa carta, há duas passagens para Londres, no dia 05 de abril.

Eu amo vocês.

Edward.

Quando eu terminei de ler aquelas palavras, eu ainda não tinha certeza se podia falar algo. Eu mal sabia se havia entendido direito! E eu precisei ler mais três vezes para ter a total certeza de que era mesmo aquilo. Eu olhei para as passagens, em meu nome e de Lilly, e tive que ter cuidado para não rasgá-las com minha tremedeira incontrolável.

Ele queria que nós fossemos para Londres.

Com ele.

Ele nos queria lá.

Eu respirei fundo, pensando em como todos iriam contra nós nessa decisão. Eu pensei em Esme, Renée, Charlie e Carlisle. Pensei em tudo que eu tinha aqui.

E então algo estalou na minha mente.

Eu amava meus pais e amava meus sogros.

Mas isso era tudo.

A minha vida era Lilly e eu não tinha mais nada que me prendesse em Forks. Eu não estudava, nem trabalhava. Eu me sentia mal todos os dias por estar longe de Edward. E isso sim era tudo.

De repente, meu tudo parecia ser tão... Ínfimo.

Eu me levantei, decidida.

Eu iria para Londres.