Passo a passo dirigia-se para casa, pequena e indefesa, no fim de um longo dia de escola. Kagome tinha 6 anos, estava a meio do seu primeiro ano escolar. Chocara contra alguém que parou na sua frente, fazendo-a cair para o chão. Um grupo de rapazes um pouco mais velhos que ela, talvez com uma diferença de 4 anos, a olhava com um sorriso malicioso, deixando-a um pouco assustada.
- Dá-me o teu colar. – ordenou um dos rapazes com uma voz seca e rude.
O seu colar era especial, continha uma esfera rosa que a sua avó falecida lhe tinha dado. Não era valioso, mas para ela tinha um significado enorme, no entanto todas as raparigas da sua escola o invejavam. Não via então explicação para aqueles 6 rapazes quererem o seu colar.
- Lamento, mas não o vou fazer, por favor deixem-me em paz! – respondeu assustada mas firme.
Percorreu os olhos pelos seis rapazes em busca de um rosto familiar, mas nunca conhecera rapazes mais velhos, detectando apenas frieza nos seus olhares. Dois deles tinham cabelo longos e prateados, outro era moreno com o cabelo amarrado numa trança, ainda outro com o cabelo curto com um pequeno rabicho, outro de rabo-de-cavalo e o ultimo com um ar frio e sem expressão, esse, assustava-a imensso, que era também o porta-voz do grupo.
- Moça, não resiste…apenas dê-nos o colar para não haver problemas. – continuou o mesmo a falar.
- Não! Não, não, não! – Kagome fechou os olhos e agarrou o colar com força no seu punho.
O tal rapaz frio ajoelhou-se na sua frente para ficar a sua altura e agarrou-a pelos cabelos, fazendo a pobre pequena gemer de dor e medo.
- Hey, Naraku…tem calma! Deixa um pouco para a gente também! – disse o de trança dando uma risada.
- É a ultima vez que te pergunto, - disse Naraku aproximando-se mais do seu rosto em tom de ameaça – vais dar o colar ou não?
- NÃO! – e chorou mais.
Naraku largou agressivamente Kagome e assentiu com a cabeça para os rapazes. Um pouco apreensivos dirigiram-se todos a ela, fazendo um círculo em sua volta. Ela agarrou com mais força o seu colar, enrolando-se toda em torno de si. Eles começaram a empurra-la violentamente, e ela sempre a resistir. O de trança chutou-a nas costas e os outros fizeram o mesmo.
Sentiu a esfera ser arrancada do seu pescoço, e de seguida o seu corpo a ser violentado por pontapés.
oOoOo Passado 15 anos oOoOo
Kagome lavava a loiça enquanto pensava nisso. Levou a mão ao pescoço, como todos os dias fizera. Sentia falta do colar da sua avó. Depois do sucedido, apenas se lembrava de ter acordado no hospital, cheia de nódoas negras e lesões. Lembrava-se também do que tinha acontecido naquele dia, do que não se conseguia lembrar era das caras dos rapazes, e sempre que tentava a sua cabeça doía imenso.
Já não era mais a pequena indefesa, tinha tido aulas de auto defesa e jurou a si própria que nunca mais ninguém lhe faria mal. Estava agora uma jovem de 19 anos irreconhecível, linda de olhos grandes e curvas corporais bem definidas.
Dividia a casa com as suas amigas Sango e Rin, amigas desde os 10 anos, as três estudantes na escola de Belas Artes. Sango e Rin estavam no curso de pintura e Kagome no de fotografia. A casa delas estava cheia de quadros pintados pelas três, montagens de fotografias, mobília feita ou personalizada por elas…uma casa bem à artista.
- Kagome…quer ser você a pagar a conta da água? – resmungou Rin.
Deu por si, perdida em memórias, lavando o mesmo prato a alguns minutos e a água da torneia correndo.
- Desculpa Rin…
- Tá melancólica…aposto que está pensando naquilo novamente!
- Hai…me incomoda saber não saber quem foram aqueles rapazes!
- Estou velha e cansada de te dizer que é melhor você esquecer isso! Só te vai moer a cabeça! A propósito, no outro dia li numa revista que a hipnose ajudava a relembrarmos coisas do nosso passado, porque você não tenta?
- Não quero me meter nessas tretas de hipnose…eu vou é dar uma volta para espairecer. Quer vir?
- Não, eu vou ficar a assistir um filme com a Sango que vai passar na tv!
- Tá bom! Até logo!
Saiu rua abaixo, com a máquina fotográfica no peito, em busca de um sítio para se sentar. Acabou por se sentar num banco de uma praceta com um jardim, onde em volta se podia ver cafés e lojas. Ela gostava de observar tudo em sua volta, divertia-se a ver as expressões das pessoas e a tentar perceber o que elas sentiam ou pensavam naquele momento. Passou uma senhora falando ao celular com auricular, parecendo que ia a falar sozinha. Kagome riu-se disso. Passou um avô sendo puxado pelo neto que lhe queria mostrar algo, uma flor. O avô sorriu e começou a falar sobre aquela flor, e o neto ouvia curioso e atendo. Ambos sorriam, eram felizes.
Kagome olhava agora para os cafés. Um em particular lhe chamou a atenção, tinha um letreiro com um tipo de letra elegante e atractivo, fugindo da vulgaridade. Era do tipo retro, ilustrado com umas imagens bem interessantes. Olhou na esplanada, as mesas e os chapéus de sol eram também dentro do estilo retro e vintage, bastante bonitos. Um rapaz bebia chá quente, podia ver o fumo a sair da xícara, admirou-se por não estar a beber nem café nem cerveja. O sol iluminava os seus cabelos compridos e prateados assim como os seus olhos claros. Não parecia estar a espera de ninguém, parecia perdido em memórias, assim como ela se sentira esta manhã. Imaginou-se ela própria ali a beber chá.
Pegou na câmara fotográfica e apontou a lente para aquele cenário, para aquele rapaz. Carregou no botão e resultou numa bela fotografia. Quis tirar outra, mas quando voltou a apontar a lente ele olhou e reparou no que ela estava tentando fazer. Ela sentiu-se corar enquanto ele fazia uma cara de embaraçado. Ele fingiu não ter visto, sem saber que cara que havia de fazer, sem saber se havia de reclamar, ir embora, ou deixar ela tirar a foto.
Sem saber bem o que iria fazer, levantou-se e foi em direcção ao rapaz. Sentiu dever de se desculpar. Sentou-se no lugar vago em frente dele e olhou-o ainda corada.
- Erm…desculpe, não queria incomodá-lo!
- Eu não gosto de fotografias…devia ter pedido autorização!
- Mas assim não ia ter um ar natural!
- Tá…eu entendo, e o que você vai fazer com a minha fotografia?
- Eu estudo fotografia, quero ser fotógrafa profissional! Apenas vou colocar no meu álbum, nada mais. Não vou por sua cabeça num corpo nu e por em sites pornográficos na internet! – Disse ela brincalhona.
- Espero que não, se não eu vou saber! Visito tudo o que é site pornográfico! – Disse ele entrando na brincadeira – Mas então eu dou um desconto para você, eu sei que fotógrafos ficam tirando fotos clandestinamente. Posso ao menos ver?
(n/a: a camera da Kagome não é uma qualquer não…é uma digital mas reflex! Uahuah!)
- Claro! Olha só! – Ela mostrou a fotografia para ele e começou a falar sobre o porquê de ter tirado a foto e todos os seus pormenores – Vê só, o contraste da cor dos seus cabelos com o ambiente do café, o letreiro, a porta vermelha…!
Ela falou e falou sobre a fotografia que lhe tinha tirado, até que parou porque viu que ele não estava mais ligando para a sua explicação. Estava a olhar para ela com um sorriso divertido.
- Você se entusiasma muito com isso!
- É… - ela deu uma risada – eu quero mesmo fazer disto a minha vida!
- Você está no caminho certo! Como você se chama, senhora fotógrafa?
- Kagome, e você?
- Inuyasha, hajimemashite!
Ela sorriu e olhou nos olhos dele. A sua cabeça começou a doer, começou a se sentir mal. Ele levantou-se.
- Bem Kagome, tenho um compromisso, vou indo! Boa sorte com a sua carreira!
Ela sorriu e acenou, também se dirigiu a casa.
Chegando ao seu lar, estava Sango e Rin encostadas uma na outra dormindo no sofá, e o filme ainda a dar. "Certamente era um filme bom" pensou Kagome irónica. Dirigiu-se para o seu quarto e sentou-se em frente do seu Macintosh. Passou as fotos para o pc e imprimiu a de Inuyasha. Colou no seu álbum e ficou a olhar.
"Uma das coisas que eu não lhe disse é que ele era muito bonito…também foi por isso que eu lhe tirei a foto!" , pensou Kagome enquanto, sentada na cama, olhava para a foto.
Ainda com dores de cabeça, adormeceu, com o álbum no seu colo.
--» Hey minna : D já comecei outra fict, espero que essa tenha fim! Uahkfhfdsf. Esse capítulo foi um pouco descritivo, mas também para vocês entenderem bem qual a situação e como irá ajudar a perceber os próximos capítulos. Não irei fazer mais que 5 capitulos, julgo.
Nesta fict estou a aplicar um pouco de mim, isso me facilita a escrita. Espero ter reviews, é sempre muito importante para qualquer autor. Além de que incentiva a escrever! Estou a contar com críticas e opiniões : )
