Prólogo
A penumbra dava ao rosto de Will uma coloração clara. Era possível, através dela, notar com incrível nitidez como as covinhas dele eram fofas. Talvez fofo não fosse a palavra que definisse Will com completa perfeição – mas ele era fofo –, Shelby pensou consigo, quando ele a acolheu com mais carinho em seus braços. Ele tinha os ombros largos e firmes, o braço era forte assim como seu abdômen. E que abdômen!, ela pensou de novo, conforme seu corpo acomodava-se no abraço.
Finalmente ela cedera, foi Will quem pensou, quando a abraçou, contendo seu soluço e lágrimas. Gradativamente fungava menos e a tremedeira sumia de seu corpo. Sentada na cadeirinha de bebê, Beth olhava tudo com os olhos grandes e arregalados. Não fazia um mísero barulho, como se o olhar piedoso de Will lhe suplicasse isso, sabendo que qualquer movimento de Beth despertaria Shelby. Ela finalmente cedera, só isso martelava na cabeça de Will.
E estavam ali, sentados numa meia luz de um abajur, no sofá do apartamento dele. Aquele sofá que se falasse teria muito que contar sobre os dois. Mas diferente da vez em que se atracaram no sofá antes das Regionais, eles estavam silenciosos e tranquilos. Não havia roçar de pernas e bocas, nem tagarelagem de Shelby. Mas os mesmos corações a mil estavam ali, batendo descompassados pela tempestade calma que se formava dentro deles. Por mais que fosse uma tempestade, era calma. E só era preciso apenas um passo para que eles chegassem ao topo do furacão dentro de cada um.
─ Eu... Eu sinto muito, Will. – Ela soluçou mais uma vez.
─ Você não fez nada, Shelby. – Ninando-a, ele afagou seu cabelo. Fechou os olhos também, porque seus olhos mareavam. Por mais que estivesse explodindo em fogos de artifício internamente por ela ter cedido, estava destroçado por todo resto.
─ Claro que fiz. O clube Glee acabou por minha causa!
