Disclaimer: Evangelion não me pertence, etc.

Um pouco baseada na ideia de que Kaworu vive num eterno loop temporal, sempre voltando pra vida do Shinji (que nem acontece com Homura em Madoka Magica). Trechos em itálico e inglês (e o título) vem de Fly Me to the Moon, encerramento do anime (a versão referenciada na fic é a de Frank Sinatra).

Para Morgana, Kaworu do meu Shinji, rainha, sacerdotisa e inspiração. Tinhamu.

Nenhum ciclo é exatamente igual ao outro, você percebe depois do décimo segundo ou décimo terceiro.

Em alguns, Shinji é mais assertivo, e não tem problemas em dividir uma cerveja com Misato. Em outros, Asuka não tem um dos olhos. Em um deles, a primeira Rei sobrevivia por mais tempo, encontrando seu fim de ossos quebrados e gritos interrompidos diante do Segundo Anjo em vez do chão do Dogma Central.

Mas independentemente dos detalhes individuais, todos eles conduzem ao mesmo lugar, chegando a você, e após o trigésimo terceiro você já não tem mais certeza se a força maior que reverte o tempo e o faz voltar vez após vez realmente está interessada num final diferente. Talvez ela só queira testar todos os jeitos possíveis de trazer sofrimento à humanidade, e àquele grupo de humanos em especial.

E quanto a você...

Você nunca deixa de estar ciente de ser apenas parte da cartada final de quem quer que controle as ações dos Anjos - de quem realmente os controla, e não dos fracos e tão humanos manipuladores por trás da SEELE. A informação está gravada em seus ossos, nos próprios átomos que o formam - você é o momento em que tudo desmorona de vez.

Mas no quinquagésimo ciclo, Shinji lhe pede para ensiná-lo a dançar - não simplesmente pular e seguir setas coloridas como ele fazia na máquina de Pump It Up com Asuka, ele quer aprender a coordenar seus movimentos com um parceiro ainda mais de perto. O rosto dele está cor de rosa enquanto vocês conversam lado a lado no banco do piano, e a voz dele treme, mas ele se esforça para terminar as frases.

- Claro - você concorda com um sorriso.

Você puxa o celular do bolso, buscando por uma música adequada para a lição, enquanto ele dedilha devagar algumas teclas no instrumento, criando uma pequena e agradável melodia. Seus dedos coçam para acompanhá-lo novamente, e seus lábios querem tocar a pele dele e elogiá-lo por aprender rápido.

Você se contém - com Shinji, é sempre melhor ir com calma, mesmo que não haja tempo.

- Hm, acho que essa servirá - você diz enquanto configura o aparelho para repetir a música. Você se levanta e deixa o celular sobre o banco.

- Concede-me o prazer desta dança, Shinji-kun? - você estende seu braço na direção dele, cujo rosto passa de rosado para vermelho, e oferece-lhe sua mão.

Ele a aceita, levantando-se também.

"You are all I long for, all I worship and adore", entoa o cantor quando vocês finalmente se posicionam corretamente - seu braço direito circundando a cintura de Shinji, o braço dele sobre seu ombro, seus dedos entrelaçados aos dele.

Você não sabe direito quanto tempo leva até acertarem todos os passos pela primeira vez. Ora ele vai rápido demais e pisa em seus pés, abaixando a cabeça enquanto murmura um pedido de desculpas; ora você o conduz para o lado errado sem querer pois se distraiu com o movimento dos quadris dele.

Mas chega uma hora que vocês acertam, e tudo parece mais fácil.

- Você aprende rápido - o elogio finalmente deixa seus lábios após a execução de um giro improvisado.

- Obrigado, Kaworu-kun - ele responde, dessa vez olhando em seus olhos.

A coragem não dura muito tempo, e ele logo esconde o rosto na curva de seu ombro, mas não antes de lhe dar um enorme sorriso.

"In other words... Please be true...", o cantor continua, a orquestra crescendo ao fundo. "In other words... In other words... I love... You."

Você ainda consegue senti-lo rindo contra sua pele, como se ele tivesse descoberto o segredo de como ser feliz para sempre.

É o menino mais doce que você se lembra de ter encontrado, e você nunca desejou com tanta força poder levá-lo embora para outro universo onde você não tenha que partir-lhe o coração.

E é nesse ciclo, o quinquagésimo, que você decide deixar o plano geral para quem quer que o tenha desenhado e decide se focar apenas em Shinji Ikari.