Disclamer: Saint Seyia e seus personagens não me pertencem. Direitos Reservados aos autores. A música é Poison na versão do Groove Coverage.
Comentários da Autora: Esta fic foi feita em resposta ao desafio proposto por Lady-chan no fórum SSdream. Espero que gostem.
Envenenados
Era apenas mais uma noite. Quantas noites iguais existiram desde que Athena os trouxera de volta? O ronco dos motores na noite parecia irônico.
Camus vestiu a roupa, negra como sua alma. Luvas de couro, coturnos. Os cabelos ruivos soltos ao vento. Um sorriso irônico tomou-lhe os lábios de assalto ao passar pelo templo de Escorpião. Fingiu não perceber o olhar sonhador de seu ocupante. Talvez não estivesse sendo justo com o cavaleiro louro, mas sabia que o mundo não era justo.
Your cruel device
Your blood like ice
One look could kill
My pain your thrill
Milo observou a passagem de Camus. Sentiu como se o ar congelasse. Ele ia para a noite outra vez. Era a personificação da beleza.
Não conseguiu desviar o olhar sedento. Sentia dor. E se amaldiçoou algumas inúmeras vezes. Aquele homem era capaz de acabar consigo com apenas um olhar e parecia sentir prazer com isso.
Vestiu-se com esmero. Desceu calmamente as escadarias e pôs-se a caminhar pela cidade. A luz da lua, o movimento das pessoas, o barulho da modernidade. Chegou ao destino. O clube preferido de todos os guardiões de Athena. Outros companheiros o convidaram para unir-se ao grupo, mas ele desejava apenas observar e sofrer. Parecia mórbido.
Viu o corpo lânguido movimentar-se ao som furioso. Os cabelos vermelhos emoldurando o rosto gelado. Cravou as unhas em suas próprias palmas quando os lábios que considerava seus tocaram outra boca. Um homem, louro e forte. Ficou confuso. Por que não ele?
I want love you, but I better not touch
I want hold you, but my senses tell me to stop
I want kiss you, but "I want it" too much
I want taste you but your lips are venomous poison
You're poison running through my veins
You're poison, I don't want break these chains
A noite se tornara sua companheira desde que ressuscitara. Descobrira que desejava viver tudo. Descobrira que era capaz de amar, entretanto sentimentos eram como veneno. Desejar aquele homem seria como assinar a sua própria sentença de morte. Procurava outras bocas, mas eram todas cópias esmaecidas. Vacina para o veneno mortal do Escorpião.
Camus sentiu a presença marcante no momento em que chegou. Sozinho. Era lamentável, mas ao mesmo tempo, prazeroso. Continuou a dançar e a beijar como se o ignorasse, mas todos os seus sentidos estavam conscientes da masculinidade primal e sedutora de Milo de Escorpião. Um dia teria de ceder.
Your mouth so hot
"Your web I'm caught"
Your skin so wet
Black lace on sweat
Ele nunca foi um homem de fugir a desafios. Ousadia sempre fora a sua marca. Sentia-se perdido. Seus olhos não podiam desviar-se. O ciúme o corroeu. Estava preso. Todo jogo era para dois. Abandonou o drink . Seus movimentos transpiravam sedução. Seu homem e o desconhecido ainda se beijavam. Passou as mãos pelo longo cabelo vermelho e sussurrou:
- Não tem coragem para pegar o original? Divirta-se com as cópias.
Partiu como chegou. Rápido. Silencioso.
I hear you calling and it's "needles and pins"
I want hurt you just to hear you screaming my name
Don't want touch you, but you're under my skin
I want kiss you but your lips are venomous poison
You're poison running through my veins
You're poison, I don't want break these chains
Poison.... poison....
Ele jogara sujo. Ele percebera que era um jogo. Camus não sabia mais se era o gato ou o rato. Sentia o veneno correr em suas veias derretendo seu sangue gelado. Largou seu acompanhante com uma desculpa qualquer. Banheiro. Água. Álcool. Música. Beijos. Nada era capaz de neutralizar o efeito devastador daquele homem sobre si.
Não adiantava mais fugir. Subiu em sua moto e voltou para o Santuário. Sabia que ele estava lá. Tinha a certeza de ser esperado. Milo de Escorpião conseguia o que queria. Milo de Escopião envenenara Camus de Aquário.
Running deep inside my veins
Poison (burning) deep inside my veins
One look could kill
My pain, your thrill
I want love you, but I better not touch
I want hold you, but my senses tell me to stop
I want kiss you, but "I want it" too much
I want taste you but your lips are venomous poison
You're poison running through my veins
You're poison, I don't want break these chains
Nem uma palavra. Elas não eram mais necessárias. Tomou seus lábios com fúria. Não importavam mais as conseqüências e os motivos. Arrancou as roupas de seda. Tocou a pele morena. Só sentia o calor e o fogo. Beijos molhados, sedutores. Não era mais dono de si mesmo. Nenhum dos dois. O veneno os consumia e se misturava, como a paixão que os devorava.
Em poucos instantes estavam nus. A luz da lua, que adentrava pela janela junto a uma brisa suave iluminava dois corpos que ansiavam em ter-se. O desejo era visível. Milo o tomou para si. Seus lábios envoltos a ereção pulsante do amante o estimulavam até quase a exaustão enquanto o preparava para fazê-lo seu. Sexo, desejo, prazer, gozo.
Finalmente paz.
- Por que demorou tanto?
- Seu veneno...
- Shhhh... Ele é inócuo para você.
- Como? Se a cada dia me sinto dominado por ele?
- Isso não é apenas um jogo de sedução. É mais, é amor. Camus, Amor, Amor Camus. Feitas as apresentações, nunca mais ouse encostar os dedos em outra pessoa. Esta sim pode realmente provar do meu veneno.
Camus riu e entendeu. Fora envenenado pelo escorpião que congelara. O futuro pertencia aos Deuses, mas o presente pertencia a eles. Não tinha mais volta, não tinha mais cura.
Running deep inside my veins
Poison (burning) deep inside my veins
One look could kill
My pain, your thrill
