Sete Vezes
Eu chorei somente sete vezes por você.
A primeira vez foi logo depois de você ter me dado o primeiro tapa, como resposta ao beijo quase roubado de brincadeira no terceiro ano. Ninguém sabe, além de mim. Ninguém imagina as lágrimas de raiva que rolaram do meu rosto infantil, enquanto eu via você sair pela porta da biblioteca sem nem sequer olhar para trás.
A segunda foi no fim do quarto ano, ainda me lembro. Você discutiu comigo por alguma bobagem que eu fiz. Me xingou, depreciou, humilhou. Disse que nunca daria atenção á um cretino arrogante como eu. E eu então molhei o banco daquele trem com as minhas lágrimas de dor.
Naquelas férias de verão, foi quando eu chorei por você pela terceira vez. Uma coruja enviada para sua casa com uma proposta, e dias depois a resposta cruel rabiscada em letras garrafais no mesmo pergaminho. Foi aí que decidi mudar. E mudei.
Depois de nossa primeira luta contra Voldemort, quando ainda éramos recém ingressados na Ordem da Fênix, ficou marcada como a data em que chorei por você pela quarta vez, assim que te encontrei depois da luta. A visão dos corpos trouxas me apavorava, a falta de sua voz chamando pelo meu nome me enervava. Foi então que te encontrei, em um extremo do campo de luta, inconsciente no chão. E derramei minhas lágrimas de medo.
Aquela noite, em que tudo se tornou real para mim, eu entrei na sala e vi você ali, sentada no sofá ainda usando o vestido branco, a nova aliança brilhando em seu dedo. Foi então que derramei minhas lágrimas por você pela quinta vez, as lágrimas da vitória manchando minhas vestes.
Na sexta vez que minhas lágrimas foram derramadas por você, eram lágrimas de felicidade, e foi assim que eu olhei bem fundo pela primeira vez nos olhos daquele pequeno bebê, fruto do nosso amor e prova dele. Os mesmos olhos que os seus, apesar dos cabelos negros e despenteados. Os lindos olhos extremamente verdes que eu poderia admirar em você e em nosso filho.
E a sétima e última vez, você não viu. Nem sei se aconteceu verdadeiramente, mas continua sendo a última. Enquanto eu ouvia seus passos apressados subirem as escadas, e o fatídico feixe de luz verde se aproximava do meu corpo, uma lágrima desceu silenciosamente do meu olhar apavorado e ao mesmo tempo confiante e escorreu por minha bochecha.
Uma lágrima solitária como eu, amedrontada como você, e verdadeira como o nosso amor.
Nosso eterno amor.
.fim.
N/A: Sinceramente, eu amei essa. Não sei se foi pela simplicidade, pelo amor ou por qualquer outra coisa, mas eu gostei muito. E foi muito gostoso escrevê-la. Tentarei parecidas quando tiver mais inspiração. Enfim, obrigada por ler.
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