Disclaimer: Essa história é baseada em personagens e situações criadas e pertencentes à J.K. Rowling incluindo vários editores, não só a Bloomsbury Books e Scholastic Books mas também a Warner Brothers, Inc. Esse fanfic é sem fins lucrativos e sem pretensões de infringir copyright ou trademark.

As letras são da música Dismantle/Repair do Anberlin.

Dismantle/Repair

Autora: shamrocker 531

Tradutora: keepbelieving

Casais: Draco/Harry, um pouco de Draco/Cedrico e Harry/Olívio

Rating: M (isto obviamente contém slash – se não gosta, não leia)

Warnings: Menções de abuso, violência; morte de personagem secundário; infidelidade; conteúdo sexual explícito.

Gênero : Romance/Drama/Angst/AU

Sinopse: Como um encontro casual em uma loja de café pode acabar mudando tudo.

Notas da Autora: Essa história está completa e eu estarei postando novos capítulos a cada dois dias. Eu ainda estou dividindo as partes, mas sairá algo em torno de 20 ou 25 capítulos. Por favor, divirtam-se.

Notas da Tradutora: Existe um motivo pelo qual eu decidi ler essa fanfic: eu adoro Anberlin; Dismantle, Repair é uma das minhas músicas favoritas. E também existe um motivo pelo qual eu quis traduzi-la: ela quebrou o meu coração.

Dica para ouvir: Only This Moment - Röyksopp

Hands like secrets are the hardest thing to keep from you

Lines and phrases like knives, your words can cut me through

Dismantle me down (repair)

You dismantle me, You dismantle me

Dismantle/Repair – Anberlin

Capítulo 1

- 12 de Março –

Draco Malfoy não costumava frequentar lojas tão... simplórias como aquela em que ele havia entrado, mas um telefonema desesperado da esposa de seu melhor amigo acabou levando-o a uma louca caçada para achar o mais recente livro de uma série que o referido melhor amigo exigia receber em seu 24º aniversário. Draco já havia ligado para todas as livrarias existentes na área e finalmente encontrou o lugar que se dispôs a guardar o último exemplar para ele. Mas isso não queria dizer que ele estava contente por estar ali.

Quem pede um livro de presente? Ele pensou enquanto alcançava com as mãos o espesso volume do romance. Ele observou a contracapa à medida que andava; olhando ocasionalmente para cima evitando esbarrar em crianças pequenas e senhoras de idade. O loiro bufou baixinho para si mesmo – não devo nunca fazer esse barulho novamente – ao terminar de ler o resumo incrivelmente entusiasta na capa de trás da obra. Deus... Blaise é mais idiota do que eu imaginava se ele realmente gosta dessa porcaria. Nota mental... achar amigos melhores.

Enquanto abria caminho pela multidão, ele tentou ao máximo encarar pouco as pessoas. Dois meses atrás ele havia prometido a sua amada mãe que tentaria ser um pouco mais educado com estranhos. Isso aconteceu após uma pequena viagem de compras na qual ela puxou-lhe de lado, dizendo em suas palavras: "Estou absolutamente surpresa que as pessoas pensem que criei meu filho para ser uma pessoa tão egoísta e arrogante." Ela provavelmente também usou as palavras "bruto", "abrasivo" e "rude". Depois ela lhe disse o quão parecido com seu pai ele estava se tornando e, após o choque da reprimenda, ele imediatamente prometeu mudar sua conduta.

Lúcio Malfoy era uma força a ser levada em conta. Ele foi um brilhante empesário com uma das mentes mais inteligentes, embora ao mesmo tempo sem ética e enganosa, que Draco havia conhecido em toda a sua curta vida. O jovem Malfoy certamente nutria um grande respeito por seu pai, mas de nenhuma forma desejava tornar-se igual a ele.

Ainda assim… apesar das promessas feitas a sua mãe, ele não conseguia evitar o desgosto por ser forçado a fazer compras em um departamento de desconto da loja, de todos os lugares possíveis. Aquilo tinha potencial para arruinar completamente o seu dia se ele permitisse, e há três meses o teria enviado a uma longa semana em luta de auto-piedade. Mas dessa vez ele estava decidido a faazer melhor do que isso, mesmo que fosse só nas aparências. Graças a Deus meu pai não está me vendo aqui.

Ele assustou-se para parar quando uma pequena criança correu diretamente para as suas pernas, encolhendo-se com a certeza de que mãos sujas e pegajosas estavam agarrando sua calça social cinza escura. Olhou para baixo encontrando grandes olhos castanhos e sentiu seu lábio superior curvarem-se num rosnado, expondo dentes brancos e perfeitos.

"Jacob! Jacob… peça licença." Uma jovem mulher ruiva pegou o braço da criança, trazendo-a para o seu lado. Ela sorriu para Draco, mas seu sorriso sumiu quando encarou o olhar ameaçador que aquele homem bem vestido dirigia a ela e a seu filho. "Me... me desculpe, senhor."

Draco levantou uma sobrancelha ao notar o olhar na face da mulher. Wow... eu realmente sou tão intimidador assim? E eu achei que minha mãe estava exagerando. Ele forçou seus traços a relaxarem e deu um breve aceno de cabeça em direção à mulher antes de virar-se para continuar seu caminho rumo aos caixas e sair daquela loja horrível o mais rápido possível.

Porém, antes que ele pudesse dar outro passo, um som leve e musical chamou sua atenção e tirou-lhe de seus pensamentos. Ele olhou a sua volta buscando quem poderia estar murmurando cantos natalinos no meio de Março e seus olhos pairaram sobre um homem moreno que se encontrava reclinado sobre uma mesa, esfregando um ponto pegajoso com fúria enquanto mordia o lábio, cantalorando baixinho "Jingle Bells". Draco não era o único a olhá-lo (outra lição proibida por sua mãe), mas ele percebeu que seus pálidos olhos cinza estavam simplesmente colados na figura daquele homem.

Ele possuía cabelos pretos que provavelmente não eram cortados há três ou quatro meses, o exato oposto das madeixas louro-esbranquiçadas de Draco, ligeiramente onduladas e perfeitas. As extremidades dos cabelos negros apontavam em várias direções, como se seu dono tivesse acabado de cair da cama ou de participar de um bom amasso. Sua pele era clara, embora não tão branca e pálida como a pele de alabastro de Draco. E as roupas de segunda mão que o rapaz usava… bom, ele certamente deixava algo a desejar. Seus jeans eram desbotados e sua camisa vermelha justa certamente havia visto dias melhores, embora caísse bem nele. O olhar de Draco caiu para os pés do garoto e ele retesou-se ao ver seus tênis converse verdes. Havia uma faixa prateada em torno de um dos dedos do pé direito. Seria fita adesiva? O cadarço de um dos sapatos era verde e o outro era vermelho, o que fez Draco perguntar-se se era uma continuação do clima natalino que parecia apossar-se do rapaz ou se era apenas coincidência.

De repente ele se viu andando em direção à pequena loja de café e se perguntou o que estava fazendo. O café estava obviamente perto do horário de fechar mas a placa escrito "entre" ainda estava pendurada na parede pintada de vermelho neon atrás dos caixas, então ele andou dirigindo-se ao balcão.

Olhando de soslaio, ele viu quando o moreno finalmente se deu conta de que havia uma atendente esperando. Ele jogou a toalha molhada em uma pia de louça suja e começou a andar em direção ao caixa onde Draco se encontrava.

O loiro pôs o livro sobre o balcão e buscou uma posição confortável para suas mãos inquietas. Por que raios eu estou tão nervoso? Finalmente se ajeitou, colocando as mãos em cima do livro de uma maneira que ele julgou ser casual. Ouviu então passos atrás de si delatando que o moreno se aproximava e respirou fundo tentando se acalmar.

Concentrado apenas no suave barulho dos sapatos do homem, Draco assustou-se quando a porta do quarto de trás de repente se abriu e um jovem garoto de dezesseis anos saiu e andou até o registro. Ele acenou com uma das mãos em direção ao moreno. "Está tudo bem, Harry... eu cuido disso."

Harry. O nome era um pouco antiquado e simples, mas parecia perfeito. Draco forçou um sorriso para o garoto, tentando não mostrar sua irritação. Ele só havia entrado no café para falar com o moreno. Harry, pensou, lembrando a si mesmo. Ele nem tomava café!

"Posso ajudá-lo?" o loiro perguntou enquanto corria os dedos pelos fios encaracolados e oleosos do seu cabelo.

Sim, você pode lavar as suas mãos nojentas antes de tocar em algo que deveria ir para a minha boca. Draco suspirou e olhou para a tabela do menu. "Bom... vocês têm chocolate?"

"Acabou."

Draco mordeu os lábios, reprimindo a vontade de amaldiçoar o adolescente a sua frente. "Então eu acho que só vou querer um cafezinho... forte." Não era como se ele fosse beber aquilo de qualquer forma, então pra que pedir todos aqueles complementos exagerados?

O menino loiro meneou a cabeça e virou-se para preparer o seu pedido.

Draco tentou parecer casual ao virar-se para o lado e novamente mirar Harry. Ele ainda trabalhava no mesmo teimoso ponto de sujeira, mas agora havia escolhido "Noite Feliz" para cantar. Bom, ao menos ele tem bom gosto quanto a músicas natalinas.

"Você quer uma colherzinha?"

Draco virou-se novamente para mirar o adolescente, levantando uma das sobrancelhas. "Desculpe?"

O menino segurava uma pequena colher de plástico. "Colherzinha para mexer o café?"

Mas é claro que eu quero, seu idiota! Ele apenas assentiu – educadamente – e buscou sua carteira.

O atendente jogou uma colherzinha dentro da xícara e entregou a ele.

Draco deu-lhe o dinheiro e observou em choque quando o menino afastou-se para contar seu troco. Mas que inferno... que tipo de imbecis esse lugar contrata?

Enquanto o garoto finalmente lhe devolvia seu troco, Draco percebeu que o cantarolar havia acabado. Ele olhou por cima do ombro e ficou desapontado quando não viu sinais de Harry, embora ele não soubesse exatamente o porquê de sentir-se assim. Suspirando baixo, colocou o troco no bolso, pegou o livro e o café que não desejava e girou nos calcanhares, desejando sair daquele lugar o mais rápido e humanamente possível.

"Hey!"

Draco esbarrou no ombro de Harry fazendo com que a montanha de pratos caísse no chão, quebrando. Seus olhos se arregalaram em horror enquanto ele fitava a bagunça de café derramado com cacos de vidro espalhados no chão. Maldito Blaise e seu maldito livro!

Harry nem olhou para Draco. Ele apenas mirou a bagunça e suspirou pesadamente, abaixando-se em frente à bacia para pegar os cacos de cerâmica e de vidro. "Desculpe", ele murmurou.

O coração de Draco acelerou e ele sentiu um desconhecido rubor de vergonha queimando seu rosto pálido. Ele engoliu em seco enquanto olhava para o topo da cabeça de Harry. "Hm…" Draco então limpou a garganta, agachando-se ao lado do homem menor. Ele pegou um par de fragmentos maiores. "Eu realmente sinto muito por isso" disse suavemente.

Harry começou a levantar a cabeça, mas seus olhos se fixaram na manga do terno de Draco. "Sem problemas" ele disse dando de ombros. Quando Draco tentou alcançar mais um caco de vidro, Harry levantou a mão. "Está tudo bem… não quero que suje o seu terno."

Draco deu um meio-sorriso. "Eu tenho pelo menos mais vinte desses lá em casa."

Harry franziu o cenho ao ouvir aquilo e levantou-se rapidamente, trazendo consigo a bacia e segurando-a na frente dele.

"Eu posso pelo menos pagar pelo prejuízo?" Draco procurou por sua carteira novamente.

Harry poucou a bacia em cima do balcão e segurou a vassoura e a pá que um colega de trabalho lhe passava.

Draco tirou da carteira uma generosa de dinheiro e estendeu-a para ele.

"A loja irá pagar."

Por que ele não olha para mim? Draco abriu a boca para protestar.

"Está tudo bem… de verdade. A loja irá pagar" Harry virou-se. "Tirando do meu salário" ele murmurou baixinho.

Draco sentiu as bochechas corarem novamente e tentou reprimir sua raiva. Mal-agradecido de merda! "Mas eu insisto".

"Eu não preciso de sua caridade" Harry respondeu, ainda de costas para o loiro.

O colega de Harry levou a bacia cheia de cacos de vidro para a outra sala, virando a placa "Entre" para o outro lado enquanto caminhava.

Harry começou a varrer o resto dos cacos para dentro de uma pá de poeira, depois levantou-se e desapareceu pela porta da sala de trás sem dizer mais nada.

Draco permaneceu sozinho no meio do café, incerto sobre o que realmente havia ocorrido. Com um longo suspiro, ele então tirou da carteira duas notas de cinquenta e depositou-as no balcão um pouco abaixo do registro, esperando que o colega de cabelos gordurosos de Harry não encontrasse e reivindicasse o dinheiro como seu. Pegando o café e seu livro, ele se apressou para sair.

*.*.*.*

Draco estava sentado em seu carro com a cabeça encostada no descanso do banco enquanto observava a chuva cair. Ele gostaria que seu coração parasse de bater tão forte, mas nenhum de seus habituais exercícios de respiração parecia estar funcionando.

Ele nunca havia sido tão humilhado em toda a sua vida. Ele não apenas tinha protagonizado uma grande cena em um espaço público, o que por si só já era motivo de vergonha, como Harry não havia olhado para ele em nenhum momento. E Draco Malfoy não era passível de ser ignorado.

Ele moveu-se assustado quando ouviu uma música tocando. Depois de recuperar sua compostura, ele tirou o celular do bolso, vendo "Blaise e Pansy" piscar no visor. Suspirou, abrindo o aparelho com um clique. "Alô?"

"Você vem ou não?" Blaise perguntou.

"Claro que vou. Eu só…me distraí um pouco.

"Já são quase oito e meia, Draco. Todo mundo já está aqui; só estamos esperando você."

"É o seu aniversário, Zabini. Comece a festa e eu estarei aí assim que puder. Ele desligou o celular sem esperar pela resposta do amigo. Afinal, era culpa dele que Draco tivesse entrado naquela loja, para início de conversa. Suspirando pesadamente, ele guardou o celular no bolso e ligou o carro.

Assim que começou a sair do lugar, ele viu Harry deixando o prédio enquanto vestia uma jaqueta preta e protegia a cabeça da chuva fria. O homem, no entanto, não parecia ter pressa enquanto atravessava o parque rumo ao ponto de ônibus. Chegando à calçada, ele deixou a pesada mochila cair no chão.

Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Draco. Bom, nós não podemos ter isso agora, não é mesmo? Ele seguiu com o carro até o ponto de ônibus, abaixando o vidro do banco de passageiro. "Hey" ele chamou. "Quer uma carona?"

Harry manteve sua cabeça abaixada. "Não, obrigado."

Draco suspirou, debruçando-se sobre o vidro da janela. "Quando chega o próximo ônibus?"

"Em torno de 30 minutos", veio a resposta.

"Você vai ficar doente."

Harry riu de leve e deu de ombros.

Draco estacionou o carro no parque e saiu, perguntando-se durante o caminho porque exatamente ele se preocupava com aquele garoto que o evitava solenemente. Ele sentou-se ao lado dele, tentando ignorer a chova que molhava seus cabelos e terno, fazendo o material colar em sua pele de uma maneira desconfortável. "Mau dia?"

Harry distanciou-se e assentiu. "É, pode-se dizer que sim."

Eles permaneceram em silêncio durante um tempo.

"Por que você se importa, afinal?" Harry finalmente perguntou.

Draco hersitou. "Você me lembra alguém."

"Quem?"

Draco riu. "Sabe… eu não faço idéia. Só… só alguém."

Harry virou-se para olhá-lo, um pequeno sorriso destacando-se em seu rosto.

Draco prendeu a respiração quando se vu encarando o par de olhos verdes mais intensos que ele já havia visto em toda sua vida. Ele engoliu em seco e apontou o carro. "Venha." Levantou-se, pegando com uma mão a mochila de Harry que se encontrava no chão, a seus pés. Sem esperar por uma resposta do Moreno, ele jogou a mochila no banco de trás e dirigiu-se para sentar no banco de motorista.

Harry observou-o com cautela por um momento antes de finalmente sentar-se no banco ao lado. "Obrigado", ele disse suavemente, mirando as próprias mãos.

Draco assentiu e retirou o carro da vaga lentamente.

Durante os primeiros dez minutos da viagem, Harry trocou de posição nervosamente ao seu lado.

Draco cerrou os dentes. Você pode, por favor, ficar quieto? Pessoas inquietas sempre lhe tiravam do sério. "O que é?" ele finalmente pergutou, disfarçando sua irritação com um sorriso ameno.

"Você vai beber isso?" Harry perguntou apontando para a xícara de café ainda fumegante.

"Fique à vontade."

Harry sorriu-lhe em agradecimento, tomando a xícara em suas mãos.

"Então… onde você mora?"

O moreno riu de leve, mas a risada foi substituida por uma carranca de repente. "Bom… eu suponho que deveria ir para a casa do meu padrinho."

"Então você vive com ele?"

Harry encolheu os ombros e olhou para fora da janela. "Espero que sim."

Draco olhou de relance para o outro, reparando no olhar triste e ao mesmo tempo assombrado do rapaz, bem como no torcer de suas mãos. "O que houve?"

Harry pigarreou e sentou-se direito, mas não falou nada.

Draco desistiu e concentou-se na estrada. "Então… para onde dirijo?"

"Bom… ele mora um pouco longe daqui, na verdade." Uma nota de insegurança fez-se notar na voz de Harry quando ele falou. "Em torno de algumas horas. Eu entenderei se você não quiser ir tão longe; você pode me deixar em algum lugar e eu…"

"Eu não vou larger você em qualquer lugar", Draco interrompeu. Deus… Blaise vai ficar furioso."Só me diga como chegar lá."

Um grande sorriso espalhou-se pelo rosto cansado de Harry e Draco sentiu seu coração bater mais forte ao sinal disso.

Depois de dar as direções, Harry afundou de volta no assento, tentando relaxer. "Eu agradeço".

Draco meneou a cabeça. "É o mínimo que posso fazer depois da confusão que fiz na sua loja."

Harry ficou em silêncio.

Draco suspirou levemente, alcançando o console central e abrindo o compartimento. "Cigarro?" Ele perguntou ao tirar um maço e um isqueiro.

Harry levantou os olhos. Ele soltou o ar em um grande suspiro e sorriu de uma forma que parecia aliviada. "Oh meu Deus, sim… obrigado."

A nicotina pareceu acalmar a ansiedade de Harry, e eles seguiram em silêncio por um tempo, ambos fumando e olhando para frente. A chuva havia diminuído e agora se transformava em uma pequena garoa.

"Estamos chegando", Harry finalmente falou, começando com suas trocas de posição repentinamente.

Draco estendeu o pacote de cigarros para o rapaz inquieto. "Acha que ele ficará feliz em vê-lo? Você não falou muito sobre ele."

"Eu não sei. Não falo com ele há meses. Talvez eu devesse ter ligado antes."

Draco reparou a preocupação estampada no rosto de Harry e parou o carro no meio-fio. "Aqui." Ele estendeu seu celular para o moreno.

A mão de Harry tremia ao pegar o aparelho. Ele hesitou por um momento, olhando sem realmente ver o teclado de número antes de finalmente digitá-los e ligar.

Draco evitou olhar para ele. Podia perceber o quanto Harry estava nervoso então ao invest de focar seus olhos, mirou para fora de sua janela, conferindo ao moreno um pouco mais de privacidade.

Harry limpou a garganta. "Oi, Sirius" ele disse suavemente. "É… sou eu." Houve uma longa pausa enquanto ele ouvia o padrinho falar, então ele relaxou um pouco e afundou mais no assento. "Eu sei… também sinto saudades."

Draco sentiu-se sorrir e a tensão em cuja existência ele não havia reparado sumiu de seus ombros e pescoço.

"Ah… ah não, não há nada errado, eu só…" Harry engoliu em seco e novamente limpu a garganta. Ele disparou um olhar nervoso a Draco antes de olhar para o próprio colo e abaixar a voz. "Eu só estava pensando se talvez… bom, eu esperava que você não se importasse de eu ficar um pouco com você?" Harry fechou os olhos e segundos depois Draco viu seu corpo enrijecer. "Nós terminamos". Harry fungou e tentou disfarçar o ato com uma falsa tosse. "Não, é só que… já era tempo."

Draco acendeu um cigarro e gentilmente cutucou Harry com o cotovelo. Quando os olhos verdes se viraram para os seus, ele balançou a cabeça para indicar que estava saindo do carro. "Não tenha pressa", ele sussurrou.

Harry sorriu-lhe em agradecimento e observou-o saindo do carro.

Draco fumou enquanto dava alguns passos, ocasionalmente olhando de volta para o carro. Ele podia ver o quão agitado Harry estava ficando. Suas mãos acenavam com vigor e seu rosto estava manchado e vermelho de raiva. Em um certo momento ele puxou o celular da orelha, cobrindo o aparelho com uma das mãos, obviamente descontente com o que quer que seu padrinho estivesse dizendo.

Draco sentiu seu peito apertar e novamente se perguntou por que ele se importava afinal. Não era como se Harry tivesse sido simpatico com ele no início; embora Draco estivesse começando a achar que havia um bom motivo por trás daquele humor do rapaz.

Ele jogou fora o cigarro e virou-se para o carro, vendo Harry sentar-se com os cotovelos sobre os joelhos e o rosto nas mãos, seus ombros tremendo com soluços.

Draco ficou paralisado em horror no início, incerto sobre como agir. Ele não tinha muita experiência em confortar os outros. Na verdade, geralmente eram suas palavras ácidas que faziam as pessoas procurarem consolo em outro lugar. Mesmo antes do sermão de sua mãe ele já sabia que não era a melhor pessoa do mundo. E ele também conhecia sua reputação de bastardo sem coração, mas ele também não podia deixar Harry chorando em seu carro noite adentro. Para onde mais ele poderia ir?

Suspirando pesadamente ele se decidiu e voltou para o carro, tentando fazer o máximo de barulho possível para que Harry tivesse a chance de se recompor, se assim desejasse.

Quando fechou a porta, foi recebido por nada além de silêncio. Ele olhou de soslaio para Harry, que ainda estava com a cabeça coberta por suas trêmulas mãos. Seus ombros ainda tremiam, mas ele não emitia nenhum som.

Draco guiou sua mão cuidadosamente até a parte de trás do pescoço do moreno. A pele ali era quente e estava clamando por toque, mas ele forçou-se a afastar a mão com desgosto. O loiro então chegou um pouco mais perto e gentilmente puxou o outro para seu ombro.

Harry soltou um pequeno soluço ao descansar o rosto contra o pescoço de Draco. Ele fechou os olhos com força e tentou respirar, mas acabou desistindo ao sentir as lágrimas chegarem. Segurou então a barra da jaqueta de Draco com tanta força que sentiu suas juntas ficarem brancas.

Draco suspirou levemente e começou a fazer círculos nas costas do moreno, buscando confortá-lo. Ele não achava que havia muito a ser ditto para melhorar a situação, então apenas segurou Harry e deixou-o chorar.

O tremor parou após alguns minutos. O aperto forte de Harry em sua jaqueta diminuiu momentos depois. Finalmente, depois que as lágrimas secaram e sua respiração se acalmou, o moreno levantou a cabeça e olhou nos olhos cinza, quase prata, de Draco.

O loiro se viu novamente mergulhando naqueles olhos verdes e não conseguiu desviar o olhar. Sua mão ainda descansava atrás do pescoço de Harry e ele de repente se deu conta de quão próximos ambos estavam um do outro. Ele deveria sentir-se acuado diante da intensidade do olhar do homem menor, mas não. Lindo. E moveu sua mão para acariciar os fios negros e macios.

Harry suspirou e fechou seus olhos por um momento, aproveitando o toque. Então, sem nenhum aviso, ele alcançou mais um cigarro e ajeitou-se de volta no banco, quebrando o contato entre eles.

Sentindo-se subitamente desconfortável, Draco olhou para a frente e colocou o cinto, tentando acalmar seus nervos. "Bom… para onde então?"

"Ele está na França com Remus". Harry disse, como se nada houvesse acontecido. "Eles não estarão em casa dentro de duas semanas e eu não tenho chave para entrar lá."

"Certo." Draco ligou o carro e checou pelo espelho retrovisor antes de virar e voltar à estrada pela qual eles haviam vindo.

"Para onde estamos indo?"

"Para o meu flat."

Harry congelou.

Draco tentou não se desapontar com o pânico que rapidamente se instalou sobre o outro. Não posso culpá-lo por ficar assustado. Ele nem ao menos me conhece! "Eu tenho um quarto vago. Você pode ficar essa noite e pela manhã decidir o que vai fazer."

Harry procurou relaxar enquanto assentia lentamente.

Draco tamborilou levemente os dedos sobre o volante enquanto procurava desesperadamente por algum assunto. Ele nunca fora muito bom com silêncios. "Então, por que sua… namorada deixou você?"

Harry soltou uma risada amarga. "Minha namorada não me deixou. Eu fui embora."

Droga, ele é hetero. Eu sabia! "Ok. Então, por que você a deixou?"

"Já era tempo."

"Vocês estavam juntos há quanto tempo?"

"Três anos."

Draco ficou surpreso. Ele não conseguia sustentar uma relação por mais de uma semana, mas aquele garoto havia conseguido por três anos?

"O quê?" Harry perguntou ao notar o olhar estranho estampado no rosto do loiro.

"Ah, nada." Draco sorriu para ele. "É só que… três anos é bastante coisa. Eu geralmente as dispensava aos gritos com uma semana."

Harry riu e Draco percebeu que o som da risada emitia arrepios por sua espinha. Ele queria ouvir mais daquele som, especialmente se fosse ele a causa disso.

"Eu acho isso bem difícil de imaginar." Harry afirmou, virando-se de lado para encarar o outro.

Draco sorriu de lado. "Você ficaria surpreso. O último cara com quem eu terminei…" O pânico de repente o tomou, e ele engoliu pesadamente ao perceber o que havia deixado escaper. Seus dedos longos e brancos seguraram o volante com mais força e ele olhou de soslaio para Harry, tentando captar sua reação.

As bochechas do moreno estavam coradas e ele virou-se para frente de novo. "Então você é… gay?"

Draco assentiu, incapaz de falar alguma coisa.

Harry permaneceu em silêncio por um instante antes de finalmente se pronunciar. "Então é por isso que você me ofereceu carona? Estava planejando…?"

"Eu não planejei nada." Draco sentenciou. "Na melhor das hipóteses, achei que pudesse arranjar um número de celular."

"Bom, eu não tenho um", Harry disse com a respiração presa.

"De qualquer modo não faz muita diferença, já que você terminou com a sua namorada. Obviamente, você é hetero."

Harry não respondeu. Ele começou a roer as unhas sem parar e sua perna balançou-se nervosamente.

"Está tudo bem?" Draco mirou-o hesitante.

Harry respondeu com um mínimo aceno.

Merda, estúpido Malfoy… não sabe quando ficar de boca fechada. Draco limpou a garganta e parou o carro no estacionamento de um pequeno restaurante. Ele desligou o motor e ambos permaneceram sentados em silêncio durante algum tempo. "Ouça, Harry…eu acho que já fui bastante paciente com esse seu humor e com a sua enigmaticitude – "

"Essa palavra não existe", Harry disse suavemente.

"- de toda essa situação", Draco continuou ignorando a interrupção. "Eu estou tentando ser legal com você… e acredite, ser legal com alguém não está exatamente no topo das minhas prioridades, e não é uma coisa fácil para mim. Não é nem mesmo algo que eu goste de fazer, mas… você parece um cara bacana e eu prometi à minha mãe que tentaria." Ele limpou a garganta novamente e silenciosamente amaldiçoou a si mesmo por dizer esta última parte. "Então… se o fato de eu ser gay significa que você vai começar a agir de forma preconceituosa comigo, então eu prefiro – "

Mas Draco nunca teve a chance de terminar a frase, porque naquele momento ele se viu com um Harry em seu colo, um Harry cujos lábios cobriam insistentemente os seus, impedindo-o de continuar.

Draco ofegou surpreso e gemeu profundamente ao sentir a língua do outro invadir sua boca. Ele alcançou os cabelos negros, puxando uma porção deles para virar a cabeça de Harry mais um pouco, aprofundando o beijo. Era áspero e passional e Draco sentiu a cabeça girar com a intensidade do momento. Havia sido um longo, longo tempo desde que ele havia feito aquilo pela última vez e agora ele já começava a se perguntar por que havia parado o carro, em primeiro lugar.

Os dedos de Harry afundavam nos já desalinhados cabelos de Draco e ele afastou-se, forçando a cabeça do loiro contra o encosto do assento. Harry então atacou seu longo e pálido pescoço com lábios, língua e dentes enquanto pressionava fortemente seus quadris contra os do outro.

Sem pensar em perder o controle da situação, Draco puxou os cabelos do moreno forçando novamente sua boca contra a dele. Mordeu e sugou de leve o lábio inferior do outro, deixando então seus lábios escorregarem para o pescoço, provando a pele levemente salgada da região.

Harry gemeu e prensou suas ereções. "A que distância fica o seu flat?"

"Em torno de 40 minutos" Draco sussurrou, os lábios ainda pousados no pescoço do mais novo.

Harry soltou um gemido frustrado. "Podemos arranjar um quarto?"

Surpreso com o pedido, Draco riu no pescoço do outro. Ele então parou de beijá-lo e afastou-se o suficiente para olhá-lo. "É isso que você quer?" Ele perguntou passando a lingual pelos lábios ao notar as bochechas coradas e o olhar de pura luxúria de Harry.

Harry assentiu e sorriu para ele. "A menos que você prefira transar aqui mesmo no carro, mas eu acho que você é muito chique para isso". Ele gargalhou diante do olhar ofendido de Harry antes de abaixar-se para capturer novamente os lábios do loiro em mais um beijo, dessa vez mais doce e suave.

Sem conseguir pensar direito, Draco apenas beijou-o de volta. Ele deixou a cabeça descansar novamente no encosto e suspirou ao sentir a boca do moreno em sua clavícula. "Eu não quero… tirar vantagem… de alguém que está magoado", ele tentou entre gemidos e respiração entrecortada. Ele assobiou de prazer quando os dentes de Harry morderam forte seu pescoço, apesar de não ser o suficiente para machucar, então relaxou novamente quando o rapaz passou a lingual sobre a mordida, abrandando-a.

"Tem um motel logo ali na esquina", Harry disse antes de morder gentilmente o lóbulo da orelha do loiro.

Draco mal conseguia respirar. Ele meneou a cabeça em afirmativa, mas não fez esforço para se mover. Na verdade, ele apenas puxou Harry para mais perto.

O moreno achou um ponto sensível logo abaixo de sua orelha e começou a lamber e sugar suavemente enquanto movia seus quadris contra os do loiro, pressionando suas ereções novamente.

"Deus", Draco gemeu. Ele buscou pela chave de ignição atrás de Harry e ligou o carro.

"Estamos indo?" Harry perguntou, afastando-se com um sorriso brincalhão.

Draco sorriu em resposta. "Bom eu acho que sim, mas ainda que eu esteja adorando essa posição, não posso dirigir direito com você em cima de mim."

Harry beijou-o novamente, saindo de seu colo. Ele sentou-se próximo, nunca quebrando o contato entre eles até que Draco finalmente estacionou em frente ao motel.

"Fique aqui", o loiro disse enquanto saía do carro e entrava para pagar por um quarto.

Ele voltou minutos depois e dirigiu até o quarto que ficava no final do prédio.

A chuva caía novamente, mas nenhum dos dois parecia se importar muito em pegá-la enquanto iam para dentro. As jaquetas molhadas e mochilas já haviam sido jogadas no chão antes mesmo de Draco fechar a porta.

Ele jogou as chaves sobre a cômoda e ligou um pequeno abajur que iluminava apenas o suficiente para que eles pudessem ver um ao outro. Agarrando Harry pelo colarinho da camisa, Draco girou-o de costas contra a porta agora fechada. Ele então lambeu o pescoço do outro, colando totalmente ambos os corpos e deslizou um joelho entre as pernas do menor, pressionando o volume que já se encontrava lá.

Harry jogou a cabeça para trás e ofegou ao esfregar seus quadris na perna de Draco. "Eu não vou aguentar se você continuar desse jeito."

Draco sorriu de forma suave. "Não se preocupe. Essa não vai ser a única vez que eu vou te fazer gozar essa noite. Nós podemos ser ambiciosos na primeira vez." Ele deu uma passo para trás e começou a desabotoar sua própria blusa, enquanto chutava seus sapatos para longe. "Tire a camisa."

Harry tirou a camisa vermelha pela cabeça e jogou-a num canto, retirando também o par de tennis que calçava.

No momento em que ficaram sem camisa, Draco pressionou seus corpos novamente, a sensação do roçar de pele nua e mamilos eriçados levando sua ereção ao ápice. Ele resmungou baixinho ao correr as mãos pelas costas de Harry e fincar seus dedos nas nádegas do menor, quase levantando-o enquanto caminhava em direção à cama. Ele tropeçou ligeiramente e acabou desistindo da idéia, mas quando afastou Harry dele, foi apenas para levá-lo até o armário e prendê-lo lá. Beijou-o rapidamente, enquanto desabotoava sua calça jeans rasgada. Assim que soltou o botão, mergulhou sua mão na boxer do moreno, envolvendo sua ereção e apertando-a firmemente.

Harry gemeu alto e moveu os quadris para frente, seus dedos pressionando quase dolorosamente os ombros de Draco.

O loiro ignorou a pressão da ponta dos dedos de Harry sobre sua pele e concentrou-se apenas em acariciá-lo mais rápido e mais forte.

"Eu…merda, eu vou…" Harry choramingou levemente e pressionou os ombros de Draco para baixo, tentando faze-lo se ajoelhar.

Draco riu e resistiu aos não tão sutis sinais de Harry ao prender um mamilo excitado em sua boca, sugando-o. "Não", ele disse severamente enquanto afastava-se um pouco.

"Por favor!" Harry gritou enquanto estocava seu membro na mão do loiro.

Draco riu novamente; excitado com o entusiasmo que ele estava provocando no rapaz antes tão quieto. Ah, como ele queria fazê-lo gritar. Ele parou com a carícia e deu um passo para trás.

Harry grunhiu pela perda de contato e dirigiu ao loiro um olhar de partir o coração. "Isso não é justo."

Draco levantou uma sobrancelha e sorriu diante da frase infantil. "É mesmo?"

Harry assentiu.

Draco olhou-o de cima a baixo por um momento, seus olhos fixando o pênis agora exposto, com a cabeça brilhando em um líquido pré-gozo. Ele lambou os lábios e levantou os olhos para encontrar os verdes. "Deita na cama."

Harry rapidamente cruzou o quarto e subiu na cama, tirando a calça e a cueca no processo. Ele então retirou as meias e esticou-se na cama, completamente nu.

Draco prendeu a respiração quando se viu olhando um dos corpos mais perfeitos que ele já havia visto. Ele agora está dolorosamente excitado, o que crescia cada vez mais à medida que ele observava aquela pele suave, pequenos mamilos morenos e um peitoral atlético e firme. Ele soltou seu cinto e puxou-o das alças de sua calça, jogando-o para o lado. Seus olhos nunca deixaram os de Harry quando ele desabotoava e abaixava a calça ao longo de seus quadris, seguida rapidamente por sua boxer e meias. Tomou seu próprio membro nas mãos e o acariciou lentamente enquanto sua mente trabalhava, incerta sobre o próximo passo a seguir.

Harry arregalou os olhos ao ver o membro do loiro. Sua respiração foi ficando acelerada e ele mordeu o lábio inferior, gemendo ao ver o mais velho tocando a si mesmo.

Com um sorriso predatório estampado na face, Draco dirigiu-se para a cama e ajoelhou-se na quina dela. Ele sabia que não conseguiria durar por muito tempo então deitou-se sobre Harry, juntando seus quadris e membros e movendo-se rápido, sem dar tempo para o moreno se ajustar.

Embaixo de si, Harry encontrava-se de bochechas coradas e olhos levemente fechados, movendo-se desesperadamente de encontro ao loiro e procurando adequar-se ao ritmo imposto.

Draco abaixou sua mão e pressionou ambos os membros, segurando-os juntos para provocar uma maior fricção. Ele gemeu suavemente e curvou-se para beijar Harry. Depois de arranhar o queixo do outro com os dentes, Draco traçou uma linha por sua garganta passando pelo pomo de Adão, enquanto apertava os membros rígidos com um pouco mais de força, movimentando os quadris.

Harry estava ofegante debaixo dele, com os olhos bem fechados. De repente ele enrijeceu e arqueou as costas, a boca aberta soltando um suspiro. Sua mão abaixou-se para envolver a de Draco, forçando-o a aumentar o ritmo da carícia até ele soltar um pequeno grito e gozar no corpode ambos.

Draco seguiu-o em poucos segundos, com a sensação do gozo de Harry escorrendo por sua mão e seu pênis, junto ao calor e à pressão do momento. Espasmos de prazer percorreram o seu corpo e ele não conseguia lembrar se alguma vez já havia gozado de forma tão intensa apenas roçando em alguém. Ele soltou os membros agora já amolecidos e abaixou-se contra Harry, esfregando-se preguiçosamente nele para retirar as últimas gotas de prazer de ambos. Ele mirou os olhos verdes ofuscados em pleno torpor e sorriu ao levar sua mão para a boca, lambendo lentamente a ponta dos dedos e provando seu gosto misturado ao de Harry.

Harry soltou um pequeno soluço e levantou a cabeça, sugando um longo e pálido dedo para dentro de sua boca.

Draco ficou maravilhado em sentir seu membro recuperar os sentidos depois de gozar tão intensamente segundos antes. Mas observar e sentir Harry chupando seus dedos era a coisa mais erótica que ele já havia vivenciado desde um bom tempo, e ele estava feliz em saber que não teriam que esperar muito tempo para o segundo round.

O moreno terminou de limpar seus dedos e então recostou-se de volta na cama, com um sorriso leve e preguiçoso. "Isso foi bom", ele disse em tom baixo.

Draco não resistiu e sorriu de volta. "Você ainda não viu nada." Com um toque gentil, ele forçou seu joelho separando as pernas de Harry e colocando-se entre elas. Agora que os desejos iniciais de ambos haviam sido satisfeitos, ele queria demorar mais tempo nessa parte. Abaixou-se devagar e buscou os lábios de Harry em um longo e lento beijo, que ficou mais intenso a medida que o tempo passava.

Mãos calejadas moveram-se devagar por suas costas, pontas de dedos traçando seus músuculos e deixando uma trilha de calor por sua pele, o que fez sua coluna arrepiar-se. Ele findou o beijo afastando-se um pouco para examinar o corpo no qual ele desejava tanto entrar.

Olhos verdes brilhavam ao mirar seu membro. Os cílios negros de Harry tremiam e sua respiração parece parar por um momento quando ele abaixou a mão para tocar Draco.

Draco permaneceu parado, permitindo que a curiosidade do mais novo o levasse a correr os dedos pela extensão de seu membro, para cima e para baixo. Ele já se encontrava ereto novamente e pulsou quando Harry tocou-o com mais força. Dedos se moveram para circular seu membro, fazendo com que o restante de sangue que havia em seu cérebro imediatamente descesse. "Você tem… alguma coisa útil… nessa sua mochila?" Draco perguntou com uma sobrancelha erguida.

Harry finalmente desviou os olhos de sua ereção e olhou para cima. Ele observou os orbes prateados por um instante antes de remover sua mão e concordar. "No zíper da frente."

Draco beijou-o rapidamente e pulou da cama para alcançar a mochila de Harry esquecida perto da porta. Ajoelhando-se, ele abriu o zíper citado e correu a mão por alguns itens. Canetas, um pequeno bloco de notas, receitas do café e algumas moedas. Ele sorriu quando sua mão se fechou sobre um pequeno pacote que ele reconheceu apenas pelo toque. Tirando-os da mochila, ele levantou uma sobrancelha e sorriu para si mesmo, um pouco chocado, mas ainda assim agradecido pelo fato de que Harry carregava consigo pacotes individuais de lubrificante. Eu definitivamente o subestimei. Ele endireitou-se lentamente e voltou para a cama, segurando as pequenas embalagens e sorrindo para o rapaz que agora corava.

"No caso de alguma emergência?" Draco perguntou subindo na cama e indo para perto dele.

Harry deu-lhe um pequeno aceno, o rubor espalhando-se agora para o seu pescoço.

Lindo. Draco lambeu os lábios e inclinou-se para um beijo suave. "Eu quis você desde a primeira vez que te olhei."

As mãos de Harry estavam tremendo quando vieram descansar em suas costas, os dedos pixando-o para perto enquanto se beijavam com urgência.

Draco afastou-se, ignorando os baixos protestos do moreno, e sentou-se em cima das pernas dele. Lambeu uma trilha pelo pescoço e garganta do outro, descendo para o peito onde demorou alguns minutos provocando os mamilos. Ele amava a sensação das mãos de Harry em seu cabelo, puxando e enrolando delicadamente os fios pelos dedos. Sem qualquer aviso, ele mordeu um dos mamilos.

Harry arqueou as coisas e gemeu ainda mais alto ao sentir sua ereção pressionar o estômago do loiro.

"Paciência, amor", Draco sussurrou contra a pele quente. Ele voltou à tarefa, descendo os lábios enquanto abria um dos pacotes de lubrificante. Passou um pouco nos dedos, esfregando as mãos para aquecer. Sua língua percorreu as costelas de Harry até seu quadril, onde mordiscou e sugou até que se formasse uma pequena mancha roxa. Sentindo o moreno se contorcer abaixo de seu corpo, ele finalmente lhe deu o que tanto esperava, circulando com a língua a cabeça do membro excitado.

Harry soltou um suspiro alto e voltou a cair na cama, suspendendo os quadris na direção de Draco pedindo silenciosamento por mais.

O loiro segurou-o com uma mão em seu quadril, então envolveu o membro com os lábios e lentamente começou a chupar. Trazendo seus dedos lubrificados para perto, ele acariciou levemente a entrada do moreno.

A respiração de Harry ficou presa e ele congelou.

Draco empurrou a ponta de seu dedo para dentro ao mesmo tempo em que deslizou seus lábios pela ereção pulsante do moreno, tomando-o na boca. Ele sugou com força e se afastou, mantendo só a cabeça na boca. Com um rápido movimento de língua, ele pressionou seu dedo um pouco mais fundo.

Os quadris de Harry tomaram um impulso involuntário e ele deixou os cabelos de Draco, passando a agarrar o lençol. Jogou a cabeça para trás e soltou um gemido que era diferente de tudo o que Draco já tinha ouvido na vida. O som atravessou a loiro e foi direto ao seu membro, fazendo-o latejar dolorosamente. Ele lentamente movimentou seu dedo para dentro e para fora de Harry, antes de enfiar o segundo dedo.

Um grito agudo, combinando prazer e dor, ecoou pelo quarto enquanto Harry pressionou seu corpo contra a mão do loiro. Ele segurou a respiração e então soltou um baixo gemido, respirando profundamente.

"Relaxe" Draco sussurrou. Ele depositou um beijo suave na coxa do mais novo e começou a mexer os dedos devagar. "Você é tão apertado." Ele grunhiu baixinho para si mesmo e fechou os olhos, imaginando aquela pressão e aquele calor em volta de seu membro.

Harry não emitia som algum além de sua respiração acelerada. Seu corpo começou lentamente a relaxar, mas quando Draco adicionou um terceiro dedo, ele chiou baixinho e sentiu seus músculos apertarem a mão do loiro.

"Deus", gemeu Draco ao pensar no que aqueles músculos apertariam mais tarde. Ele bombeou seus dedos mais rápido, perdendo a paciência, e sentou-se sobre os joelhos para observar.

Novamente os olhos de Harry recaíram sobre o pênis de Draco e ele engoliu em seco. "Você é bem… grande", ele finalmente disse, sua voz coberta com a preocupação que se encontrava estampada por sua face desde que Draco havia tirado a cueca.

"Eu sei", Draco disse com um grande sorriso. Ele inclinou-se para beijar seu mais novo amante e enfiou os dedos ainda mais fundo. "Eu terei cuidado".

Harry acenou vigorosamente em resposta.

Draco finalmente retirou seus dedos e posicionou-se entre as pernas do moreno. Ele alcançou o tubo do lubrificante e espremeu o resto em suas mãos. Após passar a substância em si mesmo ele abaixou-se, guiando seu membro para a entrada de Harry.

O moreno mordeu o lábio e encarou-o.

Draco podia ver o olhar de apreensão na face do moreno e novamente inclinou-se para beijá-lo, na sobrancelha, no nariz e nas bochechas, buscando jogar a preocupação pata longe. "Confie em mim", ele finalmente suspirou contra os lábios do outro.

Harry assentiu e recostou de volta na cama, separando um pouco mais as pernas.

Draco não conseguiu segurar o terno sorriso que se espalhou por seu rosto ao olhar o rapaz. Com uma mão ele retirou os fios de cabelo que haviam caído sobre a testa do moreno, e depois descansou a mão sobre uma de suas bochechas.

Sorrindo abertamente, Harry virou o rosto para beijar a palma da mão de Draco.

A respiração de loiro travou diante desse simples gesto. Harry voltou a olhar para ele, os olhos verdes abertos e brilhando com confiança. Confiança em mim. Ele sentiu seu coração acelerar.

Lentamente, ele entrou apenas com a ponta de seu membro no corpo de Harry, agora relaxado. Seus braços tremeram e quase se soltaram do abraço, mas com esforço ele conseguiu manter a posição.

Os olhos esmeraldas de Harry se abriram ainda mais e por um momento todo seu corpo ficou rígido.

Draco chiou ao sentir os músculos do moreno se contraírem. "Harry… você precisa relaxar." Ele abaixou-se e ficando sobre os cotovelos, beijou Harry, tentando acalmá-lo.

"Não consigo… eu nunca… você é tão grande." Harry pressionou seu rosto contra o pescoço do loiro.

Draco sentiu uma forte pontada de desejo atravessar seu estômago e ele riu enquanto acariciava o cabelo do mais novo. "Você está tentando me fazer gozar?"

Harry riu suavemente enquanto sua cabeça voltava a descansar no travesseiro. "Não."

"Então pare de dizer isso." Ele o beijou lentamente, suas ações silenciosamente pedindo para que o outro relaxasse, e pressionou seu corpo com ainda mais força.

"Merda" Harry sussurrou, quebrando o beijo e novamente mergulhando seu rosto no pescoço do outro. Seus dedos morderam com gentileza o pescoço alvo de Draco e ele gemeu, fazendo com que a pele do loiro tremesse com vibrações.

Draco sentiu seus olhos se fecharem em prazer enquanto continuava a entrar pouco a pouco. Quase lá… quase… sem pressa… quase…

Ele inalou bruscamente. "Merda". Havia entrado por inteiro.

Harry estava silencioso abaixo de si, com a face ainda pressionada no pescoço do loiro.

"Respire", Draco sussurrou, sem ter certeza se estava lembrando a si mesmo ou a Harry. Ele pressionou os lábios gentilmente contra a têmpora suada do moreno.

Ele sentiu o tremor das mãos do outro enquanto elas se movimentavam vagarosamente para baixo e para cima em suas costas. Um hálito quente soprava em seu pescoço e ele precisou de todo o seu controle para permanecer quieto, dando a Harry tempo para se acostumar.

"Tudo bem?" Draco perguntou em um suspiro.

Harry assentiu e respirou profundamente. "É só que… já faz algum tempo", murmurou baixinho.

Draco sorriu em compreensão, apesar de o outro rapaz não poder ver o sorriso. "Apenas me avise quando estiver pronto."

Harry assentiu novamente, com as mãos ainda viajando pelas costas do outro. Seus dedos desceram e esbarraram suavemente na curva das nádegas de Draco para então descansar no final de suas costas. Ele suspirou suavemente então moveu sua boca para beijar o loiro com gentileza.

"Você é delicioso" Draco disse com os lábios colados nos dele. Ele levantou um pouco o corpo para observar o homem corado e ofegante abaixo dele.

Um sorriso se espalhou pelo rosto de Harry enquanto ele mirava o outro com reverência. "Eu estou pronto", disse em um quase sussurro.

Draco acenou com a cabeça e quase suspirou de alívio. Ele lentamente se moveu para trás, quase saindo por inteiro, antes de entrar completamente com o mesmo cuidado. Puta… merda.

Harry soltou um pesado suspiro, mas não emitiu nenhum som de dor ou desconforto.

Então Draco repetiu o movimento, dessa vez com um pouco mais de força.

As mãos do moreno vieram descansar em seu peito, os dedos abrindo e fechando ao mesmo tempo em que Draco entrava e saía, lentamente. Ele mordia o lábio inferior com força e seus olhos estavam firmemente fechados enquanto ele inspirava e expirava profundamente pelo nariz.

Draco tinha certeza de que nunca havia experimentado tanta felicidade. Seus quadris se moveram mais rápido, cada estocada mais longa e mais profunda e não demorou muito para que ele estivesse completamente encaixado no corpo de Harry, sendo engolido de uma forma quente e apertada. "Abra os olhos", ele pediu com a voz baixa e rouca.

Os longos e espessos cílios de Harry tremeram levemente antes que ele finalmente abrisse os olhos para focar o homem acima de si.

"É muita coisa?" Draco perguntou, com preocupação em sua voz.

"Não… está perfeito" Harry disse com um sorriso ofegante.

Draco sorriu e levantou-se na altura dos cotovelos. Eles partilharam um quente e intenso beijo, respirando o mesmo ar e movimentando-se com mais rapidez, um contra o outro.

Harry gemeu desesperadamente em seu boca enquanto as mãos trilhavam um caminho pelos cabelos de Draco e seguravam-no forte contra si. Ele colocou uma perna em torno da cintura do loiro, alterando ligeiramente a posição em que se encontravam e jogando a cabeça para trás com um grito de êxtase ao sentir o membro de Draco tocar de leve sua próstata.

Draco riu baixinho e manteve as estocadas firmes.

"Mais", Harry implorou. "Aí…mais forte…por favor."

Os quadris de Draco moveram-se com mais força, atingindo o rapaz com quase brutalidade. Ele sentiu os músculos de Harry se contraírem a sua volta e percebeu que o moreno estava chegando ao seu ápice. Mas ele ainda não queria que aquele momento chegasse ao fim, então cerrou os dentes com força e impediu-se de gozar tão cedo.

"Deus…" as costas de Harry arquearam e seus dedos arranharam as costas suadas do loiro, tentando se segurar a medida que o orgasmo se aproximava.

Draco traçou com a língua uma fina linha do ombro ao pescoço de Harry, passando então para sua orelha e mordendo de leve o lóbulo. "Goza pra mim, Harry", ele sussurrou.

Harry gritou. Suas pernas se fecharam com força envolvendo os quadris de Draco e ele cravou suas unhas nos músculos das costas de Draco enquanto estremecia violentamente, jatos branco-pérola explodindo entre seus corpos.

Apesar de suas intenções, Draco sentiu seu próprio orgasmo chegando. Harry era tão apertado que ele queria gritar de prazer pela sensação, mas não teve essa chance pois desabou sobre o menor, bombeando cada vez mais rápido, suas veias saltando em fogo. Ele escondeu o rosto no pescoço de Harry e gritou em êxtase, enquanto liberava onda após onda de prazer, até que a única coisa que conseguia fazer era fechar os olhos e respirar.

*.*.*.*

Draco estava deitado de costas, respirando profundamente e tentando acalmar suas batidas do coração. Isso foi muito melhor do que qualquer festinha de aniversário. Ele olhou para o rapaz deitado de bruços ao seu lado. Mesmo na penumbra do quarto, ele podia distinguir aqueles olhos.

Harry sorriu para ele e chegou mais perto para descansar a mão no peito de Draco. Alguns momentos depois, seus dedos começaram a bater levemente no ritmo dos batimentos cardíacos do loiro. "Tum-tum, tum-tum", ele disse suavemente, o sorriso aumentando quando encarou os olhos prateados.

Draco sorriu de volta e pôs sua mão sobre a de Harry. Ele tentou ignorar o fato de que ele não tinha necessidade de fazer isso. Na verdade, ele não conseguia se lembrar da última vez em que havia feito sexo em uma cama. Empurrar alguém contra a parede, deitá-la em uma mesa ou jogá-la no chão… ele estava mais acostumado com essas situações. Pensando sobre isso, ele deduziu que deveria estar desconfortável nesta situação, e ficou surpreso ao descobrir que nada poderia estar mais longe da verdade.

Harry deslizou seus dedos até os de Draco, entrelaçando-os.

O loiro não conseguia desviar seus olhos dele. "Harry", ele sussurrou. "Isso foi…". Ele não tinha nem palavras para descrever o que havia acontecido.

O sorriso de Harry aumentou de orelha a orelha. "Foi", ele concordou. Aproximando-se de Draco, enlaçou-o com um braço e uma perna. "Já fazia um tempo para mim, mas definitivamente valeu a pena."

"Pra mim também". Draco inclinou-se e colocou uma das mechas negras para trás da orelha de seu novo amante.

Harry pegou a mão elegante e pálida nas suas e virou-se para beijar gentilmente a palma. "Você é lindo", ele murmurou antes de inclinar-se para depositar um suave e doce beijo nos lábios de Draco.

Draco corou. Ele sabia que era atraente, mas não estava acostumado a ouvir isso. Suas experiências geralmente envolviam um rápido amasso e poucas palavras, isso se elas fossem usadas. Se houvesse um "adeus", ele ficaria chocado.

"Você também é", disse por fim.

Harry beijou-o intensamente e então se sentou. "Eu preciso ir ao banheiro. Volto logo." Ele saiu da cama e franziu a testa ao colocar os pés no chão e sentir as luzes serem acesas.

Draco estava sentado, suas mãos ainda no abajur, congelando ao notar as longas e púrpuras marcas no lado direito das costas de Harry. "Merda", ele disse baixo. "Oh Harry… eu não…" ele se lembrou do momento em que havia empurrado bruscamente o rapaz contra o armário horas antes, mas não sabia que havia sido tão rude. Seu estômago revirou e ele se sentiu enjoado.

Harry não se virou para olhá-lo. Silenciosamente pegou sua calça jeans, vestindo-a com rapidez.

"Eu não queria… meu Deus. Eu machuquei você." Draco saiu da cama e gentilmente agarrou o braço do moreno.

"Não foi você", Harry falou, evitando seu olhar. Ele puxou seu braço de volta e procurou por sua camisa.

"Seu… namorado?"

Harry concordou com um breve aceno.

Draco pegou sua mão, impedindo-o de continuar a se vestir. "Você não precisa fazer isso", ele disse suavemente. "Não há nada de que se envergonhar." Isso explica tanta coisa.

Harry permaneceu parado, permitindo que Draco segurasse sua mão, mas ainda evitando seu olhar.

Os olhos do loiro acompanharam lentamente a extensão de suas costas. Agora que as luzes estavam acesas e ele estava realmente reparando, podia notar alguns riscos em amarelo e azul, vestígios de algumas contusões que haviam cicatrizado, embora não completamente. Seus olhos se estreitaram e ele apertou a mão de Harry ainda mais forte quando ele seguiu com o dedo as tênues marcas nos braços morenos.

Harry finalmente suspirou e virou-se para ele. "No que você está pensando?" ele perguntou suavemente.

Draco sentiu uma carranca tomar conta de seu rosto. "Em como eu gostaria de matá-lo" disse, soltando o braço de Harry e se aproximando dele. Ele descansou as mãos de leve nos quadris do outro. "Você não merece isso. Ninguém merece isso."

Harry olhou para baixo e riu de leve ao perceber que Draco ainda estava nu. A risada foi embora e ele colocou suas mãos no peito largo e alvo a sua frente. "Você tem a pele mais macia de todas", ele sussurrou. Inclinando-se para frente, ele beijou o ombro de Draco.

Draco fechou os olhos, suspirando de prazer. "Você está tentando mudar de assunto?" perguntou, enquanto corria os dedos levemente pelas costas de Harry, sorrindo ao sentir o moreno se arrepiar.

"Apenas tentando esquecer", Harry murmurou antes de depositar um beijo quente e intenso nos lábios do loiro.

Draco soltou uma exclamação de surpresa e chegou para trás, puxando Harry consigo enquanto caía na cama.

Harry montou em seu peito, prendendo suas duas mãos contra o colchão. Ele olhou nos olhos de Draco.

O mais velho corou diante do olhar intenso que lhe era dirigido. Ele faz eu me sentir um adolescente. "O que você está fazendo?"

Harry continou a encará-lo por mais alguns minutos, inúmeras emoções resplandecendo em seus olhos verdes, então beijou-o novamente. O beijo não era rude ou apressado. Era lento e doce, e draco sentiu cada osso de seu corpo derreter.

"Eu nunca estive com ninguém como você", Harry sussurrou contra a boca do loiro antes de beijá-lo novamente. Ele mal pousava os seus lábios sobre a pele do outro enquanto falava. "Tudo que eu vi no início foi um terno caro e mão perfeitas". Ele traçou a orelha de Draco com a língua e sorriu ao senti-lo se contorcer. "Eu nunca imaginei o que essas mãos poderiam fazer comigo". Ele riu, movendo sua boca para a garganta de Draco.

"Harry", Draco respirou enquanto flexionava as mãos, desesperado para agarrar o rosto do moreno e beijá-lo loucamente. Mas o aperto de Harry em seus pulsos não diminuiu.

O moreno ignorou-o e passou a lamber uma trilha sobre o peito de Draco, parando para morder gentilmente um dos mamilos rosados. "Eu poderia ficar aqui com você… nesse quarto… para sempre." Ele olhou para cima, seus olhos descansando nos do loiro.

A respiração de Draco parou ao ver tanta honestidade naqueles olhos. Não pode ser verdade. Eu nunca tenho essa sorte. Ele encarou os penetrantes olhos verdes. "Harry."

Harry soltou seus pulsos e começou a levantar-se, mas subitamente se viu preso na cama pelo corpo de Draco, acima do seu. Ele não conseguiu evitar o grande sorriso que tomou sua face e riu ao sentir as mãos de Draco passeando de seu peito até sua cintura. "O que você está fazendo?"

"Tirando a sua calça."

*.*.*.*

Estava escuro e silencioso quando Draco abriu os olhos. Ele podia ver através das frestas da cortina que o sol ainda não havia saído. Bocejando com vigor, ele alcançou o relógio na mesa de cabeceira. Ele podia vislumbrar o horário. Cinco da manhã.

Ele então pousou o relógio e rolou para o lado da cama de Harry, mas ficou surpreso ao sentir o local vazio e os lençóis frios ao toque. Franzindo a testa, ele saiu da cama e acendeu o abajur.

Harry havia, obviamente, acordado mais cedo e feito uma certa limpeza. O cinzeiro que antes transbordava com bitucas agora estava vazio e havia sido colocado em uma cômoda, ao lado de um bule cheio de café. Draco sorriu para si mesmo. Ele fez café pra mim. Pena que eu odeio café, mas eu suponho que o que conta é a intenção. As roupas que antes haviam sido arrancadas e jogadas pelo quarto com desespero tinham sido recolhidas e agora jaziam nas costas da poltrona perto da janela. Finalmente, ele encontrou seus caros sapatos italianos depositados no chão pegando vento quente. Novamente ele sorriu diante das idéias de Harry. Isso realmente pode funcionar.

Draco vestiu as cuecas antes de encher uma xícara com café, o qual ele não pretendia beber, mas que conseguia aquecer suas mãos sempre frias. Ele caminhou até o banheiro e bateu suavemente na porta. "Harry?" Quando não ouviu resposta, ele abriu a posta e ficou confuso ao notar o espaço vazio. Mas que merda é essa? Onde diabos ele está?

Draco voltou para a sala principal e olhou em volta, sua mente nublada de sono lentamente recuperando a consciência e enchendo-o de pavor à medida que as respostas se tornavam óbvias. Ele colocou o café na penteadeira e novamente olhou a sua volta, devagar. As coisas de Harry haviam sumido. Toda sua confusão e pavor tranformaram-se em raiva. Ele simplesmente foi embora? Bom, é claro que ele foi, seu patético e estúpido romântico!

Ele pisou sobre sua roupa e começou a se vestir, odiando o ridículo sentimento de impotência que começava a sufocá-lo. Então era por isso que seu pai havia lhe dito para manter o coração fechado.

Vestiu a calça e o cinto com grosseria, irritado com o tremor de suas mãos. Controle-se, Malfoy! No final, ele acabou conseguindo abotoar e fechar o zíper e pegou o terno. Um pequeno pedaço de papel flutuou no ar antes de atingir o chão.

Draco sentiu seu peito apertar e debateu por um momento sobre deixá-lo ali e não pensar sobre Harry novamente. Mas a curiosidade acabou por vencê-lo, então ele pegou o bilhete e começou a ler.

"Eu não pude começar essa carta com 'Querido _' porque enquanto eu te observava dormir essa manhã, me ocorreu que eu não sei o seu nome. Estranho, não? Nós transamos - se a cabeça não me falha- três vezes, você me segurou enquanto eu chorava em seu ombro (o que não é algo que eu costumo fazer, então obrigado) e ainda assim, eu não sei como chamá-lo. Quando falar de você para os meus amigos, provavelmente irei me referir ao "loiro incrivelmente lindo com o qual transei loucamente". Espero que goste desse título. Você certamente deve estar acostumado.

De qualquer forma… eu só queria lhe dizer o quanto gostei de estar com você. Ninguém com quem estive havia sido tão doce e atencioso comigo como você foi. Ninguém disse o meu nome como você. Ter estado com você foi uma experiência que eu vou guardar comigo sempre. Eu tenho certeza de que nunca ninguém vai chegar perto disso e eu sei que cada vez que eu vir cabelos louro-platinados ou olhos cinza-prateados ou mãos longas e finas, eu pensarei em você e o meu coração irá acelerar. Aguardo ansioso por isto.

Eu sei que você não sentiu, mas eu te dei um beijo de adeus essa manhã. Eu não te acordei porque achei que você pediria para eu ficar. E eu sabia que, se você pedisse, eu ficaria. Mas eu não podia ficar, então deixei você dormir. Você é tão bonito, especialmente quando está dormindo.

Bom, eu sei que você quer saber o motivo pelo qual estou indo embora. Eu saí escondido pela manhã e liguei para ele. Sei que você provavelmente não vai gostar de ouvir isso, mas eu estou indo para casa. As coisas vão ser diferentes dessa vez. Nós conversamos por vinte minutos, ele me pediu desculpase eu acho que você me deu a confiança necessária para enfrentar os problemas, se eles surgirem pela frente. Pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto esperançoso. E te agradeço por isso.

Bom… há ainda muitas coisas que eu gostaria de falar, mas ainda não consegui transformá-las em palavras. Espero que você seja feliz e que sua vida vá bem. Alguém deveria começar a se aquecer no seu brilhante sorriso. Seja lá quem for, eu só espero que ele mereça isso.

Te vejo em meus sonhos… Harry. Xxx"

Draco ficou olhando para o milhete por mais alguns minutos antes de amassá-lo em uma bolinha e arremessá-lo pelo quarto. Pegou seus sapatos e começou a calçá-los, enquanto alcançava a jaqueta. Ele nem ao menos sabe a porra do meu nome? Colocou o relógio no pulso com raiva e saiu agitado do quarto, batendo a porta atrás de si. Pagou a conta e retirou o carro do estacionamento, guinchando os pneus.

"Filho da puta", murmurou, segurando o volante com tanta força que seus dedos estavam apertados e os nós das mãos, brancos. Respirou fundo, tentando parar a dor que agora latejava em seu peito. Merda… por que isso dói tanto? Finalmente, quando não conseguiu mais se segurar, deu meia volta com o carro rumo ao motel novamente.

"Oh, olá de novo, Sr. Malfoy", disse a recepcionista assim que Draco entrou no estabelecimento como um furacão.

"Eu esqueci uma coisa no meu quarto", ele disse, estendendo a mão para pegar a chave.

"Eu posso pegar para o senhor" ela tirou a chave do cabideiro. "Diga-me apenas o que está procurando que eu-"

"Será que eu mesmo posso ir lá pegar?" o loiro perguntou, um rubor intenso espalhando-se por suas bochechas. "É… é algo pessoal."

A funcionária mirou-lhe com um olhar estranho, mas relutantemente deu-lhe a chave. "Mas é claro."

Ele correu pelo saguão e entrou no quarto que havia dividido com Harry apenas algumas horas antes. Abrindo a porta, suspirou aliviado ao ver a bolinha de papel amassada na quina do aposento. Respirou fundo antes de pegar e desamassar o papel sobre a cômoda. Dessa vez, ele releu cada uma das palavras escritas, mas, quando ele ia guardar o bilhete, reparou no PS escrito ao final da página.

"PS. Aquela generosa gorjeta está no bolso da sua jaqueta. Só peguei o necessário para um táxi e um maço de cigarros. Eu disse que não preciso da sua caridade. – H"

*.*.*.*

Draco enlaçou seu próprio corpo com os braços enquanto batia de leve na porta da casa de seu melhor amigo.

Blaise Zabini olhou por cima de seu jornal e café e estreitou os olhos ao ver o loiro. Seus olhos negros miraram o amigo de cabeça a baixo, parando momentaneamente em seu pescoço, antes de voltar a encontrar os olhos cinza. "Você está vivo, pelo que vejo", disse voltando a olhar para seu jornal.

Draco suspirou e correu a mão por seus cabelos bagunçados.

"Sente-se", Blaise disse, ainda com os olhos no pedaço de papel. "Vou pedir para a Pansy preparar algo para você."

"Não estou com fome, mas obrigado." Draco sentou-se na cadeira em frente ao amigo e cruzou os braços com força sobre o peito. "Desculpe", murmurou.

Blaise apenas bufou, revirando os olhos.

"Esse foi um som lindo, querido", Pansy riu ao entrar na sala. Ela parou brevemente atrás da cadeira do marido, esperando que ele inclinasse a cabeça para trás.

"Bom dia, amor", Blaise disse com um sorriso terno. Ele jogou a cabeça para trás para dar-lhe um doce, mas longo beijo.

Draco desviou os olhos da cena. Ele já havia visto Pansy e Blaise se beijarem por oito anos e nunca havia sentido tanta inveja como agora. Maldito Harry. Até então ele via-se feliz o suficiente com sua solteirice de casos de uma noite, mas para sua surpresa e horror, pegava-se agora desejando o que seus dois melhores amigos tinham um com o outro.

"E eu não vou fazer o seu café da manhã", Pansy disse, piscando para o loiro.

Draco forçou um sorriso em direção a ela. "Eu nunca esperaria que você sujasse as suas mãos por mim."

Ela dirigiu-se à cozinha e preparou duas xícaras de chá. Trouxe-as para a mesa e sentou-se ao lado de Blaise, oferecendo uma das xícaras a Draco. "Onde você estava?" O sorriso da menina sumiu e seus olhos se estreitaram ao focar o loiro sentado à sua frente.

Draco brincava com sua xícara e mantinha seus olhos na mesa do aposento. "Eu conheci alguém", disse baixo.

"Então… você faltou ao meu aniversário pela primeira vez em treze anos para transar com alguém que você provavelmente nunca mais vai ver na vida?" Blaise dobrou o jornou e recostou em sua cadeira.

Pansy encostou-se no ombro do marido, repousando a mão em seu joelho. "Pelo menos isso explica essa marca nojenta no seu pescoço."

"Quê?" Draco tocou a parte do corpo citado e sentiu o ponto sensível onde Harry havia lhe mordido na noite anterior. Ele corou ao lembrar-se da forma como o moreno havia lhe deixado louco. "Ah… bem… ele era animado."

Pansy gargalhou

Blaise bufou novamente e sacudiu a cabeça desaprovando.

"Não foi… planejado." Draco bebeu um longo gole do chá e tentou dissipar o rubor em suas bochechas.

"Nunca é planejado com você." Blaise levantou, dirigindo-se à geladeira. Retirou ovos e uma tigela do armário. "Você precisa se acalmar, Dray."

Draco observou seu amigo cozinhar por alguns minutos. "Não. Eu não quero me apegar aos outros. E essa noite apenas reafirmou isso". Ele jogou-se na cadeira e começou a mexer nas próprias unhas.

A cozinha ficou em silêncio por um instante, exceto pelo som dos pratos e dos ovos cozinhando.

Pansy levantou também e foi ajudar o marido. Depois de alguns minutos, ela trouxe um prato para Draco e colocou-o na mesa junto a um copo de suco de uva e talheres.

Blaise trouxe seu prato junto com o de Pansy e os três sentaram à mesa de jantar.

"Eu nunca te vi tão… desapontado depois de uma noite." Pansy disse suavemente enquanto observava o amigo.

Draco deu de ombros e olhou para o café da manhã. Era um omelete branco perfeito, com cebola, pimentão verde, cogumelos e um pouco de queijo cheddar. Ele se surpreendeu ao perceber o quanto seus amigos o conheciam. Eles eram as únicas pessoas no mundo que ele havia deixado penetrar em seu coração. E eles eram os únicos que nunca o haviam machucado. Pelo menos não intencionalmente.

Pansy e Blaise trocaram um olhar preocupado.

"Onde está o Draco mimado e egoísta que eu amo?" perguntou Blaise cruzando a mesa e pegando a mão de Draco na sua.

Pansy fez o mesmo e juntou sua mão às de ambos. "Conte-nos o que aconteceu."

Draco puxou sua mão para longe e começou a comer em silêncio, sem olhar para os amigos. Só de pensar em Harry seu estômago revirava e suas mãos tremiam. Ele não poderia fazer isso agora.

Pansy observou-o com cuidado por um momento e então suspirou, também começando a comer. "Pelo menos diga o nome dele."

Draco pousou o garfo e pegou o guardanapo em seu colo, usando-o para limpar a boca e depositando-o sobre o prato para cobrir seu omelete pela metade. "O nome dele é Harry." Ele olhou para Blaise e depois para Pansy.

"Vai vê-lo novamente?" a menina perguntou.

Draco balançou a cabeça negativamente, tirando do bolso o bilhete que Harry havia lhe escrito. Ele hesitou por um momento e então colocou-o sobre a mesa.

Pansy mantinha contato visual com ele enquanto desdobrava o papel. Ela leu a primeira linha e levantou uma sobrancelha, olhando de volta para o amigo antes de continuar a leitura.

Blaise inclinou-se sobre a esposa e leu junto com ela.

Draco observou a reação dos dois. "O namorado bate nele", disse suavemente.

Pansy uniu os lábios em uma linha fina enquanto entregava o bilhete para Blaise terminar de ler. Ela sempre fora mais rápida do que ele.

O loiro engoliu pesadamente. "Ele nem ao menos pensou em perguntar o meu nome", disse em uma voz quase inaudível.

Blaise suspirou de leve enquanto dobrava novamente o papel e o devolvia a Draco. "Eu sinto muito, Dray."

Draco acenou enquanto pegava o bilhete e o colocava de volta no bolso. A dor estava voltando e subitamente ele sentiu vontade de sair dali. Levantou-se. "Eu preciso ir."

Pansy, que sempre havia tido o dom de lê-lo como um livro aberto, estava a seu lado em um segundo, abraçando-o apertado. "Você não fez nada de errado, meu amor", ela sussurrou. "Ao contrário do que o seu pai diz, abrir seu coração para alguém que você acabou de conhecer… é um ato de bravura. Você é tão corajoso." Ela então afastou-se, tomando o rosto do amigo em suas mãos. "Eu sinto muito que não tenha dado certo dessa vez, mas eu prometo a você, Draco Malfoy… vai valer a pena quando der certo." E gentilmente beijou sua face.

"É, companheiro", Blaise concordou colocando uma mão no ombro de Draco. "Não se feche novamente. Não faz bem pra sua alma."

Draco apertou Pansy, antes de soltá-la e virar-se para Blaise. "Eu estou bem. Eu só… eu preciso ficar no escritório durante um tempo. Alguns papéis sem importância vão ajudar a arrancar essas bobagens românticas da minha cabeça, eu acho." Ele ensaiou um sorriso, mas os amigos notaram que este não havia alcançado seus olhos. "Obrigado pelo café." Ele saiu pela porta antes que qualquer um pudesse dizer mais alguma coisa.

*.*.*.*

Continua…

Notas Finais: Obrigada por lerem! Como é o meu primeiro trabalho, gostaria de saber o que acharam. Gostaria de agradecer à confiança depositada em mim pela shamrocker531 e por todo o apoio dado através de emails. Também quero pedir desculpas pelos erros de digitação, que com certeza não foram poucos. Como não tenho ninguém para revisar pra mim, ficou difícil. E além disso, eu estava tão animada por terminar o primeiro capítulo que quis postá-lo logo. Falando mais propriamente da DR, gostaria de avisar que esse projeto vai ser longo; eu tive um surto de responsabilidade no Natal e decidi postar logo o primeiro capítulo assim que terminasse de traduzir, independente de ter algo pronto do segundo. Embora eu não saiba exatamente o quanto demorarei para traduzir e postar o próximo, posso deixar claro que não desistirei da fic, somente se ela não for bem aceita. O que, considerando que são 20 capítulos de puro drama e sexo, eu não acredito que vá acontecer.

Boas Festas e um ótimo 2011 para vocês! Nos vemos em breve!

Keepbelieving.