Érico achava que ia se dar bem aquela noite. Estacionou o seu carro na garagem do prédio e ligou para a voz feminina. - Suba pelo portão do fundo. - Disse ela. - Você irá encontrar um elevador no final do corredor. - Antes de sair do carro Érico checou as camisinhas no bolso e o dinheiro na carteira. Era a sua primeira vez com uma garota. Sua primeira vez com uma garota de programa. Com o coração nervoso com um misto de excitação e medo do desconhecido, o garoto de dezenove anos seguiu até o altar onde sua virgindade lhe seria retirada. O apartamento da acompanhante era pequeno, mais parecia um quarto de motel. Mas Érico não ligava para isso, só estava ansioso para o sexo e ele logo viria.

- Me chamo Maria. - Disse a GP. Uma moça loura, magra que até parecia ser menor de idade, mas que dizia ser mais velha do que Érico. Certamente era mais experiente. Maria usava uma roupa provocante, mas que não era vulgar ao ponto de não poder ser utilizada na rua. O seu primeiro passo foi entregar a Érico uma toalha e pedir para que ele tomasse uma ducha no banheiro que ficava coligado ao quarto. Ele assim o fez. Tímido, sem saber muito como agir, só tirou a roupa no banheiro e ao sair vestiu a calça. Só se despiu a medida que Maria ia se despindo. Tirando as várias vezes que viu o corpo nu feminino na televisão ou em vídeos eróticos, aquela era a primeira vez que via um ao vivo.

- Pode ficar a vontade. - Disse Maria com um sorriso cheio de dentes. Érico deitou nu na cama com a barriga virada para cima enquanto Maria, também nua, o massageava com um óleo cheiroso que facilitava relaxar. Não tardou para que Érico começasse a se excitar e Maria ajudou esse processo sumindo com a sua genitália dentro de sua boca. Chupou várias vezes até que Érico ficasse rijo o suficiente para se pôr a camisinha e Maria montar em cima dele. O cliente não precisava fazer muita coisa além de aproveitar enquanto a profissional rebolava em cima dele até sair o gozo. Gozo esse que foi barrado pelo preservativo. Houveram outras intimidades, mas o tempo da sessão era de apenas uma hora. Tudo corria de acordo com a normalidade, até que veio o clarão.

Érico acordou assustado, a garota de programa não estava mais no quarto e, para o seu desespero, nem suas roupas ou documentos. - Diabos?! O que foi que aconteceu?! - A busca minuciosa não revelou o paradeiro dos seus pertences, o deixando nu em um quarto estranho. Para piorar não havia celular e nem telefone para que pudesse pedir ajuda ao seu pai. Érico testou a maçaneta da porta de fora e com um meio alívio constatou que ela estava destrancada. - Será que essa vagaba me deixou pelado aqui e foi-se embora?! Não não não! - Érico entrava em desespero enquanto colocava sua mente para trabalhar em uma solução. Não fazia sentido ela roubá-lo e deixá-lo dentro do próprio local de trabalho. Érico tentou forçar a mente e não se lembrou de nenhuma bebida oferecida.

As coisas iam de mal a pior, apesar da situação embaraçosa ela também era estimulante. Como se não bastasse estar nu, Érico também estava ereto. Rezando para um deus que não acreditava, Érico enrolou a toalha que usou para o banho em volta de seu corpo e se aventurou em direção ao seu carro. No meio do caminho do corredor ao elevador ele encontrou com uma idosa, o que fez seu rosto enrubescer. Ela o olhava de um jeito que misturava falsa indignação com gula. O elevador desceu alguns andares e Érico clamou para que ninguém entrasse, mas aquele não era o seu dia de sorte. Desta vez uma família inteira: dois filhos pequenos e pai e mãe indignados.

- Você está usando uma sunga embaixo dessa toalha, né? - Perguntou a mulher enquanto recebia uma cutucada do marido.

- Claro.

- Mas o prédio não tem piscina.

Érico teve vontade de esganar a criança pelo seu comentário, mas a família desceu do elevador antes o deixando em sua jornada até a garagem. Seguindo seu instinto, ao chegar em seu carro, Érico tentou pegar a chave em seu bolso. Mas naquele momento "descobriu" que a chave estava no bolso de sua bermuda e que ela havia desaparecido junto com Maria. Após bater a testa algumas vezes no vidro como forma de se punir pelo que julgava ter sido uma burrice, Érico decidiu por tomar outro passo, um ainda mais embaraçoso.

Na parte frontal e mais visível do prédio, Érico pediu na guarita ajuda do porteiro. - Por favor, o senhor sabe onde Maria se encontra?

- Não há nenhuma Maria no prédio, senhor. - O porteiro era educado, tendo em vista que Érico se encontrava seminu.

- Não é possível que o senhor não saiba da Maria.

O segurança saiu da guarita, abriu o portão, mas não deixou que Érico entrasse. Só queria ter uma conversa mais privada. - Se você é um cliente deveria vir pelo fundo. E por Deus, por que está nu?

A menção à nudez de Érico o deixou enrubescido e com um sorriso amarelo. - Eu estava com ela e... Ela sumiu e levou todas as minhas coisas e me deixou nu.

- Maria nunca faria isso.

- Mas fez.

- Olha aqui, amigo, já é difícil manter esse tipo de negócio sem chamar atenção. Um escândalo de um tarado não ajuda muito. Passar bem.

- Espera um pouco! Você não podia me emprestar um dinheiro ou umas roupas velhas? - O porteiro em um golpe abrupto trancou o portão deixando que uma ponta da toalha se prendesse no processo. Érico tentou protestar, mas parecia que o homem não estava mais receptivo.

Após quinze minutos, Érico aproveitou que a rua estava mais ou menos deserta e largou o que o prendia. Com apenas as duas mãos para cobrir sua vergonha, o jovem tentou driblar dos olhares dos estranhos enquanto elucidava um meio de resolver o seu problema.

- Ohh!

- Tarado!

- Deve ser um maluco.

Foi impossível se manter invisível as pessoas que passavam pela rua. Em uma caminhada curta, mas que pareceu eterna, Érico voltou até a garagem do prédio e tentou abrir novamente seu carro. Sua tentativa foi um insucesso. - E agora? - Pensou. O único modo que via de se proteger era voltar ao apartamento da prostituta, pois o portão de acesso dos fundos ainda estava aberto. Érico foi até o elevador de antes e acionou o botão que o levaria ao andar certo. - Que ninguém entre! - Para o seu azar o elevador parou antes de chegar ao destino. Érico ficou apertando violentamente o botão de fechar as portas, mas não deu para impedir que dois moradores o vissem. Ninguém teve coragem de entrar no elevador.

Assim que chegou no andar, Érico foi direto até a porta do apartamento onde Maria o atendeu, mas agora a porta se encontrava trancada. - Droga! - Um grito veio de trás do homem nu, ao se virar ele encontrou uma mulher por volta de trinta que acabara de abrir a porta do seu apartamento. Assim que ela notara a atenção do pelado voltada para si, ela tentou se trancar ligeiro, mas ele foi mais rápido.

- Moça, eu posso explicar.

- Não, por favor, não!

- Eu fui roubado!

A mulher aliviou a pressão na porta o que fez com que Érico conseguisse vencer o cabo de guerra. - Só preciso de algumas roupas e um dinheirinho ajudaria também.

- Você é um dos clientes daquelas putas, né? - Érico não respondeu, só abaixou a cabeça, o que já foi suficiente para o entendimento. - Esse tipo de coisa é pouco para quem paga por esse tipo de serviço.

- Vai me ajudar ou não?

- Eu moro sozinha, só posso te ajudar se você não se incomodar em sair por aí como um travesti.

- Não teria outra opção?

- Tenho um filho que mora com meu ex. As vezes ele vem me visitar. Se você tiver sorte ele deixou alguma roupa aqui da última visita.

- Muito obrigada, senhora.

A dona do apartamento foi até outro cômodo e deixou Érico pelado aguardando por um retorno. Quinze minutos depois ela voltou segurando nas mãos um short curto e apertado que Érico temeu ser pequeno demais para servir. Érico tentou vestir, mas o short não passou de suas coxas.

- Posso usar o seu telefone? Para pedir ajuda aos meus pais.

- Claro, peladão.

Érico acreditava estar tendo o dia mais embaraçoso de sua vida quando de repente a linha ficou muda e o clarão misterioso retornou. A dona do apartamento sumiu assim como o short de tamanho ínfimo. - Que merda é essa?!

- Alô, alô! - Desesperadamente Érico tentou ligar para a sua família, mas o telefone permanecia mudo. - O que está acontecendo?!