Disclaymer: Saint Seiya pertence a Masami Kurumada e Toei

Fic de fã para fã sem fins lucrativos

Resumo: A mais mistérios entre o céu e a terra do que toda nossa vã filosofia" já dizia Shakespeare. Algumas histórias, não passam de uma boa ideia de um autor. Era o que um grupo de fãs pensavam, contudo aquilo era real, muito real...

Observações: Há dois personagens de nomes semelhantes: Juliana e Juliane, e toda vez que aparecer "Jules" refere-se a última.
Uma das personagens é surda, mas se comunica através de um aplicativo em seu tablet (será explicado depois com mais detalhe nos próximos capítulos), mas a título de entendimento a fala dela (tablet) sempre será em itálico.

Era mais um dia de calor na capital mineira. O sol parecia um forno prestes a derreter tudo e a todos e não era diferente no saguão de espera do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, popularmente chamado de Aeroporto de Confins. Sentado, numa das cadeiras, nada confortáveis, Fernando consultava o relógio. Era praxe, atrasos nos voos e aquela vez não seria exceção. Levantou, indo até um quiosque próximo, para comprar uma garrafa de água. Deu uma bola golada, voltando para o lugar onde estava anteriormente. Sua visão então foi tomada por alguém que caminhava apressada em direção a ele. A pessoa parou a pouco, levando a mão ao coração.

– Desculpe... - respirava ofegante. - esse transito...já viu os desvios! Duas horas para chegar aqui...imagine na Copa! - e falou por uns cinco minutos reclamando do trânsito, até cansar.

– Eu sei, mas elas ainda não chegaram. - disse pacientemente.

– Ninguém? - pegou o celular para ver se tinha alguma mensagem.

– Não Cris.

– Xi... - disse mirando na tela do celular, vendo as horas. - pensei que daria tempo de leva-las para o hotel e depois pegar as meninas na Pampulha, a Julia, Juliana, Sheila, Isabel, Juliane, Ana Paula e a Marcela. - franziu o cenho. - oito pessoas no carro... mais as malas... vou ligar para o meu irmão.

– Helu, - Fernando começou a contar. - Suellen, Gabe, Rodrigo e a Mabel. A Ester só chega amanhã cedo. Eu dou um jeito. Pega as meninas.

– Então tá. Vou indo.

Saint Golds Ficwriters, esse era o nome dado ao grupo formado por meninas e meninos leitores e escritores que dedicavam parte do seu tempo para o universo criado por Masami Kurumada. Com gostos em comum e apesar da pouco de rixa, no bom sentido, pois os cavaleiros de ouro de Atena, carinhosamente chamados de "golds" eram disputados quase que a tapas nas fics, eram bem unidos. Por muitos anos a conversas resumiram-se pela internet, telefone, um ou outro se conheciam pessoalmente, mas há cerca de um ano, resolveram quebrar esse "distanciamento geográfico", estreitando ainda mais os laços. O primeiro encontro foi em Campinas, cidade da Julia e da Juliane e a segunda rodada estava sendo em Belo Horizonte.

Depois de horas de voo, principalmente de Ester, que viera de fora do país, o grupo estava completo. O almoço com a galera reunida seria num charmoso restaurante ao ar livre na Savassi, área nobre de BH.

– Da última vez ficamos debaixo daquela arvore. - disse Julia Franco, lembrando-se da sua última passagem pela capital mineira, meses antes. Ela era natural de Campinas, interior de São Paulo e contava com vinte e seis anos.

– Vamos sentar naquelas mesas. - Fernando Lucena apontou para quatro mesas a esquerda, embaixo de uma grande árvore. -tem espaço. – o jovem era mineiro da capital e estava com trinta e um anos.

O restaurante, continha dois ambientes, um fechado e o outro aberto, onde a decoração era por conta das várias árvores de porte médio. As mesas e o chão eram de madeiras, dando certo aspecto rústico ao local. Como Fernando tinha apontado, sentaram debaixo de uma árvore e rapidamente receberam o cardápio.

– Ate que enfim vou comer a comida mineira. – disse Rodrigo Ribeiro, olhando atentamente para o cardápio. Contava com vinte e três anos e era de Salvador.

– Então aproveita. – disse Cristiane Mariano, que assim como Fernando era de Belo Horizonte, estava com trinta anos.

– Ouvi falar muito bem também. - Ana Paula escolhia a entrada. Ela era natural de Belém e contava com vinte e sete anos.

Fizeram o pedido e cerca de dez minutos depois os pratos chegaram.

– A cara está boa. – disse Suellen Sotero, Olindense de vinte e nove anos.

– E o cheiro também. – completou Isabel Catanio, uma jovem de trinta anos, nascida em Jundiaí, mas paulista de coração.

– Antes um brinde. – Sheila Tamasauskas levantou o copo, os demais pegaram os seus. – a nós! – brindou, a São-bernadense ou batatense, de trinta anos.

– Ao nosso encontro! – exclamou a Gonçalense de vinte e quatro anos, Heluane Thereza.

– E a quem nos proporcionou essa amizade, – disse Marcela Augusto de vinte e três anos. – a nossa união... – sorriu a Salvadorense que mora atualmente em São Paulo.

Olharam uns para os outros sem entender até que Ester Sue socorreu o grupo.

– Por Atena! – era a voz do tablet de Ester, uma carioca, mas que desde que nasceu, há vinte e cinco anos morava nos Estados Unidos.

– Por Atena! – disseram quatorze vozes.

A refeição foi feita em clima de descontração, com muitas risadas e com debates sobre o assunto que os unia: Cavaleiros do Zodíaco. Lá pelas tantas...

– Acho que nosso encontro poderia alcançar novos patamares... - disse Gabrielle Vizcaino, uma jovem paulista de dezenove anos, mas que mora em Goiânia. – patamares internacionais. – olhava o cardápio de sorvete.

– Como assim?– indagou Ester.

– A velocidade que você lê nossos lábios e digita é impressionante. – a piauiense de Corrente a fitava impressionada. – a cada dia que passo me surpreendo mais com você. – Mabel Helena tinha trinta anos. - Aposto que deve usar telepatia. - sorriu.

Ester faz um coração com as mãos.

– Não é telepatia Su, é eficiência. – Marcela abraçou a amiga. - mas vamos ao assunto do encontro internacional.

– Estava tendo umas ideias... - Gabe deu um sorriso dúbio. - nosso encontro em... - fez suspense.

– Estou gostando da ideia. - disse Juliane Santoro de trinta e dois anos, nascida em São Paulo capital, mas mora em Campinas. – continue Gabe. – estava empolgada.

– Uma visitinha a Athenas. Conhecer o mito de perto.

– Todo mundo? - indagou Juliana Yoshie, paulistana de vinte e oito anos.

Todos olharam entre si surpresos.

– Sério mesmo? - indagou Rodrigo.

– Claro!

– Para quando? - indagou Cris.

– Daqui um ano. - sugeriu Sheila. - podemos ir planejando, pagando aos poucos, quem trabalha já dá uma olhada nas férias. Quem estuda, olha também.

– Vejamos... - Julia pegou o calendário do celular. - a última semana de julho com a primeira de agosto.

– Fechado! - disse Mabel. – as minhas aulas só vão voltar no final de Agosto.

– Eu também não tenho problema. – Isabel checava o celular. – posso parar o meu projeto de pesquisa.

– Quem concorda levanta o braços. - Fernando já estava com o dele levantado.

Quatorze braços foram erguidos.

– Santuário de Atena, aí vamos nós!

Disse Mabel provocando risos em todos.

O.o.O.o.O

Os ânimos estavam exaltados, afinal foram meses de planejamento e nada poderia dar errado. Muitas conversas por telefone, skype, internet e o momento chegara. Fizeram diversos orçamentos e ao final escolheram uma agência de São Paulo, o qual preço/beneficio, principalmente para os que moravam fora do estado paulista ficaria mais em conta. Encontrariam em São Paulo e de lá fariam conexão em Paris encontrando com Ester e depois seguiriam para Athenas.

Cerca de dezesseis horas depois, desembarcavam no Aeroporto Internacional Elefthérios Venizélos, em Athenas, sentido o verão grego a todo vapor!

– E eu achava Belo Horizonte quente! - exclamou Cris.

– Vá para o Nordeste que mudará rapidamente de opinião. - disse Suellen. - mas aqui está mais quente que Olinda.

– É o calor do Rio. - Helu se animou. - estou em casa.

– Com calor ou não estamos na Grécia. - disse Isabel pegando a mala na esteira, o que causou estranheza, a todos, por cauda da cor.

– Isa, você detesta néon. Que mala é essa? - indagou Sheila. - verde limão?

– Não tinha reparado que era essa cor... - murmurou Gabe. - também embarcamos a noite...

– Detesto néon mesmo. - Isa fechou a cara. - mas estava em cima da hora, não deu para olhar muito, além do mais foi barata. O dinheiro que gastaria com uma mala legal, gasto aqui.

– Isso é verdade. - Rodrigo pegava sua mala e a de Juliana.

– Obrigada. - sorriu.

– As ordens.

– Mal posso esperar para ir para o hotel, tomar um longo banho...

– Eu quero é conhecer a cidade.

– De preferência a Acrópole.

– E fazer compras.

– Primeiro vamos achar a van do hotel. - disse Fernando passando a frente. - depois podem fazer o que quiserem. Rodrigo fica de olho nelas, para não se perderem. - brincou.

– São bens capazes mesmo de irem a Acrópole procurar pelos golds. - o baiano gargalhou.

– Olha a palhaçada. - disse Cristiane.

– Não seria nada mal, se isso acontecesse... - Mabel puxou o cortejo.

No desembarque dos voos internacionais, um homem de meia idade trazia uma placa, com alguns sobrenomes dos viajantes. Depois dos primeiros cumprimentos, foram conduzidos a van que os aguardava na entrada do aeroporto. Assim que o motorista deu a partida, grudaram na janela, soltando muitos "ohhhh", "meu Deus" e claro, vários cliques. Ester era a que mais fotografava. Puderam ver alguns pontos turísticos que seriam devidamente vistos de perto nos próximos dias, pois naquele momento por conta do cansaço, mais a hora adiantada, desembarcaram as 16:00 horas, não seria mais possível. Cerca de meia hora depois a van parou em frente a um prédio de quatro andares.

– "Metrópolis Hotel" - Sheila fitou a entrada.

Foram conduzidos para a recepção que ficou apertada.

– Bom garotas. - Fernando fitou as meninas. - e garoto. Serão um quarto "família" , três triplos e um duplo, todos com varandas. Julia, Sheila e Isabel quarto 201. - passou a chave para Julia. - Ester, Marcela e Heluane no 202. - repetiu o movimento. - Cris, Suellen, Mabel e Gabe no 301, Paula, Jules e Juliana no 302. Rodrigo e eu no 401.

– Pensei que fosse dormir com as meninas...

– Menos Rodrigo. – Gabe deu um tapinha nas costas.

– Por que andares separados?

– Por causa da varanda Isa. – disse Fernando pegando a mala.

– Entendi...

Os dois elevadores fizeram várias viagens. Quarto 201...

Julia foi direto para a varanda, ficando maravilhada.

– Meninas olhem isso.

As duas correram, não contendo a surpresa.

– Podemos ver o Parthenon perfeitamente... - murmurou Isa.

E realmente ele era visto na íntegra. Todos os quartos com varandas voltadas para a rua tinham a visão de uma das faces do Parthenon.

– Minha melhor viagem. - disse Sheila.

No quarto 202...

Heluane correu para a varanda, mal contendo um grito de felicidade.

– O Parthenon! O Parthenon!

– Uau... – murmurou Marcela.

– É lindo. – soou Ester.

Quarto 301...

– Quarto legal... – murmurou Mabel colocando a mala num canto.

O quarto era grande. As paredes brancas e o piso marrom claro. A direita da porta de entrada, uma grande cama de casal, com uma ampla janela. De frente para cama, outra cama de casal, separada por um armário branco estreito e comprido. A esquerda uma porta de madeira clara e pouco mais para frente, uma mesinha e na parede um grande espelho.

– Vamos ver o banheiro... – Cris abriu a porta. – oh...bonito...

– Preocupada com o banheiro? – indagou Suellen.

– Sempre que viajo a primeira coisa que olho no hotel é o banheiro, é uma mania.

– Já viram a varanda? – Gabe chegou com o rosto na porta.

Uma porta de vidro ao fundo do quarto, separava-o da varanda que tinha um tamanho bom. Havia uma mesinha de tampa de vidro com quatro cadeiras. Podia-se ver a rua e uma bela vista da cidade, mas a atração principal era a vista para o Parthenon.

– Nem acredito que estou aqui... – murmurou Mabel.

– Eu não quero voltar para casa. – disse Cris.

Quarto 302...

Os quartos tinham a mesma decoração. A diferença era que os triplos possuíam uma cama de casal e outro de solteiro. Quando a porta era aberta a cama de casal ficava a esquerda e a de solteiro a direita. Ao lado da porta principal, a do banheiro e de frente a da varanda. Assim como os outros tinha uma pequena mesa e um armário branco.

Paula deixou a mala sobre a cama indo até a varanda. Jules foi atrás.

– Atena mora bem. – Jules brincou. – a vista lá de cima deve ser o máximo.

– Muito bonita mesmo. - disse Paula.

– Fiquei imaginando a noite. - Juliana apareceu na porta. - toda iluminada.

Quarto 401...

Rodrigo abriu a porta. O quarto era pequeno, a direita viu um armário branco, duas camas de solteiro uma ao lado da outra. Abaixo da janela uma mesa de madeira, a direita da mesa uma porta branca e a esquerda uma porta de vidro. Foram até a porta branca, o banheiro era grande e tinha até banheira.

– Vamos ver a varanda. – Fernando abriu a porta de vidro.

– Olá vizinho.

Fernando olhou para baixo vendo Julia.

– Olá vizinha.

– Pegamos os melhores quartos. – disse Mabel.

– Vai ser a viagem da minha vida. – disse Rodrigo.

– Estamos na Grécia! – comemorou Paula.

Pela proximidade das varandas, podiam se ver e comunicar-se relativamente bem, com quem estava em andares diferentes.

– Pessoas, vamos descansar um pouco e depois uma volta por aí?- sugeriu Marcela.

– Boa ideia. – Rodrigo espreguiçou. – vou aproveitar a banheira...

– BANHEIRA? – exclamaram doze vozes.

Ester cutucou Helu, pois não tinha visto os lábios do baiano.

– Banheira. – disse a fluminense.

Ester arregalou os olhos e rapidamente escreveu em seu tablet.

– Banheira?

– Uai... vocês não tem?

– NÃO!

– Não!

Fernando e Rodrigo trocarem olhares, tendo a mesma ideia, o sorriso foi de orelha a orelha.

– Dez reais. – disse o baiano.

– Que reais... euros. Dez euros. Com seis dias de viagem vamos pagar todas as nossas despesas.

– Fechado. – Rodrigo estendeu a mão, Fernando retribuiu.

– Vão cobrar de nós? – indagou Julia indignada.

– Claro. – respondeu os dois.

– Até de mim? – Juliane havia repassado para Ester a conversa. – eu sou deficiente... – com esse álibi...

– Você é muito esperta senhorita Ester. – disse Fernando. – direitos iguais para todas. Dez euros ou nada.

Ester fez bico.

– Não tem medo da morte...- Gabe o olhou ferina. – vou chamar Atena para você!

– Para ver a Atena na banheira eu pago. – disse Rodrigo rindo. – sem problema algum.

– E se a Marin der as caras melhor ainda. – completou Fernando com um sorriso no rosto.

– Pervertidos! – exclamou Heluane.

– Vocês não são doidas pelos golds, nós somos pelas meninas. Pena que o quarto vai ser pequeno... – disse o mineiro pensativo.

Rodrigo o fitou balançando a cabeça.

– Como se um quarto pequeno fosse empecilho, com elas qualquer lugar...

– Já entendemos! – disse Mabel vendo o rumo da conversa. – poupe-nos dos detalhes.

– Vamos parar com a conversa de cunho duvidoso e vamos descansar, daqui a pouco escurece. – disse Isabel.

– O moço da recepção falou que aqui tem um terraço. – disse Cris.

– Podemos jantar por aqui. – sugeriu Juliana. – estou um pouco cansada.

– Eu também. – disse Marcela. – vamos só fazer o reconhecimento do local.

– Estamos próximos da praça Syntagma, parece que tem um local que distribuiu guias turísticos. – disse Ester.

– Fica longe? – indagou Suellen.

Heluane transmitiu a pergunta para a carioca.

– Dois quarteirões.

– Fechado!

Quarto 201...

Isa foi até a mala verde néon, procurar por uma roupa.

– Quando chegar em casa vou jogar essa mala fora.

– Ela é tão bonita. – disse Sheila sorrindo.

– Ela é horrorosa isso sim. – caminhava rumo ao banheiro.

– Até estranhei quando a vi. - Julia mexia no celular. - você não gosta desse tipo de cor.

– A pressa é inimiga da perfeição. - sorriu entrando no recinto.

– Enquanto ela toma banho. - Sheila foi até a mala. - vou pendurar algumas blusas.

– Também vou, antes que amarrotem ainda mais.

– Bem que poderiam ter um armário maior. - fitou o móvel. - não é suficiente para três pessoas.

– Não existe perfeição. O hotel tinha que ter um defeito.

– Verdade.

Quarto 202...

– Eu vou tomar banho. – Heluane pegou sua toalha indo para o banheiro.

– Posso ver as fotos que você tirou? – Marcela sentou perto de Ester.

A carioca passou o tablet para ela.

– Você é uma boa fotógrafa.

Ester respondeu tocando a testa com a palma da mão aberta, como num aceno.

Seu tablet possuía um dispositivo que permitia transformar algo escrito em fala, o que facilitava e muito a interação com outras pessoas. Depois que ela entrou para o grupo, surgiu o interesse por parte dos membros em aprender ao menos o básico na linguagem dos sinais, como "obrigado", "por favor", "com licença", "de nada", "desculpa", outras palavras simples e claro, alguns gestos que indicava quando estavam falando de algum cavaleiro de ouro. Para o Mu, o símbolo era tocar a testa. Touro, cruzar os braços. Gêmeos tampava o rosto representando Saga e para Kanon desenhava um triangulo. Câncer, erguia o braço direito, apontando para o céu. Leão, fechava o punho. Virgem, juntava as mãos como se fosse rezar. Libra fingia tirar a camisa. Escorpião, apontava o indicador. Sagitário, fingia carregar um bebê. Capricórnio, erguia o braço e cortava o ar. Aquário, erguia os dois braços. Peixes, passava a mão na horizontal pela boca e para Shion simulava colocar algo na cabeça. E assim a comunicação fluía, mesmo sem o uso do aparelho.

– Amanha vamos tirar muitas fotos. – Marcela entregou lhe o tablet.

– Vou ser a fotógrafa oficial.

Quarto 301...

– Athenas... – Gabe deixou o corpo cair sobre a cama.

– Pronto. Atualizado. – Cris colocou o celular sobre a mesa. – Cristiane Marianno com quinze pessoas em Athenas.

– Nunca imaginei que fosse fazer uma viagem assim. – disse Mabel.

– Nem eu. – Suellen dirigia para o banheiro.

– E tudo graças a mim. – disse Gabe. – esse poço de inteligência.

– Está certo Gabe. – Cris sentou ao lado dela. – sua ideia foi genial.

– Para ser perfeito, só basta esbarrar com os dourados por aí. – Su gritou do banheiro.

– Amém! – responderam as três.

– Vou procurar o endereço da embaixada. – a mineira pegou o celular.

– Para que?

– Precaução Mabel. Já foi ótimo não precisar de visto, mas é melhor prevenir.

Quarto 302...

– Mas olha só aqueles dois. – Paula sentou na cama. – repletos de segundas intenções.

– Segundas... terceiras... – Jules puxou a cadeira.

– Importam-se se eu for tomar banho primeiro? – indagou Juliana.

– Claro que não Ju. Pode ir tranquila.

– Obrigada. – foi para o banheiro.

– Será que aqui tem tomada? – Jules levantou procurando por uma.

– Perto da mesa. – apontou Paula.

Juliana abriu a porta, pois esquecera de pegar uma coisa, parou ao ver Jules perto da tomada.

– Não vai colocar direto vai?

– Vou... - disse sem entender.

– A voltagem aqui é diferente. – disse. – é 220V. Pode queimar.

– E agora?

– Olha no carregador se fala se aceita voltagem diferente.

– Onde?

Ela aproximou pegando o objeto.

– Só é 127V. Eu trouxe um adaptador. – foi até a mala e pegou. – será mais seguro.

– Pessoa prevenida é outra coisa. – brincou Paula. – nem tinha pensado nisso.

– Nem eu. – disse Jules ligando o aparelho. - Obrigada.

– As ordens.

Quarto 401...

– Vou estrear a banheira. – Fernando jogou a toalha nos ombros.

– Podíamos cobrar cinco euros. – Rodrigo deitou. – já é uma graninha boa.

– Vou mandar instalar uma catraca. – riu.

O baiano levantou indo para a varanda. Puxou uma cadeira e ficou admirando a vista.

– Isso que é vida...

O.o.O.o.O

O sol já estava baixo quando o grupo reuniu-se na porta do hotel. Dariam uma volta pelo quarteirão e depois jantariam no hotel mesmo.

– Vamos na tal praça, pegamos o guia e de quebra vemos o que tem ao redor. – sugeriu Juliane que trajava um all star preto, calça jeans comum e uma camiseta preta com a estampa do Within Templation, uma de suas bandas favoritas.

– Fica só dois quarteirões daqui. – Ester estava semelhante a Juliane contudo usava uma blusa branca sem estampa. – é perto.

– Está certo. – Helu usava uma rasteirinha. Short branco de tecido e uma blusa azul marinho.

O grupo partiu em direção a praça e com tantas coisas bonitas para se ver, claro que o trajeto que normalmente levaria dez minutos, levou muito mais tempo. Além de prédios, monumentos, havia centenas de lojas desde roupas até decoração e mulheres quando veem certas lojas...

– Se fazer compra com minha mãe já demora muito, imagine com esse tanto de mulher. – Rodrigo encostou numa parede. – não vamos chegar à praça nunca... – usava tênis, calça jeans e camiseta preta.

– Mulheres... – igualmente entediado Fernando apoiou-se num poste. – e pior que as lojas fecham tarde. – o mineiro trajava uma camiseta azul claro, jeans e tênis.

E dito e feito, levaram mais de uma hora para chegar a praça.

– Dois quarteirões que equivalem a cinco. – Isabel sentou num banco. – mas que valeu a pena. – depositou a garrafinha de água na pequena bolsa que combinava com o vestido soltinho a altura dos joelhos, de alças de renda e cor clara. – olha essa praça.

– É muito linda mesma. – Julia tirava fotos pelo celular. – olha só a arquitetura. – usava rasteirinhas, short de sarja e uma blusa verde claro.

– É harmônica a mistura do antigo com o novo. – Juliana olhava um prédio moderno ao lado de um clássico.

– Essa cidade é perfeita. – disse Marcela

– Em todos os aspectos. – depois de tirar fotos, Juliana guardou o celular no bolso de seu short jeans escuro, completado por uma blusa branca e rasteirinhas.

– Imagine os outros locais. – Mah, para os íntimos, levou a mão a testa para limpar o suor. – que caralho, o que essa cidade tem de bonita tem de quente! Vim de vestido para ver se refrescava... estou com mais calor. – ela usava um vestido de alças trançado, branco e pouco acima dos joelhos. No pé uma sandália de tiras.

– Chamar o Kamus para você, Marcela. – brincou Sheila que trajava uma legging, batinha azul e sapatilhas.

– Ai gente, vamos lá ver o parlamento! – Gabe tirou a câmera do bolso da calça jeans. Na parte de cima uma regata rosa claro e nos pés tênis. - o prédio é muito bonito.

– Concordo. - Paula estava com vestido floral de alças trançadas e da altura dos joelhos. Nos pés uma rasteirinha.

A praça era grande, rodeada por avenidas largas. Vários pequenos jardins e no centro um chafariz oval.

– Vamos tirar uma foto aqui. - disse Suellen pegando sua máquina. - quero pegar o parlamento ao fundo. - usava um vestido azul claro, na altura dos joelhos, de mangas soltinhas e com decote.

– Junta todo mundo. - Cris passou recolhendo celulares e câmeras.

– Mas e você? - indagou Mabel.

– Depois você tira. - deu alguns passos para trás. Usava um short branco, com uma blusa amarela e sapatilha. - junta mais... isso.

Tirou quinze fotos.

– Agora vai lá Cris. - Mabel foi pegando os aparelhos. - vou fazer grana com isso.

– Vamos vender? - riu.

– Vamos. - Mabel estava com um short jeans, uma batinha estampada com florzinhas e sandálias baixa. - vai dona Cris.

A mineira entrou no meio do grupo e novamente quinze cliques foram ouvidos.

– Poderíamos pedir alguém para tirar para nós. - Julia procurava um alvo.

Ester apontou para um rapaz. Marcela o abordou e mesmo carregando muitas coisas, o rapaz foi solicito. Depois de cada aparelho devolvido para seu respectivo dono caminharam até o parlamento.

– Vamos voltar aqui durante o dia. - disse Juliana.

– No hotel tem um folder que fala de passeios programados Ju. - Rodrigo tirava fotos.

– Mal posso esperar para conhecer também as outras cidades. - exclamou Helu.

– Paciência. - Fernando tocou no ombro dela. - semana que vem.

O pacote era dividido da seguinte maneira: seis dias em Athenas, dois em Sparta, quatro em Creta e três em Santorini.

– Vê se depois disso vou querer ir embora. - Isabel sentou num banco de frente para o parlamento. As primeiras luzes foram acesas. - vou mudar para cá.

– Não incentiva, Isa. - Ester sentou do lado dela. - vou procurar emprego aqui.

– Vou bater na porta da embaixada brasileira. - Cris guardou o celular. - as vezes eles estão precisando de alguém nem que seja para servir café.

– Me candidato também. - disse Juliane.

– Bom povo, vamos voltar? Agora o cansaço me pegou. - disse Sheila.

– Estou um pó. - Gabe escorou em Mabel.

– Idem, apesar de não querer levantar desse banco. - Paula estava sentada de maneira bem confortável.

– Vamos jantar e cair na cama, pois teremos que está as oito na porta do hotel. - Suellen olhou no relógio.

– Ai não... - murmurou Cris. - acordar cedo não...

– Estamos em Athenas Cris! Temos que aproveitar!

– Ah nem Helu...

– Então é melhor jantarmos mais cedo e depois cama. Se não amanha certas pessoas não acordam. - Julia apontou para a mineira.

– É só falar que o Saga está no saguão esperando por ela. - Ester sorriu. - num minuto ela desce.

– Desço mesmo Ester. Se for o caso nem durmo.

– Chega de falar no bipolar, vamos embora. - Mabel puxava Cris.

– Vamos embora Cris. - Rodrigo ajudava a empurrar.

– Alguém me puxa também...

– É pra já Julia. - Fernando a puxou.

– Também quero. - disse Marcela estendendo os braços.

– Não seja por isso.

Helu a puxou com força de propósito.

– Mais delicadamente Helu...

Voltaram para o hotel, indo direto para o terraço.

– Uau... que vista! - exclamou Sheila. - olha só o Parthenon.

Realmente a vista era maravilhosa. A noite o Parthenon era iluminado, destacando ainda mais na paisagem. Pediram alguns pratos típicos e vinho para quem aprecia a bebida. Lá pelas tantas o assunto começou a girar em torno do que ligava a todos: mundo Saint Seiya.

– Eu acho que podíamos limitar isso. – disse Mabel. – daqui a pouco vai ter o ringue que o Fernando tanto fala.

– Isso seria perfeito, mulheres brigando entre si e meio a lama. – sorriu. – quer que eu providencie?

– Eu vou ser o juiz. - disse Rodrigo.

– Vocês dois... – Julia o fitou ferina.

– Temos que tirar proveito. - disse o mineiro.

– Vamos entrar num consenso. – disse Cris. – Saga é meu. – categórica. – é com muita tristeza que abro mão do Mask e do Mu, mas o Saga...

– A Marin é minha. - Fernando manifestou.

– Saori. - Rodrigo ergueu a mão.

– Também é com muita tristeza que abro mão do...

Sheila fez sua escolha. Uma a uma escolheram os seus preferidos.

– Vamos mudar de assunto? Pois está me dando depressão. – Heluane tomou um pouco de vinho. - está em Athenas e não ter o meu cavaleiro por perto...

– Se isso te servir de consolo, todos temos o mesmo problema. - disse Juliana pegando o copo de suco.

– Um brinde a nossa realidade. - Gabe levantou o copo de refrigerante. - mesmo sendo pedaços de papéis, serão sempre nossos amores.

– Ao nosso amor utópico! - exclamou Paula

Brindaram. Ficaram mais um pouco, até o cansaço vencer. A noite estava agradável, pois agora um vento fresco soprava pela cidade, diminuindo a temperatura. Ao longe as luzes das construções que compunham a Acrópole brilhavam. O Parthenon parecia ainda mais majestoso a noite, como se uma áurea divina pairasse sobre ele...

No outro dia as oito em ponto entravam na van para um percurso turístico. O primeiro lugar que visitariam era o cabo Sounio a 65 quilômetros de Athenas.

– Acho que não vou me cansar de dizer uau.. - Sheila tirou os óculos escuros. - olha só esse lugar.

O cenário era espetacular. A vista para o mar Egeu era de tirar o fôlego. O mar tinha uma tonalidade azul escuro, enquanto as areias eram bem claras. Nem o sol forte, atrapalhava a admiração. O guia conduziu os até o templo de Poseidon, que ficava a borda do cabo.

– Esse templo foi construído por volta de 500 A.C em homenagem ao deus Poseidon. Anos depois foi destruído pelos persas e reconstruído novamente, contudo nunca foi terminado. - dizia o guia.

Ester tentava acompanhar a fala do guia, mas o número de turistas naquele local tampava-lhe um pouco a visão. Foi quando percebeu que Heluane olhava distraída para o templo.

– O que foi?

– Estou imaginando o Julian surgir de repente. Em todo seu resplendor de deus.

Ester sorriu, balançando a cabeça.

– Se vocês olharem naquela direção, - o guia apontou. - foi um templo dedicado a Atena. E naquela ponta, uma fortaleza que serviu de refúgio e proteção durante a guerra de Peloponeso. Ficaremos aqui por quatro horas. Passeio livre.

– Vamos a praia?

O grupo dirigiu-se a praia de águas cristalinas.

– Ainda bem que trouxe meu biquíni. - Marcela tirou o vestido que usava. - não vão entrar não?

– Não estou na minha melhor forma... mas essa praia... - Gabe também havia trago a roupa de banho. - não dá para resistir.

– Podem ir, eu vou ficar aqui. - Julia procurava por uma sombra.

– Eu faço companhia para ela. - Isabel colocou o chapéu.

– Também não vou entrar. - Paula as acompanhou.

As três foram se sentar perto de um rochedo, enquanto os outros pareciam crianças num parque aquático.

– Essas construções são perfeitas. - Isa fitava o templo de Poseidon no alto. - realmente os gregos eram brilhantes.

– As colunas são no estilo dórico, não é?

– Sim.

– Estudei as quando fiz arquitetura. - Julia ajeitou os óculos.

– Eu não entendo nada de estilo de arquitetura. - Paula mantinha o olhar no templo. - mas é muito bonito.

– Tirando a parte da "fantasia" até que Kurumada não viajou tanto. Se você observar a fortaleza ela é semelhante ao cabo Shounion que aparece em SS.

– Tem razão. Tem algumas furadas na criação, como Shura ser um cavaleiro com dez anos, mas pelo menos ele foi feliz em algumas coisas.

– Mudando de assunto e sua pesquisa Isa?

– Bem...

Enquanto Isa contava sobre sua pesquisa em arqueologia clássica, no parque aquático, ops, na praia...

– Que mar! - Mabel estava sentada na areia, com a água molhando os pés. - é a vida que pedi a Deus.

– Só de imaginar que na outra semana, iremos para outra praia... - Helu catava conchinhas. - vou mudar para cá. Gosto muito do Rio, mas esse mar...

– É simples de resolver, - Cris saia da água. - é só não voltar. Ficamos ilegal, vamos morar numa ilha dessas, vendendo coisas na praia.

– Vender acarajé. - Rodrigo que estava perto, escutava a conversa.

– Será que iríamos acostumar? - Juliana passava mais uma camada de protetor.

– Brasileiros é o povo mais adaptável do mundo. Se vira em qualquer lugar. - Fernando juntou-se ao grupo.

– Com essa paisagem adaptamos rápido. - Jules ajeitava a cadeira.

– Vocês não vão voltar para a água não?! - gritou Gabe, acompanhada por Suellen, Ester, Marcela e Sheila. - está uma delicia!

– Bate uma foto, parecem crianças. - Jules ajeitava a cadeira.

Rodrigo pegou a digital, tirando a foto.

Depois de algumas horas dentro da água e vários protestos pois muitos não queriam sair foram para o restaurante que ficava próximo ao local.

– Foda-se! - Marcela gritou aos quatro ventos.

– Calma Marcela. - Juliane tentava acalma-la. - olha o barraco...

– Barraco o caralho! Toma no $# daquele guia!

– Ele só queria que fossemos mais rápidos. - Sheila também tentava acalma-la, mas sabia do temperamento da amiga e aquilo seria bem difícil ainda mais com o calor.

– Rápido o cacete! Eu que pago o salário dele! Eu sou a cliente!

A confusão toda começou porque o guia pediu para o grupo se apressar para não atrasar os demais passeios.

– Concordarmos com você Mah, que ele foi um pouco rude na maneira de dizer...

– RUDE?! - berrou, nem deixando Suellen terminar. - Tomar no $# dele! Ele gritou com a gente! Até com a Ester!

– Pois então. - Fernando aproximou. - por causa dela e da Juliana, acalme-se, elas já estão vermelhas de vergonha. Olha o barraco...

Marcela o fitou ferina, fazendo o mineiro engolir seco.

– Já não está mais aqui quem falou. - saiu de perto.

– Não adianta brigar com ele Marcela. - Paula procurava pelo guia, para ver se ele não estava por perto. - já passou.

– Vem cá Marcela. - Heluane a puxou para uma área onde o ar condicionado era mais forte. - senta aqui, nada que um vento fresco não resolva.

– Fresco seu...

– Ohhhhh. - Helu fechou a cara. - comigo não.

Ela virou a cara contrariada.

– É melhor irmos almoçar antes que a Marcela mate o guia. - Julia foi para a mesa. - porque aí sim ficaremos na Grécia por um bom tempo...

Concordaram para não colocar mais lenha na fogueira. Juntaram algumas mesas e pediram o prato típico do lugar, claro que Marcela ainda continuou xingando, mas o ar condicionado parecia fazer efeito, ela estava ficando mais calma.

Depois do almoço voltaram para Athenas, o próximo ponto turístico a ser visitado era a Igreja de Panaghia Kapnikarea.

– Foi erguida sobre um templo de Atena ou Demeter.– disse Ester consultado o guia.

– Parece que é uma das mais antigas de Athenas. - Isabel preparava a máquina.

– É bem bucólico no meio desses prédios. - Juliana também tirava fotos.

A igreja era toda em pedra, cercada por muitas árvores e prédio médios.

– Posso falar besteira? - Gabe deu um grande sorriso.

– Pode Gabe.

Já imaginavam que seria alguma pérola.

– Eu vou casar aqui.

– Podemos saber com quem?

– Uai... meu gold lindo! - sorriu.

– Uai? - Rodrigo arqueou a sobrancelha. - vai adotar o jeito mineiro de falar?

– Olha o bullying! - gritou Cris, pois o baiano "adorava" sacanear o jeito dela falar.

– Meu avô é mineiro... peguei a mania dele.

– Então Gabe... - Mabel depositou as mãos no ombro dela. - começa a rezar, quem sabe ocorre esse milagre e como ainda estamos em Julho dará tempo para o papai Noel traze-lo de presente para você.

– Eu me contento em ganhar no dia das crianças um Cloth Myth EX. - disse Juliane. - já estará de bom tamanho.

– Bom, chega de sonhar acordado, - Cris bateu palmas para chamar a atenção. - e voltar para a realidade nua e crua. Vamos indo.

O próximo local foi a colina Lycabettus, de onde se tinha uma vista esplêndida da cidade.

– Imagine essa vista a noite. - Julia tirava inúmeras fotos. - ou no pôr do sol...

– Esse lugar realmente tem algo de especial. - Fernando sentou em uma pedra. - uma paz...

Apesar do calor, ventava um pouco, o que dava uma sensação de bem estar.

– Foi o dinheiro mais bem gasto na minha vida. - Isabel sentou ao lado dele.

– Mala néon verde limão? - Marcela aproximou contendo o riso. - 70 reais no cartão de crédito

– Passagens aéreas SP-Athenas? - Gabe entrou na brincadeira. - 3500 reais.

– Compras?– foi a vez de Ester. - 50 euros.

– Pagar mico em Sounio por conta da Marcela? - Helu aproveitou para zoar as duas. - 35 euros.

– Ter uma vista como essa? - Paula apontou.

– Não tem preço! - disseram o restante.

– Existem coisas que o dinheiro não pode comprar, para todas as outras existe... - emendou Suellen.

Caíram na risada.

– Vocês são bobos. - Isabel ria.

– Vamos tirar uma foto de todo mundo. - Rodrigo pediu a um casal.

A foto ficou bonita, tendo ao fundo parte da Acrópole, e o mar Egeu. Ficaram até o entardecer e para jantar, foram até a praça Monastiraki. Jantaram num restaurante que ficava as margens dela e depois sentaram em um dos vários bancos existentes.

– Nossa comida demais. - Gabe sentia-se empanzinada.

– Não foi só você. - Rodrigo sentia a barriga pesada.

– Mas comida grega é tudo de bom! Vou voltar com uns dez quilos a mais.

– Não será exclusividade sua Juliane. - disse Cris, compartilhando da mesma ideia.

– Eu estou adorando, quero tanto engordar.

– Nós duas vamos bater nossa meta. - Cris e Paula deram as mãos.

– Mudando de assunto, esse local está lotado.

– É um dos point de Athenas, Ester. - Sheila olhava o vai e vem das pessoas.

A praça estava lotada, era cercada por prédios pequenos, mas sua atração principal era o mercado de pulgas, que infelizmente naquele horário estava fechado.

– Qual será a nossa programação amanhã? - indagou Mabel.

– Na parte da manhã vamos para o porto Pireus, ficaremos no máximo por uma hora e depois seguiremos para Delphos. - Juliana sempre andava com o guia da viagem.

– E quando vamos conhecer a Acrópole?

– Depois de amanhã Julia. - respondeu Fernando.

– Perguntei para o guia e ele falou que para conhecer todos os monumentos da Acrópole mais o museu novo gasta quase um dia inteiro. - disse Helu. - por isso que é melhor tirar um dia para ficar por conta da Acrópole.

– Entendi...

– Amanha o porto, depois a Acrópole e depois? - indagou Paula.

– Museus. - respondeu Juliana. - acho que uns quatro.

– Sei que no último dia teremos só um pouco da manhã livre, pois as onze vamos de ônibus para Sparta. - disse Marcela.

– É uma pena não ficarmos mais em Athenas. - Juliane olhava as fotos.

– Mas vamos conhecer mais três lugares. Sparta, Creta e Santorini, compensa demais. - Mabel estava animada.

– Nisso você tem razão.

– Vai ser bom, tenho certeza. São nossas férias perfeitas! - exclamou Suellen.

Logo pela manhã, os brasileiros partiram rumo ao Porto Pireus, que recebeu o mesmo nome da cidade e ficava na região metropolitana de Athenas. Tantos navios de carga, quanto transatlânticos e iates passavam pelo local.

– Não sei porque viemos aqui... - disse Marcela desanimada.

– Como assim? - indagou Juliana.

– Tantos lugares para se ver e perdendo tempo com navios?

– Mas até que é bonito. - disse Suellen tirando algumas fotos.

– E ele é importante Mah. - Isabel olhava os navios ancorados. - esse porto funciona desde a antiguidade. Essas águas já presenciaram de tudo.

– Olhando por esse lado... mas pelo menos está fresco.

– Eu que nunca vi um navio de perto, estou adorando. - Cris tirava fotos. - ainda mais esses transatlânticos. Imagine um cruzeiro pela costa grega.

– Ano que vem voltaremos e faremos o cruzeiro. - disse Julia.

– Não dá ideia Red. - Sheila sorriu. - vai acabar com os cofres públicos.

– Mas ano que vem poderíamos viajar novamente. - Rodrigo sentou num banco.

– Onde?– indagou Ester.

– Ah não sei... na sua casa talvez. - riu.

– Seria uma honra.

– Qual cidade mesmo? - indagou Helu.

– Columbia, Carolina do Sul.

– Fechado então? - Gabe já fazia planos.

– Por mim, todo ano a gente viajaria. - Mabel era outra que fazia planos.

– Só combinarmos assim. Tipo grupo da terceira idade. - Juliane riu. - a mesma turma.

– Se for olhar a idade da maioria, realmente é terceira idade mesmo. - Paula fazia contas.

Começaram a rir.

– Girls and boys, vamos para o ônibus. - Julia olhou a hora.

– Agora o dia vai melhor. - disse Marcela. - Delphos!

Foram longos 170 quilômetros, mas que pela vista das montanhas gregas, nem sentiram passar. Estavam chegando, quando Ester deu o sinal. O ônibus parou no acostamento, para que todos os turistas tirassem fotos.

– Sheila faça o comentário. - Suellen a cutucou.

– Uau... que vista. - riu.

Do ponto onde estavam viram uma pequena cidade, cercada por montanhas e banhada pelo Golfo de Corinto.

– Linda! - Isabel empolgou.

– Quero ver a ruínas! Quero ver as ruínas!

– Calma Mabel, já estamos chegando. Contenha-se!

– Estou me contendo Fernando. Estou me contendo.

Minutos depois, desembarcaram na pequena cidade de Delphos, composta principalmente por hotéis e restaurantes. O passeio seria dividido em duas partes. A primeira seria dedicada ao museu de Delphos, almoço e a segunda, ao parque arqueológico.

– Que emoção! - Isabel não se continha. - sempre sonhei em conhecer esse museu, não acredito que estou entrando nele.

– Agora as aulas de história farão sentido. - disse Heluane.

– Pessoas, - Juliana chamou a atenção. - parece que o museu é dividido em salas e são quatorze.

– Vamos ter que correr. - Sheila tomou a frente.

Os cliques começaram a disparar, tanto na primeira sala, quanto na segunda, que retratavam os primórdios do santuário de Delphos. Seguiram para a terceira sala e a atração eram as duas estátuas de Kleobis e Biton.

– Bate uma foto. - Juliane posicionou-se no meio das duas.

– Eu também quero. - disse Gabe.

– Primeiro uma minha sozinha, depois vocês.

Rodrigo bateu a foto.

– Agora podem vir.

Não foi apenas Gabe que queria tirar a foto, todos queriam.

– E eu? - indagou o baiano.

– Pede para alguém. - disse Cris.

Rapidamente Rodrigo passou a câmera e correu para o meio das meninas.

– Somos o bendito frutos entre as mulheres. - Rodrigo agachou diante delas.

– Vocês dois andam bem abusados.

– É apenas a verdade Ester. - disse Fernando.

Passaram da quarta à décima segunda sala tirando muitas fotos. Isabel que pesquisava sobre Grécia Antiga estava encantada.

– Tudo aqui é fantástico! - exclamou, andando em direção a décima terceira sala.

– Aquilo então... - Paula apontou.

Olharam na direção, ficando maravilhados.

– O Auriga... - Isa nem tinha palavras. - o Auriga...

É uma das mais famosas esculturas gregas. Representava um condutor de bigas. A estátua em bronze estava num pedestal, era um homem com trajes gregos.

– Ela é perfeita. - Isa aproximou até a corrente que isolava a estátua. - perfeita.

– É muito linda. - Julia observava os detalhes. - tenho uma amiga que ama esculturas gregas, ela ficaria em estado de choque ao ver.

Ester desviou o olhar para a parede ao lado.

– Vejam isso.

Na parede havia um desenho que mostrava como era a verdadeira forma da escultura: um homem conduzindo a biga, com seu cavalo e vassalo.

– Ela deveria ser enorme, já que tinha o homem, carruagem, cavalo. - disse Mabel fitando o desenho. - mais esse menino.

– Deveria ser o menino que tratava dos cavalos. - disse Fernando.

– Imagine se ela estivesse inteira? - Juliane afastou-se um pouco para fotografar melhor.

– Se só o Auriga já é preciosidade. - disse Cris. - imagine inteira.

– Esses gregos tinham o dom. - Heluane chegou bem perto do vidro, para ver os detalhes.

– Talentosos mesmo. - disse Juliana.

Tiraram várias fotografias e depois foram para a última sala. Do lado de fora...

– Voltou o calor. - Marcela abanou-se.

– Acostume-se, está na Grécia.

– Eu sei Sheila... eu sei. - disse desanimada.

– Parece que tem uma lanchonete e uma loja de livros. - Gabe olhava o panfleto.

– Livros? - os olhos de Suellen brilharam.

– Vamos Su. - Cris passou a mão no braço da amiga. - temos que ir ver.

– Estaremos na lanchonete. - disse Rodrigo, para as duas que já estavam longe.

– Acho que vou passar o olhar nos livros.

– Vou com você Júlia. - disse Isa.

– Nós também. - disseram Sheila, Fernando, Mabel e Juliana.

O restante do grupo acomodou-se nas mesas que ficavam do lado de fora da lanchonete pedindo bebidas.

– Esse lugar é meio surreal. - Juliane fitava a paisagem. - até a atmosfera é diferente.

– E imaginar que dois mil anos atrás, as pessoas andavam por aqui a procura do oráculo e essas construções ainda estão de pé nos dias de hoje. - Marcela abanava-se.

– Deve ser fascinante morar num lugar assim. - Gabe depositou o copo sobre a mesa. - você respira história todos os dias.

– Por isso a Isa quase enfartou quando entrou no museu. - brincou Helu. - é a área de pesquisa dela.

– Arte grega? - indagou Rodrigo.

– Também. - disse Ester. - Grécia antiga no geral.

– É melhor ir atrás delas. - o baiano levantou. - vamos almoçar daqui a pouco. - olhou o relógio.

– Elas já vem. - Sheila aproximava do grupo. - pelos menos disseram que já estavam vindo. E meninas de vestidos e rasteirinhas, desculpem mas se deram mal.

– Por que? - Juliane olhou para o vestido.

– Dizem que aqui venta muito, então suas saias... além do mais entra muita areia no pé, dizem que incomoda e muito.

– Ferrô! - Marcela olhou para o pé. - além do calor ainda tem essa. Tomar...

Helu tampou a boca dela.

– Sem estresse estamos na Grécia.

– Amanhã vou usar tênis então. - Paula levou a boca um suco de laranja. - Alguém poderia ir chama-las. Rodrigo faça essa gentileza.

Não é preciso dizer que foi difícil tirar Cris e Suellen da livraria, apesar de cada uma comprar cinco livros, se pudessem ficariam o dia inteiro vendo as obras.

O almoço correu tranquilo e no horário combinado estavam na entrada do sítio arqueológico de Delphos. A entrada era uma escadaria de pedras, que serpenteava até o alto da colina. Dos dois lados, árvores completavam o cenário, esse caminho era chamado de Via Sacra.

– Estou entrando em Delphos, estou entrando em Delphos, estou entrando em Delphos.

– Calma Isa. - Suellen tocou-lhe um ombro.

– Só falta desmaiar. - brincou Marcela. - se isso acontecer vai ficar caída aqui, porque não vou embora por sua causa.

– Insensível. - Isa sorriu.

Havia muitas ruinas espalhadas o que mostrava que o complexo era enorme. O grupo sendo levado por um guia foi até uma construção chamada "Tesouro de Atenas".

– Nossa isso é grande. - Mabel tirava fotos.

– E bem preservado. - Júlia observava a arquitetura do prédio.

– É um templo? - indagou Cris.

– Não. - Isa colocou a mão na parede. - era aqui que guardavam as oferendas dadas ao oráculo. Cada cidade tinha uma, esse foi o único que restou.

– Imagine se os outros estivessem de pé. - disse Paula. - esse lugar ficaria ainda mais singular.

Rodrigo um pouco mais afastado olhava os entalhes no alto da entrada.

– Está tudo preservado. - disse.

– E com um cenário desses... - Juliane estava encantada.

O próximo lugar que dirigiram se foi para o teatro de Apolo de onde se tinha uma das vistas mais espetaculares de todo o complexo.

– Preciso tirar foto. - Gabe pegou a máquina. - olha a vista.

– Dá vontade de ficar sentando aqui, - Sheila sentou. - e ficar horas e horas olhando para isso.

– É muito tranquilo. - Ester sentou ao lado dela. - uma paz.

– Quero ver lá de baixo.

Juliana deu a volta, descendo a escada lateral. Julia e Paula foram atrás.

– A capacidade deveria ser mais de três mil pessoas. - Juliana olhava a arquibancada.

– Acho até que era mais do que isso. - Julia contava as fileiras.

– Umas cinco mil. - Paula fazia a mesma coisa. - se levarmos em conta que algumas partes se perderam com o tempo, deve ter sido esse número.

Depois de um breve descanso o grupo dirigiu-se para o templo de Apolo.

– Isso no seu auge deve ter sido magnífico. - Helu olhava as colunas que resistiam ao tempo.

– Dezenas de pessoas de todo o mundo antigo vindo até aqui para se consultar. Não deixa de ser um local de suma importância. - disse Juliane.

– Concordo. - Marcela tirou a rasteirinha. - meu pé já está imundo. Ainda mais nesse calor. Junta o suor e a terra.

– Quando chegarmos no hotel, faço um preço camarada para você desfrutar da banheira. - disse Rodrigo.

– Mercenário.

– Mercenário não, ele é negociante. - disse Fernando.

Alheia ao assunto Isa analisava as pedras que compunham uma parte do templo.

– O que foi Isa?

– Nada, Ester. Só olhando os detalhes.

– Sua pesquisa.

– Quando voltar terei um bom material.

– Podemos procurar uma livraria especializada, talvez encontre livros ainda melhores. - disse Cris que estava perto.

– Vou comprar o máximo que o dinheiro e volume de bagagem permitir.

Mabel aproximou.

– Estamos indo para o Ginásio. - avisou.

Andaram pouco até o Ginásio, destinado as provas de atletismo. Em seguida voltaram para a via sacra indo agora em direção ao templo de Atena ou Athenea Pronaia. O sol ainda estava forte, apesar de uma brisa soprar e do adiantar das horas. A descida não era fácil, mesmo assim estava sendo um passeio incrível e não iriam desanimar por causa do sol.

O templo de Atena ficava numa parte plana. Havias muitas pedras espalhadas, o que levava a crer que eram o que sobrou de uma fundação. Bem no meio da área erguiam três pilastras que observando o formato das que tinham caído dava para perceber que se tratava de um templo oval, chamado de Thólo.

– Magnífico! - exclamou Sheila.

– É muito bonito mesmo. - disse Gabe. - olha só esses detalhes.

– Pessoas, - disse Suellen. - vejam isso.

O grupo aproximou de uma pedra onde estava exposta uma figura que retratava como seria aquele complexo de templos na antiguidade.

– Fico imaginando como seria bonito esse lugar. - Helu adorou a figura. - vou tirar uma foto. - pode servir de inspiração para alguma fic.

– Realmente as pessoas que viessem aqui deveriam pensar realmente que era um local onde Atena aparecia. - disse Juliana

– A áurea divina deveria ser até palpável. - Paula olhava o templo circular.

– Ainda mais com uma paisagem como essa. - Julia olhou ao redor.

– Só uma pena não podermos chegar mais perto, tocar.

– É uma pena mesmo Mabel. - disse Cris.

Rodrigo distanciou do grupo, indo se sentar, na parte mais alta, em meio a grama. A essa hora o sol estava mais baixo e a temperatura bem mais amena. Ele olhava a paisagem de forma contemplativa. Juliana e Fernando foram atrás sentando ao lado dele.

– É tranquilo não é? - ela indagou, sem tirar o olhar das montanhas.

– Muito. Parece que meu corpo está todo relaxado. No Sounion também era tranquilo, mas aqui...

– Até o ar é mais puro. - disse o mineiro.

– Os gregos consideravam aqui como o centro do mundo. - Juliane sentou ao lado dos três. - e que uma fonte que existia aqui proporcionava as revelações divinas.

– Num lugar assim até eu acreditaria nas revelações. - disse Rodrigo. - certamente acreditaria na existência de Apolo e de Atena.

Acompanhando a ideia do baiano o restante do grupo sentou na grama, contemplando o sol que se escondia atrás das montanhas.

Chegaram tarde de Delphos, preferindo jantar no próprio hotel. Fizeram uma rápida refeição, dirigindo depois para seus respectivos quartos.

Quarto 202

– Nada que um banho relaxante... - Helu deitou na cama. - agora descansar, porque amanhã o dia será longo.

– Mal posso esperar para ver o Parthenon. - Ester já se dirigia para seu lugar na cama, colocando seu tabelt ao lado do travesseiro.

– Só imagino o calor. - Marcela deitou ao lado de Helu. Como o quarto possuía uma cama de casal, Marcela e Helu ficaram nela e Ester na de solteiro. - liga o ar pois quero dormir tranquila.

– Sim senhorita Marcela. - Helu pegou o controle do ar. - você deveria reavaliar sua escolha do gold.

– Por que?

– Calorenta do jeito que é deveria ficar com o...

Ester balançou os braços pedindo atenção. Assim que a teve, a carioca ergueu os dois braços unindo-os.

– Perfeitamente demonstrado por nossa amiga. Obrigada Ester. - usou a linguagem de sinais para agradecer.

– Engraçadinhas vocês. - pegou o travesseiro. - meu coração será sempre do...

Ester fez um novo gesto, interrompendo a fala.

– Isso mesmo Ester. Dele. Agora boa noite.

Helu riu.

– Boa noite meninas.

Quarto 401

Fernando já estava deitado mexendo no celular, quando Rodrigo saiu do banheiro.

– A água está boa. - saiu do banheiro. - chuveiro com ducha boa.

– Não usou a banheira?

– Eu não. Vou deixar para um dia que estiver mais cansado.

– Ainda acho que deveríamos cobrar das meninas. É uma grana boa.

– Cento e trinta euros por dia. - fez as contas. - já paga nosso almoço. Que horas o ônibus sai amanhã?

– Cedo.

– Melhor ir dormir então. Boa noite.

Quarto 201

Isabel estava sentada na cama lendo um dos livros que comprara no dia anterior. Julia acessava a internet pelo celular e Sheila estava no banho.

– Esse livro é bom Isa? - indagou Julia percebendo a concentração da amiga.

– Excelente. Vai ajudar muito na minha pesquisa.

– Estou olhando aqui... tem uma livraria famosa aqui perto, podemos ir lá amanhã.

– Quando voltarmos do passeio, passamos por lá. - fechou o livro. - estou cansada.

– Também pudera andamos tanto. - Sheila saia do banheiro. - meus pés estão doendo.

– Será que tem miniaturas do Parthenon para vender? - indagou Julia pensativa.

– Com certeza. - Isa colocou o livro sobre a mesa, indo para a cama. - tudo para ganhar dinheiro.

– Será que tem chaveiros dos dourados? - Sheila tomou seu lugar, ela ficara na cama de solteiro.

– Duvido muito. - Isa pegou o controle do ar. - Saint Seiya deve ser praticamente desconhecido por aqui.

– Tudo não passou de apenas uma boa ideia. - disse Julia. - Uma boa ideia que rendeu dinheiro e ainda rende.

– Contentem-se em apenas sonhar com seus digníssimos. - Sheila deitou.

– Sonhos hentais de preferência. - observou Isa.

Começaram a rir.

– Boa noite.

Quarto 302

Paula fechava sua mala, Juliana arrumava sua cama e Jules estava no banheiro.

– Ainda bem que trouxe dois pares. - disse a paraense, pegando os pares de tênis. - a Julia me pediu.

– Verdade, o guia alertou. Vou separar o meu também.

– Separar o que?

– O tênis Jules. Para andar na Acrópole.

– Por isso trouxe três pares. - sentou na cama. - o tanto que vamos andar, nada melhor.

– Mas vai valer cada bolha no meu pé. - Paula tomou seu lugar na cama. - é uma pena que não vamos a Corinto, gostaria de conhecer.

– Daqui a dois anos voltamos. - Juliana colocou sua roupa sobre uma cadeira. - Corinto e outras cidades europeias.

– Mochilão. - Jules pegou o controle do ar. - conhecer toda a Europa.

– Seria ótimo.

– Boa noite meninas.

Quarto 301

Gabe estava na varanda, debruçada na grade de proteção. O olhar estava virado para a Acrópole iluminada.

– Algum problema Gabe? - indagou Mabel parando na porta.

– Não... só estava imaginando, - a fitou. - aliás viajando. - sorriu.

– Com...?

– Imaginando como seria se o Parthenon fosse o templo de Atena.

Mabel sorriu.

– Seria bonito.

– É... acho melhor ir dormir, já estou sonhando acordada.

As duas entraram. Cris na cama mexia no celular. Suellen guardava seus livros na mala.

– Ah... - a paulista se jogou na cama. - mas é tão bom sonhar...

– Com o que Gabe? - Cris guardou o celular.

– Com a possibilidade de que meus golds lindos existem.

– Seus? - Suellen a fitou. - por que no plural?

– Maneira de dizer Su, - sorriu. - não fique com ciúmes.

– Seria bom mesmo. - Mabel sentou ao lado de Gabe. - mas como você mesmo disse é sonho.

– Uma pena. - pegou a colcha cobrindo-se. - então vou dormir. Quem sabe...

– Só você mesmo... - Suellen pegou o controle do ar, que era o mesmo da luz. - pode apagar a luz?

– Sim.

– Então bons sonhos. - foi para cama que dividia com Cris.

– Obrigada.

– Pode deixar que eu conto uma história para dormir. - Mabel ajeitou a colcha de Gabe,como se fosse uma irmã mais velha. - Era uma vez, uma menina que conheceu o seu cavaleiro...

Começaram a escutar a "história" de Mabel...

Na manhã seguinte...

O ônibus parou em frente a entrada principal da Acrópole. O grupo, com o rosto grudado no vidro olhavam admirados para o templo localizado no alto da montanha.

– É perfeito. - disse Juliane.

– Pessoas, estamos na casa da Atena. - brincou Suellen.

– Antes de entrar teremos que pedir permissão para o Mu. - disse Cris, fazendo-os rir.

– Um minuto da atenção. - disse o guia pegando o microfone. - o passeio será dividido em três partes, como descrito no guia, mas se quiserem podem andar livremente, contudo a visita ao Museu da Acrópole são guiadas. Estejam na porta daqui a duas horas. Obrigado.

Com apenas duas horas para explorarem o Parthenon e o templo das Cariatides, desceram as pressas. A temperatura passava dos 38 graus e como recomendado em Delphos, shorts e tênis, pois além do chão batido, no alto ventava muito. A contragosto, muito contragosto, pois odiava tênis, Júlia calçou o cedido por Paula. Jules por sua vez teve que usar short, algo que não gostava.

A subida não era fácil, mas a cada passo e as primeiras construções desabrochando em seus olhos, tornava aquele esforço físico efêmero. Puderam ver logo abaixo, o teatro de Herodes que infelizmente não era aberto a visitação, contudo estavam ansiosos para verem o Propileos, a entrada principal da Acrópole. Os quinze pararam diante da entrada, erguendo o olhar.

– Muito foda! - exclamou Marcela.

– Não tenho nem palavras... - murmurou Isabel.

– Fantástico. Simplesmente fantástico. - disse Ester.

Faltavam adjetivos para descrever a construção. A porta não era muito larga, mas o interior era majestoso, com suas colunas e paredes.

– Se sinto um arrepio vendo assim, imagine quem o viu em todo o seu esplendor. - Heluane deu um giro.

– Não era atoa que Athenas era tão importante. - disse Julia. - qualquer um que chegasse aqui sentiria a grandiosidade da cidade.

Passaram pela porta principal, subindo um estreito caminho que levava ao Parthenon.

– Acho que vou desmaiar. - disse Gabe.

– Controle-se. Não vai fazer desfeita na casa de Atena.

– Nem brinca Mabel.

A medida que subiam o Parthenon despontava para eles. Ao final da caminhada a construção grega de milênios mostrava sua grandiosidade. Mesmo devastado por guerras e terremotos o templo ainda permanecia de pé por causa da genialidade de seu construtor, contudo parte das obras que o compunham ou estavam em museus ou destruída, como a famosa estátua de Atena Paternos, construída em ouro e marfim, derretida para fins militares.

– Eu to aqui! Eu to aqui! Eu to aqui! - dizia Cris de forma nervosa.

– Até você Cris? - indagou Rodrigo. - tendo ataque?

– Até eu! Sempre quis vê-lo de perto! É muito lindo! - dava pulinhos.

– Colunas dispostas perfeitamente... - murmurou Julia encantada.

– Eu quero ver de perto! - exclamou Suellen. - eu quero entrar.

– Não pode Su. - disse Juliana.

– Se deixarem todo mundo entrar, num minuto as obras estragam. - Sheila pegava a sua máquina. - mas que dá vontade de entrar isso dá.

– Pelo menos chegar perto, podemos.

Marcela tomou a frente. Olhavam ao redor, mesmo sem o teto e muito destruído o templo parecia ter uma aura mágica, divina. Percorreram toda a extensão do templo vendo diversos andaimes e um enorme guindaste dentro dele, pois os trabalhos de reconstrução ainda continuavam.

Tiraram muitas fotos da parte da frente e agora da lateral.

– Eu preciso entrar.

– Nem inventa Gabe. - Isabel segurou o braço dela. - é proibido. Podemos ser presas.

– Ou não. - Marcela olhou ao redor. - cinco minutos.

Gabe sorriu de orelha a orelha.

– Marcela... - Fernando fechou a cara.

– Isso vai dar problemas. - Rodrigo já procurava os policiais.

– Não vai. Estamos com sorte pois a maioria dos turistas estão do outro lado.

– Vocês estão ficando doidas? - indagou Sheila indignada. - não podem entrar lá.

– Relaxa Sheila. Estão vendo aquele guindaste? - pouco a frente, havia um guindaste de menor porte. - vamos passar por trás dele. Vocês vigiem.

O restante das meninas entreolharam-se.

– Vai dar merda... - murmurou Heluane.

– E você tem dúvidas disso? - Paula já imaginava o pior.

Marcela e Gabe andaram sorrateiramente até a máquina e dando a volta, abaixadas, entraram dentro do Parthenon. O restante ficou em volta do guindaste, dando cobertura.

– Isso vai dar merda. Vai dar meda. - Helu repetia.

– Calma. - disse Mabel. - já está feito mesmo.

Passou-se alguns minutos que pareceram horas.

– Cadê elas? - indagou Cris olhando. - daqui a pouco aparece alguém.

– Júlia vai atrás delas. - pediu Rodrigo.

– Eu? - arregalou os olhos. - por que eu?

– Por que você é pequena, não vai chamar tanta atenção.

– Como? - arqueou a sobrancelha.

– Vai logo.

A contragosto foi.

– Isso vai dar meda.

– Para de repetir isso Helu! Está me deixando nervosa. - e Suellen estava mesmo.

– E a mim também. - Paula tinha a sensação que teriam muitos problemas.

Alguns segundos e nada.

– Mas não é possível! - Rodrigo estava tenso. - morreram lá dentro!?

– Eu vou atrás. - disse Isabel.

– Vá também Helu e arraste-as! - disse Fernando.

A cada segundo a tensão aumentava e ficou ainda pior quando viram um grupo grande de pessoas apontarem.

– Problemas.– disse Ester.

O sangue gelou.

– Vim para Grécia para ir para a cadeia... - murmurou Juliane.

– Já que vou ser presa mesmo... - Mabel contornou a máquina e entrou no templo.

– Mabel! - Sheila conteve o grito. - ficou doida?

– Para demorarem tanto a voltar, deve ter acontecido algo. - disse Juliana tão tensa quanto os demais.

– Pior que está não pode ficar... - o baiano soltou um suspiro desanimado. - vai uma por uma, Fernando e eu damos cobertura.

Indecisas se ficavam ou se iam, resolveram correr o risco. Rodrigo foi o último a subir e respirou aliviado ao ver as meninas e onde elas estavam. Por causa dos trabalhos de restauração, uma área grande do templo estava cercada por grandes pedras, máquinas, madeiras e lonas, o que dificultava a visão de quem estava de fora.

– Como é lindo... - Juliana olhou para céu vendo o contrate do azul com o mármore.

– Valeu a pena. - disse Marcela.

– Eu deveria matar você! - disse Rodrigo olhando para ela.

– E com requintes de crueldade. - complementou Fernando.

– A culpa é da Gabe.

– Minha? Você que me estimulou a entrar!

– Não interessa quem de quem é a culpa, vamos sair daqui. Agora!

O baiano estava irreconhecível.

Não quiseram passar pelo mesmo lugar que entraram, pois temiam ser descobertos, contudo outros caminhos estavam bloqueados por causa dos materiais.

Heluane e Sheila que estavam mais atrás viram duas colunas tombadas e uma pequena passagem.

– Lá? - sugeriu a fluminense.

– Gente. - Sheila acenou.

O grupo aproximou.

– Achei isso. - disse Helu. - vamos? - sorriu.

– Já estamos ferrados mesmo. - Rodrigo chutou o balde.

– Depois pensamos numa boa desculpa. - disse Marcela.

– Uma excelente desculpa você quer dizer. - Ester guardou seu tablet na bolsa.

– Vamos logo. - Juliane foi a primeira a entrar.

O espaço não era muito grande, mas o suficiente para se manter de quatro sem bater a cabeça. Juliane viu do outro lado uma luz brilhante que julgou ser o sol, de certo sairiam de cara no pátio.

– Quem é a próxima?

– Eu.

Paula agachou. Um a um entraram pela passagem, Fernando que havia ficado por último rezou para a situação não se complicar mais e entrou.

Jules logo alcançou a saída. Limpou as pernas da poeira sem reparar bem onde estava. Ela ergueu o rosto deparando com a cidade de Athenas.

– Que vista linda... - murmurou.

Olhou para trás para ver de que lado tinha saído, já que não vira ninguém entretanto...

– Por Deus! - levou a mão a boca.

– Sujei minha roupa toda. - Paula limpava-se. - Ju...

Notou que a amiga estava parada fitando algo, quando ela viu arregalou os olhos. E foi assim com todos.

– Quase fiquei entalado. - disse Fernando levantando. - só espero que fiquemos pouco tempo na cadeia... - notou o silencio. - o que foi?

Ester segurou o rosto dele, virando-o. O mineiro arqueou a sobrancelha ao ver diante de si uma enorme estátua de mármore.

–-

Continua...

Obs: Descrição não é muito o meu forte, então se quiserem olhar os lugares visitados e só digitar no google o nome do local.