Hora do Chá
Sinopse: Amor tinha o gosto dos melhores chás do mundo em uma única xícara de porcelana. Hatter/Alice.
Disclaimer: Alice no País das Maravilhas obviamente não me pertence, muito menos a adaptação da SyFy.
Émotion. Emotion. Emozione. Emoção.
Mesmo repetida em tantas línguas quanto fosse possível, ainda assim carregava o mesmo charme, a mesma promessa da estonteante experiência do sentir que soava tão bonita aos ouvidos de quem nunca soube o que é nem o que representa.
Ele entendia perfeitamente porque as emoções eram tão fascinantes para os habitantes do País das Maravilhas. Porque capturar mais e mais ostras daquele estranho mundo do outro lado do espelho tornou-se subitamente tão importante. Porque, ora, ele mesmo era um deles, dos desesperados para descobrir como era sentir; como era ver o mundo pelos olhos das ostras.
Mas ele era cuidadoso. 'Maluco', eles diziam. Um chapeleiro. Não importava, ele esperou. Esperou enquanto eles pediam em vozes cada vez mais altas e petulantes, 'mais um gole de luxúria, por favor' ou 'outra dose de orgulho!'. Esperou e observou que depois de passado o efeito, tudo que restava eram altas porções de insatisfação. Eles queriam mais.
Emoções são impulsos, um estado. São passageiras. E ele percebeu, emoções eram perigosas. A sua gente não estava acostumada, não estava preparada e nem ao menos era feita para aquilo. Era um desastre. Emoções eram como drogas, causavam dependência e nunca vinham em quantidade suficiente. Abstinência era algo impensável, quem quer desistir de sentir quando isso torna a vida muito mais interessante?
Assim, a casa de chá continuava, crescia. E o que ele poderia fazer além de vender o que as pessoas queriam comprar? Ele era um homem de negócios, afinal. Um chapeleiro. E mesmo se tentasse alerta-los, quem no mundo ouviria conselhos ou acreditaria na palavra de um chapeleiro?
Ela acreditou. Uma ostra. Alice da lenda. Só Alice. Também não importava.
Com Alice ele descobriu o que eram emoções não fabricadas. O que eram sentimentos. E sentimentos eram fortes, eram aprendizado, eram compreensão. Eram dele. Tão particulares quantos as linhas na palma de uma mão.
E tudo o que a Rainha de Copas extraiu de todas aquelas pobres ostras não se comparava aquilo. Porque era real, intoxicante e verdadeiro. Não como uma droga, não-era quase...perpétuo.
Ele saboreava aquelas sensações, sentimentos, qual fosse o nome que tivessem e era tudo tão forte e intenso. Melhor que Earl Grey, melhor que qualquer chá que ele já havia provado.
Amor tinha o gosto dos melhores chás do mundo em uma única xícara de porcelana.
N/a: Depois que eu vi que não tinha uma única fanfic em português aqui, eu tive que escrever para pelo menos marcar presença, porque a série totalmente merece, vai. E eu duvido que alguém vá ler isso –talvez depois de muuuito tempo- mas enfim, foi do Hatter e ponto. O título é totalmente fail, verdade. Mas acabou que eu não consegui encontrar nada melhor. :*
