A INFÂNCIA DELES

(Their childhood)

Garota Inu

1. Eu amei você primeiro!

Há muitos anos atrás, antes que os Cullens tivessem se mudado para Forks, antes que Bella pensasse em morar com Charlie, antes que Sarah tivesse morrido, e até mesmo antes de Charlie e Renée se separarem, Jacob era um menino. Um pequeno menino muito ativo, de cinco anos, o qual deixava a mãe maluca de tanta preocupação, mas ainda assim, um pequeno menino. O pequeno menino Jacob sempre tinha sujeira em pelo menos uma bochecha, um arranhão em um joelho e uma centena de nós no seu cabelo preto. E em dia ensolarado, quando sua mãe não conseguiu mantê-lo quieto, ele correu para dentro da floresta atrás de sua casa, indo muito adentro, e se perdendo entre as árvores.

Ele conseguia escutar sua mãe lhe chamando, as familiares notas de preocupação e medo na voz dela. Ele apressou-se, agarrando seu precioso pião de brinquedo sobre o peito, não querendo que ela o encontrasse. Sabia que ela estava vindo atrás dele, pente de madeira na mão para lutar a velha guerra contra as tropas de negros nós em seu cabelo. Ele já estava predestinado a perder a batalha e seus pequenos pés correram um pouco mais rápido em direção à clareira. Escutando ao som do vento enquanto corria, sabia que não havia ninguém perto do poço velho que ele tinha encontrado no meio da floresta. Ninguém deveria vê-lo, porque ele era especial. Neste exato momento ele não se importava, sua mãe era tão malvada quanto qualquer Frio de qualquer história quando isso chegava ao assunto nós de cabelo.

A luz do sol o atingiu como uma tropa de cavalos assim que entrou na clareira. Ele parou por um momento enquanto seus sensitivos olhos pretos se ajustavam à luz. Os sons dos passos de sua mãe se aproximavam, avisando-o da aproximação de sua perseguidora firme em seus calcanhares. Saltando para o campo, ele sentiu o pente alcançar apenas o ar atrás de si. Olhou por sobre os ombros e viu a mãe, linda, severa e assustadora ao mesmo tempo, ainda em sua perseguição. Seu coraçãozinho batia como um pássaro voando, e ele foi para o poço. Podia se esconder lá! Com um salto final pulou para dentro do poço. Olhou para cima e viu a silhueta da mãe sob a luz do sol na entrada, passando direto sem o ver.

Bella conseguia escutar a mãe atrás dela. Porém ela sabia que não havia como sua mãe competir com suas pequenas e fortes pernas. A pequena menina de seis anos tinha se recusado a tomar banho e estava correndo para salvar a vida, enquanto a mãe a perseguia. Em sua cabeça ela sabia, sem dúvida alguma, que aquele homem alto, moreno e cabeludo que morava na casa vermelha era o índo-chefe malvado das histórias de Peter Pan e queria pegá-la. Devia ter obrigado seus pais a entregarem ela para ele. E ela ainda tinha tanta coisa para se viver! Era cedo demais para ir viver aonde-quer-que-fosse que a tribo dele morava.

Continuou correndo até que viu um poço. Sua mãe nunca procuraria ali. Ela não deveria ir para lá. E se o pior viesse, ela poderia fechar os olhos e então ela não seria capaz de vê-la. Mas isso apenas se sua mãe estivesse realmente perto de encontrá-la. Não queria assustar a mãe com tal demonstração de poder! Eles, seus pais, já estavam assustados demais com a imaginação dela... era hiperativa. Adultos achavam que aquilo era ruim.

Ela pulou dentro do poço e piscou os olhos para que se ajustassem à escuridão. Sua respiração era áspera por correr tanto. Podia escutar o coração em seu peito fazendo bump, bump, bump. Suspirou. Seu coração diminuiu o passo, mas o som continuou. Bella congelou, o barulho era do outro canto do poço... ela cobriu os olhos e ficou invisível.

Do outro do poço, o pequeno Jacob estava lutando para não se apavorar. Jogaram alguma coisa viva no poço, provavelmente para devorá-lo... sua mãe estaria tão brava assim com ele? Ele enfiou seu precioso pião dentro da manga e piscou os olhos, fazendo força para enxergar o que era. Seus olhos dilataram-se e ele viu uma pequena e magrinha menininha em frente a ele. Ela estava agachada sobre o chão, cobrindo os olhos. Ele inclinou a cabeça para um lado e disse, "O que está fazendo?"

Bella assustou-se com o som da voz. Parecia ser outra criança! Estava tudo bem, não importava quem fosse, porque ela estava invisível enquanto mantivesse os olhos fechados. "Estou ficando invisível."

"Oh... okay." Ele sentou-se ao lado dela. "Vou ficar invisível também então." Ele olhou para ela mais uma vez e então imitou como ela estava sentada e cobriu os olhos.

"Uau, você é realmente bom!" Bella exclamou. "Não consigo ver você!"

"Verdade? Esta é a primeira vez que eu fico invisível..." Ele olhou para cima, olhos ainda cobertos. "Você é boa também... não consigo ver você."

"Obrigada... Eu estive praticando." Ela mexeu-se, os ombros encostando nos deles. "Quem é você?"

"Eu sou Jake." Ele disse seu apelido secreto que ele mesmo lhe dera, achando muito mais legal que seu nome. "Quem é você?"

"Sou Bella..." Mas antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, uma mão surgiu dentro do poço e Bella foi puxada. Sua mãe havia de alguma forma visto através da sua invisibilidade! "Ahh, Mama, não, por favor, não quero!" Bella chutou e descobriu os olhos, ficando visível novamente.

Jacob, escondido nas sombras do poço, descobriu os olhos para ver a bonita menininha sendo carregada para longe pela monstra que Bella chamou de Mama. Seu coraçãozinho acelerou-se quando Bella esticou uma mão para ele. "Ahh, Jake, me salva!" Rosnando, ele correu atrás dela a uma distância seguida, assim Mama não poderia pegá-lo. Ele era pequeno, afinal, e este era um Mama enorme. Devia ter comido recentemente, julgando pelo tamanho da barriga. A menina Bella estava salva por enquanto, pelo menos ela não seria devorada.

Bella chutou e berrou todo o trajeto até a casa. Sua mãe suspirou. "Isabella, quem é Jake?" Olhou para sua magricela e suja filha.

Lágrimas cortando caminhos limpos sobre suas bochechas, Bella fungou. "Ele mora no poço! Mas ele estava invisível!" Ela soluçou. Sua mãe apenas abanou a cabeça, outro amiguinho imaginário... quando sua filha largaria aquela imaginação hiperativa? "Bem, você volta comigo, mocinha."

Bella uivou como um animal ferido. "Mama, não! Por favor, me deixe ficar aqui, não quero ser levada pelo Índio, ele vai me mandar para o tlonco e me queimar, como fez a Wendy!!" Ela abanou desesperadamente por sobre os ombros da mãe para o pequeno bolo de tecido vermelho e cabelo preto que a seguia. "JAKE!"

Ele assustou-se. A Mama ia entregar sua amiga Bella para o Índio para queimá-la, que horror! Ele nunca havia escutado falar de um lugar chamado Tlonco, mas de alguma forma sabia que era um destino pior do que a morte para a linda Bella cuja face estava tão suja e o cabelo tão cheio de nós quanto os dele próprios. Seguiu atrás, esperando por uma oportunidade para salvar a donzela.

Bella sentou-se, chorando, no sofá da casa vermelha... seu fim estava próximo e ela estava totalmente sozinha. Bem, não completamente sozinha, seu pato de borracha ainda estava enterrado em seu bolso como se dissesse 'não se preocupe... você não vai se arriscar sozinha'. Lágrimas desceram pelas suas bochechas, ter que ir para o tlonco tão novinha! A vida era tão injusta... Deve ser muito quente lá na fogueira... e solitário. Alguém se lembraria dela após sua morte? Sua mãe e seu pai estavam, o que quer que significasse aquilo, se divorciando... eles talvez não precisavam mais dela. Que triste ninguém se lembrar e nem ficar de luto em sua memória quando ela passasse para o outro lado do tlonco.

Repentinamente, a pequena janela sobre o sofá deslizou e uma mão suja e cheia de unhas grandes esticou-se para baixo, para ela, como se fosse a mão de Deus. "Bella! Pode me ouvir?" Era o menino do poço, Jake! Ela estava salva!

"Jake, estou aqui!" Ela esticou-se e agarrou a mão dele, ele a salvaria! "Consegue me puxar?"

Barulho se fez ouvir do outro lado da parede. "Não, a janela é muito pequena!" Ele perdeu o pé e caiu de novo no chão. Oh, não, certamente Bella seria mandada para o Tlonco! Ele tinha que salvá-la.

Enquanto o pequenino Jacob desesperadamente tentava escalar a parede novamente, a mãe de Bella entrou na sala. "Okay, Isabella, hora de ir." Ela pegou umas bolsas e saiu.

E como se fosse deixa, o Índio passou pelo corredor da saca com algumas toras que serviam de lenha... para os olhos de Bella era tão grandes quanto um tlonco e o barulho de fogo creptando seria a última coisa que ela ouviria antes de ser queimada junto com as toras. Tinha apenas uma esperança para escapar do Índio. Ela gritou com sua última respiração, "Jacob!" Enquanto seu pai chegou para pegá-la, ela lutava para ele não agarrá-la, suas pernas geladas chutando. No último instante, antes que ela fosse pega pelo casaco por seu pai, uma forte mão agarrou seu pulso escorregadio.

"Segure firme, peguei você!" Os dedos dele, de Jake, apertaram-se, tentando segurar as mãos ensopadas dela enquanto ela lentamente escorregava por entre seus dedos. Jacob torceu o corpo e empurrou seu braço através do buraco de vidro até os ombros. Ele não podia perdê-la ainda, tinha acabado de conhecê-la! Se ao menos ele pudesse parar o horrível gigante que estava ameaçando roubar sua amiga para longe.

Bella assustou-se quando sua mão escorregou um pouco mais da mão de Jake. "Não consigo segurar!" Ela gritou quando seu pai conseguiu agarrar sua perna. Debateu-se e se puxou, agarrando a mão do amigo próxima da bochecha. "Obrigada por tentar me salvar... mas é tarde demais." Ela beijou a mão dele e a soltou. Não podia puxá-lo pelo ralo abaixo junto com ela. "Por favor, lembre-se de mim!"

"Eu nunca poderei esquecer você!" Não! Ela não podia desaparecer tão cedo! Alcançando dentro da sua manga, ele jogou sua propriedade mais preciosa para Bella. "Rápido, use isso para abater o gigante!" Ele berrou enquanto caía para o chão novamente.

Ela pegou o pequeno pião de madeira e o tacou, mirando no pé de seu pai. Para sua maravilha, aquilo fez seu pai soltá-la e começar a pular em um pé só pela sala. Um brilhante sorriso iluminou seu rosto. "Jake, funcionou!" Ela ficou de pé e olhou pela janela. O menino estava deitado no solo, olhando para ela, um sorriso feliz emplastrado na face quando viu a menina sorrindo de volta. Graças a Deus! A bonita, suja e emaranhada menina Bella estava salva!

"Vá perto da árvore!" Ela gritou para ele, como uma Rapunzel de verdade. Então ela desapareceu.

Seu coração estava batendo rápido em seu peito, Bella, depois de gritar desculpas para seu pai, preparou-se para encontrar o bravo príncipe que a havia salvo! Cuidadosamente abriu a porta da frente. Agachado sobre o chão estava um menino com um longo e emaranhado cabelo, preto como a noite. Os olhos dele a encaravam felizes, negras bolas de gude sob a luz do sol poente. Ele estava vestido todo de vermelho, como o pequeno e valente príncipe no livro de história. O vento soprou através das cortinas de sua janela aberta.

Uau... ele pensou, ela era realmente bonita. Ela estava vestindo um vestido verde claro com um estranho casaco que tinha um pônei rosa galopando na frente, devia ser o brasão da tribo dela, ele pensou enquanto levantava-se e curvava-se como sua mãe havia lhe ensinado. O cabelo dela era mais marrom que o mais caro chocolate, e era ondulado nas pontas.

Bella curvou-se também... ainda sorrindo. Ela saltou para frente e jogou os braços ao redor do seu salvador. "Obrigada por me salvar!" Abraçando-o, ela o sentiu envolver os braços ao redor do seu corpo magricela e a abraçar apertado. Rindo, ele girou com ela nos braços.

"Você está salva, estou tão feliz!" Ele finalmente a colocou no chão e sentou-se perto dela. Repentinamente lembrou-se que tinha perdido o pião... sua face enrugou-se e algumas lágrimas grandes escorregaram.

Bella assustou-se. "Jake, o que houve?"

"Eu perdi meu pião... era meu brinquedo favorito." Ele começou a soluçar.

Bella lançou os braços ao redor dele. "Não se preocupe! Vou lhe dar meu brinquedo favorito, porque você me salvou." Ela levantou-se e vasculhou nos bolsos. Sentando na terra novamente, ela voltou-se para o menino soluçando, a mão apertada ao redor do item mais precioso que tinha.

Ele fungou, triste, mas curioso sobre o que ela estava segurando.

"Este é a minha fita de cabelo favorita." Ela sussurrou, sentando em frente ao príncipe triste. "Eu a fiz, vê como é entrelaçada? Eu fiz isso com meus próprios dedos." Ela a ergueu, um fio vermelho escuro enrolado ao redor da mão. Ela esticou-se e amarrou uma ponta ao redor do mindinho dele e a outra ponta no próprio dedo. "Agora somos almas gêmeas!" Ela exclamou enquanto segurava o fio vermelho entre eles. "Não importa aonde você for, seremos capazes de encontrar um ao outro!"

Jacob olhou para o precioso presente, era milhões de vezes melhor que um pião velho! Ele esticou-se e segurou a mão de Bella com a sua. Nunca imaginou que alguém como ela fosse dar algo tão especial para alguém como ele! Inclinou-se para frente e pressionou a sua boca contra a dela como tinha visto sua mãe fazer com seu pai. Sentou-se sobre os calcanhares e disse, "Amo você!" Ajudou a menina a levantar-se. "Venha comigo, não volte para o poço! Se você vier comigo, sempre protegerei você! E sempre amarei você!"

Bella ergueu-se. "Okay! Mas e meus pais? Se eu não voltar antes do jantar, minha mãe e meu pai vão ficar muito bravos!"

Jacob agachou-se. "Suba nas minhas costas, vou carregar você." Juntos correram pela terra e fizeram uma louca corrida até o quarto dele. O coração de Kagome estava batendo como doido enquanto ele sorria para ela.

Ele estava tão feliz! Que pessoa maravilhosa ele tinha encontrado. O fio vermelho que os conectava balançava enquanto respiravam fundo. Repentinamente, uma luz invadiu o quarto e Jacob gritou. "Bella, a Mama, atrás de você!"

Bella olhou por sobre os ombros, para ver sua mãe atrás dela, enquanto Jake começou a correr para fora do quarto, driblando a Mama. Bella seguiu quando o fio esticou-se. Jacob a puxou para fora da casa e os dois se esconderam atrás de um carro de polícia.

Olharam um para o outro em perfeito entendimento. Contaram silenciosamente até três e correram para longe quando a Mama surgiu atrás deles. Jacob alcançou o outro lado do carro, mas sentiu o fio apertar-se dolorosamente ao redor do dedo. Olhando para trás, viu Bella ser puxada pela Mama. "Jake!", ela berrou. "Lembre-se, eu amo você também!" O fio vermelho escorregou do dedinho dela, enquanto era puxada para dentro do carro.

Ele gritou para cima com lágrimas nos olhos. "Eu amei você primeiro!" Então Bella havia sumido e a face de sua própria mãe apareceu acima dele. Tinha sido um sonho? Olhou para o dedo enquanto sua mãe o banhava em perguntas. O fio vermelho escuro balançava, ainda ligada ao seu mindinho. Rapidamente, ele amarrou as pontas e deslizou o laço ao redor da cabeça e passou um braço através, de forma que isso passasse através do seu ombro direito e sob seu braço esquerdo. Ele tinha que voltar para ela! Debatendo-se nos braços da mãe ele saltou para o chão e começou a correr na direção do carro que já estava longe. Ela o catou no meio do caminho. "Não, Jacob... você não pode correr atrás de um carro.", ela riu suavemente.

"Mas, Mãe!"

"Mas prometa que não vai correr atrás de carros na estrada de novo, você promete?" Ela o segurou apertadamente contra os ombros.

Lágrimas nos olhos, ele concordou com a cabeça, passando o dedo sobre o fio ao redor dele e disse, "Sim, mamãe. Eu prometo..." Olhando por sobre os ombros da mãe, sussurrou, "Tchau por enquanto, Bella... vou encontrar você de novo, não se preocupe!"

Anos mais tarde, bem depois de Jacob ter reencontrado Bella, até mesmo depois de ter descoberto que era um lobisomem... ele soube que era a menininha que ele tinha salvo há tanto tempo atrás... esta é a verdadeira razão porque Jacob se apaixonou por Bella. Ele sabia que ela era aquela que ele tinha amado primeiro...