cause you promised him your soul
As palavras nunca fizeram sentido desde então. Não inteiramente. Tudo parecia apenas um emaranhado de amenidades e bobeiras sem importância. Sem importância. Sem. Importância.
Ginny queria apenas crescer e ter seus sonhos realizados. Queria provar para o mundo o seu potencial. Queria tudo e ao mesmo tempo nada. E o futuro parecia tão dourado e revigorante quanto o seu sorriso esperançoso ao embarcar no Expresso de Hogwarts pela primeira vez. Ela estava lá, tímida de início, mas absolutamente encantada ao conhecer seus novos colegas. Era uma perspectiva que esperava há onze anos. Crescera entre indas e vindas de seus irmãos, cartas com o selo da escola de magia, compra de materiais, feitiços incríveis.
E Tom Riddle fez de tudo uma névoa irreal.
No fundo, ela sempre soube. Não era apenas um confidente. Afinal, tudo que ela contava a ele - eram mesmo seus desejos? Muito tempo mais tarde, ela percebeu que o que a fazia feliz não era contar seus segredos a alguém, e sim o alguém para quem contava. E isso estava se tornando algo ruim - para ela -, mesmo que à época não parecesse.
Tornou-se impossível, então. E ela só notou o quão irreversível tudo era quando viu o vermelho de seu sangue se misturando com o vermelho de seus cabelos. Ambos brilhavam, afinal. E ela via o reflexo do vermelho nos olhos famintos de Tom Riddle enquanto jazia no chão, entre visões enevoadas e perda de sentidos. Ainda assim, sentia seu coração bater. Por ele. Não era amor, nunca foi. E nunca seria. Mas era definitivamente uma obsessão. Obsessão por alguém que lhe arrancara todos os seus sonhos juvenis e lhe afogava entre transes e gotas de sangue e avisos na parede e confissões e lágrimas e serpentes entalhadas em torneiras...
Ele foi, de fato. E o negro de seus cabelos parecia tão propício para o vermelho dos seus.
E tudo que ela via era contornado por traços de preto e vermelho, em uma escuridão que jamais a deixou.
