Pare e olhe para trás. Vê alguém? Não?

Que bom. Continue.

...

Afinal, você não iria gostar que mais ninguém visse o que vem a seguir, não é?

A Guerra Secreta

Essa guerra já durava alguns séculos. E não, não estou sendo impreciso. Estou relatando os fatos com a precisão de que sou capaz no momento. E sim, estou ciente de que alguns séculos não é, de maneira alguma, algo a ser considerado preciso, mas acredito que compreenderás, já que se trata do conflito mais secreto e duradouro da humanidade. A ele são atribuídos inúmeros supostos "acidentes", resultados de conflitos entre forças armadas muito superiores às compreensíveis pela humanidade.

E se esse conflito é tão secreto e tão misterioso, talvez você se pergunte como eu fiquei sabendo dele. Ora... Porque, um belo dia, o Imperador do Norte e a Legião pediram reforços.

Uma forma ovóide se abriu, revelando um garoto de cabelos brancos, vendado, sendo escoltado por duas figuras... insólitas...

- Seja bem vindo, N... – disse uma voz profunda e quase assustadora – Peço desculpas pela grosseria de ter que lhe vendar os olhos, mas minha base de operações é bastante secreta.

- Você é... Kira? – perguntou Nate River, mais conhecido como Near, com certo receio.

- Acredite... Existem horas em que eu gostaria de poder destruir o Gordo de maneira tão simples. Mas infelizmente, as coisas não funcionam assim e é por isso que eu o recrutei.

- Recrutar e seqüestrar tem significados diametralmente opostos, bem entendido.

- É verdade, talvez tenha me expressado mal. Mas digamos que eu tenho um trato para propor a você. Mediante sua ajuda e cooperação, eu poderei lhe fornecer uma quantidade imensurável dos melhores chocolates de todo o mundo. O que me diz?

Near arqueou as sobrancelhas. E apesar da venda, piscou. Talvez não tivesse ouvido direito.

- Ahem. Trata-se de uma proposta tentadora, senhor...

- Paskha. É o meu título, acredito que não haja fonemas no idioma japonês para pronunciar meu nome corretamente.

- Senhor Paskha, então... Tenho certeza de que se trata de uma proposta tentadora, mas... Chocolates?

- Algum problema com chocolates? – perguntou Paskha, a voz subitamente mais fria.

- Problema algum, fora o fato de que não deixa de ser curioso vocês estarem me oferecendo... Chocolates, quando meu melhor amigo é um chocólatra notório.

- O que? – Se a voz de antes era mais fria, a de agora se tratava de uma nova era glacial – TRAGAM-ME OS RELATÓRIOS SOBRE ESSE INDIVÍDUO, AGORA!!! E TORÇAM PARA QUE ELE SEJA A PESSOA CERTA!!!

Near ouviu com certa incredulidade pequenos estalos a sua volta como... pequenas patas?

...

O que estava acontecendo aqui?

- Tudo correndo como o esperado, mestre Mello? – perguntou um homenzinho baixo e barbudo.

- Evidente. Planejei tudo nos mínimos detalhes e tive muito mais tempo do que aquele desgraçado. Não foi difícil hackear a rede de computadores deles e substituir meus dados pelos de Near.

- Uma idéia deveras infantil acreditar que alguém como o senhor – agora a voz vinha de um homem alto e gordo, uma voz macia e tranqüila, de alguém que já viveu muitos anos – seria seduzido pela oferta de meros chocolates belgas e suíços em abundância.

- Hei, não torne isso mais difícil. – disse Mello, num ótimo humor – Mas, se você analisar bem, eu saio no lucro com a possibilidade de poder ganhar praticamente qualquer coisa, não é?

- Basta ser um bom menino.

- E de acordo com a cláusula quatro, nada de meias.

- Hohoho, é claro, nada de meias. Agora... Podemos mandar os bombardeiros?

- Olha só quem parece uma criança na manhã de Natal! – realmente, Mello estava com um ÓTIMO humor – Vá em frente, elas só obedecem ao senhor mesmo.

- Senhor não, querido Mello. Pode me chamar de Claus.

Mello estremeceu e fez uma anotação mental para bloquear a lareira de seu quarto enquanto o homem gordo pegava um microfone, estendido pelo homenzinho barbudo.

- PREPAREM-SE! Rudolph, Dasher, Dancer, Prancer, Vixen, Blitzen, Comet, Cupid, Donner! ADIANTE!!!

- Ou seja, você é Nate River. – voltou a dizer a voz profunda, após longos instantes de resmungos, e folhas de papel sendo violentamente manuseadas.

- Isso.

- Responsável pela SPK, criada para capturar o criminoso Kira.

- Exato.

- E seu codinome é M...

- N...

- Foi o que eu disse, M...

- N. Meu codinome é N...

- N?

- Sim, N. Como em... Nariz.

Near estava começando a ficar irritado com tudo aquilo. Não tinha cara de ser uma armação de Kira, isso era mais do que evidente. Além do mais, para que usar o Death Note para matar alguém que havia sido seqüestrado?

- QUEM FOI O PASPALHO QUE DIGITOU ESSA JOÇA AQUI!?!? COMO RAIOS EU POSSO VENCER A GUERRA CONTRA O VERMELHÃO SE VOCÊS NÃO SÃO CAPAZES DE DIGITAR CERTO!?!?

"Guerra contra o vermelhão?" – Near tentou imaginar porque cargas d'água ele seria de alguma utilidade contra frieiras e pruridos, mas viu-se incapaz de compreender a idéia.

- VOCÊS SEQUESTRARAM A PESSOA ERRADA!!!! aaarrrggghhh!!!!

Nisso, começaram as explosões.

- Você colocou um localizador remoto em Near, então, querido Mello?

- Sim. Convenientemente, ganhei um desses de Natal.

- Para os bons meninos, todo dia pode ser um dia de Natal. – e o homem gordo piscou, fazendo Mello imaginar se não teria se metido numa roubada daquelas.

Near abriu os olhos, aparentemente livre da venda. Estava deitado de costas no chão e seus guardas, bem como Paskha, haviam sumido.

- Onde eu estou? – disse em voz alta, sem se importar o quão estranho aquilo soaria, visto que estava sozinho.

- Numa das fortalezas secretas da Legião de Paskha. Que, aparentemente, não é mais tão secreta e acaba de ser bombardeada.

O garoto olhou para o lado, reconhecendo a voz de paskha e viu... Um coelho.

Coelho. Paskha. Coelhinho Paskha.

Near gritou.

Fic escrita em humor natalino e upada só agora. Mea culpa. No próximo Natal, talvez haja uma revanche, digo, seqüência.

Talvez não em junho, mas enfim. Nunca fui bom com datas.

Favor apresentar requerimentos de indenizações por danos morais, materiais e mentais em três vias, por escrito.

E sim, é só por escrito.