Hey.

Well, a Jade me ameaçou de morte caso eu não postasse logo as minhas fanfics aqui no site, então aqui estou eu com uma SasuSaku que escrevi já faz algum tempo. É uma longfic, fez certo sucesso no Nyah e espero que a coisa se repita aqui também. ~apanha.

Acho que estou me tornando exigente demais pra gostar dessa fanfic como gostava quando a escrevi. Hoje, se fosse reescrevê-la, mudaria bastante coisa no texto. Mas ok, espero que vocês gostem, mesmo assim.

A capa da fanfic está no meu perfil, caso queiram dar uma olhada.

Enjoy. :*


01 – O Semáforo

"Como eu poderia acreditar que coisas como aquela aconteciam realmente?"

Os minúsculos e pálidos flocos de neve caíam lentamente, formando o esmaecido véu que desde o amanhecer cobria Tokyo. O único sopro humanamente quente que ainda restava dentro de meu corpo havia saído com um suspiro na forma de uma pequena nuvem de vapor. O hálito relutante da pequena chaminé em uma tarde fria, dissipando-se como um fantasma.

O relógio em meu pulso enluvado apitou enquanto eu praticamente corria pela calçada, esgueirando-me cuidadosamente dos ombros dos que passavam por mim. A última baforada da chaminé se fora quando percebi que meu intervalo de almoço havia acabado naquele exato momento. Certamente, meu chefe nada paciente iria reclamar, e senti que meus ouvidos não estavam prontos para aquela ducha de arrogância.

Instantaneamente, apertei a bolsa de couro debaixo do braço, e minhas pernas iniciaram uma apressada corrida até a faixa de segurança mais próxima. Ainda faltavam duas grandiosas e atulhadas quadras. Perguntei-me por que havia escolhido aquelas botas de salto justo naquele dia, pois as agulhas debaixo de meus calcanhares ameaçavam quebrar a cada forçosa curva em que eu quase despencava.

"Sakura, você poderia ser mágica agora." — reclamei comigo mesma, imaginando o quão maravilhoso seria desaparecer daquela calçada e surgir milagrosamente dentro da maldita loja.

O cachecol rosado desprendeu-se de meu pescoço devido à corrida desajeitada, e antes que pudesse voar para longe, eu o pesquei no ar. Não, aquilo não iria me atrasar ainda mais. O semáforo havia aberto no exato momento em que eu coloquei o pé na faixa de segurança. A multidão de Tokyo parecia ter escolhido aquele único momento para atravessar a rua, e àquela altura eu já não tinha fôlego para suspirar ou reclamar. Munida de pedidos bem rápidos de desculpas aos que eu acabava empurrando, mergulhei no grupo falante de transeuntes. Eram apenas rostos desconhecidos para mim, até o momento em que eu o vi.

Alguém havia aberto o livro de conto de fadas, não é? Alguém havia libertado o príncipe das páginas amareladas,eu tive certeza.

O desconhecido mais conhecido que eu já vira em toda a minha vida, o homem perfeito com quem toda mulher já sonhou um dia. Ele, o intocável na mais bela forma humana. Eu simplesmente parei, deixando que as pessoas apressadas chocassem seus ombros contra os meus. O tempo havia parado, e eu apenas desejei desfrutar daquele deleite.

Eu sempre havia imaginado que aquelas coisas — mágicas? — não aconteciam com pessoas reais, de carne e osso. Eram apenas fantasias absurdas, sonhos que jamais chegariam perto da realidade, devaneios de adolescente. E dolorosamente, eu havia sentido o estalo da luva de pelica em meu rosto.

Ele caminhava na minha direção, acuando-me com sua beleza pálida e sombria, incapacitando-me de pensar. Seus olhos negros, profundos, tão perigosos quanto um poço sem fundo, ameaçando encontrar os meus a qualquer momento. Em câmera lenta, eu percebi como seus cabelos negros e desalinhados balançavam docemente enquanto ele caminhava, tão ou mais elegante que o movimento das folhas de outono agitadas pela brisa. Seu rosto de marfim impecável, sem qualquer traço que revelasse a mortal humanidade. Era alto, pois seus ombros debaixo do longo sobretudo negro estavam acima da maioria dos outros ombros.

Era lindo, feito uma pintura cara – algo que eu não poderia ter.

"Reaja, sua imbecil." — algo gritou dentro de mim, mas meu corpo não escutou. Estava absorto e envenenado pela visão dos céus.

As pessoas esvaziavam a faixa de segurança, e eu simplesmente não havia percebido que era a única estúpida plantada no meio dela. Ele havia passado ao meu lado e alcançado a outra calçada. Um tufo de vento gélido devia ter me chacoalhado, revirando meus curtos cabelos cor-de-rosa — que sempre foram motivo de olhares tortos —, pois senti como se uma mão de gelo tivesse tocado minha nuca por alguns segundos, e foi então que eu despertei.

Carros passavam por mim, buzinando ferozmente. Eu jamais havia me sentido tão estúpida e infantil como naquele momento, tão minimizada por um homem. Porque ele era tudo, e eu o frágil nada.

— Saia da frente, sua retardada! — gritou um motorista grosseiro.

Meu corpo preparou-se para entrar na defensiva e correr até o outro lado da faixa, quando percebi aquele par de olhos negros caírem sobre mim. O pobre coração em meu peito vacilou, ameaçando parar. Meu estômago sofreu o impacto de um murro violento ao mesmo tempo em que borboletas agitavam-se ali dentro. Quase insuportável, derradeiramente doce.

Seus olhos fitaram-me profundos por alguns segundos — que para mim se pareceram horas — e então uma suave e inclinada curva brotou no canto de seus lábios sem cor. Um sorriso malicioso.

— Alguém chame a polícia! — gritou outro motorista, e quando voltei a piscar os olhos, aquele príncipe sombrio havia desaparecido.

Auxiliada pelo repentino impulso que me fez sair dali, corri para a calçada. A multidão novamente envolveu-me, aquele mar falante de rostos desbotados. Meu coração ainda palpitava terrivelmente, e eu pus minhas mãos trêmulas sobre o peito encasacado.

O que havia acontecido ali?

"E a partir daquele momento, eu soube que meu próprio conto de fadas começaria."