"MUCH WORSE GAMES TO PLAY"

Prólogo

Liberdade. Uma das palavras mais contraditórias e desconhecidas por todos os cidadãos de Panem. Alguns acreditaram nela por um breve momento, e eu gostaria de estar viva nesta época para ao menos poder me alimentar deste último fragmento de esperança e vitória pairando sobre nossos distritos, porque agora temos nossos pés grampeados no chão.

Meu nome é Josceline Reingard e minhas mãos estão coberta de sangue em todos os sentidos – seja literal, ou não.

Eu tenho apenas 16 anos, e nasci e fui criada na região da Magnólia no Distrito 4. As coisas costumavam ser muito boas por aqui antigamente... Os "anos dourados". Tudo o que sei sobre essa época aprendi na escola, que ainda está em pé por conseguir ser nutrida por nosso passado. Eu me encanto com as imagens que vejo nas fotografias e filmagens de nosso antigo Distrito, no período da Capital, simplesmente por compará-las com as imagens enfadonhas e sombrias que todos nós capturamos diariamente.

No momento trabalho em um botequim cuja freguesia se baseia em pacificadores estrangeiros que vêm à procura de minérios e riquezas, embora afirmem que é apenas para "revistar" nossa situação. A ideia de trabalhar para servi-los é repugnante, devo admitir, mas como as coisas não andam fáceis (principalmente para quem tem a mesma ideia que eu), a minha única opção foi "aceitar" o trabalho. Eu colaboro na pesca para as refeições, ao lado de meu tio Marcus, que também é meu chefe, e pai adotivo após a morte de meus pais (Marcus e Adila, sua esposa, passaram a tomar conta de mim desde então)

Além do trabalho, participo de um grupo contra pacificadores estrangeiros e estrangeiros. Antigamente, achariam errado e xenofóbico de nossa parte... Mas após ataques consecutivos de diversos distritos diferentes, nós tivemos que nos armar contra eles também.

Por enquanto eu apenas atuo na parte teórica, embora conseguisse algumas vezes me infiltrar na equipe prática e ter matado alguns militares a sangue frio, mas acabei sendo punida pelo nosso líder, soldado Gangler Rivers, cujo também foi quem me recrutou para o grupo após tentar me "salvar" de atentado a tiroteios de pacificadores do Distrito 8. Ele acabou impressionado ao saber que uma garota raquítica em seus 14 anos possuía coragem o suficiente para guardar granadas caseiras em sua mala escolar, e me ofereceu apoio para treinar com seu grupo.

Ele chamou aquilo de coragem. Eu ainda chamo de precaução.

Naquela época eu acreditava que minha vida não poderia piorar. Agora, aos 16, às vezes penso que seria melhor caso ela permanecesse assim, pois as notícias que andamos recebendo não são nem um pouco motivadoras. A tempestade final está por vir, e temo que todos nós teremos de enfrentá-la.