Olá ~
Estou aqui com uma fanfic especial de Dia dos Pais. Não é bem o que parece ser, mas acho que ficou bem simpática. Espero que todos, não só os papais, tenham aproveitado essa data! Enfim... Boa leitura!
He is not my son! – A Bleach fanfic.
Autora: Carol Elric
X-X
- Ichigo, eu quero ver esse tal de parque de diversões – Exclamou Rukia.
Numa manhã de sábado, a última coisa que Kurosaki Ichigo desejava era sair de casa. A semana passada fora cheia de provas e trabalhos, o que havia deixado o ruivo exausto. A única coisa que desejava era tirar aquele dia para descansar. Infelizmente, Rukia não compartilhava sua ideia. A pequena moça havia visto os anúncios de que um novo parque de diversões se instalaria em Karakura. Desde então, ela não falou em outro assunto. Fizera inúmeras perguntas a respeito do "tal parque" e para piorar a situação do Shinigami Daiko, ela insistira em conhecer o local.
- Não mesmo. Por que não vai sozinha?
- Assim não tem graça! – Retrucou.
- Claro que tem! O parque vai continuar do mesmo jeito mesmo que eu não vá.
- Mas preciso de alguém para perguntar algo que eu não saiba! – Protestou.
- Pergunte a um funcionário – Resmungou de mau humor.
- Não tem graça... – Repetiu.
- Pare de tagarelar aí e vá logo!
A baixinha sentiu o rosto arder de tanta raiva. Fechou os punhos e golpeou com toda a força que tinha o estômago de seu interlocutor. O ruivo fez uma careta de dor e respondeu com a voz embargada:
- Tudo bem. Eu queria mesmo ver quais eram os brinquedos desse parque.
Rukia deu um sorriso triunfante e prometeu que não demoraria para se arrumar.
- Realmente não acredito que concordei com isso – Reclamou Ichigo pela décima vez consecutiva.
Por mais que ele protestasse, a pequena Kuchiki nem reparava. Estava maravilhada com o que via: rodas-gigantes, barraquinhas vendendo vários tipos de comida, brinquedos tão altos que ela não sabia o nome e muitas pessoas se divertindo.
- Isso é tão diferente... Nem parece o Mundo Real. Nunca vi tanta gente se divertindo assim.
- Não diga essas besteiras. Eu estaria me divertindo muito mais em casa!
- Por que você protestou tanto para não vir, hein? – Indagou.
- Estou cansado.
- Está é mentindo!
- Não estou! – Exclamou.
- É por causa daquela história de Dia dos Pais? – A pequena perguntou.
- Tsc... – Limitou-se a responder.
Estava óbvio de que era esse o motivo. Isshin havia combinado com as filhas mais novas de que comemorariam a data no parque. Ichigo, que preferia dispensar as extravagâncias do pai, decidira ficar em casa alegando a desculpa de "cansaço pós-provas".
- Você devia aproveitar essas ocasiões – Rukia disse, o encarando com seriedade.
O ruivo fez uma leve careta de susto quando a viu com aquela expressão. Odiava quando era repreendido por algo que tinha certeza de estar certo.
- Até parece que você não conhece meu pai.
- Ele é divertido e gosta muito de você.
- Ele tem problemas mentais graves. É diferente.
A morena balançou a cabeça e desviou o olhar do rapaz. Parecia decepcionada com algo.
- O que há com você? – O Shinigami Daiko perguntou.
- Só não entendo como alguém que tem a oportunidade de ficar com sua família, prefere ficar em casa sem fazer nada.
- Olha, isso não... Ah, desculpe – Ele caiu em si e deteve-se antes de dizer algo de errado.
Até onde sabia, Rukia não conhecia o pai. A única família que tinha agora era Byakuya, mas ele não era tão presente quanto devia.
- Não diga bobagens. Não precisa se desculpar por nada – Resmungou, mas a sua expressão era de tristeza.
Ichigo sentia-se imensamente culpado por cometer aquele deslize. Tinha aquele ponto fraco: não suportava ver a shinigami daquela forma.
- Se quiser, nós podemos encontrá-los por aqui... – Disse, coçando a cabeça de maneira tão característica.
- Não pre–
- Por que se interrompeu?
- Ichigo, aquilo é um carrinho de bebê? – Indagou, apontando na direção norte.
De fato, quando caminharam até lá constataram que era mesmo o que pensavam. O mais estranho de tudo, era que havia um bebê dentro e nenhuma mãe por perto.
- Quem deixaria uma criança assim sozinha?
- Alguma mãe ou pai desnaturado – O ruivo resmungou. – É só entregá-lo para algum guarda do parque.
- Olha, Ichigo! Ele tem o cabelo cor de cenoura que nem o seu! – A morena constatou, olhando o pequenino de perto. – Podia até ser seu filho.
O rapaz corou violentamente.
- D-Do que está falando, sua doida? Como se eu tivesse idade para ter filhos!
Rukia sorriu ao ver aquela expressão de vergonha no rosto do outro.
- Quer dizer que nunca pensou em ter filhos?
- Você já? – Indagou surpreso.
- Claro! – Mas deteve-se ao revelar tanto entusiasmo. – Er... É normal, não? Acho que todo mundo sonha com isso, um pouco.
Ichigo estava com a testa franzida e o rosto corado. A Kuchiki não parecia nem um pouco com alguém que desejasse ter filhos ou algo assim. Isso era coisa para as mulheres normais. Por ter valor a vida, preferiu não exprimir seus pensamentos em palavras.
- Toma, segura o Júnior no colo! – De repente, Rukia jogou o pequeno garoto nos braços de Ichigo.
- Tá ficando maluca? Vão nos prender por sequestro! – Gritou.
Por sorte, as pessoas do parque estavam muito entretidas com os brinquedos para repararem na palavra "sequestro" dita com tamanha entonação.
- Deixa de ser exagerado. Estamos fazendo um favor para a mãe dele!
- Sequestrando o filho dela?
- Pare de dizer isso. Veja pelo lado bom: ao cuidar desse menininho, esse pode ser o seu primeiro dia dos pais!
Uma senhora que passava por eles, sacudiu a cabeça com veemência e sussurrou: "Meu Deus, tão jovens assim?"
Ichigo tornou a corar profundamente e se enfureceu.
- Esse menino não é meu filho e eu não vou cuidar dele! – Disse.
Tentou devolver a criança para o carrinho, mas o menino segurou o braço do rapaz com força. Os cabelos laranja eram revoltos e o deixavam com uma expressão de mau humor, o que parecia compatível com sua força repentina.
- Ei, até que você é bem forte... Até que se parece um pouco comigo – Sussurrou.
- Olha, já está se afeiçoando a ele!
- Do que está falando? Para com isso! E você aí, não me olhe assim! – Gritou com o bebê que o olhava com uma expressão de divertimento.
- Parece que ambos se darão muito bem – Rukia riu.
- Quieta, sua maldita! Para de me olhar assim, garoto!
- Estou cansado de carregar esse carrinho – Resmungou Ichigo.
- Está cansado de carregar seu próprio filho?
Várias pessoas que passavam por eles estavam olhando e cochichando sobre aquela estranha cena, o que deixava o ruivo ainda mais constrangido.
- Ele não é meu filho! Quer parar de dizer isso? Você já não está tornando a minha vida um inferno suficiente?
- Essa é sua chance de entender como um pai se sente – Retrucou.
- Não quero saber como um pai se sente – Disse, virando-se para a moça de cabelos negros.
- Ah, imagine se seu pai tivesse dito isso para você, quando nasceu! – A garota apontou para ele, num tom ameaçador.
Dessa vez, Ichigo foi pego de surpresa. Tentou retrucar, mas não lhe vinham palavras à mente.
- Isso... Isso... Não tem nada a ver!
- Claro que tem, Ichigo. Você deve ser grato ao seu pai por não ter jogado num carrinho de bebê no meio do parque.
- Notou que isso não teve muito sentido, né? – Indagou, quase rindo.
Rukia, em vez de lhe dar um soco, sorriu docemente. O rapaz estranhou o fato, mas sentiu-se aliviado com o fato dela não estar brava. Ela tinha razão, mesmo que não quisesse admitir. Devia ser grato pelo pai (mesmo sendo um desequilibrado), ter cuidado dele por todo aquele tempo.
- Mesmo com essas medidas extremas, você sempre soube o que dizer.
Foi a vez da pequena shinigami corar.
- Do que está falando, seu bobo? Eu sempre sei o que dizer – E o fitou ternamente, de maneira quase inconsciente.
Ele assanhou os cabelos negros de Rukia, mas antes que pudesse recolher a mão, a garota puxou seu braço com extrema força. Estando muito próximos, o rapaz já conseguia sentir o hálito quente da outra soprando com delicadeza em seu rosto, fazendo-o se arrepiar.
- Feliz Dia dos Pais, Ichigo – Sussurrou, o puxando para mais perto e o selando com um beijo.
Os lábios da morena eram ávidos, o que não condizia com sua aparência delicada. Se não estivesse tão desnorteado e dominado, Ichigo teria achado aquilo tudo muito estranho, mas não teria oferecido resistência. Não poderia negar o que sentia, mas nunca imaginou que tais acontecimentos se concretizassem... Ainda mais no Dia dos Pais. A moça tinha um ritmo incansável, o que deixava o rapaz ainda mais zonzo e em êxtase. Seus pensamentos se embaralharam, até que nada mais fazia sentido. Não ligou para o que as pessoas poderiam pensar quando os vissem assim com um carrinho de bebê do lado. Apenas concentrou-se em acompanhar o ritmo da garota.
Separaram-se depois de alguns minutos. Pareciam ainda surpresos com aquela atitude inesperada, até a própria Rukia que tomara a iniciativa. Ichigo a encarou, muito encabulado, mas decidiu desviar o olhar antes que ela o retribuísse. Iria olhar para onde estava o Júnior, mas ficou horrorizado quando constatou que não havia Júnior nenhum. O carrinho havia sumido!
- Rukia!
A morena arregalou os olhos quando percebeu que o pequeno não estava mais onde haviam deixado.
- Sequestraram a criança que seqüestramos! – Exclamou Ichigo.
- Para com isso! Não o seqüestramos! Viu? É tudo culpa sua!
- Minha? Foi você que me agarrou sem aviso! – Já estava corando de novo.
- E você achou ruim? Então pronto! Vamos procurar pelo Júnior.
Tendo dito isso, ambos começaram a esquadrinhar o parque em busca da criança perdida. O ruivo sentia-se incrivelmente culpado por abandonar o garoto daquela forma... Mas diante os tais acontecimentos passados, não havia como evitar!
Andaram durante longos minutos, mas o pequeno ruivo não foi encontrado.
- Aquele maldito... Onde se meteu? – Indagou-se, olhando para os lados.
- Ichigo! – Rukia exclamou. – Olha ali.
O rapaz voltou-se para olhar e viu uma mulher morena com um carrinho de bebê que era idêntico ao que estavam procurando. Era a mãe do Júnior.
- Vamos até lá.
- Ei... Que? Não!
Mas a moça não ouviu os protestos. O arrastou pelo braço e chamou a atenção da mulher com o carrinho.
- Oi, dá licença. Nós encontramos o seu filho na ala da roda gigante. Ele estava sozinho e cuidamos dele até que a senhora o encontrasse, há alguns minutos.
- Ah, sim! – Respondeu com um sorriso. – Ele estava mesmo perto de um casalzinho lindo. Agora vejo que são vocês.
O ruivo já ia protestar dizendo que não eram um casal, mas preferiu escutar o que a mãe tinha a dizer.
- Eu estava comprando algumas coisas em uma barraquinha do lado e num minuto ele sumiu!
Ichigo aproximou-se da shinigami e sussurrou em seu ouvido.
- Não disse? Nós o seqüestramos!
A garota decidiu ignorar e continuou.
- Esse rapaz aqui tratou seu filho como um verdadeiro pai. Meio descuidado, mas acho que ele se afeiçoou ao menino.
A mãe sorriu.
- Então você pode se despedir dele. Já estamos indo embora.
Rukia puxou o Shinigami Daiko pelo braço e o levou diante da criança.
- Vamos lá.
- Para com isso! Eu nem olhei para esse menino.
- Deixe de birra. Você mesmo assim parece ter gostado dele. Despeça-se! – E a morena o retirou no carrinho e entregou nos braços fortes do outro.
Ichigo olhou para sua versão em miniatura e tentou dar um sorriso, mas saiu algo muito assustador.
- Então... É... A gente se vê por aí, baixinho.
O bebê riu daquela expressão e moveu os lábios levemente até formar uma palavra.
- Papá...
O rapaz arregalou os olhos, mas por fim deu um sorriso sincero. Era uma sensação estranha que estava em seu peito... Era quente e parecia estar se espalhando. Assanhou os cabelos revoltos do menino e o devolveu para a mãe. Assim que ambos saíram, o ruivo virou-se para a companheira.
- Pronto, missão cumprida.
- Estou orgulhosa de você! Virou um verdadeiro papai! – Disse entre um riso.
- Pode rir quanto quiser. Esse garoto ainda vai ser alguém de quem vou ouvir falar!
A moça deu uma cotovelada "carinhosa" no estômago dele.
- Aposto que sim, papá. Vamos, temos que encontrar o seu pai.
Ichigo revirou os olhos, mas não estava realmente irritado. Por incrível que pareça, aquela breve experiência o havia ensinado muitas coisas. Uma delas é de que não queria ser pai tão cedo! Deixaria toda a dor de cabeça para Isshin por alguns longos anos...
FIM
Espero que tenham gostado! Peço para que comentem. Mesmo se você não tiver conta, pode deixar review. Obrigada por terem lido e até a próxima ~
