Nome da fic: Talvez o amor...
Autora: Sheyla Snape.
Beta: Gabrielle Briant.
Censura: 14 anos.
Shipper: Severo Snape/ Hermione Granger
Gênero: Angst, Drama, Romance.
Spoilers: HBP.
Resumo: Preso, Severo Snape pensa em como se manter são. Talvez o amor possa ajudá-lo.
Notas: A música é Perhaps Love do John Denver & Placido Domingo, sempre adorei a letra, mas só de última hora saiu essa song fofinha. Espero que gostem.
Agradecimentos: À minha irmã-beta-comensal, Gabrielle, cujas ameaças... Quero dizer..., cujo incentivo me ajudou a escrever essa fic! E claro a todas as meninas do Snapetes, amo todas!!
Disclaimer: Todos os personagens que você consegue reconhecer são de JKR, os outros são meus.
Esta fic faz parte do SnapeFest 2007, uma iniciativa do grupo SnapeFest.
Talvez o amor...
By Sheyla Snape
Talvez o amor seja como um local de descanso,
Um abrigo da tempestade
Ele existe para te oferecer conforto,
Ele está lá para te manter aquecido
Eram em momentos como aquele... momentos de pura solidão e tristeza que as palavras de seu antigo mestre lhe vinham à mente... que o discurso incessante de Alvo Dumbledore sobre o amor e como ele salvaria a todos das trevas parecia vivo em seus pensamentos. Tão vivo e intenso quanto o brilho que os olhos azuis do velho bruxo. Mas infelizmente ele, Severo Snape não foi feito para amar... por mais que ela dissesse o contrário, ele nunca mereceria o amor de ninguém.
Ele era uma criatura das trevas, sempre fora! E todos aqueles que um dia se atreveram a amá-lo terminaram machucados ou simplesmente... mortos! Incluindo o próprio homem que tanto tentou mostrar-lhe um caminho diferente, que lhe deu o mais sincero voto de confiança, que tentou fazê-lo acreditar na força do amor.
"Por que então ela mantinha aquele brilho irritantemente apaixonado na direção dele quando se encontraram na corte para o seu pré-julgamento? Como, em nome de Salazar, ela ainda tinha coragem de vê-lo? Principalmente ali!"
Severo Snape estava deitado em uma desconfortável cama de palha. Os braços cruzados sob a cabeça, o corpo magro descansando de qualquer jeito sobre o leito, os olhos perdidos na escuridão da noite enquanto o frio era cada vez mais intenso naquele quarto de pedra.
E naqueles tempos de dificuldade
Quando você está na maior parte sozinho,
A lembrança do amor vai te trazer para casa.
Por mais que não quisesse admitir, sentia falta dela. Dos olhos... sempre alegres e confiantes. Do sorriso... leve e tímido, sempre estampado no rosto quando o via. Das mãos... pequenas e frágeis, que incrivelmente mostravam-se fortes, determinadas e precisas quanto necessário. Ele não se importou em suspirar à lembrança do calor que o corpo dela tinha ao tocar o dele. A sensação era presente, mesmo naquele lugar tão frio, úmido... solitário.
Era como voltar pra casa. Lembrar dela era como... estar vivo mesmo pelos poucos segundos que o pensamento durasse. Mesmo que tais lembranças trouxessem o frio para mais próximo dele, intensificando e deixando quase insuportável a certeza de que não a veria mais!
Ainda assim ele sentia-se em casa... ainda que só em sua mente.
Talvez o amor seja como uma janela,
Talvez uma porta aberta,
Ele te convida para chegar mais perto,
Ele quer te mostrar mais
Saber como tudo aquilo começou, como ele se deixou render, ele realmente não sabia! Lutara! Sim, mais do que qualquer tolo Grifinório lutaria por uma idéia absurda de honra e justiça, ele lutara para não se entregar àquele sentimento... e perdera miseravelmente.
Era estranho, mas, agora, ele sentia-se feliz por ter aquelas lembranças.
A cela em que ele estava não tinha qualquer abertura, exceto a pesada porta de ferro pela qual ele entrara. Mas ele sentia como se, ao lembrar dela, uma janela invisível lhe mostrasse o horizonte ensolarado fora daqueles muros. Como se o calor e o cheiro inebriante dela o convidasse a sair dali, a chegar mais perto e tomá-la mais uma vez com toda paixão e desejo com a qual sempre se amavam.
E mesmo se você perder a si mesmo e não souber o que fazer,
A lembrança do amor vai te acompanhar.
Ele sabia que era um homem amaldiçoado, um ser tomado pela escuridão desde a mais tenra infância. Por mais que ele tenha lutado contra isso durante algum tempo de sua juventude, era seu destino, sua sina, e fatalmente em algum ponto de sua miserável e atribulada vida ele se entregaria.
Severo sabia que não merecia aquelas lembranças, não merecia o amor dela, muito menos o conforto que estas o davam agora. Mas tudo aquilo o acompanhava tão insistentemente quanto um cachorrinho perdido e faminto quando encontra alguém, disposto ou não, a ajudá-lo.
Assim as memórias se intensificavam, eram cada vez mais vivas, mais reais...
Bem como o frio trazido pelos cruéis guardas daquela prisão.
Deixar-se levar pelas doces e picantes lembranças que viveram era perigoso, ainda mais em Azkaban! Ele sentia o frio aumentar exponencialmente a cada pensamento, mas ainda assim, a sensação inebriante de imaginar o conforto que ela lhe daria se estivesse ali era reconfortante.
O amor para alguns é como uma nuvem,
Para alguns tão forte como o aço.
Para alguns um modo de vida,
para alguns um modo de sentir.
Nunca fora um homem romântico, nem ao menos carinhoso com a maioria das mulheres com quem se envolveu, mas ela... ela era diferente! Com ela... para ela, ele sentia a necessidade de provar-lhe o quanto ela era importante, mesmo que por vezes ele resistisse em demonstrar, tinha ímpetos que não faziam parte da sua personalidade e quando percebia ele estava simplesmente de mãos dadas com ela, dedos entrelaçado enquanto ele acariciava a mão dela com o polegar num movimento tão imperceptível que... quando ele se dava conta ela já estava encarando-o com um olhar que o desconcertava tanto quanto excitava.
E invariavelmente nesses momentos eles acabavam na cama amando-se desesperadamente...
Ele não estava acostumado a isso, e sabia que não duraria para sempre, mas esteve feliz enquanto a teve em seus braços.
Agora ele sentia-se estranho. Saudoso. Sozinho. Triste.
E alguns dizem que o amor está persistindo
E alguns dizem que está desistindo
E alguns dizem que o amor é tudo
E alguns dizem que não sabem...
O frio naquela cela úmida de pedra era cada vez mais intenso. Ele podia sentir o farfalhar das capas dos guardas. Deveriam estar se deliciando. Severo sabia que se continuasse a alimentá-los com suas lembranças nada lhe sobraria, não resistiria muito tempo ali dentro.
Moveu-se na palha fétida do que indicaram a ele como cama. Seus pensamentos ainda flutuando entre a fria realidade e as cálidas lembranças que surgiam em sua mente. Lembranças que eram devoradas uma a uma, sem piedade, sem cerimônias...
Tudo que ele poderia fazer era apreciá-las o quanto podia, deleitar-se com cada uma delas. Manter-se concentrado nelas enquanto eram suas e somente suas!
Talvez o amor seja como o oceano,
Repleto de conflito, repleto de dor
Como uma chama quando está frio lá fora,
Um trovão quando chove.
De repente o frio tornou-se mais insuportável fazendo seus ossos doerem. Seu corpo temeu involuntariamente e ele se agarrou mais ainda a única coisa que o mantinha realmente aquecido.
— Hermione... – o som da sua voz pareceu-lhe estranho, mas a afabilidade do nome deu-lhe forças...
E ele se agarrou aquilo como um naufrago se agarra aos destroços. Era sua tabua de salvação. Os Dementadores poderiam ceifar-lhe todos os momentos felizes e de alegria, mas não levariam o nome dela! Ele não permitiria.
Agarrar-se-ia à visão quase nítida dos olhos castanhos e brilhantes, do sorriso fácil nos lábios carnudos, delicados... macios. Do cheiro de jasmim, rosas e livros que ela sempre tinha e que o enlouqueciam.
Se eu viver eternamente
E todos os meus sonhos tornarem-se realidade,
Minhas lembranças do amor serão sobre você...
FIM.
