Legenda:
" " Pensamentos dos personagens
– Fala dos personagens
-x-x-x-x-x- Passagem de tempo de um acontecimento para o outro
(x) Termos e nomes com este símbolo ao lado são explicados no final de cada capítulo
(texto em itálico) Comentários da Kagome
Disclaimer: Esta fanfiction é baseada na obra: Inu-Yasha. Todos os direitos e personagens citados nesta fanfic com base na história original são de propriedade da autora Rumiko Takahashi. (Claro, se fosse meu eu não teria enrolado o público por mais de dez anos com um mangá que ultrapassou os 500 capítulos, sem que o mocinho desse um único beijo sequer na mocinha! ¬¬)
N/A: Não me olhem como maluca depois que lerem esta fic. É uma comédia romântica, que escapa completamente de tudo o que eu já fiz, por isso terá caps curtos e agitados, mas nada de sangue jorrando e cenas tórridas de paixão. É claro que provavelmente vou deixar escapar um pouco do caos que habita dentro de mim, é automático, mas vou tentar não matar ninguém dessa vez, ok? ' Spoilers dos episódios anteriores ao 160. Esta fic se encaixa logo após o episódio 160 de Inu-yasha: "Um jovem violento que atrai a felicidade" Nesse ponto da trama, Inu-yasha já sabia que sua espada Tessaiga era capaz de absorver golpes de outros inimigos e usava três ataques: o Kaze no Kizu (Ferida do Vento), Bakuryuuha (Onda Explosiva) e o Kongousouha (Lança de Diamantes). Sua "relação" com Kagome também já estava bem definida, apesar de sua inesquecível paixão por Kikyou. Porém para Kagome era mais difícil, pois ela já havia percebido que o amava de verdade e por esse amor ela aceitava ser a "segunda opção" dele, pois sabia que em primeiro lugar sempre estaria Kikyou. Mas até para o hanyou (x) essa situação já estava ficando muito complicada e difícil, pois, por várias vezes pôs a vida de Kagome em perigo por tê-la deixado sozinha para ir procurar Kikyou. O episódio 160 se passa na época de Kagome onde as amigas dela finalmente conhecem Inu-yasha e o acham um rapaz simpático que se esforça para agradá-la, diferentemente do que o que a colegial sempre havia dito as amigas.
Capítulo 1 - A Ajuda
Dia Primeiro – Sexta-feira – 10:00. (O começo do fim da minha tranqüilidade...)
Era um dia como outro qualquer no Sengoku Jidai (x). A manhã chegava preguiçosa, com uma brisa fresca. E apesar do velho hábito, algo naquela noite fez com que o galho daquela árvore não fosse tão confortável como de costume. Ainda latejavam em sua mente as palavras daquele filhote de raposa metido à sabe-tudo sobre aquela garota com quem ele tanto se importava.
-x-x-x-x-x- FLASHBACK -x-x-x-x-x-
– Eu preciso ir amanhã sem falta, Inu-yasha! Não vai ter aula, então eu vou ter o final de semana inteiro para estudar para a prova de segunda-feira. Se eu não passar nessa prova vou perder o ano!
– Prova! Prova! É só disso que você fala desde que voltamos daquele seu mundo idiota! – Esbravejou o hanyou para, logo em seguida, afinar a voz e tentar uma imitação forçada de Kagome. – Inu-yasha, daqui três dias eu tenho que voltar de novo para estudar e fazer uma prova muito importante da escola. – Deu uma ênfase cheia de esnobismo no trecho "muito importante". – Encontrar o Naraku é muito mais importante!
A jovem, contrariando o esperado pelo hanyou, apenas reteve as mãos ao longo do corpo e manteve-se firme.
– Eu vou. – E retirou-se, deixando-o falando sozinho.
– Kagome, volte aqui! Eu ainda não terminei!
Enquanto caminhava em direção à cabana da velha sacerdotisa Kaede, a colegial não se deu sequer ao trabalho de virar-se ao acenar para ele, foi apenas um gesto formal de adeus. Ele cruzou os braços, com a cara emburrada. Logo percebeu os olhares atônitos dos outros três companheiros de jornada.
– O que é que vocês estão olhando, heim?
Sango e Miroku desconversaram e logo trataram de retirar-se, já conheciam de cor o mau-humor daquele hanyou toda vez que Kagome retornava à sua época. Talvez por isso mesmo Shippou tenha decidido ficar e cutucar a ferida recente, fazendo aquele barulhinho típico e irritante de desaprovação com a boca.
– Tsc, tsc, tsc... Que coisa feia, Inu-yasha… – Repreendeu ele, com os braços cruzados na altura do peito. – Desse jeito, qualquer dia a Kagome vai e não volta nunca mais.
O hanyou fez menção de responder qualquer coisa com a sua peculiar falta de educação, mas aquelas palavras ressoaram em sua mente, impedindo-o de revidar. "...qualquer dia a Kagome vai e não volta nunca mais."
Será mesmo? Será que ela realmente o abandonaria depois de tudo o que passaram juntos? Não, ele não podia acreditar que ela seria tão superficial assim. Ela prometeu que sempre estaria ao lado dele. E apesar de um lampejo de culpa e consciência o alertarem de que ele estava sendo um tanto irracional, ele ainda mantinha seu porte orgulhoso.
– Se ela não quiser voltar, Shippou, – disse ele, com um tom muito sério e calmo. – é porque não se importa com ninguém aqui! – E saiu.
– Ahh... Inu-yasha, seu cabeça-dura... – Lamentou o filhote de raposa.
-x-x-x-x-x- FIM DO FLASHBACK -x-x-x-x-x-
Ele respirou fundo e resolveu seguir até o poço, para pelo menos se despedir. "Assim ela não pode dizer que eu não ligo!" Pensou ele emburrado. Mas ao chegar a meio caminho do poço, para sua surpresa, encontrou novamente seus três companheiros de jornada, que logo disseram que ela já havia passado para o outro lado.
– Ela levantou cedo, Inu-yasha, provavelmente nem dormiu e foi logo para o poço. – Comentou Sango.
– É, ela devia estar mesmo muito empolgada para voltar logo para aquele mundinho esquisito dela. – Escarneceu ele, cruzando os braços.
– É a casa dela, seu mal-agradecido. – Disse Miroku. – E ela não deve ter dormido de tristeza mesmo.
– Tristeza? – Tentou disfarçar a surpresa e a preocupação.
– Tristeza, sim senhor! Ela não falou nada, mas estava com os olhos inchados, como se tivesse chorado durante a noite. – Completou o monge.
– Hunf! – Cruzou os braços, fingindo indiferença. – Aquela bobona deve ter se assustado com algum bicho esquisito!
– O único bicho esquisito por aqui capaz de fazer a Kagome chorar é você, Inu-yasha. – Finalizou Shippou, saindo seguido pelos outros dois, assim meio de nariz em pé.
– E eu agora tenho culpa das esquisitices dela?! – Gritou mais para o nada, pois os três já seguiam distantes e sequer lhe deram atenção.
Ele virou-se e olhou na direção do poço. "Kagome..." Caminhou mais alguns metros até se aproximar e sentou-se de cócoras diante do poço, com o queixo apoiado na beirada, olhando para o fundo dele.
– Ah! Mas o que isso importa? – Perguntou-se em voz alta, sentando-se em pose de Buda e cruzando os braços. Torceu o rosto para outra direção e por pouco não percebeu os três companheiros escondidos atrás dos arbustos, que espiavam a cena de modo furtivo, apenas desejando que o orgulhoso hanyou desse o braço a torcer e fosse atrás dela. Mas ele logo voltou sua atenção para o poço, com um ar de arrependido seguido de um breve suspirar. "Será que você não voltaria mais para mim?"
-x-x-x-x-x-
Dentro daquele quarto, o único ruído audível era o som do lápis riscando o papel. Estava a jovem colegial, concentrada em seus estudos, fazendo anotações, cálculos, em sua escrivaninha. Estava rodeada de bolinhas de papel, tantas que nem mesmo a cestinha de lixo em seu quarto comportava. Um barulho de gritaria de criança chamou-lhe a atenção.
– Souta, pare com essa gritaria! Estou tentando estudar!
– Ah, mana! O Buyo não quer deixar eu dar banho nele!
– Deixe o gato em paz! – Tentou concentrar-se novamente em seus afazeres, mas os miados desesperados do gato a interromperam outra vez. – Souta!!!
– Está bem, está bem! Já parei! – Havia uma nota de insatisfação na voz dele.
Ao voltar os olhos novamente para o caderno, percebera o erro em uma de suas anotações. Irritada, ela arrancou mais uma folha, amassou-a e jogou-a para trás, sem nem ao menos se certificar de ter acertado ou não a lixeira. Apoiou os braços sobre a mesa e cobriu o rosto, tentando acalmar-se, apenas para que seus pensamentos a levassem para uma outra era. "Encontrar o Naraku é muito mais importante!" Foi a frase que ecoou em sua mente, tirando-lhe a concentração dos estudos.
– Eu sei que encontrar o Naraku é importante, mas a minha vida aqui também é importante. Será que ele não consegue entender isso? Eu não posso... – Interrompeu-se de súbito, como se houvesse se dado conta de algo importante e triste. – Eu não posso ficar lá para sempre.
Ela fez força para não deixar as lágrimas que lhe vieram aos olhos cair. Sentiu uma brisa suave adentrar a janela do quarto, soprando-lhe nas costas. "Mas eu jurava ter fechado essa janela." Virou-se para deparar-se com o hanyou no parapeito da janela. E, apesar do semblante sério dele, ela sorriu, esquecendo-se das lágrimas que tanta força fizera para segurar e que agora estavam libertas. Ele fez cara de espanto e reclamou como de costume.
– Mas o que foi que eu fiz agora? Eu mal cheguei e você já está chorando! – Exclamou ele, atrapalhado.
Ela percebeu que ele não havia escutado o que ela pensara em voz alta poucos momentos antes. "Que bom que ele não me escutou." Ela apenas se levantou, foi até a janela, o pegou pela mão e o levou até sua cama, onde ambos se sentaram lado a lado.
– O que está fazendo aqui, Inu-yasha?
– Você estava demorando demais, então resolvi vir ver se precisava de alguma ajuda. – Respondeu ele, meio sem graça.
"Ai, mas como ele é impaciente... Não faz nem três horas que eu voltei."
Ele estava sentado sobre a cama, naquela sua habitual posição de Buda, os braços cruzados na altura do peito e braços dentro das mangas do quimono. Ouvir aquelas palavras dele, naquela situação, acabou por arrancar uma risada da colegial.
– Qual é a graça, Kagome? Por acaso você acha que eu não posso? Eu sou muito esperto!
– Desculpe, Inu-yasha, mas por acaso você entende de matemática?
– Mate... Mate quem? Nessa sua época as escolas ensinam como matar?
Ela riu de novo da ingenuidade dele, mas logo tentou se conter ao perceber a ponta de irritação e a veia que saltava na testa dele.
– Ma-te-má-ti-ca. – Repetiu ela, pausadamente. – Não é para matar ninguém, isso dá cadeia por aqui. É uma aula onde nós aprendemos a fazer contas...
– Ah, e por que você não falou logo? Fica usando esse monte de palavras esquisitas. Eu sei muito bem fazer contas!
– Olha, eu agradeço a sua preocupação, mas é que essas contas são mais complicadas e...
– E desde quando um mais um é diferente de dois? Pergunta, vamos! – Pediu ele, empolgado.
Ela começou a ficar sem graça com a insistência dele, mas mesmo assim foi até a escrivaninha, pegou o caderno e mostrou o que para ele mais pareciam um monte de rabiscos a ermo. Ele realmente não poderia entender de álgebra ou geometria.
– É, você tem razão. São contas diferentes. – Ele virou o rosto para a direção da janela.
Ela percebeu a frustração dele e tentou animá-lo.
– Tem outra coisa que você poder fazer para me ajudar, Inu-yasha.
– Sério? – A encarou com um daqueles raros sorrisos no rosto, o que a incentivou.
– A mamãe e o vovô viajaram para visitar uma tia minha que mora longe e que está muito doente. Já que eu ia ficar em casa, deixaram o Souta. Só que eles só vão voltar na segunda de manhã e, como eu tenho que estudar, ele fica entediado e acaba perturbando o gato. Fazem tanto barulho que me tira toda a concentração. Você poderia ficar brincando com o Souta e mantê-lo ocupado para que eu possa estudar em paz?
Logo o sorriso no rosto dele se desfez, dando lugar a uma sombra de mau-humor, acompanhada de uma sobrancelha levantada.
– Você quer que eu fique de babá do seu irmão, Kagome?
– É, só um pouco, vai. Você não disse que queria me ajudar? Por favor? – Dessa vez foi ela quem deu um daqueles lindos sorrisos, acompanhado de olhos pidões. "Teria sido melhor ter ficado por lá..." Pensou ele. Mas o fato de estar perto dela e poder ajudá-la já eram suficientes para animá-lo a enfrentar o pequeno Souta e suas vontades.
– Tudo bem, eu ajudo. – Concordou ele resignado. Ela o abraçou inesperadamente e tão cheia de alegria que o deixou desconcertado a princípio, mas logo ele se rendeu ao abraço.
– Obrigada, Inu-yasha. – Agradeceu ela, com uma voz tão suave e singela, que causou um arrepio momentâneo nele. Logo ele se desvencilhou do abraço e caminhou em direção à porta.
– Não se preocupe com nada! – E saiu, fechando a porta atrás de si.
Ela riu rapidamente e logo tratou de voltar para seus estudos. "É bom ter ele por perto." Havia uma alegria agora em seu rosto, apesar dos difíceis cálculos que tinha pela frente.
(x) Hanyou – Meio-youkai (metade youkai (x), metade humano). Por ser um cruzamento dentre as duas espécies, um hanyou pode, em um dia aleatório do mês, perder todos os seus poderes de youkai e tornar-se totalmente humano. Nesse período, eles procuram abrigo seguro, uma vez que se sentem enfraquecidos pela falta de sua força demoníaca.
(x) Youkai – Ser fantástico da cultura japonesa dotado de poderes extraordinários; fantasma; demônio.
(x) Sengoku Jidai – Período feudal japonês, datado entre os séculos XV e XVI.
