Uiii, outro fic. Vou dizer-vos a verdade, fofuras, já tenho isto no meu computador mesmo antes de ter começado a escrever "Lacrimosa", mas nunca tinha decidido colocá-lo online.
Bem… vamos lá com isto:
Naruto não é meu.
Pares:
Princinpal: SasuHina.
Secundários:
ItaDei
NaruSaku
ItaSasu amor fraternal.
Ainda não pensei em mais nenhum.
Avisos: Mortes, sangue, tortura, hentai e Yaoi (Nada de explicito a não ser beijos)
Hinata está absolutamente OOC, ficam avisados.
Sumário: Não há sumários, Evil não tem jeito para essas coisas.
Negrito: Pensamentos da Hinata no presente.
Normal: História a decorrer.
Itálico: Memórias de Sasuke.
Percebido? Sim? Não? Então leiam, meus amores e depois digam lá o que pensam.
Capitulo 1
Scar
Sangue.
Liquido vermelho, plasma com glóbulos vermelhos, plaquetas e outros componentes microscópicos que percorrem as nossas labirínticas veias.
Houve uma altura em que eu odiava sangue. Desmaiava mal via uma gota escarlate. Enojava-me, abominava tal horror vermelho.
Lembro-me bem dessas ocasiões. Eram irritantes, quase maçadoras. Acordava meia hora depois, corpo dorido por causa da queda.
Agora, no presente, tal coisa não me faz diferença. É só sangue, afinal. Um liquido vermelho que saí dentro do nosso corpo.
Sangue… hump! Era tão estúpida, por temer tal coisa. Tão ingénua. Tão ignorante.
Mas agora é diferente. Tudo mudou. Eu não sou a mesma. Nada está igual. Tudo em que eu acreditava destruiu-se numa violenta espiral de terror.
E aquele líquido vermelho, sangue, faz parte da minha vida. Não como um acto vampírico, como é evidente, mas um simples assassínio eficaz, preciso. É isso que sou, afinal, uma reles assassina.
E são eles que caiem agora, não por o verem, mas por falta dele.
Olhos de gelo abriram-se lentamente, brilhantes, frios, reflectindo as luzes da cidade. Lá em cima, no céu escuro, nuvens choravam pesadamente, estremecendo com os trovões que clareavam a escuridão da noite.
A jovem mulher de cabelos curtos agachou-se no telhado onde se encontrava, não querendo saber da chuva, apesar desta a ensopar completamente. No seu rosto, passando o seu olho esquerdo, uma cicatriz escura estava gravada ferozmente, dando-lhe um aspecto duro, mas, gloriosamente, não machucava a sua beleza sombria.
Lábios carnudos, pintados de vermelho escuro, sorriram maliciosamente. A sua mão passou pela lâmina fria da Katana que trazia às costas, deliciando-se com o metal liso.
Lá em baixo, nas ruas, carros passavam pelas estradas de alcatrão, buzinando e rugindo.
Ela semicerrou os seus olhos brancos. Idiotas, era o que todos eram. Gananciosos, porcos e violentos. Egoístas e trafulhas, ladrões e assassinos. A humanidade estava impregnada com essa escumalha, suja e corroída.
E, como se não basta-se… eram humanos. Nojentos humanos. Matavam-se entre si, descriminavam as diferenças. Ela sabia disso. Ela estava ciente nas coisas horríveis que um mero mortal conseguia fazer. Afinal de contas, ela tinha sido vítima de tais crimes, vítima da estupidez humana.
Heróis… só nas bandas desenhadas, diziam eles, pois escapavam facilmente á justiça da polícia, que também era um bando nojento de corruptos desejosos por subornos. Humanos. Não se confiaria em nenhum deles.
Oh… eles enganavam-se.
Existiam heróis, pessoas que secretamente limpavam a cidade, pouco a pouco, fazendo a sua própria justiça. Pessoas que tinham escapado ás suas garras gananciosas e cortantes, pessoas diferentes, melhores, uma evolução negra da espécie humana.
Ela era um deles, e a nuvem vermelha que estava desenhada na fita que ela atava em volta da cabeça, provava-o.
Sasuke colocou os pés no chão, estremecendo ao sentir o gélido pavimento. Caminhando rapidamente sobre os seus pezinhos pequeninos, o rapazinho chegou até á porta do seu quarto e abriu-a com cuidado, não querendo acordar ninguém.
Praticamente correu silenciosamente até ao quarto que estava no outro lado do corredor. Olhou para o fundo, temendo ter acordado os seus pais, mas acabou por suspirar de alivio, pois tal coisa não aconteceu. Bateu á porta lentamente e ouviu um grunhido do outro lado, dando-lhe permissão para entrar.
Abrindo a porta de madeira lentamente, Sasuke enfiou a cabecinha dentro do quarto escuro, engolindo em seco.
_ A-Aniki…
Ouviu um suspiro e algo a mover-se na cama que estava escondida pela escuridão. A luz de um candeeiro em cima de uma mesinha de cabeceira foi acesa, revelando o rosto bonito e ensonado de Itachi.
_ O que é, Sasuke? – Perguntou ele roucamente, esfregando os olhos ensonados – Tiveste outro pesadelo?
Sasuke ruborizou um bocado e abanou a cabeça. O seu irmão mais velho era a pessoa a quem ele mais confiava no mundo. Dizia-lhe todos os seus problemas. E naquele momento, estava com um grande problema.
_ E-eu… passa-se algo comigo, Nii-san! – Chorou ele baixinho.
Itachi levantou-se com lentidão e fez sinal para o irmãozinho entrar completamente. Sasuke cumpriu a ordem silenciosa e fechou a porta atrás dele. O rapazinho de dez anos caminhou lentamente até onde o seu irmão se encontrava. Itachi agachou-se, ficando ao mesmo nível que Sasuke.
_ Então… diz lá, Otouto, qual é o teu problema?
Corando violentamente, Sasuke baixou as calças do pijama.
Itachi pestanejou algumas vezes, observando o pequeno membro do seu irmãozinho erecto.
_ E-eu estava a dormir e… e quando acordei ele estava assim… - Sasuke sentiu lágrimas nos olhos – E-está partido Nii-san? É que não é lá muito agradável.
Para seu grande espanto, Itachi começou-se a rir baixinho. Cobriu a boca com a mão para abafar o riso. Frustrado, Sasuke deu-lhe uma pequena palmada na nuca. Ele estava assustado e em sofrimento! Nunca lhe tinha acontecido aquilo antes!
_ Nii-san! Pára de rir!
_ Desculpa… desculpa… Anda comigo. – Sasuke anuiu, puxando as calças de novo para cima. Itachi agarrou-lhe a mão e levou-os para a sua casa de banho pessoal. Fechou a tampa da sanita e sentou Sasuke em cima dela antes de se virar para a banheira, afastando a cortina. – Tira as roupas.
Sasuke anuiu e assim o fez, atirando as peças de roupa do seu pijama para o chão. Itachi fez sinal para ele entrar dentro da banheira e Sasuke praticamente saltou para dentro do grande objecto.
A grande mão a tapar-lhe a boca foi a única coisa que o impediu de gritar de horror ao sentir a água fria tocar-lhe o corpo. Mas que raio? Porque estava Itachi a torturá-lo daquela maneira? Que tinha ele feito para merecer tal cruel tratamento?
Itachi desligou o chuveiro e Sasuke ficou ali, tremendo que nem varas verdes. Sentiu uma toalha rodear-lhe o corpo e lançou um olhar irado ao rapaz de quinze anos.
_ P-para q-que f-foi i-isso? – Disse ele num tom irado, não conseguindo falar como deve ser graças ao frio.
_ Como podes ver a tua "minhoquinha" já não está em pé.
Sasuke pestanejou e olhou para baixo, vendo que Itachi tinha razão.
Sentiu os braços fortes do irmão tirarem-no da banheira e lavá-lo para o quarto.
Itachi colocou Sasuke em cima da cama e caminhou até ao armário, tirando umas roupas velhas que deveriam servir ao seu irmãozinho. Atirou-as ao rapaz mais novo, que as vestiu quase de imediato.
Sabendo muito bem que passaria o resto da noite no quarto do irmão, Sasuke enfiou-se debaixo dos lençóis. Viu Itachi sorrir antes de se juntar a ele.
_ Nii-san.
_ Hum…?
_ O que é que a minha pilinha tinha? Porque é que ficou assim? E se acontece outra vez? Tenho que tomar outra vez um banho frio?
Ouviu o seu irmão suspirar e sentiu a sua grande mão afagar-lhe o cabelo curto.
_ Sasuke… o que tiveste foi uma erecção, que acontece a todos os homens.
_ Até a ti?
_ Sim. – Murmurou o mais velho calmamente – A partir de uma certa idade a… pilinha dos homens começa a reagir dessa maneira. Quer dizer que eles começam a preparar-se para fazerem bebés. Os homens reagem dessa maneira quando pensam em algo ou alguém que achem atraente. – Continuou Itachi no mesmo tom – Para te livrares da erecção podes rodeá-la com a tua mão e mexe-la para cima e para baixo, mas faz isso quando estás na casa de banho do teu quarto, sozinho. E lava as mãos depois!
Sasuke anuiu, compreendendo. Sentiu o corpo do irmão mexer-se e a luz desligou-se de novo, apagando o mundo.
_ Já agora, Sasuke. No que é que estavas a sonhar antes de isso acontecer.
O rapazinho corou na escuridão, enterrando o rosto no peito duro de Itachi.
_ Na Hinata-chan.
Grunhindo, Sasuke pegou no seu barulhento despertador e atirou-o para a parede, calando-o de imediato. Passou uma mão pelo ensonado rosto, franzindo o delicado sobrolho num gesto pensativo.
As memórias continuavam a assombrá-lo e sinceramente ele preferia esquece-las. Quem raio é que sonhava com a primeira vez que tivera um sonho erótico e ganhara uma estúpida e dolorosa erecção? Era estúpido, Inutil, sonhar com tal coisa. Só a sua mente para brincar com ele daquela maneira. Porquê? Porque é que ele não esquecia simplesmente tudo o que acontecera?
Enfiou a cabeça na almofada, tentando voltar para o mundo dos sonhos.
_ Sasuke! Tira o rabo da cama e vem tomar o pequeno-almoço!
Ele estremeceu com o berro do irmão, mas ignorou-o. Ele queria realmente voltar para a adormecer. Tentat sonhar com coisas agradáveis e não com as memórias do passado.
_ SASUKE! Eu juro que mando aquele vídeo para o Youtube se não te levantas!
Sentando-se rapidamente, Sasuke suspirou, achando que era melhor não enfurecer mais Itachi. Se aquele vídeo onde ele dançava de cuecas (Ele tinha bebido demais nessa noite) fosse para o Youtube seria o seu puro e cruel fim!
Vestindo-se lentamente, Sasuke bocejou várias vezes, tal era o seu sono.
_ Estás uma merda. – Comentou Itachi ao olhar para o lastimoso estado do seu irmãozinho quando este entrara na cozinha. O rapaz tinha umas olheiras profundas, contrastando com o seu rosto demasiado pálido, tornando-o mais sombrio que o normal.
_ Eu sei… não tenho dormido nada de jeito.
Sasuke sentou-se em frente do prato de comida que estava na mesa. Pegou no garfo, espetando a ferramenta num bocado de comida antes de o levar á boca. Mastigou lentamente, sem vontade. Sentiu Itachi sentar-se ao seu lado.
Ouviu os carros lá fora, as pessoas a falarem, os seus passos apresados. O mundo continuava a girar ao seu ritmo, sem qualquer problema ou complicação. Ele observou o céu pelo vidro da janela, tentando contemplar o brilhante fundo azul… mas não conseguiu. Era completamente impossível quando o seu espírito estava tão quebrado.
_ Queres partilhar?
Sasuke engoliu com alguma dificuldade, olhando para a madeira da mesa como se esta tivesse algo de interessante. O seu punho cerrou-se e sentiu uma demasiado familiar dor no peito.
Notando na reacção do rapaz mais novo, Itachi rapidamente percebeu, anuindo. Odiava ver o seu pobre irmãozinho naquele estado, mas tudo o que ele podia fazer já fizera e tivera algum sucesso. Mas infelizmente não conseguia livrar toda a dor no desfeito coração do rapaz.
_ São cada vez mais.
Itachi levantou o rosto, olhando para Sasuke. O rapaz tinha uma expressão de agonia no rosto, olhando para a comida como se esta fosse a culpada por todo o seu sofrimento.
_ Memórias… dela, mesmo quando ela não estava presente, tinha algo a ver com o assunto. É horrível, Nii-san, estou farto. Às vezes fico farto de viver… farto de tudo…
Itachi suspirou, colocando a mão no cabelo do irmãozinho.
_ He… não vás pelo suicídio, Otouto, depois sou eu que tenho que limpar o esterco.
Um pequeno sorriso não pôde ser evitado nos lábios de Sasuke.
Itachi observou o seu irmãozinho alimentar-se naquela maneira irritantemente lenta. Aquele rapaz era tudo o que ele tinha, a única pessoa na sua família que ele realmente amava. Sabe Kami o que ele fizera para impedir que o miúdo simplesmente se matasse. Se tal coisa acontecesse, Itachi não saberia se conseguiria continuar.
Era uma vez uma rapariga de quinze anos. O seu nome era Hinata, tal como o meu. Os seus olhos eram brancos, iguais aos meus. O seu cabelo era escuro, num tom azulado, tal como o meu. O seu corpo era baixo e repleto de femininas curvas, tal como o meu.
Mas temos diferenças. Ela era feliz, tinha um namorado que amava com todo o seu coração, amigos que a apoiavam nos momentos difíceis. Mesmo tendo a horrível família que tinha, ela era feliz. Mesmo fazendo o que eu faço hoje, ela tinha verdadeiras razões para viver.
Mas eu… o que sou eu a não ser uma criatura repleta de cicatrizes. Uma criatura que acorda nos seus horripilantes pesadelos. Alguém que tem medo de ser tocada, medo de multidões, medo de pessoas. Medo dos Humanos.
Aquela rapariguinha sorridente, tímida e amada morreu. Foi assassinada há três anos atrás e a única coisa que sobrou dela fui eu, um monstro frio e magoado, uma criatura horripilante, nojenta, desprezível.
Deidara-kun diz-me que essa rapariguinha ainda vive algures em mim. Discordo plenamente, pois não a sinto. Sinto-me vazia. Uma simples concha sem qualquer pérola. As minhas razões para viver são diferentes, agora. Vingança, mortes, e violência. É para isso que vivo, mais nada.
Que grande Heroína me saí.
_ Oi, Sasuke-kun!
O Uchiha observou a rapariga de cabelos rosa correr na sua direcção e viu-se ser abraçado fortemente. Não pôde conter um minúsculo sorriso antes de retribuir o abraço com a mesma força.
_ Olá, Sakura.
Haruno Sakura largou-o, sorrindo abertamente. Os seus olhos verdes brilhavam com alegria. Uma brisa levantou os seus curtos cabelos rosados, que esvoaçam com suavidade. Ela continuava a vestir-se de vermelho, podia ele ver. Nunca mudaria, aquela rapariga. Por fora, era um autentico anjo, a beleza divina e um ar carinhos, mas por dentro, a mesma mente maléfica e sádiaca de um demónio existia, pronto a sair a qualquer momento.
_ Ne… Sasuke-kun… - Ela corou ligeiramente – Por acaso não viste por aí o Naruto, pois não?
Sakura e Naruto namoravam á um ano. Sasuke lembrava-se bem dos tempos em que a Rosada andava sempre atrás dele, gritando o seu nome numa forma irritante. Felizmente parara com isso e virou-se para o rapaz que a amava. Tinha sido um alivio para o rapaz de cabelos negros, assim poderia desfrutar de uma boa amizade com a rapariga.
Sasuke abanou a cabeça. Estavam no final do verão e tanto Naruto como Sakura tinham ido passar férias para fora com as suas famílias. Estando dois meses separados, era natural que os dois estivessem cheios de saudades.
Naruto, Sasuke e Sakura eram um trio. Sempre foram e esperavam sempre ser. Os três apoiavam-se uns aos outros, geralmente acompanhados por Itachi, que os considerava a todos seus irmãozinhos. (Sasuke era o verdadeiro)
Penteado o cabelo com os dedos, Sakura olhou em volta.
_ Ele disse-me que estaria aqui ás onze horas! Já passaram quinze minutos.
_ Ele também me disse isso. – Disse Sasuke calmamente. Apontou para um banco – É o Naruto, afinal… talvez tenha passado demasiado tempo com o Kakashi. É melhor sentarmo-nos.
Assim o fizeram. Sakura rapidamente começou a contar as suas numerosas aventuras que tivera nas Caraíbas e Sasuke viu-se a desligar da voz dela, aborrecido. A sua mente rapidamente voou para memórias distantes, que ele tivera naquele parque.
A rapariguinha de cabelos curtos, num estranho tom azulado, franziu o sobrolho ao olhar para Sasuke. As suas faces estavam coradas, e os seus olhos francos estavam repletos de água. O seu corpo minúsculo tremia e os seus punhos estavam cerrados.
Sasuke engoliu em seco ao ouvir os tristes soluços da amiga, sentindo a culpa a corroer-lhe o espírito. Tentou tocar-lhe no ombro com uma mão mas ela afastou-se e as lágrimas começaram a escorrer pela sua face.
_ Sasuke. – Disse a súbita voz do seu irmão, que acabara de chegar. O rapaz mais novo olhou para Itachi com os olhos muito abertos, quase assustado. Pelo que ele sabia, o mais velho adorava a rapariguinha – O que é que fizeste á Hinata-chan?
Sasuke corou ligeiramente. Viu Hinata correr em direcção de Itachi, abraçando-o enquanto soluçava. Ele rodeou-a com os braços, confuso.
_ Hei, Hei… então! Não chores, pequena. – Fez o rapaz de quinze anos, fazendo festas na cabecinha da rapariga.
_ I-Iatchi-nii-san… achas que não sou bonita? – Fez ela num murmúrio, olhando para o rapaz mais velho com os seus grandes e brilhantes olhos brancos.
Sasuke viu o seu irmão pestanejar, confuso antes de lançar um pequeno sorriso á rapariguinha.
_ É claro que não, Hinata-chan. Tu és uma rapariguinha linda. – Murmurou Itachi enquanto desalinhava o cabelo da rapariga.
Hinata soluçou, limpando os olhos vermelhos pelas lágrimas.
_ M-mas o Sasuke disse que eu não era bonita.
Itachi olhou para o irmãozinho, erguendo uma sobrancelha. Sasuke corou, embaraçado, e olhou para o chão.
_ Não ligues ao que aquele rapaz pateta diz, Hinata-chan. Os rapazes da idade dele são todos uns idiotas. – Disse Itachi no seu tom calmo.
Hinata anuiu antes de lançar um olhar zangando a Sasuke.
_ Fica sabendo que não és grande coisa! Naruto-kun é muito mais giro que tu!
Sasuke quase sorriu com a memória, antes de olhar tristemente para o chão. Ao seu lado, Sakura continuava a falar sem parar. Ele passou uma mão pelo seu cabelo negro, fechando os olhos escuros por um momento. Tinha que parar de pensar nela. Apenas o fazia sofrer. Não adiantava de nada. Ela nunca mais voltaria… nunca.
_ Sakura-chan! Sasuke-teme!
Ambos olharam para a fonte daquela voz alta. Um rapaz de desalinhados cabelos louros corria na sua direcção, acenando alegremente. Com um grito de pura excitação, Sakura levantou-se e correu na direcção do rapaz louro, abraçando-o fortemente e esticando o rosto, capturando os lábios dele num beijo apaixonado.
Sasuke desviou o olhar. Não conseguia ver os seus melhores amigos nos seus momentos românticos, era demasiado doloroso. Adorava saber que tanto Naruto e Sakura se completavam um com o outro, que se amavam, que estavam felizes, mas um simples olhar para o casal lembrava-o de como ele estava miseravelmente só.
Hum… aquela memória… no parque. É-me turva, como se pertencesse a outra pessoa. É verdade. Pertence á menina feliz, não a mim. Mas mesmo assim, lembro-me das falas, dos cheiros, dos rostos.
Sasuke dissera-me nesse dia que não me achava bonita. Pergunto-me o que ele diria se me visse agora.
Eu chorara, claro. Eu sempre o amara, desde o dia que o conheci, quando tínhamos cinco anos. Quando o rapaz que nós amamos nos chama de feia e nós temos dez anos, ficamos muito tristes. Agora não me faz diferença. Passaram-se oito anos e eu não sou a mesma pessoa. Ser bonita ou feia é irrelevante, o nosso aspecto físico não nos interessa quando sofremos o que eu sofri.
Itachi-nii-san aparecera. Ele era o irmão que nunca tive, apesar de eu ter tratado o meu primo da mesma forma, o arrogante nunca quis saber de mim, tal como o resto da minha família. Agora o Uchiha mais velho era outra história. Ele tratava-me como tratava Sasuke, Naruto e Sakura. Eu também o amava, um amor diferente daquele que sentia pelo seu irmão mais novo, mas não deixava de ser amor.
Nii-san dissera-me que eu era linda. Não acreditei, pois Sasuke chamara-me de feia. As palavras de Sasuke sempre tiveram um peso enorme. Mas Itachi tinha sempre uma resposta para tudo. Chamara o seu irmãozinho de Pateta e Idiota. Aí sim, acreditei nas palavras dele.
Foi pura mentira, quando disse a Sasuke que Naruto era mais giro que ele. Não era verdade. Naruto era adorável, ninguém o podia negar, mas não chegava aos calcanhares de Sasuke.
Mais tarde, eu e Sasuke estávamos sozinhos no quarto dele. Eu não lhe falara o dia inteiro, ainda magoada pelas suas palavras. Um daqueles castigos infantis que as crianças utilizam. Foi ele quem quebrou o silêncio, dizendo-me palavras que nunca esquecerei.
_ Eu não te acho feia, sabes. Apenas disse aquilo porque gosto de te ver zangada. Ficas toda vermelha e as enches as bochechas com ar. Acho-te fofa quando fazes essa expressão.
Não sei porque é que simplesmente não esqueço tais palavras. Não posso dizer que sejam românticas, porque não são, mas… são adoráveis. Aquilo vindo dele, quando ele tinha apenas dez anos, era quase um elogio. Raramente recebia um elogio e os dele eram os que eu mais necessitava.
Eu precisava dele, sempre precisei. Ainda hoje, que sou apenas uma sombra daquela rapariga, preciso daquele homem ao meu lado. Mas ignoro tal necessidade, pois não é seguro para ele ou para mim estarmos juntos. Além disso, porque haveria ele de me querer agora? Eu não sou a rapariga que ele conheceu. Não sou risonha, tímida, sensível.
Sou um monstro… um monstro a quem chamam de Herói.
Deidara-kun diz que tal pensamento é ridículo, que se eu sou um monstro, ele também o é. Talvez ele tenha razão, ou talvez todos aqueles que nasceram como nós sejam monstros. Afinal de contas, todos nós temos as nossas cicatrizes, estejam elas na pele ou na alma.
Mas são as minhas cicatrizes que me definem hoje em dia… são elas que me lembram do que eu passei. Elas são o meu nome, a minha vida.
É por isso que o meu nome é outro.
Hinata morreu, tão simples quanto isso. Morreu, ensanguentada, ali, á chuva.
E apenas restei eu, esta coisa desprezível…
Apenas eu…
Uma cicatriz…
Ela correu pelas ruas. Ninguém a via, ninguém dava por ela. A sua rapidez era invejável, a sua habilidade era incomparável.
Os seus olhos de gelo estavam fixos num alvo longínquo. Olhos normais não o teriam encontrado. Mas ela não era normal, nunca fora.
Ela saltitou pelas escadas de ferro, chegando aos telhados dos altíssimos prédios e continuou a correr.
Ali estava ele.
Apanhado com as mãos na massa.
Com um movimento quase invisível, sem parar a correria, ela agarrou a Katana que sempre trazia atrás das costas.
O homem ergueu-se, olhando para o corpo ferido e magoado da rapariga que acabara de violentar. Ela não sabia, não dava conta da fúria que deslizava na sua direcção.
Ela saltou, caindo sem pânico do prédio, até aterrar com elegância no chão duro. Era um beco sem saída, escuro e assustador. Ela levantou o rosto e sentiu os olhos espantados do homem nojento fixos nela, absorvendo cada pormenor daquelas faces sombrias.
Olhos brancos pregaram-se no corpo da pobre rapariga que jazia no chão e ela sentiu a raiva apoderar-se dela. Não tinha chegado a tempo.
_ Quem és tu?
Ela não respondeu, limitando-se a lançar-lhe um olhar de desdém. Manejou habilmente a sua Katana, observando o homem com algum divertimento ao ver o pânico a assombrar-lhe as faces másculas.
_ H-hei, rapariga, tem calma. Não te vais querer magoar.
Ela ergueu uma sobrancelha, e viu-o a tirar uma arma do bolso, apontando-lhe o objecto.
_ Agora, queridinha, porque é que não largas a espada? Não queres levar um tiro, pois não?
Ela poderia ter-se rido, se tal gesto não lhe desse tanto trabalho. Com um movimento certeiro, ela moveu o corpo e a Katana numa forma giratória.
Sangue escorreu para o chão, assim como uma mão e uma arma caíram como fardos. Ela observou o homem gritar de dor e horror ao ver a sua mão cortada ali, jazida no chão negro. Ele agarrou o pulso com a outra mão, olhando para o coto com os olhos esbugalhados. A sua respiração saía-lhe apressada e o corpo tremia.
_ M-merda! S-sua cabra! V-vou acabar contigo!
Ela revirou os olhos antes de se agachar e, com mais um movimento certeiro e circular, cortou-lhe o pé.
Com mais um grito de agonia, o homem caiu no chão. Ela ergueu-se, deixando-se sorrir desta vez. Aproximou-se dele lentamente, com uma satisfação absoluta ao vê-lo tremer horrorizado. Apontou-lhe a Katana, deixando o sangue que a lâmina continha escorrer para cima das calças do homem.
_ Sabes… - A voz dela era tão fria, um demónio puro. Os seus olhos brancos brilhavam na escuridão, como duas pequenas luzes do maléficas, enganando os indefesos -… Por causa do que fizeste… - Apontou para o corpo morto da rapariga – Vou cortar-te a pila… pedacinho a pedacinho, ver-te contorcer-te de dores, deliciar-me com a tua agonia, tal como tu te delicias-te com a agonia daquela pobre rapariga…
Ele abanou a cabeça, tentando rastejar para longe. Ela permitiu-se sorrir. Para onde ele iria? Não tinha como escapar.
_ N-não! P-por favor. Pare! P-pare! Q-quem és tu!
Ela paralisou por uns momentos, antes do seus sorriso se alargar. Ele viu, então, a composição daquela mulher.
Os braços, o pescoço… aquela pele branca estava marcada por inúmeras cicatrizes. Umas mais profundas que outras. O rosto, aquele rosto feminino, apenas continha uma cicatriz, essa atravessava o olho esquerdo, apesar de não parecer afectar a vista.
_ O meu nome…
E aquela voz! A voz dos mais gélidos monstros! Ela não parou de sorrir, manejando a Katana de novo.
_ É Scar.
"A cor do Gelo" está a dar-me a maior dor de cabeça de todos os tempos. Faltam dois capitulos para eu terminar o raio do fic… dois! E simplesmente não consigo escrever! Tinha começado a escrever o próximo capitulo, mas quando li tudo, odiei e apaguei… comecei de novo. Vamos lá ver como corre.
Bem.. falemos deste fic aqui… é confuso, eu sei, mas o que se há-de fazer… ideias parvas.
Hei-de desenhar a Hinata como Scar e depois mostro-vos. ^-^
Bjs,
Evil
