Disclaimer: tudo éda j k

"Com Remus", disse Dumbledore. "Esconda-se com Remus."

Ao ver de Sirius, a escolha de Dumbledore para o seu esconderijo parecia até proposital. Mas não podia ser. Ninguém sabia daquilo. Era um segredo do próprio Sirius e do querido, querido Remus.

Desde o término do terceiro ano letivo de Harry, ainda não haviam tido tempo de conversar. Tudo acontecera muito rápido, e ambos sabiam que havia questões mal resolvidas. Como tocar no assunto depois de doze anos? Como morar juntos? Conviveriam como se nada tivesse acontecido?

"Não mesmo", pensou Sirius.

"Que susto. O toque da campainha me assusta, tal é a pouca freqüência com que o ouço", pensou um cansado Remus, vestido em casaco e calça marrons surrados, enquanto ia abrir a porta.

-Quem é?

-Sou eu, Sirius. Dumbledore pediu que eu me refugiasse aqui, mas se for um incômodo, eu...

Remus não abriu, mas escancarou a porta. Os olhos arregalados revelavam a ansiedade por vê-lo, por ver Sirius.

-Incômodo? – perguntou para um Black de sorriso irônico no rosto. – Me ofende deste modo.

Longos segundos se passaram enquanto trocaram olhares da mais pura cumplicidade.

-Se sinta em casa, Sirius.

Sirius simplesmente não sentiu vergonha de abrir a geladeira, deitar no sofá, ou de fazer qualquer coisa que quisesse, o que deixava Lupin muito satisfeito. O que mais queria era que o amigo descansasse e que fossem embora as olheiras roxas, que tanto afastavam aquela aparência sempre jovial.

Mas horas se passaram, e Sirius parecia tão cansado quanto antes, e até mais tendo do que quando chegou.

-Vou deixar você descansar, Sirius, imagino que queria rel...

-Remus – interrompeu Sirius, sem olhar para ele, sentado em uma velha poltrona vermelha – Me dá um abraço.

-Sirius.

-Me dá um abraço, Remus.

Era uma ordem intimidadora, que fez com que o rosto de Lupin ruborizasse. Olhou para baixo, sem poder sustentar em seu corpo o tipo de emoção que aquele pedido lhe trazia. Sem poder imaginar como seria olhar para Sirius naquele momento.

"Não pode ser real este pedido. Não pode ser real que ele ainda..."

Sirius suspirou, como sempre, impaciente.

Aproximou-se de Remus, que, unindo um restante de coragem, olhou-o.

-Quando vamos falar sobre isso? – perguntou Black.

-Sirius, é impossível voltarmos ao que éramos antes.

Olhou para o lado, novamente fugindo da mágoa que veria se olhasse nos olhos cinzas à sua frente.

-Estamos em guerra – continuou – Em guerra não nos sobra tempo para outras...

-Olha, eu esperei tempo, muito tempo, para ver você...

-Termina de escutar...

-Você ainda gosta de mim?

-Você não compreende...

-E você não pode entender o tempo que eu passei sozinho.

-Não estou sabendo me explicar direito...

-Então me abraça.

-Sirius! Eu amo você. Não acho que agüentaria te perder novamente numa guerra. Eles podem te achar Sirius. Estão te procurando, eles podem te achar e te matar. – enquanto Lupin falava, sua voz ia ficando mais firme.

Em estado de choque, Sirius colocou a mão no rosto de Remus. Falou em um tom de voz baixo, porém sério.

-Eu sou a pessoa que ama você. Sendo seu amigo ou seu amante, a pessoa que você vai perder é aquela que te ama, e isso não vai mudar. – beijou a testa te Remus – O tempo que passaríamos juntos aqui seria o melhor da minha vida.

Afastou-se de Lupin.

-Mas não vou tolerar morar com você sem poder abraçá-lo e fingindo que não amo você. – disse enquanto colocava a mão sobre a maçaneta da porta. – Você é insubstituível, Remus.

Sirius sorriu e saiu. Lupin não podia se mover. Ele estava indo embora.

"Não posso perder a chance..."

-Não posso perder a chance. – disse em voz bem alta. Sirius parou do lado de fora da porta e esperou.

-Se eu perder você – continuou – vou sofrer mais pelo seu destino do que pela minha perda. Porém não há nada mais certo... nada mais humano – sua voz vacilava com as lágrimas – do que sofrer por uma pessoa... pela única pessoa insubstituível... que eu já encontrei."

-Vem aqui, Remus.

Lupin ficou ao mesmo tempo feliz e envergonhado de saber que Sirius havia escutado.

Levantou-se e foi ao encontro de Sirius, a pergunta já em mente:

-Você quer um abraço?

-Eu quero um beijo e um abraço.