O Jogo
–E tudo o que precisamos fazer é organizar as jogadas para derrubar o Rei. – Rin explicou pela terceira vez a Jaken.
–Ainda não entendi. – o homenzinho verde falou mais uma vez.
A garota de dezenove anos deu um longo suspiro cansado. Jaken não era tão burro. Não era possível que fosse tão burro assim. Sesshoumaru jamais o teria como servo se fosse por isso.
–Vamos mais uma vez... – ela tocou novamente o tabuleiro de peças de mármore, algo preciosíssimo, dado de presente ao Lorde das Terras do Oeste por um rico senhor ocidental. Sesshoumaru, como sempre, já sabia jogar. Rin aprendera com ele. Foi tão divertido que resolveu ensinar Jaken a jogar também.
Mas parecia mais fácil ensinar a Ah-Un.
–Nah, fica para uma próxima vez. – ele levantou-se e pegou o Bastão de Duas Cabeças que estava no chão, gesticulando com a outra mão um "basta"- Preciso ir fazer o controle das fronteiras agora.
Rin viu o pequenino ser voltar-se para o animal de duas cabeças que ela conhecia desde criança e leva-lo para longe. Eles estavam deixando-a sozinha de novo.
Deu um outro longo suspiro ainda mais cansado que o outro. Era sempre assim quando Sesshoumaru precisava se ausentar e Rin tinha que aguentar o mau humor e a falta de disposição do fiel servo do lorde. Nem mesmo jogar xadrez com ela poderia ele.
Resolveu jogar sozinha. Começou com um peão branco, depois passou para uma peça preta. Depois novamente jogou uma branca. Novamente preta. Branca, preta, branca, preta.
Foi assim por horas até sentir a vista cansar. Apertou a ponte entre os olhos com os dedos por um minuto ou dois, até sentir uma mão leve tocar-lhe o ombro.
–Estava ganhando?
A garota virou o rosto para ver melhor quem falava, angulando o pescoço para responder ao demônio alto e imponente que conhecia desde criança.
–Mas eu também estava perdendo.
Sesshoumaru quis sorrir. Mas não o fez. Rin aprendeu a lê-lo ao longo dos anos. Ele curvou os cantos dos lábios para cima por alguns centímetros. Mas apenas isso. Ela aprendeu desde muito cedo que ele não gostava de mostrar qualquer tipo de afeição e seria assim pelo resto da vida.
–Isso deve ser verdade. – foi a única coisa que ele falou.
Alguns segundos de silêncio se passaram – ela ainda olhando para ele; ele com a mão no ombro dela.
-Vamos jogar? – foi o convite dele.
Rin concordou com um movimento de cabeça.
Talvez não tenha durado nem meia hora. Rin ficou cansada logo nos dois primeiros movimentos de Sesshoumaru. Ela piscava com sono. Ela nao queria mais jogar. Mas era tão rato ficarem sozinhos que ela queria aproveitar cada minuto.
–Cansada? – ele perguntou.
Rin tinha sido educada para não bocejar na frente dos outros. Mas era quase impossível. Ela balançou a cabeça e murmurou alguma coisa sem sentido mesmo aos ouvidos não-humanos.
–O quê? – ele perguntou.
–Eu estou ganhando – ela falou novamente.
Por um segundo, ela podia jurar que ouviu Sesshoumaru falar "você está sempre ganhando".
Nota da autora: Uma história curtinha para marcar os anos que estou aqui no site.
Termino este semestre meus estudos e aí volto de vez pra cá :)
Espero que gostem e que possam comentar.
