#Capítulo I#

O Começo do Fim

- Harry! Vamos nos atrasar, acorda!

Ron pela terceira vez aquela manhã tentava, a todo custo, tirar Harry da cama. Tarefa muito difícil, pois Harry dormia como pedra, ainda mais depois de um final de semana badalado como tivera.

Badalado de coisas ruins, melhor deixar bem claro, pois fora chamado para mais uma audiência surpresa no Ministério e, como sempre, o assunto era o mesmo: a morte de Dumbledore, a atuação de Severus Snape e Draco Malfoy e sua insistência em dizer que as coisas estavam cada vez piores.

O Ministério não aceitava o que estava claro como água e a um palmo de distância de seus narizes. Harry alertara para o fato de que o Lorde das Trevas atacaria em breve e que, se eles não fizessem nada para impedir, seria avassalador e mortal, mas, o Ministério insistia que ele não estava em sua sã consciência e que estava mentindo descaradamente mais uma vez.

- Já vou! Já vou.

Com extremo mau humor, muito cansado e com sono, Harry se levantou e rumou para o banheiro. Tomou seu banho, penteou os cabelos castanhos e rebeldes, se vestiu e foi para o Grande Salão ao lado de Ron.

Ao adentrar o local não viu nada de diferente, a não ser que Draco Malfoy estava com uma aparência péssima de quem não havia dormido nada. Seu corpo estava aparentemente cansado e envergado á mesa de refeições de sua Casa e seus olhos traziam grandes bolsas e olheiras.

Harry perguntou para si mesmo se um dia o sofrimento do Sonserino acabaria. Eles não eram tão amigos, mas os últimos acontecimentos o forçavam a passar mais tempo juntos do que costumava acontecer e o Grifinório estava percebendo suspeitas reações de seu corpo e de sua mente quando estava junto do Sonserino. Não sabia bem o que era. Só sabia que era bom.

Isso começara nas férias de inverno quando Draco fora levado á Toca para se esconder de Comensais que haviam tentado contra sua vida e a de sua mãe, Narcisa.

Harry, com um aperto no peito que não conseguia encontrar motivo, se lembrou do dia em que o loiro chegara lá e se lembrou também do estado lastimável em que ele se encontrava.

#Flash Back On#

[i]Fazia extremo frio aquela noite e o céu parecia mais escuro que o normal, mas a casa pequena e aconchegante fazia com que esses detalhes passassem despercebidos. Sentado á escada, imerso em uma animada conversa com Gina e tomando uma boa xícara de chocolate quente, Harry sentia-se feliz apesar de tudo que lhe vinha acontecendo.

Levantou-se em um salto e pediu a Gina que o esperasse ali mesmo, que iria à cozinha por um instante para reabastecer sua xícara de chocolate quente. A menina lhe deu um sorriso simpático e assentiu. Mesmo que Harry não tivesse pedido, ali ela teria ficado.

Desceu as escadas e em pouco tempo estava no hall de entrada da Toca, fez menção de virar-se para ir para cozinha, mas, uma rajada de vento forte e frio lhe arrebatou o corpo, que, descoberto por conta da quentura da casa, sentia um leve queimar seguido de uma pequena sensação de ardência.

Harry abraçou-se numa tentativa frustrada de manter-se quente, ouviu murmúrios vindo da sala e seguiu direto para lá. Não estava com um pressentimento muito bom e tinha medo de adentrar a sala e descobrir que mais um dos seus estivesse desamparado, ferido ou até mesmo morto.

Com medo, mas sem escolha e levado por seu instinto heróico, Harry entrou correndo na sala encontrando uma roda de pessoas formadas em volta de um corpo. Ele não conseguiu ver quem era direito, mas, este estava mal, muito machucado.

Aproximou-se e ao reparar no rosto branco e pálido á sua frente percebeu de quem se tratava: Draco Malfoy.

Harry levou um tremendo susto. Para ele, Draco estava em sua mansão, sentado á frente de sua lareira particular, tomando seu chá da noite e se preparando para dormir. Nunca na vida havia imaginado encontrá-lo daquele jeito.

Malfoy estava inconsciente, com febre e muito sujo. Sua expressão facial era a de uma pessoa que acabara de lutar com alguém relativamente mais forte e que perdera para tal. Aparentava estar cansado e sua respiração saía com tanta dificuldade que Harry por um momento viu-se sem ar.

- O que aconteceu? _ o Grifinório perguntou com a voz falha, chocado que estava.

- Comensais da Morte o apunhalaram. Armaram uma emboscada para ele em sua própria casa quando ele e Narcisa tentavam fugir para Londres.

A voz do saía cansada, como quem explica a mesma história por mais de uma vez e um pouco de 'pena' do garoto também enfeitava a voz, deixando-a um tanto triste e mole.

- Comensais da Morte? Como assim? _ Harry não entendia e começava a se desesperar com a situação _ Por que ele e Narcisa estavam para fugir para Londres? O que está acontecendo?

- Harry, não adianta se desesperar agora. _ tentou acalmá-lo _ Vá para cama, descanse e amanhã conversamos.

- Nem pensar! _ o garoto dos olhos verdes ficara indignado com a sugestão. Como poderia dormir sabendo que havia um grave ferido ali e que algo muito estranho e terrível havia acontecido? _ Não vou pra cama. Quero saber o que aconteceu, quero ajudar. Olha o estado em que Malfoy se encontra!

- Molly cuide de Malfoy eu converso com ele.

- Tudo bem, mas antes me ajude levar Malfoy lá para cima.

concordou, contudo, não pôde ajudar. Na briga que travou com um Comensal na mansão dos Malfoy, acabou caindo de uma altura significativamente alta e encontrava-se com ferimentos na coluna. Nada que um bom feitiço não resolvesse, mas por hora era melhor não se esforçar.

- Eu o levo.

Harry se prontificou e, sem esperar nenhum comentário, pegou o Sonserino no colo e se colocou a subir as escadarias com ele nos braços.

Draco era muito leve e esguio, Harry se sentiu muito melhor em saber que o loiro estava sob sua proteção, onde ele tinha certeza que ficaria bem. Olhando para o rosto sem cor, Harry refletiu sobre tudo o que o garoto devia ter passado e de como suas emoções deveriam estar perdidas e confusas dentro de si. Teve pena de Draco.

Ao depositá-lo na cama, Harry foi afastado por Molly que começou a cuidar de Malfoy.

- Ele está bem. Só está sob o efeito de um sedativo. _ a baixa senhora garantiu ao ver o olhar preocupado do outro garoto.

Sendo guiado para fora do quarto e levado novamente para a sala, Harry iniciou sua conversa com , parando brutamente ao lembrar-se de Gina, que o havia ficado esperando.

- Ela entendeu que algo não estava certo quando você deu seu primeiro grito na sala e se retirou para seu quarto. Gina sabe quando deve deixar o caminho livre Harry.

O garoto assentiu e, mais aliviado, votou ao assunto:

- Então quer dizer que Lucius Malfoy foi preso?

- Isso mesmo Harry. Os Dementadores o capturaram em sua casa esta manhã e o levaram direto para sua sela em Azkaban. Demorou demais para que isso acontecesse, mas, finalmente, a justiça foi feita.

- Por isso que Draco e Narcisa estavam fugindo?

- Momentos depois de Lucius ser preso, dois Comensais invadiram a mansão a mando do Lorde. Draco e Narcisa, naturalmente se desesperaram, e tentaram atacá-los. A ordem era para que dessem-lhes um aviso do Lorde, mas que, se necessário, os matassem...

Harry arregalou os olhos. Definitivamente não podia se confiar em um Comensal.

-... e como eles reagiram, os dois Comensais os mantiveram por horas sob cruciatus, além de outros feitiços e agressões físicas. Quando os Comensais abandonaram a mansão, deixaram Draco inconsciente e acabado física e mentalmente e Narcisa completamente machucada, mas ainda consciente. Minutos depois eles voltaram e pegaram Narcisa arrumando as coisas para fugir para Londres, ela sabia que não teriam mais paz e que era questão de horas até o Lorde anunciar suas mortes. Os Comensais a capturaram e levaram-na. Só não fizeram isso com Draco bem... Acho que porque pensaram que ele já estava morto.

Harry suspirou. Aquela história contada somente com os principais fatos parecia mais um roteiro de um filme de terror. Imaginou Draco morto e isso lhe doeu até no estômago.

O Lorde mandara matá-los. Mandara matar os Malfoy, família do braço direito dele e isso só mostrava que, cada vez mais, o fim se aproximava e que seria o pior de todos. O Lorde realmente não estava para brincadeiras e se ele havia feito aquilo com os Malfoy, não queria nem pensar no que ele estaria planejando fazer aos outros.

#Flash Back Off#

- Para de encarar o Malfoy.

Harry acordou de seu devaneio se deparando com uma mão que se balançava em frente a seu rosto. Era Hermione. Eles agora estavam sentados á mesa com uma grande quantidade de comida de frente aos olhos. Harry estava sentado de maneira que Draco ficasse totalmente em seu campo de visão e o encarava descaradamente.

- Não o estou encarando Mione. _ se defendeu.

- Está sim _ interferiu Ron _ E por tempo demais se quer saber.

Ron e Hermione já haviam notado que Harry parecia meio fascinado por Malfoy. E isso não era de agora, era desde o dia em que o loiro chegara á Toca, desde que Harry soubera que seu pai estava em Azkaban e sua mãe nas mãos do Lorde.

Draco estava sozinho e Harry entendia bem como era passar por isso. O Sonserino, desde o começo das aulas, já não era mais o mesmo e sua mudança era quase palpável. Claro que ele não tinha mudado da água para o vinho, mas tinha sofrido mutações significantes e isso atraía, e muito, o 'testa rachada'.

- Ele me parece bem pior que nos outros dias. Será que aconteceu alguma coisa? _ Harry perguntou em voz alta, só que, mais para si do que para os outros. Mas isso não impediu que o comentário viesse a ser discutido.

- Harry, a gente entende que você está preocupado com ele, mas, tenta esquecer um pouco. Você tem seus próprios problemas e ele tem o Snape para cuidá-lo.

- Eu não estou preocupado Mione...

- Não? _ Ron ralhou.

- Bem, um pouco.

- Tente não pensar nisso. Isso pode te faz...

- Vocês não entendem não é mesmo? _ Harry se exaltou _ Eu não me importo com ele por motivos pessoais. Importo-me com ele porque ele faz parte da Ordem agora e eu temo por todos deste posto.

- Fale mais baixo Harry! Não é prudente falar da Ordem por aqui. Esqueceu-se que o pessoal do Ministério está rondando o castelo?

- Desculpem –me. _ passou a mão pelos cabelos _ Mas é que vocês... Me tiram do sério ás vezes com essa história de que eu preocupo-me demais com o Malfoy.

Hermione e Ron nada disseram. Sabiam que seria em vão discutir com Harry, pois ele sempre usaria a Ordem para explicar o fato de que ficava tempo demais admirando Malfoy e preocupando-se com ele. E isso não era nada bom.

Passado a hora do café da manhã, todos partiram para suas respectivas salas.

As aulas voltaram a ser como no 5° ano, por isso eram chatas e sem emoção alguma. Os alunos somente faziam cópias e mais cópias de textos imensos e completamente fora do assunto que deveriam estar estudando, isso tudo a mando do Ministério, que queria ter certeza de que os assuntos durante a aula não fossem baseados nas 'mentiras' que muitos (lê-se Potter) estavam espalhando sobre o Lorde das Trevas. Estava tudo igual. A única diferença era que agora quem comandava as aulas era o próprio Cornélio.

McGonagall decidira não interferir na decisão do Ministério. Preferia acatar ás ordens estando perto de seus alunos do que não acatá-las, ser afastada do cargo e deixar seus queridos á mercê das loucuras do Ministério.

O que a aliviava e também aliviava a basicamente todos, era o fato de que a maioria estava apta para lutar e derrotar Dementadores das Trevas, Comensais da Morte e até o próprio Lorde, graças ao treinamento de Harry meses atrás.

Na sala, a aula era de poções e Harry já não se sentia mais nervoso nessa aula. E também já não odiava Snape tanto assim.

Snape havia se mostrado um homem no qual se podia confiar, Dumbledore confiava nele, Harry descobrira que ele era um dos espiões da Ordem então, não havia motivo para ir contra o professor de poções. Ele estava ali para ajudar e mostrara isso durante todas as férias, quando trouxe importantíssimas informações sobre o novo plano de Voldemort e começara a procurar formas de acabar com ele. Não podia falar os motivos que o levara a matar Dumbledore, disse que o momento de se esclarecer tudo chegaria, mas Harry e os outros não se importavam. Confiavam em Snape.

Snape pediu que formassem duplas, a aula era de Grifinórios e Sonserinos, então estes deveriam se sentar misturados. Cada dupla com um aluno de cada Casa. Harry prontamente se aproximou de Draco, este somente assentiu com um breve sinal e os dois se juntaram.

- Posso perguntar o por quê de ter a expressão tão cansada Malfoy?

- Não, não pode. _ Draco não tinha mais o desdém ao falar, tinha apenas um cansaço. Uma voz de quem não quer ser incomodado.

- Seria melhor se você colocasse para fora o que está te afligindo.

Harry queria a todo custo que o Sonserino lhe dissesse o que estava errado, mas sabia que seria difícil, pois ele ainda era um Malfoy.

- Potter, para com essa mania de querer ajudar todo mundo. Isso me cansa e você sabe que não pretendo 'abrir meu coração pra você'. Apenas cale a boca e misture os ingredientes no caldeirão sim?

Malfoy se exaltou chamando a atenção de todos os presentes. Hermione lançou um olhar de reprova fulminante para Harry, mas ele fingiu que não viu. Snape, que sabia bem a situação em que Potter e Malfoy se encontravam (altas tensões), tentou não se irritar com o murmurinho que a sala fez após a frase proferida por Malfoy. Este, por sua vez, queria que a aula acabasse naquele instante, que ele pudesse ir para seu dormitório nas masmorras, se afundar em um sono profundo e esquecer todo aquele pesadelo que estava vivendo.

Ele estava especialmente irritado e com medo aquele dia, não tinha ninguém para conversar e nunca aceitaria a ajuda que Potter lhe estava oferecendo. Ele era um Malfoy. Passaria por aquela fase ruim muito bem sozinho.

Harry não entendeu muito bem o motivo de o loiro ter se portado daquela forma, mas não deu bola. Iria descobrir o que estava acontecendo com ele.

No meio da aula, Goyle, que estava fazendo dupla com Ron, ao se levantar desajeitadamente de sua carteira, se esbarrou no braço de Malfoy, fazendo este derrubar uma grande colher de sangue de morcego em suas vestes.

Malfoy o mirou com um olhar assassino. Seu dia estava sendo péssimo desde a hora em que levantara, Potter já havia lhe enchido as paciências e agora era obrigado a passar por aquilo. Ele poderia simplesmente ter xingado o colega de Casa e ter feito um feitiço para limpar a bagunça, mas, não foi o que ele fez.

- Aonde vai ?

- Vou para meu dormitório professor _ trincou os dentes _ Vou trocar minhas vestes.

- Não seria mais prudente que o senhor fizesse um simples feitiço de limpeza ?

A voz de Snape, como sempre, estava arrastada e sem uma gota de emoção. Malfoy deixou que as palavras soassem seu ouvido e o irritassem mais, ele precisava, mais do que nunca, de coragem para por em prática o que estava pensando em fazer.

- Não professor. Eu preciso ir para meu dormitório.

Harry que estava a seu lado, se quisesse, poderia pegar a ira do Sonserino com a mão. Agora tinha certeza de que Malfoy estava pior do que todos os outros dias e resolveu interferir.

- Professor deixe-o ir.

A voz soou com medo. Harry sabia que Malfoy estava entrando em estágio profundo de irritação e que isso fazia com que o Sonserino enlouquecesse.

Na Toca, dias depois de ter chego, Malfoy teve um desses ataques. Ele não estava acostumado com aquela vida e, com isso, estava arrecadando grandes tensões emocionais.

Harry ainda se lembrava bem daquele dia.

#Flash Back On#

- Eu não agüento mais. Eu não agüento mais.

Malfoy repetia baixinho aquelas palavras para si mesmo. Fazia duas semanas que estava na Toca. Duas semanas que seu pai havia sido capturado. Duas semanas que sua mãe se tornara escrava do Lorde das Trevas. E nada disso parecia ter fim, parecia estar se resolvendo ou pelo menos se amenizando, muito pelo contrário, piorava a cada dia.

O Sonserino não estava acostumado àquela vida que estava levando. Dividia o quarto com Harry e Ron, dormia em uma simples cama ao lado da janela, tinha que dividir o banheiro, acordava cedo e dormia tarde. A refeição não era de se reclamar, mas, não era digno de ser degustado por ele. Ele merecia muito mais, estava acostumado a alta gastronomia e aquilo que lhe era servido não chegava nem perto. Em sua mansão nunca tivera exposto a nenhuma daquelas situações e estava sendo difícil para ele se acostumar.

Não conversava com ninguém ali residente. Só trocava algumas palavras com Potter quando este lhe insistia muito, e isso o aborrecia; conversava também com Snape quando, uma vez por semana, vinha lhe visitar e ficar a par dos assuntos da Ordem.

Malfoy estava mal, mas não reclamava em voz alta. Sabia que se não fosse por aqueles 'pobres e mestiços' ele estaria morto, ou no mínimo sendo escravizado pelos Comensais do Lorde das Trevas. O negócio era tentar se acalmar e tentar levar a situação o melhor possível. Ele, até então conseguiu, mas, um dia surtou de vez.

Ele e Harry estavam sozinhos, por algum motivo. Harry estava na cozinha preparando um chá e Malfoy no banho.

Ao adentrar o box do chuveiro, Malfoy se deparou com algo que lhe embrulhou o estômago e lhe foi a gota d'água. Havia poção de barbear por toda extensão da pia e ele logo atribuiu àquela imundice á Ron.

Era um motivo bobo, ele reconhecia, mas, por sua ira acumulada, sentiu toda a raiva e desespero que estava dentro de seu corpo, corroendo cada pedacinho de bom senso e começou a gritar e a chorar copiosamente quebrando tudo que estava ao alcance de sua visão.

Harry ouviu o estrondo de algo se quebrando e foi direto ao banheiro, sabia que aquilo só podia ser obra do Sonserino.

Chegando ao batente da porta, Harry teve um choque com o que viu: Malfoy estava jogado ao chão, o box do chuveiro estava estilhaçado e a mão do loiro ensangüentada.

Num movimento automático e de puro instinto, Harry se abaixou para ampará-lo, mas quando ameaçou tocá-lo fora surpreendido por um de seus ataques de fúria.

- Não me toque! Não me toque Potter! Some daqui, não chegue perto.

Os gritos estridentes que invadiram-lhe o ouvido, fez com que Harry deduzisse que o loiro estava demasiado mal e, mesmo contra a vontade dele, o pegou no colo e o tirou do banheiro.

Malfoy se debatia em seu colo. Ele estava completamente nu, mas isso não parecia ser detalhe para se preocupar. Harry o depositou na cama enquanto murmurava palavras que o acalmassem.

- Calma Draco, vai ficar tudo bem, calma. _ o Grifinório o abraçava a força agora, temendo que ele pudesse se machucar mais.

Mas o Sonserino parecia não lhe dar ouvidos e continuava a se debater e a tentar socar Harry de qualquer maneira.

Minutos depois, vencido pelo cansaço, Malfoy parou. Com os olhos vermelhos e muito inchados e com o corpo ainda nu cedeu e deixou-se relaxar no colo de Harry.

- Draco?

Ele apenas suspirou, dando sinais de que não tentaria nada contra a vida do Grifinório que, apertou ele em seus braços tentando passar toda a segurança que ele sabia que estava em falta no loiro.

Aquilo era estranho para eles. Malfoy nunca pensara que perderia o controle perto de Potter e que, por sua ajuda, se acalmaria e voltasse ao estágio de 'nada aconteceu'. Harry compartilhava do mesmo sentimento. Nunca lhe passara pela cabeça que um dia presenciaria uma cena tão triste como aquela, onde o personagem principal fosse Malfoy. E muito menos que o confortaria em seus braços.

Harry voltou a deitá-lo na cama, Draco se virou para o lado dele e ousou olhar-lhe diretamente nos olhos.

- Não queria ter perdido o controle. Não perto de você. _ sua voz saiu num sussurro quase inaudível, ele estava esgotado e não seria bom que ele se alterasse mais.

- Não se deixe abater por isso. _ Harry lhe sorriu _ Conte-me o que aconteceu.

O loiro o fitou e ponderou se contava ou não ao Menino-Que-Sobreviveu os motivos que o levara a agir de forma tão enlouquecida e insana. Decidiu por contar. Havia se humilhado e sua explicação dos fatos faria por amenizar o constrangimento escondido, mas existente.

- Tenho ataques de fúria. Ninguém nunca soube, pois eu sempre fui muito controlado. Mas hoje... _ ele suspirou _ Hoje não pude controlar e acabei fazendo besteira.

Aquele Malfoy que estava à frente de Harry não se parecia nenhum pouco com o que ele conhecia. Tinha a expressão calma agora, estava admitindo suas fraquezas e tinha um ar tão vulnerável que a vontade que Harry tinha era de tomá-lo novamente nos braços e niná-lo, dizer para ele que tudo estaria bem no final. Apesar de sofrido, Harry gostava mais deste Malfoy.

- Por que você se exaltou tanto? _ Harry se aproximou dele com um quite trouxa de primeiros socorros e passou a curar-lhe a mão ferida.

- Sabe que este não é o mundo a que estou acostumado... Está sendo demais para mim.

Malfoy proferia as palavras de maneira lenta e cansada, denunciando seu verdadeiro estado. Estava encantado com a delicadeza de Potter ao tratar de seu ferimento e, por um momento, deixou-se levar por aqueles grandes olhos verdes que o encaravam.

- As coisas poderiam estar melhores se você se abrisse com alguém além de Severus. Os trouxas acreditam neste tipo de coisa, de desabafar maus sentimentos, frustrações e tudo o que nos aflige. Deveria tentar.

- Ah claro. E quem você me sugere? Granger? Projeto de Wesley? Hagrid?

- Não. Sugiro que se abra comigo. Sou capaz de entendê-lo, acredite.

Malfoy se obrigou a dar uma risadinha e nada respondeu. Aguardou que Harry lhe terminasse o curativo e lhe desse uma poção para acalmar e tirar a dor. A última coisa que se lembrara era de Harry lhe cobrindo com um lençol de seda branca e logo em seguida seguindo para o banheiro, dar um jeito em sua bagunça.

#Flash Back Off#

- Não se meta Potter! _ Malfoy gritou mais uma vez entre dentes cerrados ao perceber que toda sala olhava diretamente para ele.

Harry o ignorou fazendo mais uma vez para Snape deixá-lo ir. Snape por sua vez, entendia o medo de Potter, ele ficara sabendo do pequeno problema de Malfoy e não queria ver seu aluno preferido passar por maus bocados diante de toda a escola.

- Pode ir . _ declaro por fim.

- Eu não preciso da sua ajuda Potter! _ ele voltou a gritar. Sua ira tomando proporções incalculáveis.

- Vá de uma vez Malfoy! _ Harry pediu com aflição _ Vá.

Malfoy sacou a varinha. Não iria receber ordens de um criado trouxa 'testa rachada' metido a herói. Snape percebeu o perigo que Draco representava para o resto da turma lendo sua mente, ele queria azarar Potter por algum motivo que não ficava claro. Sua mente estava uma bagunça, ele estava confuso e fora de si. Precisava descontar sua ira em alguém.

- Abaixem-se todos _ Snape ordenou, recebendo de volta gritos de espanto e medo dos outros alunos _ Draco, abaixe sua varinha.

- Não! _ mirou na direção de Harry _ Cruciatus.

A sala se desesperou e por sorte Harry conseguiu escapar do ataque. Malfoy mandou que todos saíssem da sala enquanto se postava na frente da mesma, liberando a porta.

- Saiam! Não quero ninguém aqui. Não quero ninguém presenciando a morte de Potter!

- Saiam logo! _ Harry gritou.

- Harry isso é loucura! Venha pra fora agora!

- Saia Hermione! Saia!

Gritos e choros de desespero tomavam conta dos corredores das Masmorras agora. Com um ataque certeiro, Malfoy expulsou Snape de sua própria sala e este, sabendo que Harry se cuidaria muito bem, foi atrás de ajuda.

- Draco vamos conversar.

- Não me chame assim! Não lhe dou o direito!

- Está bem _ falou com cuidado _ Malfoy, você está igual àquele dia lembra? Lá na Toca. Deixa-me sanar essa sua dor, deixa eu te ajudar...

- Você não quer me ajudar Potter, ninguém quer! Você não tem por que fazer isso, não se meta em assuntos que não são seus!

Harry, aos poucos, ia se aproximando de Draco. Este, sempre gritando e tentando lhe ferir com algum feitiço, ora recuava ora dava atenção a Harry. Fora da sala de aula, Snape, McGonagall e Cornélio esperam ansiosos por algum sinal dos dois alunos, mas o que ouviam eram somente os altos gritos descontrolados de Malfoy.

- Malfoy _ Harry deu um passo _ se você me der sua varinha nós podemos conversar. _ mais um passo _ Já fizemos isso uma vez, lembra? Deu certo aquele dia na Toca e pode dar certo hoje de novo.

- Não sei Potter... _ a voz de Draco saiu quase num sussurro. Ele estava fora de si e Potter, com seu maldito poder de lhe falar coisas que o acalmavam, estava conseguindo fazer ele mudar de ideia sobre como seguir.

- Vamos... Você consegue.

- Não!

- Para de ser infantil Malfoy! Não é por que você tem alguns problemas que pode sair por aí agindo como louco! Não há motivo!

- Você não sabe de nada 'testa rachada'. Você não sabe o que está acontecendo!

- Então me conta, desabafa! Mas para de agir de modo tão irresponsável!

Draco se lembrou dos motivos que o levara a tal estágio de insanidade aquele dia e desabou, caiu ao chão chorando a plenos pulmões e Harry foi a seu encontro.

- Ele fugiu de Azkaban... Ele está atrás de mim agora...

- Quem?

- Ele quer me matar...

- Pelo amor de Merlim Malfoy, de quem você está falando?

- Lucio... _ ele sussurrou

Harry estava com um medo avassalador, mas não mostraria isso para o Sonserino. Estava muito perto dele agora e ele dava sinais de que desmaiaria logo, não estava agüentando mais, então era tudo questão de tempo.

Aproveitando o momento em que Malfoy parecia perdido em seus pensamentos, com o olhar triste e longe além de vermelhos e inchados, Harry o desarmou, atirando sua varinha para longe, o deixando a sua mercê.

- Ele vai me matar, vai me matar...

Malfoy agora não se parecia em nada com o que, até poucos minutos, estava ameaçando a vida de Harry. Agora estava encolhido no chão da sala, chorando e mostrando todo o medo que tinha.

Harry se ajoelhou ao lado de dele e o cobriu com seu corpo.

- Ele não vai te fazer nada. Eu te prometo.

Harry se sentiu invadido por um sentimento de proteção que há muito vinha sentindo quando estava perto de Draco. Uma mistura de dever em cuidá-lo com algo que o apertava o coração deixavam claro para ele que Draco, agora, era o maior motivo que ele tinha para não largar tudo e desistir. Ele não aguentava mais ver o Sonserino daquele jeito e decidira por um fim a tanto sofrimento.

Nesse momento a sala fora invadida pelos professores, que logo vieram ao encontro dos alunos. Cornélio lançou um feitiço sedativo em Draco e ele fora encaminhado para a enfermaria, acompanhado por Snape.

Harry ficou na sala para ajudar a professora McGonagall a arrumar a bagunça. Ron e Hermione também ficaram, a última, com medo de ouvir de Harry os motivos que levaram Draco a agir daquele jeito.

- Potter o que o lhe falou? _ a voz da professora transbordava preocupação e, como Hermione, temia ouvir a resposta.

- Lucius fugiu de Azkaban e agora está atrás dele.

Harry falou sem rodeios, aquele assunto dispensava qualquer enrolação. Tinham mais um problema agora com Lucius solto por aí e ameaçando a vida do filho. Este era mais um sinal de que o Lorde das Trevas logo daria seu cheque-mate.

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Assim:

É a minha primeira fanfic [DRARRY]

É a primeira fanfic que eu posto aqui - (to apanhando horrores pra aprender a usar esse site ¬¬')

Espero comentários *-* e também a opinião sincera de quem ler. É importante pra mim.

Atualização em +/- sete dias =D

____

Bhruunaa.