Olá!
Primeira fic de Saint Seiya aqui no fanfiction, espero que gostem!
História em três capítulos.
Retratação: Saint Seiya e seus personagens não me pertencem.
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Praia
Eram apenas dois meninos, cavaleiros sim, mas ainda meninos. O mestre os fuzilaria com os olhos se soubesse que estavam matando o treino, os mais aplicados e poderosos cavaleiros de ouro correndo pela praia como se fossem garotos normais.
Aioros acabara de voltar de uma missão no Egito, depois de passar a manhã com seu irmão, coagiu Gêmeos a também sair à francesa na hora do almoço, e não voltar a tempo de chegar atrasado para o segundo turno de treino.
- Aioros, vamos voltar.
- Não seja estraga prazeres, Saga. – dizia enquanto dava chutes levantando a areia sob seus pés – Eu estou cansado. – afirmou relaxando os ombros.
- Poderia ter pedido folga ao mestre, não acho que ele iria se opor. – disse cruzando os braços bem definidos.
- Que graça teria sair de folga sozinho? – indagou de forma sonsa – Eu não teria o que fazer.
- Bem, no momento você não está sozinho e ao meu ver não tem nada mais interessante do que chutar areia para fazer. – concluiu com um meio sorriso vitorioso.
- Não seja chato, geminiano. – Aioros repreendeu.
O outro riu e deitou-se na areia, pondo das mãos como apoio para a cabeça, olhava para o céu nublado daquela tarde e esticou-se confortável enterrando os calcanhares na terra. Brincou um pouco com os fios louros, penteando a franja com os dedos. Respirou fundo inalando maresia e cheiro de terra molhada. Havia chovido mais cedo e parecia que ia chover novamente. Isso fazia a mente de Saga viajar, nesses dias de chuva Kanon sempre se sentia solitário. Ficava feliz que pelo menos naquela tarde, ele pudesse interagir com os outros, indo ao treino em seu lugar. Sua mente vagou em pensamentos avulsos e chegou então em Aioros, pensou na confusão que daria se tivesse conseguido convencê-lo a voltar. Mas sabia que não poderia, o sagitariano era determinado, para não dizer teimoso.
Os dois eram quase extremos, Saga paciente, reservado, disciplinado e Aioros com seu espírito indomado, sua sede quase saciada de aventura. E ainda assim andavam juntos e estavam os dois naquele momento. A brisa balançou os cabelos louros de forma brusca e depois leve, os olhos permaneciam cerrados.
- Porque você chamou a mim?
Os dois não eram tão bons amigos quanto gostariam, talvez porque fizessem questão de sempre lhes lembrar que eram rivais. Mas Aioros não era nem um pouco preocupado com aquilo. Passados alguns segundos sem resposta Saga abriu os olhos e viu as orbitas de centros verdes perto demais do seu rosto, ele estava debruçado sobre si com aquele semblante transmitindo uma inocência que, sabia ele, Sagitário já não tinha.
- Quando chegou tão perto? – o outro riu.
- O que foi? Baixou a guarda? Estou aqui a um bom tempo já.
O geminiano coçou a testa um tanto nervoso com a aproximação repentina. O outro não parecia muito disposto a afastar-se. Ficaram nesse clima tenso, até que Aioros deu um meio sorriso e deitou-se na areia a uma distância aceitável. Deitou-se tal qual o menino de cabelos compridos ao seu lado. Respirou fundo e olhando para o único raio de sol que ousava cortar as nuvens carregadas, indagou tentando parecer despretensioso.
- Saga, você já beijou alguém?
- Não. – respondeu tranquilamente, sem reservas para com o amigo.
- Eu também não. – houve silêncio por algum tempo – Acha que se fossemos garotos normais já teríamos beijado?
Saga levantou o torso sentando-se, aquela era uma pergunta capciosa. Os olhos azuis encararam o do outro, tão sérios e sóbrios quanto poderiam ser na face de um menino de treze anos. Ele sorriu para Aioros e tomou fôlego desviando o olhar para o mar durante um momento e depois voltando para ele.
- Nunca saberemos, Aioros. Nós não somos garotos normais e seremos sempre assombrados pela chance de termos sido. Somos privados de alguns dos prazeres mais mundanos como o cinema no fim de tarde, bailes de primavera ou mesmo dormir tarde assistindo alguma coisa estúpida na televisão. Nós somos cavaleiros de Athena, e com esse título vêm muito mais responsabilidades do que glórias.
- Eu sei. – o outro suspirou, sentando também – É só que às vezes... – ele calou-se e pensou um pouco – Saga – chamou a atenção do outro que continuava a lhe transmitir aquele olhar sereno – Você não sente falta dessas coisas?
- Não sinto falta do que nunca tive.
Aioros soltou um riso baixo e debochado, olhou para o outro e limpou um grão de areia na face calma, para logo depois acariciá-la.
- Sempre tão sábio... – disse em tom de chacota – E belo como um deus. – completando com seriedade no olhar sem desgrudar nem olhos nem dedos daquele rosto.
- Aioros – falou pausadamente – Toda essa conversa é porque você que me beijar? – seus olhos eram indecifráveis e penetrantes.
Sagitário ficou com o rosto rubro no mesmo instante, retirou a mão da pele do outro e baixou o olhar tentando encontrar palavras para responder aquilo, apenas sussurros desconexos escaparam de seus lábios até que a frase veio à garganta e ele encarou o geminiano com um sorriso que aspirava ser confiante.
- Ora, você é mesmo convencido, Gêmeos – afirmou entre gaguejos.
- Talvez seja. – arquejou as sobrancelhas e continuou sério – Mas estou eu errado?
O outro riu-se. Um sorriso constrangido, aberto, coçou a cabeça sem graça e desceu a mão pelo pescoço, afastando um pouco da areia do ombro. Foi ficando sério aos poucos, embora ainda estivesse rubro. Criou coragem para encarar Gêmeos e sua face serena, e se sentiu mais ansioso ainda quando viu que o outro também estava corado. Sua boca secou e a resposta saiu quase sem querer.
- E se não estiver?
Permaneceram nesse jogo por algum tempo, os olhos fixos no outro, a brisa que se transformava em vento forte balançando as madeixas de ambos deixando a imagem de um cada vez mais bela para o outro. O cheiro do mar era forte e as nuvens cederam mais um pouco a alguns raios de Sol. Saga quebrou o contato visual encarando a areia e então o mar, praguejando consigo mesmo. Depois voltou os olhos para o outro rapaz, percorreu meia distância entre os dois e olhou de novo para baixo, sem ter ciência do Aioros chocado a sua frente.
- Não acredito que vou fazer isso. – sussurrou consigo mesmo.
A franja cobria seu rosto enquanto ele mirava a areia e tomava sua decisão. Quando a face se ergueu para Sagitário, pareceu ainda mais bela desconsertada, envergonhada, da maneira que nunca havia visto Saga antes. O espaço entre os rostos era mínimo, mais nenhum dos dois ousava atravessá-lo. Encararam-se por algum tempo, as respirações se chocando, os olhos fixos nos olhos do outro. A situação só se quebrou quando Aioros, em um deslize, fitou sedento os lábios de Saga, o mesmo não se conteve mais, encostando a boca na dele em um contato desajeitado e, ainda assim, quente e acolhedor.
Durou apenas três segundos e se separaram mais rubros do que nunca. A distância ainda era curta e os lábios voltaram a se unir, uma vez, duas e na terceira já não se separavam mais, eram vorazes, devorando o gosto alheio sem pudor. Saga o forçou deitando-se por cima dele no chão.
Eram quatro mãos agarrando avidamente cabelos, rostos, braços, costas, pernas e areia. Um beijo intenso e sem pressa de terminar, eles se provavam, se exploravam e os corpos respondiam a essa carícia com menos reservas que os dois. Sentiam um ao outro e pensaram ao mesmo tempo em como aquilo iria terminar. Separaram os lábios a muito custo, ainda beijando-se e acariciando-se.
- O que vamos fazer? – Saga perguntou um tanto preocupado com um fato que haviam ignorado até ali, ambos eram homens.
- Eu quero mais. – Aioros disse ofegante buscando a boca de Gêmeos.
- Eu também quero. Esse é o problema.
Saga foi prudente e afastou-se um pouco, deitando de lado e afagando os cabelos curtos do outro. Olharam-se ternamente, tentando acalmar o desejo de seus corpos, e fazendo um carinho mais ameno.
- Quero que durma comigo hoje, Saga.
O outro riu de leve, selou os lábios de Sagitário e sorriu para ele, acariciando seu rosto.
- Como faremos, Aioros?
- Daremos um jeito, não quero pensar nisso agora. – disse puxando o pescoço do geminiano para mais beijos e carícias.
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Pois é, esse foi o primeiro capítulo, pra quem os achou muito jovem e talz, eu também achei, mas respeitei a idade que o criador lhes deu. E Achei que fazê-los com 14(idade que Aioros tinha quando morreu pelas mãos de Shura, que tinha apenas 10 anos!) 15 anos ia ser muito em cima da tragédia, então deixei treze mesmo. ^^
Espero que tenham gostado!
See ya!
