Estava tudo bem até você aparecer.
E doía. Vê-lo sendo adorado por James, aquele que costumava falar apenas comigo. Vê-lo se aproximando, tomando meu espaço, sorridente. Eu calado. Meus olhos pesando em seu rosto sereno. Ser deixado pra trás enquanto você me hipnotizava. A rapidez com que eu estava completamente entregue a ti. Me assustava. Eu ficava impressionado com tua perfeição, tua beleza encantadora. Cada cicatriz eu sabia o de cor e meu corpo se arrepiava ao sentir teu cheiro de baunilha. Tua respiração perto de mim, meu coração acelerado, meu calor. Daí meu sorriso bobo em tua direção, minha vermelhão, vergonha na tua frente. Na verdade eu queria me exibir. E logo me declarei. Parecia piada mesmo. E tu riu. Aquela tua gargalhada gostosa, eufórica. Me senti humilhado. Parecia que uma dor me consumia há muito tempo e ali eu me senti a última pessoa do universo. Essa sensação foi o suficiente para atingir minha impulsividade, me fazendo agarrar teu pescoço violentamente, te deitar, te jogar no chão e ali mesmo tascar-lhe um beijo. Molhado e demorado o bastante para amanhecer o dia nublado sobre nossas mentes ainda bêbadas da noite anterior. Tua desculpa, teu nervosismo. Te vi correr de volta até o castelo. Confuso. Eu consegui te mostrar como você me fazia sentir. Confuso.
Sorri para o vazio, me levantei e andando lentamente entrei no castelo para te avistar comendo um pedaço de bolo de cenoura na enorme mesa de madeira. Sorridente. Então eu queria explodir de felicidade ao enxergar teus olhos castanhos em mim enquanto simplesmente sorrias calado com teu bolo alaranjado.
"Então isso é amor", você me fez pensar.
