Eu não estava à espera de escrever esta história... Eu apenas sonhei com isto a semana passada e achei uma boa ideia escrever isto o mais rapidamente possível para não me esquecer. O título foi atribuído ao acaso nem sei se fica bem. Como é óbvio eu não me lembro com detalhe do meu sonho por isso tive de imaginar algumas coisas para tornar a história mais interessante.

Desde já muito obrigada por ler. (não sei ao certo quando vou actualizar esta história)/(4ª feira, novo capitulo de Criada de Servir)

Não me achem estranha por sonhar com isso... Eu não controlo.


Os últimos dias não têm sido fáceis… as discussões com Nicole estavam cada vez piores e a nossa relação já não parecia ter futuro. Muito menos agora… Há poucas horas atrás descobri que ela me andou a trair. Não a queria ver mais, nem falar mais com ela! Eu só queria simplesmente esquecer a existência dela. Eu sei que parece infantil, mas eu queria vingança. Eu queria encontrar uma das amigas dela e fode-la toda, tal como ela e o meu "amigo" fizeram. Eu não tinha para onde ir. Tecnicamente tinha o meu apartamento… estava cheio de recordações dela que eu não queria pensar neste momento. Por esse motivo continuo a passear pelas ruas da cidade, as pessoas andam freneticamente e os carros passam pela avenida a alta velocidade. Apesar de ter muita gente à minha volta sentia-me completamente sozinho. Eu segui o fluxo de pessoas e fui parar a um café, paguei o que devia e sai com um copo de café escaldante e continuei sem destino.

"Hey! Está tudo bem contigo?" Pergunta uma voz de mulher, mas nem olho. Não deve ser para mim. "Hey! Tu aí! De casaco preto." Desta vez olho sabendo que era para mim. Era uma prostituta. "Desculpe, não estou interessado." Digo enquanto continuo a andar.

Não havia quase ninguém nesta rua e eu podia ouvir o click dos saltos altos da mulher atrás de mim. "Eu já disse que não estou interessado podes ir embora." Digo sem olhar para ela.

"Eu posso ajudar-te a esquecer os teus problemas, lindo." Diz ela.

Viro-me para ela e grito. "EU JÁ DISSE QUE NÃO!" Ela ficou assustada com a minha reacção.

"Ok! Já percebi." Ela diz com uma voz sumida antes de ir embora.

"Espera… Desculpa, não devia ter reagido assim." Chamo-a.

Ela olha para mim. "Eu já estou habituada." Ela aconchega-se no casaco e puxa o minúsculo vestido para lhe cobrir as pernas, mas foi em vão. Eu tiro a única nota que tinha na carteira para lhe dar. Ela só olha para mim enquanto mantenho a nota esticada para ela. "Eu não aceito esmola." Diz ela antes de ir embora.

"Vá lá! Diz-me que já comeste alguma coisa hoje." Eu não podia acreditar que ela não ia aceitar o dinheiro por orgulho. Ela nem olhou para trás.

Eu simplesmente virei as costas e continuei a caminhar para o meu apartamento.


Eu não queria estar aqui, mas tinha de dormir em algum lugar. No entanto os meus pensamentos sobre Nicole desvaneciam-se quando começava a pensar na rapariga que me abordou há poucos minutos atrás. Ela era bonita, provavelmente teria facilidade em encontrar um emprego decente. Vender o corpo na rua não era uma boa vida para ninguém e por alguma razão eu queria ajudá-la. Não sei se foi por pensar que ela estava pior do que eu ou por compaixão, mas alguma coisa nela prendeu a minha atenção. Ela era uma prostituta nem deve ter um lugar decente para dormir e sabe-se lá os outros problemas que ela tem. Eu preciso de um banho… A água quente acalma-me.

Assim que visto a roupa limpa deito-me na cama. Cheirava a Nicole, mas mesmo assim tentei não pensar nela e adormeci.

1 Hora mais tarde acordo com o som estridente de um trovão e a chuva forte a bater na minha janela. Eu tentei virar-me na cama, mas o sono não voltou. Levanto-me e ando pela casa, haviam fotografias minhas e dela por toda a parte. Começo a recolher tudo o que tenho dela para dentro de uma caixa de cartão e coloco-a junto à porta da entrada. Eu podia parecer louco por estar a fazer isto às tantas da madrugada, mas eu não suportava ver as coisas da minha ex-namorada depois do que ela fez.

A tempestade lá fora parecia ficar pior a cada segundo e do nada volto a pensar na rapariga. E se ela não encontrou um abrigo? Ela anda na rua, ela sabe tomar conta se si própria. Volto para a cama, mas a minha consciência não estava limpa por isso era escusado tentar dormir. E se ela ainda estava no mesmo sítio à espera de alguém? Levanto-me visto umas calças, pego na chave do carro e no guarda chuva. Vou ver se a vejo.

10 Minutos depois não havia nenhum sinal dela. Deve ter encontrado um sítio ou estava com alguém… Eu continuo a conduzir pela rua e entre as gotas grossas no meu pára-brisas vejo a mulher que vi mais cedo tentando abrigar-se da chuva num toldo de uma loja. Eu paro o carro na berma, saio com o guarda chuva e vou até ela.

Ela olha para mim com um olhar interrogativo. "Pensei que não querias nada." Diz ela. "Mudas-te de ideias?" Ela pergunta um sorriso sedutor.

"Não! Quer dizer eu estava preocupado contigo."

"Vieste perder o teu tempo. Eu estou bem." Diz ela. "Vai embora." Ela começa a andar pela rua afastando-se de mim.

"Espera!"

"Se soubesse que eras assim tão chato nunca teria falado contigo. Desanda!"

"Pensei que podias queres um lugar para dormir é só isso." Defendo-me e volto para o carro.

"Hey?" Ela chama.

"Sim?" Viro-me outra vez para ela.

"Onde é esse lugar?"

Eu sorrio para mim mesmo. "O meu apartamento, tenho uma cama para ti se quiseres." Ela olha para mim desconfiada.

"Desde que pagues se for mais do que apenas dormir tudo bem." Diz ela seguindo-me.

"Eu juro que é apenas dormir."


Ela entra depois de mim, mostro-lhe o meu quarto dou-lhe algumas das minhas roupas limpas e deixo-a na casa de banho. "Fica à vontade."

"Obrigada." Diz ela fechando a porta, poucos minutos depois posso ouvir a água do duche a correr. Eu volto ao quarto e pego na almofada e no cobertor extra para o sofá.

Eu sei que é meio da noite, mas eu começo a cozinhar. Oiço a porta da casa de banho abrir e os passos da rapariga a aproximar-se. "Pensei que também podias querer comer alguma coisa, fiz ovos mexidos para nós." Digo-lhe.

Ela senta-se num lugar à mesa eu dou-lhe um prato e ela come um pouco. "Está bom, obrigada." Diz ela com um sorriso. "Porque estás a fazer isto?" Ela pergunta sem rodeios.

"Eu já disse que estava preocupado contigo, a tempestade parece não ter fim."

"Mesmo assim não me conheces, não tinhas de o fazer."

"Eu sei, mas senti necessidade de te ajudar. Eu tive um dia difícil e percebi que tinha de fazer alguma coisa boa por alguém. Esta foi a minha boa acção."

"Queres falar dos teus problemas? Há pessoas que me pagam só para falar da vida..."

"Não, eu não quero pensar mais nisso. Só quero acabar de comer e dormir um pouco."

"Eu também quero dormir um pouco." Diz cansada.

Acabamos de comer.

"Devias ir para a cama." Digo-lhe levando os pratos para a pia.

"Boa noite." Diz ela indo para o quarto enquanto eu vou para o sofá.

"Boa noite." Eu nem sabia o nome dela…

"Tu vais ficar no sofá enquanto eu fico na cama?"

"Sim, agora vai."

"Mas não é justo… Eu não me importo de dormir aqui. A casa é tua e eu já dormi em sítios muito piores."

"Não. Eu fico no sofá e tu na cama. Eu sou um cavalheiro… As senhoras devem estar melhores que os homens." Vejam onde isto me levou com Nicole… Mas eu era mesmo assim.

"Que pensamento tão antiquado… Tens 60 anos?" Ela ri. "De qualquer maneira não te vou deixar ficar aqui." Ela aponta para o sofá. "Podemos dormir na cama há espaço para os dois. Eu prometo que não cobro por dormir. Vá lá!" Ela pega-me na mão arrastando-me para o quarto. "Eu não mordo." Ela diz com um sorriso atrevido.

"Eu nem sei o teu nome."

"O que isso interessa?" Pergunta ela sentando-se na cama.

"Eu não costumo dormir com pessoas sem saber pelo menos o nome."

"E eu não costumo dormir com pessoas quando sabem o meu nome, mas se é tão importante para ti o meu nome é Aria. Agora é justo saber o teu."

"O meu nome é Ezra." Digo quando começo a deitar-me ao lado dela e apago a luz. "Dorme bem, Aria."

"Tu também Ezra."

Pela primeira vez nesta noite eu estava realmente cansado e sentia-me bem por a ter ajudado. Eu não devia ter ficado aqui com ela, mas toda a boa energia dela tinha-me enfeitiçado. "Ezra? Estás a dormir?" Ela pergunta num sussurro.

O que faço? Respondo ou não? Passaram alguns segundos. "Precisas de alguma coisa?"

"É só uma pergunta… Porque foste realmente à minha procura?"

"Eu não sei… Era a coisa certa a fazer e estava preocupado." A chuva ainda era forte.

"Mesmo sendo a coisa certa a fazer nem todas as pessoas o fariam. Obrigada." Diz ela enquanto se encosta mais a mim. Eu não sabia o que fazer… Afastá-la? Ela aproxima-se ainda mais de mim encostando a cabeça no meu ombro. "Descontraí… Esta noite não tens de te preocupar com mais nada." Diz ela abraçando-se a mim.

Poucos minutos depois ela estava a dormir. "De nada!" Sussurro em resposta sabendo que ela já não estava a ouvir.


"O QUE SE PASSA AQUI?" Oiço os gritos estridentes de uma voz muito familiar e sinto Aria a afastar-se de mim.

Assim que abro os olhos vejo Nicole com as duas mãos na anca. Só me faltava esta… Ela ainda tinha as chaves do meu apartamento… "Não tens nada a ver com o que se passa aqui."

Aria estava sentada a olhar para mim e para ela. Eu tive pena de a ver tão perdida no meio disto tudo. "Ezra, tu és meu namorado!"

"Não sou teu namorado. As tuas coisas estão à porta, leva-as e nunca mais voltes."

"O quê?"

"É isso mesmo e podes devolver-me as chaves do meu apartamento."

"Eu não estou a perceber…"

Eu estava a ficar cada vez mais chateado. "Eu posso explicar, a noite passada eu ia fazer-te uma surpresa e quem acabou surpreendido fui eu… O James? A sério? Como pude ser tão burro…"

"Ezra, eu amo-te…"

"Podes parar e sair, eu não te quero ver nunca mais e não consigo compreender como consegues olhar na minha cara depois do que fizeste."

Nicole olha para a Aria. "É por isso que arranjaste uma puta qualquer para dormir contigo?"

Eu não sei porquê, mas as palavras ofensivas de Nicole em relação à Aria deixaram-me ainda mais chateado. Eu não tinha absolutamente nada a ver com Aria, mas eu sentia-me no dever de a proteger. "Não fales mal dela. Basta ires." É a única coisa que digo.

"Nós podemos resolver as coisas." Nicole insiste.

Eu estava no limite da minha paciência. "SAI DA MINHA CASA AGORA! EU NÃO QUERO VER A TUA CARA NUNCA MAIS!" Eu grito. Eu sinto Aria saltar de susto ao meu lado e vejo Nicole também em choque.

"Ok… Eu vou sair da tua vida. Sê feliz. Adeus Ezra." Ela sai do quarto e alguns segundos depois a porta da frente bate.

Fiquei em silêncio os minutos seguintes, Aria também não falou… Talvez tivesse medo de mim. Esta era a segunda vez que eu gritava e ela assistia. "Desculpa. Não tinhas de assistir a isto… Coloquei-te inconscientemente nesta situação." Digo sem olhar para ela e levanto-me para obter algumas roupas limpas para o dia.

"Não faz mal. É melhor ir embora, não quero incomodar nem arranjar mais problemas." Diz ela.

"Não… Quer dizer, podes ficar comigo mais tempo. Podemos tomar o pequeno almoço. Eu quero muito ajudar-te." Digo com esperança que ela aceite a minha proposta.

"Obrigada Ezra, do fundo do meu coração. Há muito tempo que ninguém se preocupa realmente comigo, o teu coração é bondoso. Isto não é correto e tu sabes disso, eu só te vou trazer problemas." Ela diz levantando-se, só então eu percebo que ela é realmente pequena sem os saltos altos.

"Que tipo de problemas?"

"Ezra… Eu tenho algumas pessoas que me mantêm nesta vida, eu não consigo sair sem ter consequências." Diz ela. "Eu tenho de ir." Diz ela pegando nas roupas dela e entrando na casa de banho.

Eu não podia fazer mais nada, eu não a podia manter aqui para sempre. Eu e ela não temos absolutamente nenhum vinculo que nos una. Vou até à cozinha e preparo duas taças com cereais. Ela passa até à saída. "Adeus Ezra."

"Espera." Eu corro até à porta da saída para não a deixar ir ainda. "Pelo menos come alguma coisa antes de ires. Eu não vou aceitar um não como resposta."

Ela suspira. "Ok, só isso e depois vou embora."

"Combinado."

Ela vem comigo e come.

"Já estás a viver assim há muito tempo?" Pergunto-lhe.

"Cerca de 1 ano e tu? O que fazes?" Eu podia ver que ela estava a fazer um esforço para parecer sociável.

"Sempre vivi aqui e sou professor de inglês." Digo-lho.

"Eu podia ter adivinhado isso pelo número de livros espalhados por toda a casa." Ela sorri. "Não vale a pena perguntar pela tua vida amorosa… E a tua família?"

"A minha família é formidável apoiam-me sempre nos momentos mais difíceis, eu ainda não contei aos meus pais o que aconteceu com Nicole. Eu sei que a minha mãe gostava dela… Ela vai ficar tão desiludida quando lhe disser que a nossa relação terminou."

"Assim como? Ela traiu-te… Tu não fizeste nada de mal a culpa foi toda dela. Eu tenho pena por ela ser tão estúpida para não ver o homem fantástico que tu és. Eu já conheci muitos homem Ezra, mas nunca nenhum me tratou como tu me tratas." Eu podia dizer que ela estava a ser honesta comigo. Ela acha-me fantástico.

Eu só posso sorrir para ela. "Tu tens família?" Pergunto-lhe.

"Sim, eu tenho um pai que nem faço ideia onde está. A minha mãe morreu há 3 anos, ela e o meu pai separaram-se antes disso. Nessa altura eu já era maior de idade e comecei a trabalhar, mas a vida não foi simpática e mandaram-me para casa. Eu não consegui mais trabalho, comecei a ficar sem dinheiro e as contas foram aparecendo. Vendi a casa e paguei as dividas. Aluguei um quarto por alguns meses, foi nessa altura que conheci o meu chefe. Ele prometeu-me um lugar para dormir e comida, mas em troca tenho de lhe dar 50% de tudo o que ganho por noite. Ele mentiu, muitas das vezes nem me dá nada e se não lhe levo dinheiro uma noite ele deixa-me sem comer esse dia como castigo."

"Nunca tentaste encontrar um trabalho novamente."

"Sim, mas ele descobriu… Ele mandou uns tipos para me bater. Eu pensei que ia morrer nesse dia." A expressão dela mudou, ela parecia aterrorizada. "Se ele soubesse que estou aqui assim… Eu nem quero imaginar o que ele faria." Ouve uma breve pausa. "Eu nem sei porque te estou a dizer isto…"

Eu podia dizer com toda a certeza que ela já passou por muito nos últimos anos e eu não podia fazer absolutamente nada para a ajudar… Eu nem sabia o que dizer.

"Eu devia ir agora." Ela levanta-se e vai até à porta.

"Eu gostava de te ajudar… Se tu deixares." Eu digo-lhe.

"É perigoso! Eu já não tenho salvação possível, mantém a distância de mim e nunca terás problemas." Ela olha-me nos olhos. Os olhos dela gritavam bondade. "Tens tudo para ser feliz Ezra. Não te esqueças disso." Ela beija-me no rosto e sai deixa-me a olhar para a porta. A casa estava assustadoramente silenciosa, ela trouxe alguma luz à minha vida por algumas horas e agora... não restava nada.