Disclaimer: Harry Potter pertence a J.K.Rowling. Essa fanfic não possui fins lucrativos.
Resumo: Você costumava me fazer voar, James. Você me libertou do meu casulo. Mas eu nunca lhe disse isso. Para Marmaduke Scarlet.
Nota: essa fanfic foi escrita para o Amigo Secreto da seção James e Lily do Fórum do A3V. Minha amiga secreta é... suspense... MARMADUKE SCARLET! Mari, essa fic é para você (tu não se importa que eu use ela em algum challenge, né? AH TRI saduhiudhasiudhaiushdia). Enfim. Espero que tu goste e que todo mundo que leia também goste, e que comentem, lógico. Porque reviews são quase o meu alimento (não que eu as coma, mas enfim. Não liguem, to meio fora hoje). Enfim. Beijos.
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Bittersweet Faith
You and I, we live and die and the world's still spinning around
But we don't know why why why why why why
Slowly walking down the hall faster than a cannonball
Where were you while we were getting high?
(Oasis)
"Gosto de observar você." Eu falei, e você riu, achando bobagem das minhas palavras. Não sabia que era isso que havia feito com que eu me apaixonasse. Não foi a sua insistência, nem mesmo o tempo que dedicava para me impressionar.
Foi naquela noite fria de inverno que eu fingia estudar para qualquer exame que viesse pela frente, enquanto o observava por cima das páginas do livro. Os primeiros botões da camisa estavam abertos e os cabelos estavam completamente desarrumados, mas a sua atenção estava completamente dirigida para o pergaminho à sua frente. Você molhava a pena no tinteiro lentamente, e não era de propósito. Parecia conceder, a cada coisa que fazia, toda a sua atenção. E então acariciava o pergaminho com a pena, a tinta o marcando de preto.
Gostava de observá-lo dormir, libertar-se ao comando dos sentidos. Você acordava e me beijava, me beijava com calma e aquela mesma lentidão. Era um beijo sonolento, com gosto de você.
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Você costumava rir dos meus cabelos tão vermelhos e os comparar às folhas de Outono. Eu costumava ouvir em silêncio, enquanto suas mãos percorriam os fios e eu sentia sua respiração próxima ao meu ouvido. E então olhava em meus olhos e dizia que eles tinham a vivacidade do verão, tão verdes assim. E me beijava de novo, e dizia que nossos filhos teriam aqueles mesmos olhos.
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Você também me despia com aquela lentidão. E era uma lentidão deliciosa, sedutora e ao mesmo tempo agoniante. Sempre fui mais ansiosa. Não me importava com os detalhes. Arrancaria as roupas se você não tirasse minhas mãos e me dissesse para deixá-lo fazer o que queria.
E você desabotoava a blusa lentamente, e deixava as pontas dos dedos roçarem por cada centímetro da pele. Era quente, e gostoso, e me arrepiava completamente a maneira como as pontas dos dedos deslizavam sobre mim. Traziam sempre a sua lentidão, mas era com rapidez que eu me sentia explodir. Roçava os lábios pelas minhas pernas e pela barriga, e ria e me beijava. Nunca rápido, mas sempre delicioso.
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Você costumava dizer que os pores-do-sol eram nossos momentos, e não era só por causa do vermelho do meu cabelo que se assemelhava ao céu avermelhado pelos raios de sol. Você dizia que adorava aqueles momentos em que o sol é fraco e acaricia a pele, e a brisa é gostosa e não gelada demais. Dizia que poderia viver para sempre observando o pôr-do-sol.
Mas ele sempre acabava, e a noite chegava com a sua escuridão. Eu gostava da noite, com as milhares de estrelas e a lua brilhante. Gostava do trilho de prata que a lua marcava na água, ou na forma como a luz prateada pairava sobre nós. E gostava da brisa fria arrepiando a pele.
Você nunca entendeu como eu gostava da noite. Eu lhe mostrava as estrelas e pedia para você contar, e você começava, sempre, com aquela mesma lentidão, e se perdia. E eu ria e você me beijava.
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Você riu quando eu disse o quanto gostava de borboletas. O quanto gostava da trajetória da lagarta, da formação do casulo e do tempo necessário para ela poder se libertar e voar com as suas asas. O quanto eu gostava das cores lindas, ou da forma como elas sempre pareciam encontrar uma flor. Costumava brincar que todas as pessoas eram apenas lagartas, e elas precisavam encontrar algo que as transformasse em lindas borboletas.
Você costumava me fazer voar, James. Você me libertou do meu casulo. Mas eu nunca lhe disse isso.
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"Eu gosto do modo como você me olha." Você disse uma vez. E passou as mãos pelos meus cabelos e sorriu, os olhos pregados nos meus.
Eu sabia por quê. Eu olhava para você com a mesma atenção que você costumava dar a qualquer coisa. Como quando tirava os óculos dos olhos e limpava as lentes na camiseta. Era um movimento lento, atencioso, fascinante. E eu o olhava com calma, sem pressa, completamente absorta. E você gostava de me olhar, da mesma forma que eu gostava de observá-lo fazendo qualquer coisa que precisasse fazer.
Tínhamos, enfim, algo de parecido.
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Você gostava de acender velas à noite, e achava bobo o meu costume de ligar o som. A música sempre tinha uma batida lenta, e você acabava dançando comigo sobre o tapete peludo. Até as velas apagarem.
As velas tinham cheiro de flores secas.
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Você riu quando eu disse o quanto gostava de borboletas, mas, depois, costumava pegá-las e levá-las até mim. E abria a mão com aquela mesma lentidão e a deixava sair voando.
"Você faz com meus pés saiam do chão." Eu cochichei em seu ouvido.
Mas nunca disse que você me libertou.
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Você chorou e riu quando eu disse que estava grávida, e me pegou no colo e me girou. E nós caímos, naquele mesmo tapete peludo, e fizemos amor. Você disse que me amava, muitas vezes, e fez planos para o nosso futuro.
Não sabíamos, James.
Você ria e falava como ensinaria quadribol à pequena criança, não importava se fosse menino ou menina. E me dizia onde iríamos morar e como visitaríamos Hogsmeade quando nosso bebê estivesse em Hogwarts. E que a guerra acabaria e não existiria mais Voldemort. Só nós.
Mas nós não sabíamos, James.
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Eu gostava de observar você. A maneira como pegava Harry no colo e o fazia rir, e como gostava de dizer que ele realmente tinha os meus olhos. E novamente falava sobre o que faríamos naquele futuro que nunca conhecemos.
Você me fazia voar, James.
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Você não entendeu, naquela noite, naquela última noite, como eu cochichei para você: "Só queria poder tirar o pé do chão mais vezes, com você." Mas você me beijou mesmo assim, só que dessa vez não poderia existir lentidão.
E as lágrimas salgadas escorreram, e eu não via nada enquanto corria para cima. Você permaneceu, para nos salvar, mais uma vez. Quando eu me virei, pude finalmente ver alguma coisa. Mas era apenas a luz verde.
Adeus, James.
