Lá estava eu, no meio de uma rua escura e fria da América.

Eu estava muito perturbada para me lembrar do nome da rua ou até da cidade.

Só conseguia olhar para os olhos dele, olhos verde agua que apesar de estarem sempre calmos, estavam frios e penetrantes como se quisessem adivinhar o que eu estava a pensar.

Depois do que descobri acho que sinto nojo só de olhar para ele, apesar de ainda o amar já que o amor não desaparece de um dia para o outro. Ou neste caso em algumas horas.

A chuva caia sobre nós com um intensidade sobre-humana, mas mesmo assim não nos mexe-mos um centímetro.

Já conseguia ver os seus invulgares cabelos vermelhos a começarem a colar na sua testa. Finalmente ganhei coragem para começar um dialogo:

Ino: Como foste capaz?

Gaara: Deixa-me explicar, eu...

Ino: TU NADA! Meu deus! Como é que conseguiste? Como é que tiveste coragem de fazer aquelas coisas horríveis?

Gaara: Não entendes, eu já estou lá faz muito tempo, já antes de te ter conhecido...

Ino: Isso não muda nada só mostra que não tens coração. Podias ter-me contado!

Gaara:E O QUE FARIAS? Ias deixar-me como agora!

Ino: Talvez! Mas era melhor saber por ti do que pela tua ex-namorada, que o MEU namorado trabalha para a MÁFIA e é considerado um dos melhores ASSASSINOS da América pelos mafiosos!

Gaara: Eu não tive escolha! Se eu desistisse eles...matavam-te...

Ino: Isso não é desculpa para mim! Eles não me mataram, mas TU matas-te muitas pessoas inocentes! Até crianças!

Gaara: Eu faria tudo por ti!

Ino: Se é um homem sem coração para matar, então isso significa que também nunca me amas-te não é?

Gaara: ISSO NÃO É VERDADE!

Ino: Mas eu não consigo...não consigo e não quero viver contigo sabendo que fui culpada pela morte de inocentes...

Fui com a minha mão em direcção ao bolso das calças. A pesar de já ter ensaiado este discurso milhares de vezes, as minhas mãos tremiam e as minhas lágrimas misturavam-se com a chuva. Ele não chorava. Nunca chorou. Sempre foi um homem que não demonstra muitas emoções e apesar de ele não o dizer muitas vezes, e do que eu disse á alguns segundos atrás, eu sei que ele me ama. Mas não consigo. Dizem que o amor supera todas as barreiras mas acho que esta é simplesmente demasiado alta para passar por cima.

Toquei no conteúdo dentro do bolso e parecia que me arrancava o coração só de pensar no que eu iria fazer. Peguei na pequena caixa de veludo com um pequeno e valioso conteúdo que faria milhões de mulheres felizes. Para mim naquele momento aquele objecto não significava nada além de dor e magoa. Estendi-lhe o braço com a caixa como se disse-se que não o queria mais. Uma enorme mentira.

Gaara: Não faças isso... por favor...

A voz dele saiu quase como um sussurro, como se estivesse a suplicar, o que não fazia muito o seu estilo de "homem-sem-emoções".

Ino: Não posso. Não consigo continuar com isto. Desculpa...

Como ele não veio buscar a caixa eu mesma a coloquei entre as suas mão. Mãos quentes apesar da chuva e do seu temperamento frio. Mãos quentes que conhecem cada parte de mim. Eu tinha a certeza que esta seria a ultima vez que eu tocaria naquelas mãos, apesar de no fundo do meu coração não querer larga-las nunca mais.

Ele tentou impedir-me de ir embora. Agarrou-me as duas mão, enquanto chegava cada vez mais perto, e mais perto... até que quando eu fechei os olhos lembrei-me... que eu sabia, que eu descobri o terrível segredo que ele me escondeu por mais de três anos.

Abri os olhos e afastei-o.

Entreguei-lhe a caixa que mudaria a nossa vida, e deixei-o.
Simplesmente virei costas e andei, sem um adeus nem um único toque de despedida, só com o cabelo loiro colado na cabeça, e os olhos azuis a deixarem cair lágrimas de dor que o céu parecia compartilhar naquele momento.