Título: Boca Suja (Título original Pottymouth)
Autora: Le Rouret
Tradutora: Kwannom
Revisora: SadieSil
Censura: M
Gênero: Humor/Romance
AVISOS: Palavrões de todos os tipos e mais alguns, gírias incompreensíveis, sexo explícito e esculhambações com gays
Disclaimer: Eu não sou proprietária de nada do Senhor dos Anéis. Todos os personagens e nomes de lugares mencionados pertencem a JRR Tolkien. Eu não pretendo, nem estou tendo qualquer ganho financeiro com a criação dessa história.
Linha temporal: Século XXI. Universo Loucamente Alternativo.
Sumário: Legolas é um motoqueiro, Éowyn está divorciada, Faramir é um cafajeste. Tão Universo Alternativo que dói.

Author's Note to my Brazilian Readers:

You have the brilliant and talented Kwannom to thank for this! She read and enjoyed "Pottymouth" when I posted it last year, and decided to share the enjoyment with all of you. I had fun writing it, and I hope you all have fun reading it. It is wonderful to know that there are Lord of the Rings fans all over the world, and that we can share our pleasure through the venue of fanfiction. If you enjoy this, please pass your gratitude on to the translator, who has spent so many hours and so much effort to bring this story to you.

Best wishes, and enjoy!

Le Rouret

Nota da Autora para meus leitores brasileiros:

Vocês têm que agradecer à brilhante e talentosa Kwannom por isso! Ela leu "Boca Suja" quando postei ano passado, adorou e decidiu compartilhá-la com todos vocês. Eu me diverti muito escrevendo essa história, e espero que vocês se divirtam lendo. É maravilhoso saber que existem fãs de O Senhor dos Anéis em todos os cantos do mundo, e que nós podemos compartilhar nosso interesse através das fanfictions. Se gostarem, por favor, enviem seus agradecimentos à tradutora, que passou tantas horas e se dedicou tanto para trazer essa história até vocês.

Um abraço e divirtam-se!

Le Rouret

NOTA DA AUTORA

Originalmente eu escrevi essa história no estilo "ele disse, ela disse", diferenciando os dois pontos de vistas através de textos coloridos. Como isso não funcionou quando postei o capítulo, tive que modificá-lo usando símbolos para mostrar ao leitor qual ponto de vista ele está lendo. O POV de Éowyn está simbolizado por uma cadeia de vogais "E"; o de Legolas por uma cadeia de consoantes "L". E como não há outros pontos de vista e eles não sabem de tudo, isso faz com que a história fique – bem – um pouco esquisita. Boa sorte. – Le Rouret.

NOTA DA TRADUTORA

Oi gente!

Esta fanfiction fantástica está sendo traduzida com o acompanhamento direto da autora. Na versão original, as gírias da Bretanha deixaram muito americano de cabelo em pé pra entender o que o Legolas estava dizendo hehe. Espero conseguir passar para o papel todo o jeito hilário e deliciosamente sexy e desbocado do Elfo que a Le Rouret criou. Todas as reviews endereçadas à fic serão traduzidas e entregues à autora, para que ela possa responder aos leitores brasileiros. Certas gírias, personagens históricos ou coisas vão precisar de explicações mais detalhadas para vocês compreenderem ainda mais as piadas, então TEM UM GLOSSÁRIO NO FINAL DO CAPÍTULO.

Obrigada a SadieSil pelo trabalho de revisão final!

Divirtam-se!

Kwannom

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Eu detesto caminhar por essa parte da Rua 24. A calçada está sempre esburacada, porque se encontra num perpétuo estado de "Em Construção" (na verdade acho que esta é a terceira placa que foi colocada num poste de luz proclamando a condição atual da calçada – todas as outras placas viviam caindo) e desde que tive que usar salto alto para trabalhar eu vivo tropeçando, das maneiras mais indignas, em pedaços grossos de concreto e asfalto. E nem me fale nos pedreiros! É tão cliché, mas é verdade – parece que eles não conseguem manter a boca fechada quando uma mulher passa por ali. E não ajuda o fato de eu estar sempre usando um terninho com uma saia e de eu ser uma loura natural – Sim, sou uma loura natural! E não, não vou provar isso a você! E pare de me chamar de "gostosa"! Se isso é pra me seduzir ao ponto de eu te dar alguma bola, acho que você precisa reconsiderar suas preferências sexuais.

Ah, Deus, por que eu disse isso? Isso só me faz lembrar de... droga.

Meus braços estão de um jeito que parecem que vão ser arrancados das juntas. É claro que eu tinha que ficar sem leite na semana em que meu estúpido carro está na oficina. Pelo menos não estou longe do ponto de ônibus. Queria que não estivesse tão quente – quase posso sentir meu chocolate mentolado derretendo dentro da sacola. O que o termômetro no banco dizia – 18°? Não pode ser – Talvez eu esteja apenas superaquecendo depois de andar sob os auspícios dos Críticos Pedreiros de Construção, que agora parecem estar fazendo comentários sobre as minhas pernas. Eu sei que elas são umas pernas legais – por que você acha que uso saias tão curtas? Quero mostrá-las. Não que alguém importante tenha percebido isso alguma vez.

Porcaria. Fiz de novo. Por que tenho que continuar me lembrando dessas coisas? Não sinto mais aquele sentimento nítido, cortante, como se estivessem enfiando uma faca nas minhas entranhas. Não mais. Se estabilizou num tipo de sentimento que se parece com um soco bem dado, mas sem luvas. Juntas dos dedos bem embaixo da minha caixa torácica, martelando o meu rim. O tempo cura todas as feridas, até parece. É mais do tipo: tempo muda as feridas de um estágio de sangramento externo para sangramento interno.

É, acabei de ser chamada de gostosa de novo. Por que homens pensam que isso é sedutor? Me pergunto se eles me deixariam em paz se eu pintasse meu cabelo de castanho.

A quem estou tentando enganar? Os Valar me deram meu corpo e me disseram que ele ficaria desse jeito para sempre. Eu sempre serei bela. Até que foi bom mais ou menos nos primeiros dez milênios, mas já não é a mesma coisa. Às vezes eu me pego olhando para o espelho, procurando por manchas ou rugas ou fios brancos. Como se isso fosse acontecer um dia. Será que é assim que a Arwen se sente? Eu podia perguntar para ela, acho, mas isso envolveria ter que encontrá-la. Será que ela e Aragorn ainda estão juntos?

Porcaria. É, ainda dói.

Ah, ótimo. Não tenho apenas que agüentar ter que carregar quatro sacolas de supermercado para o ponto de ônibus, não tenho apenas que agüentar os Pedreiros da Construção do Inferno assobiando e dizendo ooh-hoo-ei-linda para mim, agora tenho que aturar uma horda de motoqueiros nervosos. Olhe só para eles – cabelos longos e oleosos, roupas de couro empoeiradas e rasgadas, óculos de sol de vidro espelhado, bandanas em volta das carecas, brincos na orelha e algo que ouvi alguns franceses descreverem uma vez como "botas-de-pisar-em-merda". Eu os invejaria se não fosse uma otária tão patética. Pelo menos eles são livres. Quando foi a última vez que me senti livre, livre de verdade? Esses palhaços podem subir em suas Harleys e cair pará-pá-pá na estrada quando querem e bem entendem. Estou sem saída. Sem saída e sem dinheiro e sozinha.

Sozinha se você não contar com a minha colega de quarto, com quem francamente, eu não conto.

Agora eles estão olhando em volta para entender o motivo do estardalhaço. Vários deles já me viram. Será que vão ser galantes e vir me salvar (isso acontece, sabe; eu já fui salva antes por esses ciganos do século vinte e um), ou também vão gritar e tentar me conquistar com olhares e dizer "ei linda"?

Ei, aquele cara ali até que não é tão feio.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Que porra de barulho é esse? Diabo de batedores de punheta retardados, eles só estão faltando comer viva uma senhora que está passando. Se isso não é dar em cima, porra, eu derrubo uma viga de aço na cabeça deles. E quem é que eles estão secando mesmo? Hmm… Nada mau… aquela ali é bem jeitosinha. Boas pernas, caminha bem, vestida descentemente. É loura também – sempre gostei de louras. Que pena que eu desisti do sexo gratuito depois de todo aquele incidente com o D.H. Lawrence. David era um garoto legal, mas meu Deus, no que é que ele estava pensando com essa história de gostar de lamber cu de homem? Que porra mais nojenta. E ele era um otário. Aê dona, ela seria de parar o trânsito se deixasse o cabelo crescer –

Mas que porra ?

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

"Puta que pariu, se não é a Dama Branca de Rohan!"

Bem, ok, eu não sou chamada assim já faz alguns milênios. Quem na terra me chamaria de a Dama Branca de Rohan aqui em Pasadena? Espera aí, é aquele cara que eu achei que não era tão feio. Mas que diabos, ele está vindo para cá. Espera aí – eu conheço ele? Deixe-me ver; bandana azul sobre longo cabelo louro quase branco, óculos de sol escuros, colete de couro vermelho entreaberto na frente, sem camisa, calças de couro pretas super-coladas e pisadores-de-merda. Não... Espera aí…

Ai.

Meu.

Deus.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

É isso aí. Ela me reconheceu. Já não era sem tempo.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

"Legolas!"

Nem sei se disse o nome dele direito. Sinto como se minha língua tivesse ficado presa no céu da boca. Eu sei que estou com os olhos esbugalhados como se fosse um peixe morto, mas não consigo evitar. Ele! Aqui! Depois de todos esses anos sem nenhum contato! Ele está vindo até mim, caminhando tão relaxado, confiante, com os braços nus dançando ao lado do corpo numa maneira nem um pouco élfica. Ai meu Deus, aquilo ali é uma tatuagem? Ele está rindo, e eu não sei se está encantado com a minha reação ou apenas feliz em me ver. Darei a ele o benefício da dúvida. Apesar de tudo, a gente já se deu muito bem uma vez, mesmo que tenha sido antes –

Uff, eu não sou abraçada com tanta força assim já faz um tempão! E ele está gargalhando e me girando; minhas compras também estão girando, e a água do sorvete está escorrendo pela minha meia calça. Ele finalmente me solta e pára, uma mão ainda segurando o meu ombro, a outra puxando os óculos escuros para cima da cabeça. Sim – aí estão aqueles olhos azuis selvagens – e a bandana escorregou, então posso ver as pontas de suas orelhas. Como é que ele pode ter conseguido sobreviver tanto tempo sem que algum cientista maluco do governo o dissecasse?

Talvez esse seja o porquê dele estar com essa galera – nenhum cientista que se preze iria procurar por uma espécie biológica não-humana entre um grupo de motoqueiros. Pelo menos não os que são do governo.

"Olhe para você! Cara, olhe para você!" ele diz, rindo e me sacudindo pelo ombro. "Meu Deus, você cortou o bendito cabelo – por que diabos você fez isso?"

"Legolas!" eu disse de novo. Isso não foi nada profundo, mas realmente agora eu não consigo pensar em mais nada. E só o fato de ele estar falando com um pesado sotaque da Costa Leste me faz perder a concentração um pouquinho.

"Éowyn!" ele diz, sorrindo para mim com aqueles doces lábios rosados. Falando sério, ele é bonito demais para ser um macho. "Puta merda, não vejo você faz uma cara!"

Pelo menos os pedreiros calaram a boca; alguns dos motoqueiros estão nos observando. A maioria está sorrindo de satisfação, mas alguns parecem desconfiados ou ofendidos. Eles realmente são um grupo muito mal-encarado. O que Legolas está fazendo com eles? Finalmente desprendo a minha língua do céu da boca e consigo falar. "Legolas! O que você está fazendo aqui em Los Angeles?"

"Ah, só passando o tempo," ele diz, tirando a bandana e passando os dedos pelo cabelo platinado. "Vou expor uns troços no Norton Simon, são um monte de merda, mas eles gostam." Não faço a mínima idéia do que ele está falando e apenas aceno com a cabeça e olho mais um pouco para ele. Me lembro da primeira vez que vi aquele cabelo – durante toda a vida eu tinha pensado que a gente, os Rohirrim, éramos louros, mas a visão daquela cortina de um dourado pálido fez com que a gente parecesse tão – desbotados. Não foi surpresa que metade das moças em Meduseld tivesse ficado apaixonada por ele. Metade dos garotos também ficou, eu acho.

Oooh, não devia ter pensado nisso, não devia ter pensado nisso. Ai.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Pera l� qual o motivo para aquele olhar esquisito? O que foi que eu disse? Ela odeia artistas ou algo do tipo? Ah, inferno, ela está carregando, na verdade praticamente arrastando umas sacolas de plástico por aí e parecem estar pesadas pra porra. E aí a minha gentileza entra em cena. Não importa quantos anos eu passe tentando ser um motoqueiro a gentileza sempre volta. "Deixa eu carregar isso," ofereço, rindo da cara de espanto dela. Por que diabos teve que cortar o cabelo? Era de uma cor magnífica – ondulado, um dourado cheio como se fosse topázio líquido. Me fazia sentir como se eu fosse uma droga de estátua de mármore ou algo do tipo. Agora ela parece – bem, moderna. Aposto como se mistura facinho no meio dos normais. Eu nunca consegui fazer isso – provavelmente deve ter algo a ver com o fato de eu não ser humano. Ela parece exausta. O que será que ela anda fazendo hoje em dia? Praticamente está igualzinha a uma bendita trabalhadora qualquer, vestida desse jeito. Da última vez que a vi ela estava usando um vestido de seda verde com um colar enorme de contas cheio de voltas. Quando foi isso... 1560? 1570? Droga, não consigo mais me lembrar de data nenhuma. Parecia belíssimo, mas o colar era desconfortável pra burro. Ah, sim, 1577, Sir Frances Drake – aquele sacana era um pirata de verdade! Sinto falta do Alça Dourada, cacete. Merda, foi muito divertido, botar aqueles otários espanhóis para correr das águas.

Onde é que eu tava? Ah, sim, carregando as compras dela. Desista, cara. Ela parece desconfortável. Deve ser o Olho Gordo encarando ela com aquele olhar de poucos amigos. Isso faria com que qualquer mulher molhasse as calças. "Então," pergunto, sem saber por onde começar. Por onde diabos uma pessoa começa, depois de quatrocentos anos sem ver alguém? "Como vai você? Como vai o Faramir?"

Ah, puta merda. Coisa errada pra se dizer. Droga droga droga, Leggsie, por que você não consegue manter a porcaria da sua boca fechada, desgraça? Pera aí – o que eu disse? Eu acabei de perguntar –

Ah, caralho. Parece que ela vai fazer uma cena. Merda merda merda, se aquele sacana a fez sofrer eu vou arrancar a porra das bolas dele fora. Não quero que ela comece a chorar como se fosse um rio no meio da rua, droga. Faz com que eu me pareça com um cafajeste. Agora eu não sei o que dizer.

"Éowyn…"

Ah, inferno, isso realmente foi original.

"Que diabos aconteceu?"

Certo, cara, isso foi um pouquinho melhor. Agora ela está limpando os olhos disfarçadamente, tentando não me deixar ver que está triste. Pra merda com isso, como se eu não fosse notar.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

"Hmm…"

Ah, inferno, isso foi original.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Puta que pariu, isso vai doer.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

"Frances – quer dizer, Faramir – hmm – nós nos divorciamos."

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Olhar vazio. Isso, cara, é atraente. Porra.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Ele está olhando para mim como se não falasse a minha língua. Talvez os Eldar não tenham uma palavra que corresponda a divórcio. Mas Legolas está falando inglês há séculos – ele sabe o que a palavra significa. Só não está acreditando, é isso. Não acredita que Frances fosse me deixar um dia. Não o culpo. Eu também não acreditei a princípio. Estou estudando o rosto dele cuidadosamente. A sua boca se fecha, aqueles lábios em forma de arco-de-cupido se espremem e suas sobrancelhas retas se encontram num V sobre os brilhantes olhos azuis. Ele parece belo mesmo quando está – espera – ele está confuso ou zangado?

Hmm. O tom perfeito de marfim daquelas bochechas altas ficou vermelho de repente. E não é reflexo da cor do colete de couro. Sim. Definitivamente zangado. Frances me disse que eu parecia com uma boneca Raggedy Ann irritada quando eu ficava zangada. Legolas parece – bem – com uma estátua de mármore de um elfo zangado. Impossível, de tão perfeito, é assim que ele é.

Não doeu tanto quanto pensei que ia ser contar pra ele. Talvez ter que repetir isso mil vezes – "Sou divorciada, sou divorciada, sou divorciada" acaba tirando a dor da confissão. Ou apenas é a reação dele, descrença e raiva. Não sei. Por que ele não está falando nada?

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Puta merda. Não sei o que dizer.

Ganhe tempo, ganhe tempo, ganhe tempo. Passo a mão no cabelo. Mordo o lábio. Olho em volta. Não, cara, sem respostas. Mudo a posição dos pés. Olho para Olho Gordo e Steve Negro. Não, ainda sem respostas. Desgraça. Eu tenho que dizer alguma coisa. Ela está sofrendo, caralho, está praticamente derramando o sangue das benditas entranhas pela porcaria da calçada. Droga droga droga, inferno merda DESGRAÇA!

"Éowyn –"

Puta original isso, Leggsie. Resposta legal, aposto que vai fazer ela se sentir melhor.

"Uh, eu sei que isso é mesmo um choque," ela diz. Porcaria, ela está se desculpando, cara! Se desculpando, porque você! não! sabe! o! que! DIZER! Minha culpa minha culpa minha culpa! Rápido, interrompe ela. Aê, aposto que isso vai fazer ela se sentir melhor pra cacete.

"Quando?" Legal 'e' curto. Muito educado, é sim. Mas não posso suportar aquele olhar inseguro no rosto dela. Desgraça de mulheres; sempre acham que a desgraça da culpa é delas quando a desgraça do cafajeste as abandona. Eu vou matar o escroto do Faramir. Vou matar aquela porra por provocar essas lágrimas que ela está tentando esconder de mim com tanto empenho.

"Ah, foi há uns dois anos," ela diz com uma gargalhada que supostamente era para ser leve e livre de preocupações, mas eu conheço aquele vacilo na voz dela. Ela soou do mesmo jeito quando a porcaria dos romanos destruíram Masada. Minha nossa, esses fizeram um estrago dos bons. Ainda bem que já passamos por essa merda. Nunca gostei daquela parte da Ásia. "Essas coisas acontecem," ela está dizendo, tentando parecer, oh, tão casual, mas eu sei que é mentira, sim cara, eu sei que é mentira. Quantas porcarias de mulheres divorciadas eu ouvi recentemente? Elas falam e falam e falam pra porra e eu fico sentado lá e escuto e pareço sensível. Também, com essa minha cara de gayzinho, que diabos eu posso fazer além disso? "Nós sabíamos que não estava dando certo e foi só uma questão de tempo."

Não consigo me conter. "Sabiam que a desgraça não estava dando certo," grito. "Depois de dez mil anos, porra –" Cala a boca, cara, cala a porra dessa boca! Definitivamente não é a coisa certa a dizer, agora meus companheiros acham que eu estou puto com ela. Inferno, provavelmente ela acha que estou puto com ela. Diga a ela que você não está puto com ela. "Foi mal, gata. Não estou puto com você." Finalmente, falei algo direito. Caralho, você é um monte de merda. Ela está olhando para baixo, enxugando os olhos com as mãos. Ah, que inferno, agora eu lenhei com tudo. Tudo bem. Posso fazer isso. "Eu só estou tentando – ah, Deus, e agora?" pergunto, como se a porcaria de um Vala fosse me responder.

Tudo bem. Então estou todo atrapalhado aqui. Cacete, alguém me mate.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Bem, essa não era a reação que eu estava esperando. Todo mundo tem sido tão – tão educado e descompromissado ou politicamente correto sobre essa coisa toda. Mas eles são mortais; eles não sabem como é isso. Legolas está certo – dez mil anos de felicidade conjugal (bem, ok, talvez não de felicidade, mas…) e então um chute no estômago. E não era como se eu já esperasse por isso. Talvez eu devesse ter esperado; todos os sinais estavam lá. Mas eu não esperei. E está tudo acabado.

Acabado. Terminado. Finito. Kaput.

Essa é a parte mais difícil, saber que ele não vai voltar, nunca mais. Vou viver outros dez mil anos, mas dessa vez sozinha, porque os Valar me entregaram a Faramir como sua companheira pela eternidade e não existiria nenhum outro homem. Nenhum outro. Ele se foi, me deixou. Ah, Deus, isso dói. Não chore, não chore, ou então os amigos motoqueiros do Legolas vão achar que ele está sendo perverso com você e vão dar uma surra nele ou coisa parecida. Isso, e eu não quero causar um estardalhaço, certamente não no meio da rua. Ele está se movendo de um lado para o outro, olhando em volta, como se quisesse escapar. Provavelmente se arrependeu de ter me encontrado. Vai entender. Eu tinha que despejar minhas más notícias em cima dele antes mesmo de perguntar o que o coitado queria. Frances estava certo; sou tão egoísta às vezes, tão absorvida em mim mesma. Os homens não querem saber de nossos problemas.

Ei, espera. Ele não é um homem. Tinha esquecido.

Hmm. O que será que os elfos gostam de saber? Não que eu ache que eles queiram saber dos problemas dos mortais, mas não era para eles serem um pouco mais compreensivos do que os humanos? Era para serem! E de qualquer forma ele sabe melhor do que eu como lidar com o fato de estar sozinho por dez mil anos; afinal de contas, os Valar não deram nenhuma companheira para Legolas.

Como será que ele agüenta?

O que será que ele vai dizer agora? Porque com certeza eu não vou dizer mais nada; não acho que poderia falar sem que minha voz falhasse e não gosto de chorar em público. Me faz sentir como – sei lá. Fraca. Fêmea. Emocionalmente manipuladora.

Menino, tirei essa lá do fundo do baú do Frances, não foi?

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Diga alguma coisa, seu otário; apenas diga alguma coisa, porcaria! Nós não podemos ficar em pé aqui no meio de uma encruzilhada, ela chorando e eu esticando meus cabelos como tenho mania de fazer quando estou sem palavras. Não sei como ele já não caiu todo. Não que fosse cair, sendo eu um elfo ou não.

Não. Não posso fazer com que ela me fale sobre os lances emocionais da vida pessoal dela no meio da porcaria de uma rua. Não é bom criar um barraco cara. Saia daí, encontre um lugar para conversar. Um pub. Aê, é isso aí, um pub. Bom lugar para falar sobre aquele escroto nojento do Faramir. Escuro, enfumaçado, barulhento.

"Olha só," digo. Ela ainda está olhando para baixo. Posso ouvir a respiração dela, profunda e entrecortada. Ela está tentando não chorar. Porra. "Olha só," digo novamente. "Nós não podemos – uh –" Mão no cabelo de novo. Cacete, porque eu não consigo pensar sem colocar as desgraças das minhas mãos na cabeça? "Olha só," digo pela terceira vez. "Aqui não é lugar pra isso, gata. Vamos – deixa eu te pagar uma bebida."

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Ele acabou de se oferecer para me pagar uma bebida?

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Eu acabei de me oferecer para pagar uma bebida para ela?

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Essa deve ser a coisa mais legal que um homem fez por mim em anos. Anos não, décadas.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Essa deve ser a coisa mais imbecil que eu já disse.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Sei que ele não quis que soasse daquele jeito, mas – oh, me sinto melhor. Mil vezes melhor. É isso aí, uma bebida seria legal. Suponho que deva dizer isso a ele, ao invés de ficar encarando o coitado com essa minha cara de peixe morto de novo. Parece que eu ando fazendo cara de peixe morto demais.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Não posso acreditar que eu acabei de dizer isso. Faz parecer que eu estou dando em cima dela. Não me admira que ela esteja me olhando horrorizada. Caralho, não posso acreditar que eu acabei de dizer isso. Por que eu não disse 'Vamos conversar sobre isso em algum outro lugar'? Isso teria sido muito melhor do que o que eu falei. Ah, Deus, eu sou um babaca mesmo. Agora eu sei porque os Valar não me deram uma companheira.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Agora ele parece envergonhado. Que coisa mais fofa. Ou talvez ele esteja mudando de idéia, porque pareço estar indecisa. Não dá para dizer. Ei, espera aí – eu tenho sorvete. Então nada de bebidas. Droga! Quando foi a última vez que eu fui a um bar e tomei um drink com um homem bonito?

Há três anos, essa foi a última vez.

Ai. Fiz de novo. Mas e se Legolas –

Não, ele só está sendo gentil.

Ou não. Parece que ele está mudando de idéia.

Talvez, porque eu ainda não tenha respondido. Só estou aqui parada, olhando para ele como uma demente. Diga alguma coisa. Diga qualquer coisa!

"Uhm. Sorvete."

Ok, talvez não isso.

"Quero dizer – eu adoraria. Mas tenho sorvete na minha sacola. E preciso deixar em casa."

"Oh!" ele diz, o rosto se iluminando. De repente eu me toco de como é extremamente esquisito falar sobre sorvetes derretidos com o Príncipe de Eryn Lasgalen. Bebidas, sim, sorvete, não. Pelo que me lembro ele sempre gostou de um bom copo de vinho. Copo – garrafa – barril – pensando nisso, os Elfos bebem bastante, não é mesmo? Será que Gimli conseguiu fazer com que ele bebesse cerveja? Por onde será que Gimli anda? Por onde será que todo mundo anda? Será que eu vou perder o ônibus? Então meu sorvete irá derreter e não vai fazer diferença se eu for para um bar tomar um drink com um louro gostoso ou não. Quando eu finalmente tomar uma decisão, aposto que ele já vai ter mudado de idéia.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Ah, quer dizer que ela tem picolés na sacola? Bem, acho que isso faz um pouco mais de sentido, não é, cara? Embora isso tenha sido um pouco – esquisito. Olhe para o rosto dela, parecia que eu tinha chamado a garota para dançar ou alguma merda dessas. Pera aí – eu a convidei para ir a um pub e – ah sim, ela está divorciada, cacete. Preste atenção, Legs. Essa pode ser Éowyn, mas ela ainda é uma mulher mortal divorciada.

Ou não. Não é mortal. E na verdade, também não é divorciada, não de acordo com as regras que os Valar determinaram. Faramir, aquele filho de uma égua mal parida, não pode fazer isso, cacete. Que porra foi que ele fez, encontrou alguma piranha que dá pra todo mundo na esquina? Por que? O que qualquer outra mulher poderia oferecer a ele que a Éowyn não tinha para dar aos montes? Mesmo com o cabelo curto ela dá um bom caldo. E também é bem hábil com uma espada.

Ih, merda, não acredito que acabei de pensar nisso. Quando será que foi a última vez que ela pegou em uma espada?

Quando foi a última vez que alguém pegou na minha –

Pra baixo, garoto!

Picolés significam derretimento, que significa que temos que dar o fora daqui e colocar essas merdas no congelador. Tudo bem, cara, é hora de levar a garota pra casa. Eu vou pra casa com ela? Espera aí – pára o trem; isso está soando precário pra cacete. Não, a gente só está indo pra casa conversar. Pra conversar! Eu preciso descobrir o que aquele monte de merda aprontou com ela. Nojentinho porrinha filhinho da mamãe, eu vou capar ele.

Se eu não disser alguma coisa logo, ela vai pensar que sou um grandessíssimo retardado. Tá certo. Aí vai, cara. Preparem os canhões, toda a força à frente. Porra de Frances Drake de novo. "Bem, então vamos deixar seus picolés em casa." Ah Deus, ah Deus, que porra de coisa estúpida para se dizer! "Onde está o seu carro?" Legal, isso soou bem melhor. Seja prático, seja direto, seja normal para variar, caralho. Finja que você não está conversando com uma porcaria de uma divorcée, mas com a esposa de alguém. É isso aí, cara, a esposa de alguém; não vale a pena sentir seu brinquedinho ficar apertado nas calças por nada. Finja que ela é – que é a Rosie ou a Di ou alguém. Isso – é isso aí, apenas mais uma amiga mulher.

Mulher. Ih, Deus. Ah, droga de prepúcio. Quando já se passaram cem porcarias de anos –

"Uhm," ela diz de novo. Ela já gosta de usar essa expressão. O que é isso? Ela não sabe a resposta? Ei, espera aí, ela sabe a resposta, mas não quer me dizer. Por que não? Está com vergonha? Puta merda, eu dirijo uma Harley-Davidson que eu mesmo construí pelamordedeus. Com pára-choques Jesse James e rodas Billet. Quem é que tem o direito de sentir vergonha aqui? Que porra é que ela dirige, um Fusca? "Meu carro está na oficina, eu ia pegar um ônibus."

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Então é isso. Aqui é onde a gente diz adeus. Ele sobe em sua motocicleta e parte em direção ao pôr-do-sol com seus amigos mal-encarados e eu subo no meu ônibus e vou para casa em San Dimas e coloco o meu sorvete derretido no freezer e como o meu camarão queimado e faço uns relatórios do trabalho e vou para cama. Justamente. Como. Antes.

Gente, eu odeio a minha vida.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Ela vai pegar um ônibus para ir para casa porra nenhuma.

"Porra nenhuma que você vai pegar um ônibus," eu digo. Uma outra frase original; por que o Barret ainda não colocou você no livro de citações dele, cara? "Eu te levo em casa e a gente resolve isso." Vamos falar sobre aquele filho da mãe do Faramir e o que está te aborrecendo. É, vou conversar sobre isso, droga, vou caçar o desgraçado e enfiar minha faca no rabo dele com tanta força que a ponta vai sair pelos olhos. Ela está com cara de quem vai fazer alguma objeção. O que é que ela achou de ruim pra fazer alguma objeção? Como se eu fosse dar em cima da Dama de Ferro de Rohan. Ela ia me dar uma surra. Ou talvez não. Nunca tentei lutar contra ela. Que tipo de arqueira será que ela é?

Cara, essa porcaria de pergunta foi muito gay.

"Vamos na minha duas rodas. A gente conversa mais quando chegarmos na sua casa." Nada como uma frase dominadora do tipo 'sou eu que mando'. Ninguém consegue resistir. Deus, Legs, você é a porra de um merda. Eu preciso de um cigarro. Não, pera aí. Eu parei em 1961. Preciso de uma bala mentolada.

Parece que ela está na dúvida. Ela está na dúvida?

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Não posso acreditar que estou considerando isso. Ir de motocicleta até o meu condomínio? O que os meus vizinhos vão pensar? Isso não vai violar as convenções do condomínio? Não tenho certeza sobre a parte que fala de motocicletas. Não que eu preste atenção a essa parte do contrato. Quero dizer, por que eu me interessaria por motocicletas? Frances não conseguia dirigir nem um carro de câmbio automático. Espera aí, talvez se eu explicasse que era apenas para estacionar uma moto, e não ter uma. Estacionar uma moto por uns dois dias ia ser tudo bem.

Dias? Eu pensei isso? Quis dizer horas, claro. Umas duas horas. Eu – o que eu vou fazer? Oferecer uma bebida a ele. Foi isso que fiz da última vez que ele me visitou. Claro, isso foi há quatrocentos anos atrás e eu estava morando numa mansão em Londres. Ele não disse que queria uma bebida? Não, ele disse que queria me pagar uma bebida. Me pagar uma bebida, pescador? Então vou só oferecer uma a ele. Pronto, é isso. Como pagamento por me deixar em casa. Antes que meu chocolate mentolado derreta. Sim. Ok. Vou fazer isso.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Ih, merda, ela vai me dispensar. Diga sim. Diga sim, droga. Você precisa me dizer o que aconteceu para que eu dê uma surra tão bem dada naquele filho da puta que ele vai cagar os próprios dentes. Diga sim. Sim sim sim sim sim!

Será que eu devia ligar pra o Pernacomprida e o Branquelo? Os dois precisam saber disso também. Principalmente o Branquelo, já que ele é um Maia. Será que ele ainda está dirigindo aquela Softail? Tomara que a Fatboy do Grim não esteja dando pau. Eu preciso desses sacanas do meu lado. Espero que Faramir não tenha ligado para Pernacomprida. Eles já foram bastante próximos.

Diga sim. Diga sim. Diga sim.

Olho Gordo e Grande Al e Steve Negro não vão parar de encher meu saco por causa disso. Fugindo com uma mulher. Eu não ligo a mínima; essa é Éowyn, droga; ela é uma dos Escolhidos. Eu tenho que estar por perto quando ela precisa.

E em que porra de lugar ela se enfiou durante todos esses anos? Por que ninguém teve notícias dela?

Diga sim. Diga sim.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

"Está bem."

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Essa foi por pouco.

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Ele está se afastando de mim, voltando para a calçada. Ele está com as minhas compras nas mãos. Eu olho para as sacolas; a que tem o meu sorvete está pingando e deixando pequenos pingos no formato de estrelinhas no concreto. Eu olho para cima e para as pernas dele até o traseiro.

Ooooohhhhhh grande erro.

Você nunca via traseiros élficos na Terra Média, nem mesmo na Quinta Era quando todo mundo estava se auto-proclamando 'liberal' e começaram a usar calças compridas. Eles eram sempre tão modestos, usando túnicas e coisas que cobriam as calças. Mesmo quando eu me deparei com Legolas no palco do Globe interpretando Iago as calças dele estavam cobertas com uma codpiece, aqueles pedaços de tecidos que os homens usavam pra cobrir o saco no tempo da Elizabeth. Agora eu sei porquê. A baba escorrendo do meu lábio é provavelmente da mesma consistência do sorvete derretido que está escorrendo pelas sacolas de compras.

Um pensamento: Ipi ipi urra para as calças de couro!

Perna adiante e uma metade da bunda arrebita; perna volta e a metade da bunda desliiiiiiiiiiiiiiiiza. Ai Deus, ele tem um traseiro e tanto. Arrebita e desliiiiiiiiiiiza, arrebita e desliiiiiiiiiiiiiiiza. Qual o comprimento das pernas dele, um metro e trinta? Ele é todo pernas, pernas e um traseiro redondo e gostoso.

Ele parou bem no meio dos amiguinhos motoqueiros dele e se virou, olhando para mim. O colete dele se abre. Ok, não só pernas e traseiro. Como é que um peito sem pêlos pode ser tão sexy? Os mamilos dele são rosados?

Ok, Winnie, se acalme. Então já faz quatro anos desde a última vez que você transou. Isso não é motivo para ficar babando por um velho amigo. Especialmente quando ele é o único velho amigo que apareceu em séculos. E não importa se ele tem um traseiro e tanto. É sério. Ele é um elfo. É claro que ele tinha que ter um traseiro bonito. Provavelmente ele é perfeito em todas as partes.

Ooohh. Eu não precisava dessa imagem na minha cabeça.

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Que diabo ela olha tanto? Eu estou com alguma coisa enfiada no meu rabo?

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Ok, pare de ficar babando por um velho amigo. Ele é um elfo; você é uma Edan. In –com – pa – tí – veis. Lembra? Exceto por Aragorn e Arwen. Não tão incompatíveis. Quero dizer – oh, porcaria, o que é que eu estava dizendo mesmo?

Ele está colocando as compras numas espécies de coisas-sacola na parte de trás da moto. Elas se parecem com sacolas de viagem. Como será que se chamam? Ele se vira para mim, sorrindo um pouco. Que sorriso lindo. Dentes perfeitos, queixo e bochechas maravilhosos e, oh, aqueles lábios cor de pétalas de rosa. Delícia.

Eu não pensei isso. "Delícia"? O que é, voltei a ter quinze anos de novo? Está mais para quinze mil anos. Faz pensar que eu já deveria ter passado da fase dos homens gostosos. Até mesmo dos homens louros e gostosos. Especialmente se a gente considerar que –

Ai, ai, ai. Eu também não pensei isso.

Os amigos dele o estão perturbando. Um deles olha para mim com desdém e diz, "Que porra é essa, Legs? Você não está dando o zig na gente por causa de um broto, né?"

'Broto'? De que década você é, seu otário?

"Calem suas fuças," Legolas diz. Ele é um elfo tão erudito; é por isso que foi votado como o Mais Provável a Fazer Sexo com a Rainha no tempo em que Catarina era realmente A GRANDE. Uau, também não precisava dessa imagem mental na minha cabeça. Ela era uma velha doida que mais parecia uma ameixa seca.
"Foi de lenhar, tenha uma boa vida, Gordo." É como se eles estivessem falando através de um código bizarro de motoqueiros. Ei espera aí, eu sei o que isso quer dizer. Legolas quer dizer que está deixando eles. Isso quer dizer que está apenas deixando os amigos para me levar em casa? Isso quer dizer que ele os está deixando para sempre? Por mim? Eu consigo lidar com esse sentimento de culpa que essa situação está provocando em mim? Eles não podem esperar? Quero dizer –

"Monta aí," ele diz para mim, gesticulando para o longo assento preto.

Hmm.

De saia?

LLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLLL

Que porra ela está esperando? Parece que não está tão certa de que quer fazer isso. Como assim? Com certeza é bem melhor do que andar com esse bando de manos ignorantes. Meu Deus, se Steve Negro passar a mão no meu traseiro mais uma vez eu vou torcer o cotovelo dele pra trás de um jeito que ele vai conseguir beijá-lo. E embora Mike Bicicleta não ache que eu possa escutar o que ele diz, meus ouvidos élficos incrivelmente aguçados conseguem captar toda a vez que ele me chama de 'viadinho'. Existem desvantagens em ser melhor do que um ser humano comum. Eu até mesmo ouvi ele e aquele porra louca do Mac discutindo como eu conseguia lavar meu cabelo com tanta freqüência sem que eles vissem. Merdinhas estúpidos, não é porque a sujeira não gruda em mim que eu sou uma Mary Ann. Me faz desejar que eu tivesse dado um jeito de andar com Haldir ou Elladan antes que os Valar impedissem qualquer pessoa de se juntar a nós.

Pera aí, acabei de me lembrar; eu teria que ter ficado com os dois. Bichas sodomitas. Mas aposto até que eles conseguiam montar.

Sobe na moto, por favor; não olhe para o banco como se ele fosse morder você na porcaria do traseiro.

Não que morder o seu traseiro fosse necessariamente ser uma coisa ruim.

Ih, merda, eu realmente acabei de pensar isso?

"Uh," ela diz. Éowyn já gosta dessa palavra. "Você não tem um capacete ou outra proteção?"

Capacete? Com que porra ela acha que eu pareço, com um astronauta?

"Você passou tempo demais com Faramir," eu disse firme, empurrando ela na direção da moto. "Vamo, gata, ou seus picolés vão derreter." Ela aproxima a bunda do assento e eu não posso deixar de pensar que tipo de dano cerebral aquele otário fez nela. Capacete! Será que ela não se lembra de que somos imortais, porra? Que diabo de bom um capacete poderia fazer por nós? Então, ah meu Deus, ela teve que afastar as pernas para montar na moto. Eu apenas disse monte. Ela está usando calcinhas pretas ou foi a minha imaginação? Abaixa garoto! Pertence a Faramir pertence a Faramir pertence ao FILHO DA PUTA DO FARAMIR! Ah meu Deus eu vou matar aquele porra. Porque sei que em mais ou menos uns cem anos ele vai voltar engatinhando para ela e a abestalhada vai aceitar ele de volta, fim da história.

Às vezes eu odeio a minha vida. Mas então supero. Quer dizer, qual o propósito? Longevidade, sabe, cara. Afinal, não é tão terrível assim me encarapitar na minha máquina na frente da Éowyn, sentindo as coxas dela se apertarem em volta dos meus quadris, as mãos dela na minha cintura. Aê – as coisas poderiam ser piores, cara. Eu dou a partida e Olho Gordo grita por cima do barulho.

"FUGINDO DA GENTE POR CAUSA DE UMA MULHER!" ele berra.

"VÁ SE FUDER!" eu grito de volta, e para não perder a chance dou a ele o Símbolo Internacional do Dedo Médio Levantado enquanto a gente arranca por cima do pavimento.

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REVIEWS SÃO MUITO APRECIADAS!

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GLOSSÁRIO

Boneca Raggedy Ann – boneca inglesa que tem o rosto branco e o nariz vermelho.

Barret – autor de o Livro de Citações de Barret, uma coleção de citações de obras primas da literatura ou de pessoas famosas.

Softail – um tipo de modelo da moto Harley-Davidson.

Fatboy – um tipo de modelo da moto Harley-Davidson.

Mary Ann – gíria inglesa para o homem gay excessivamente feminino e que sempre fica embaixo durante a relação sexual.

Winnie – apelido de Éowyn.

Norton Simon – nome de um museu de arte.

Dar o zig – dar o cano.

Lenhar com tudo – fazer com que uma situação piore bastante.

De lenhar – muito bom, do cacete, legal.

D.H. Lawrence – Escritor de romances eróticos. Nascido na aldeia de Eastwood, no Reino Unido, em 1885, David Herbert Lawrence viria a ser universalmente conhecido como D. H. Lawrence. Sua obsessão por mulheres, sexo e amor revelou-se desde cedo. Embora ele custasse a se decidir sobre a quem amar, tendo perdido a virgindade só aos 23 anos, conseguiu traduzir esses temas numa obra literária magnífica. Lawrence julgava que o sexo era o nosso ser fundamental e as paixões não escolhem gênero ou faixas etárias em seus romances. Sua obra máxima, O Amante de Lady Chatterley, foi publicado em 1928. Lawrence morreu tísico em 1930.

Sir Frances Drake – nesta fic, é um pseudônimo de Faramir. Na verdade, o nome verdadeiro dele era Sir Francis Drake. O pirata inglês nasceu em Tavistock, Inglaterra, no ano de 1540. Entrou para a marinha muito jovem e logo se distinguiu pela sua coragem, bravura e agressividade. Navegando no mar das Caraíbas a serviço de Hawkings, realizou proezas capazes de impressionar a Rainha Isabel I de Inglaterra. Em 1570, a rainha deu-lhe carta de corso, ou seja, admitiu-o como corsário. Para começar, custeou três expedições às colônias espanholas da América Central. As expedições foram um êxito e terminaram até com a conquista da cidade de Madre de Diós, no Panamá. A pretexto dos conflitos que na época opunham a Inglaterra à Espanha, capturou navios, saqueou cidades da América Central e América do Sul, tanto na costa Atlântica como na costa do Pacífico. Fez também uma viagem de circunavegação, regressando à Europa pela rota do Cabo da Boa Esperança.