Yesterday & Today – Do As Infinity
Queridos amigos, até logo É tão maravilhoso quando você tem bons desejos O crime chamado solidão É tão maravilhoso quando você tem bons desejos Queridos amigos,
Nesses inesquecíveis encontros
Usamos ambas mãos para abraçar nossas feridas
Vagando eternamente
Assistindo esse mundo limitado
Os viajantes
Abra seus olhos e veja dentro do seu coração
É tão maravilhoso quando você tem bons desejos
Abra seus olhos e veja dentro do seu coração
Induzem sons de orações
A realidade que se tornou passado
E os suaves suspiros do amanhã
Acreditando que isso o perdoará
Não há necessidade de se sentir perplexo
Você apenas precisa seguir em frente
Abra seus olhos e veja dentro do seu coração
É tão maravilhoso quando você tem bons desejos
Abra seus olhos e veja dentro do seu coração
Vagando eternamente
Andando em direção à luz
Os viajantes
Mesmo que não tenhamos a energia
Ainda temos que atravessar essa fase
Bravamente
Amar, mutuamente
Deixe a eternidade florescer nessa cidade
E então um dia talvez
Cantaremos juntos novamente,
Começando mais uma jornada
Yesterday & Today – Asmita & Shaka Version
Parte I
"Se até o mundo tem um limite, por que haveria eu de querer prolongar meu tempo no samsara? Talvez jamais devesse contestar ou duvidar do meu destino entrelaçado às minhas próprias escolhas. Eu gostaria de poder enxergar melhor o meu próprio coração, mas algo foi obscurecido e eu não consigo ver o que sou, o que eu fui. Profundamente em meu coração humano e falho eu desejei poder esquecer os meus sentimentos mais intensos que eu não podia compreender. Havia tanto amor que eu não podia definir, tantas memórias sem nenhuma luz, que ainda assim me tomavam com tanta força que eu apenas gostaria de dar um passo atrás e encontrar outra maneira. Mas eu me destruí antes de compreender o que eu era plenamente. Ou sequer se eu era algo plenamente.
Eu senti a chuva fria sobre meu corpo muitas vezes, mas eu nunca vi as nuvens ou soube que nuances o céu tinha quando chovia. O sol ardeu em minha pele muitas vezes, mas eu jamais vi seu brilho. Eu sempre possuí apenas partes das impressões de uma vida, alguma coisa dentro de mim parecia incompleta, mas no final das contas, não era a escuridão literal dos meus olhos. Era a luz que faltava para iluminar minha alma.
Eu nunca entendi porque alguém julgou que eu merecia que lágrimas fossem derramadas quando eu fiz o meu inevitável sacrifício…
A essência daquele lugar… eu vou carregar em minha memória pela eternidade."
…
O sol da manhã entrava pelas brechas das cortinas, iluminando irregularmente o quarto. Os raios atingiram o rosto do loiro sobre a cama e incomodaram seu sono. Asmita remexeu-se no colchão, mas sentiu-se limitado, despertando completamente. Sentia os braços em torno de sua cintura e a respiração morna em sua nuca, outro corpo quente e perfumado totalmente colado ao seu, um cosmo gentil adormecido. O cheiro de jasmim e lavanda lhe era totalmente familiar, eram de seus aromas favoritos…
"O quê?… Quando…? Áries. Não é o Shion… Embora seja absurdamente semelhante… O que eu estou fazendo aqui? Ou melhor, o que ELE está fazendo aqui? Essa ainda é a casa de Virgem… mas eu não deveria estar na casa de Virgem… Isso é um delírio de morte? Não, este corpo está bem vivo…"
Quando o outro se moveu, sentiu uma ereção roçar firme em sua bunda e quase saltou da cama. "BEM VIVO MESMO!" Por ter se movido bruscamente, quase se soltou dos braços que o envolviam. Ouviu os resmungos de uma voz adorável ainda perto de seu rosto.
- O que foi, Shaka? Você podia dormir só mais um pouquinho de vez em quando, né?
"Shaka?" Foi quando Asmita parou para perceber o tempo e o espaço ao seu redor. "É a casa de Virgem… mas isto… isto é outra era, não a minha. Por quê?" –Shaka?
"E essa agora, eu tenho que responder… O cavaleiro de Áries dessa era, amante do atual cavaleiro de Virgem? Buda, que diabos de vida você está vivendo agora?"
Asmita – O quê?
Mu enrolou-se mais ainda ao seu amado, preguiçosamente, Asmita quis fugir do abraço, mas ficou imóvel.
Mu – Não quer mesmo dormir mais um pouquinho?
Asmita – Não… O sol me incomodou… - "Sol incomoda desde quando?"
Mu – Ah, sinto muito, meu querido, eu acho que não fechei direito as cortinas ontem, estava tão cansado de arrumar de novo a armadura do Dohko…
"Dohko?! Como assim?!"
Asmita – Ahm… o que aconteceu com a armadura de Libra? – Arriscou-se.
Mu – Ele estava aprontando das dele de novo tentando perturbar meu pai no salão do Grande Mestre, mas não sei como foi que a armadura ganhou tantos arranhões, deve ter levado alguns golpes. Obviamente eles não me contaram o que foi que aconteceu, eles nunca me contam de onde tiram criatividade pra danificar uma armadura de ouro sem ser em batalha…
Asmita – Ah… - "Pai? Grande Mestre? Dohko perturbando? É por isso que sinto o cosmo tão parecido…" – Shion nunca me pareceu do tipo que contaria mesmo essas coisas…
Mu – Hum… é a primeira vez que você chama teu sogro só pelo nome.
"Shion sempre foi Shion pra mim…"
Asmita – É… melhor não fazer isso na frente dele…
Mu – Ele não vai se importar. Ninguém vai.
Asmita – Hum…
Mu – Está com fome?
Asmita – Um pouco.
Mu – Bom. Hoje é meu dia de fazer o café da manhã, vou fazer algo especial pra você, meu anjo.
Asmita – Obrigado… - "O que o cavaleiro de Virgem desta era tem pra ter um homem tão apaixonado ?…"
Mu – Vou indo na frente para a cozinha, então. – Roubou um beijo suave dos lábios do loiro e se levantou, deixando para trás um Asmita completamente atônito. Fora um primeiro beijo muito repentino.
Depois que Mu deixou o quarto, Asmita se levantou lentamente. Seu cosmo podia sentir a disposição das coisas no quarto, mas não queria ser notado por Shion e Dohko até entender o que estava acontecendo, então ficou ligeiramente perdido. Até ouvir a voz de Mu vinda do corredor.
Mu – Eu deixei seu sari no pé da cama, caso o esteja procurando.
"Eu ia vestir a armadura em último caso, não ia sair daqui com quase nada desse jeito…" Estava apenas com uma camisa fina e longa que chegava um pouco acima do meio das coxas. Não teve dificuldades em se ajeitar no sari, embora nem conseguisse se lembrar de qual fora a última vez que usara um. Saiu do quarto seguindo o cosmo de seu "companheiro". Não sabia o nome dele e muito menos que formas de tratamento o cavaleiro atual usava para ele. Pensou que fosse melhor lhe deixar a par do que estava acontecendo antes que se sentisse enganado. O cheiro agradável de torta de frutas e chá lhe mostrou o quanto sentia fome de fato, e não era o "um pouco" que afirmara antes. "Os cavaleiros de agora pelo jeito não estão se privando de nada do que é bom… Kardia ia gostar muito disso… Como Dohko deve estar gostando." Parou na porta da cozinha.
Mu – As armaduras estão ressoando especialmente belas hoje, você pode ouvir? – Mu comentou enquanto terminava de por a mesa. Asmita se ateve a prestar atenção, sentindo a armadura de Áries ao lado da armadura de Virgem em uma sala próxima. E de fato, elas ressoavam sincronizadas. Era uma melodia suave. Um som imperceptível para as outras pessoas, mas não para ele. E com certeza, não para um lemuriano reparador de armaduras.
Asmita – Elas estão… felizes?
Mu – Exatamente. Elas frequentemente estão felizes quando as colocamos juntas, mas nem sempre você as ouve. Venha, sente-se comigo. Eu deixei preparada a torta de frutas que você gosta…
Asmita – Isso é adorável da sua parte…
Mu – Sabe que gosto de mimá-lo. Só não posso tanto quanto gostaria enquanto Dohko, Miro, Aioria e os cavaleiros de Bronze continuarem arruinando suas armaduras nas aventuras amorosas que nunca me contam. Uma hora vou me cansar de consertar de graça e exigir as histórias como pagamento…
Asmita riu suavemente, a voz de Mu não soava zangada, parecia tão gentil e bem humorado e ainda assim dizia aquilo.
Asmita – Me parece, justo.
Mu – Oh, você ri, mas aposto que gostaria de saber COMO eles conseguem arranhar as armaduras…
Asmita – Não sou tão bisbilhoteiro, mas, na verdade, acho que gostaria, sim… - Asmita disse, se sentando próximo de Mu. Ficou em silêncio por um momento longo.
Mu – Você está querendo desfazer nossos planos para hoje?
Asmita – Por que diz isso? – "Ele parece levemente magoado…"
Mu – Ainda não abriu os olhos. Só fica com os olhos fechados tanto tempo quando vai passar o dia meditando, mas não foi o que combinamos…
Asmita – Ah, não é isso… É só… - "Meus olhos. Ele não é cego como eu era. Estou assustando o amante dele permanecendo estranho assim ?" Com certa relutância, abriu os olhos devagar, se acostumando com a luz. Incomodou. Quando sentiu-se menos inseguro, ergueu o rosto para fitar o homem diante de si. "Ah, ele lembra os mestres… e aquele pequeno… Só que… ele é incrivelmente belo… e esse olhar é tão sereno e cheio de amor…"
Mu – O que foi, Shaka? – Asmita corou fortemente. Não conseguiu desviar os olhos do homem diante de si.
Asmita – Hum… nada… é que… você é lindo…
Mu – Obrigado, acho q é bom achar o seu marido lindo… - Mu sorriu abertamente antes de se aproximar e tocar o rosto de Asmita, que teve o impulso de se afastar, mas se manteve firme. Deixou seus lábios serem tocados novamente, dessa vez por um tempo mais longo. Mesmo com um beijo tão suave, perdeu o equilíbrio de suas emoções por um momento. – Meu amor, você está bem mesmo? Seu cosmo… está oscilante…
Asmita – Eu… estou bem. Só… é o seu beijo. – Não queria mentir.
Mu – Ah. – Mu decidiu brincar com as emoções sensíveis do loiro. - Se você não quer mais ir à feira e prefere passar o dia no quarto, basta me dizer.
Asmita – Eu ainda quero ir à feira! – Asmita se apressou em dizer. Se um beijo lhe fazia aquilo, não queria pensar em qualquer prosseguimento. "Por todos os deuses, eu tenho que dizer a ele… mas eu também… quero tanto ver o mundo com os olhos de Shaka. Todas as coisas que eu não vi. E este amor, igual eu jamais vivi. Eu quero apenas uma memória minha disso… E afinal, somos a mesma pessoa, eu e este cavaleiro de Virgem… só estamos em tempos diferentes… eu não quero lhe roubar nenhum instante precioso, Shaka de Virgem. Mas… eu não sei o que fazer…"
Mu – Então vamos comer! Quero chegar cedo à feira, ver os tecidos com você. – Mu disse empolgado, tirando Asmita de seus pensamentos.
O jovem loiro passou as mãos pelos próprios cabelos, colocando-os cuidadosamente de lado para apreciar seu café da manhã sem fios loiros por todos os lados. Mu apenas o observou cuidadosamente enquanto comia. Sorriu para si mesmo e Asmita se perguntou por que aquela criatura adorável estava a sorrir dessa vez, mas nada disse.
…Logo, Asmita estava sendo arrastado pela mão pelo salão principal de casa de Virgem.
Asmita – Você está mesmo com pressa!
Mu – Só temos essa feira uma vez por mês, meu anjo. E era você quem mais queria ir…
Asmita – Eu ainda quero… - Ambos pararam quando se viram diante de Shion e Dohko.
Shion – Bom dia, meu filho. Bom dia, Shaka… - Os olhos rosados de Shion se prenderam por um instante no loiro.
Mu – Bom dia, pai.
Asmita – Bom dia, Shi… mestre Shion.
Shion – Mu?
Mu – Sim?
Dohko fitou o loiro longa e indiscretamente enquanto por um instante, ambos tinham certeza de que Mu e Shion tiveram um pequeno diálogo mental. Mu apenas sorriu para o pai, com carinho.
Mu – Não se preocupe, eu sei.
Shion – Mas…
Mu - Está tudo bem, pai. – Continuou sorrindo, enquanto segurava carinhosamente a mão do loiro. – Nós vamos à feira. Mas não vou convidá-los, é um passeio de casal.
Dohko – Eh, Shion, por que você não me leva numa feira também?! Até o loiro azedo vai e eu não…
Shion – Porque você parece uma criança de cinco anos nesses lugares, Dohko. É por isso que não te levo. E especialmente hoje, não vamos estragar o passeio dos dois.
"Loiro azedo? Ele ME chamava assim… quando achava que eu não estava ouvindo… será que Shaka teve o azar de levar as mesmas alcunhas que Dohko sempre me conferia?"
Mu – Bem, nós vamos indo, então.
Shion – Bom passeio. – Mu beijou o rosto do pai e virou-se para sair da casa de Virgem com seu companheiro.
"Demonstrações de afeto com o Grande Mestre tão abertamente… Esse tempo é mesmo muito diferente… Shion… você eu até entendo como está por aqui ainda, mas e quanto ao Dohko? Se bem que o cavaleiro de Libra te seguiria pela eternidade se ele arrumasse um jeito… e pelo que vejo, ele arrumou…"
Mu – Parece estar se divertindo, o que foi?
Asmita – Nada de mais. Pensando nos dois. Dohko sempre parece uma criança.
Mu – Isso é algo que nem se discute, hehe.
Chegaram à casa de Leão. Enquanto a atravessavam, encontraram Aioria, carregando algumas caixas, que parou abruptamente para olhar o casal.
Aioria – Ué, resolveram sair da eterna lua de mel um pouco? Já gastaram todo o Kama-Sutra?
Mu se segurou pra não rir alto da expressão totalmente indignada e envergonhada do loiro.
Mu – Não, ainda não "gastamos" todo o Kama-Sutra e eu aposto que tem coisas lá que são impossíveis de fazer, mas… nós só vamos à feira, Aioria.
Aioria – Ah…
Mu – Pode parar de olhar o meu marido, por favor? – Mu se fez de ofendido. Asmita só conseguia ficar cada vez mais corado, sem saber o que fazer.
Aioria – Não. Você está especialmente lindo hoje, Shaka. Hoje resolveu vestir cortina ao invés de lençol…
Mu – É sari…
Aioria – Está tão lindo que se eu não gostasse tanto de mulher, daria um jeito de te roubar do Mu…
Mu – Está assediando meu marido na minha cara!
Asmita – Desculpe, cavaleiro de Leão, mas seria impossível para qualquer um me "roubar" dele.
Aioria – Affs, eu sei, eu sei, feitos eternamente um pro outro. Vão logo pro passeio de vocês, ainda tem mais um punhado de cavaleiros pra tentar atrasá-los!
" Feitos eternamente um para o outro… então… por que eu não encontrei este amor especial no meu tempo? Eu vivi pouco, mas por que fui privado deste alegre afeto? Onde ele estava?"
Mu – Estou orgulhoso da sua resposta… - Asmita olhou outra vez a face alegre de Mu e acabou por sorrir de volta.
Asmita – Foi a mais pura verdade.
Mu – Eu sei, meu amor. – Alcançou os lábios do loiro, beijando-o carinhosamente. "Eu me acostumaria com isso… Ele é um doce… Shaka, você é muito abençoado." – Aioria acordado cedo é que foi mesmo espantoso!
"Aioria… Regulus… Assim como este Shaka sou eu… eles também…"
Continuaram descendo as escadas, atravessando a casa de Câncer, não encontraram Máscara da Morte, Mu pensou apenas que devia estar na casa de certo peixinho. Prosseguiram a descida.
Mu – Se os gêmeos estiverem em casa, prepare alguma das suas saídas evasivas, eles conseguem nos atrasar quase tanto quanto um abraço do Aldebaran…
"Aldebaran… Eu ainda me lembro que você disse que gostaria de ter conversado mais comigo… será que agora somos bons amigos?"
Asmita – Me avise se algo mais além dos gêmeos e do abraço do Aldebaran for nos atrasar em demasia…
Mu – Meu amor, nada nesse mundo poderia nos atrasar mais do que um discurso do Miro. Perderíamos a feira por três meses seguidos. Acho que ele quase nunca usa a agulha escarlate…
Asmita – Por quê?
Mu – Ora, porque vence os inimigos no cansaço, de tédio, quem aguenta mais que dois minutos do Miro fazendo alguma explicação?
Asmita – Mu… - Asmita riu novamente. Não se lembrara de quantas raras vezes estivera rindo em sua vida, mas isso parecia fácil ali. – Pobre Miro!
Mu – Eu amo o Miro, mas pobres dos meus ouvidos, isso sim! É pra isso que ele tem o picolé francês dele, pra aguentar tudo o que ele tem pra dizer todo o dia o dia inteiro…
"Francês… Dégel? O que é um picolé? Seja lá o que for, pelos cosmos que eu sinto espalhados por aqui, é Dégel. E está com Kardia. Primeiro, Dohko e Shion prosseguem juntos… E agora nesta era, Dégel e Kardia também estão juntos outra vez. Todas as coisas como eram pra ser. Então, por que eu não tinha essa pessoa comigo? Seria bom estar com ele. Ele é amoroso, amigável e divertido… quem não gostaria de estar com ele? Além do mais, embora pareça sereno e bem humorado, ele é ariano e descendente dos mestres… Deve esconder o quanto pode ser explosivo, ciumento, dramático (pelo que Shion contou algumas vezes, isso descreve bem o mestre Hakurei, porque eu mesmo não vi tanto desses momentos mais impetuosos)… e mesmo com o cosmo controlado assim, o poder dele parece devastador… e ainda está longe de atingir o ápice de suas capacidades."
Passaram por Gêmeos, a casa também estava vazia. Já na saída para Touro, de repente, Mu estava resmungando.
Mu – Será que eles deixaram de novo a casa, sem autorização? Ninguém obedece mais nada, todo mundo sai das casas sem autorização, um absurdo isso… um absurdo…*
"Do que será que ele está reclamando, fora o cavaleiro de Leão, ninguém está nas casas, nem o Grande Mestre no salão…" Ouviram uma risada alta vinda do pé da escada, do lado de fora da casa de Touro.
- Do que você está reclamando, ovelhinha?! – Asmita olhou adiante e viu o grande Aldebaran para fora do templo, braços cruzados em sua costumeira posição. Mas de calças curtas (no tempo de Asmita não tinha "bermudas"), chinelos e uma camisa de mangas curtas toda estampada com temas tropicais, palmeiras e coqueiros. "Ninguém mais usa armadura nesse Santuário? Ah, mas é bom vê-lo sorrindo, parece que ele é exatamente o mesmo de antes."
Mu – Todo mundo está fugitivo hoje…
Deba – Todo mundo está fugitivo de suas casas desde que Athena deu o aval pra darmos uns passeios fora do Santuário… e a culpa foi do seu pai, se é que você se lembra.
Mu – A culpa foi do Dohko choramingando que queria ter uma lua de mel fora da Grécia ou da China, Deba.
Deba – Ah, é verdade, mas quem interveio por essa causa foi o esposo, não?
Mu – Pra alguma coisa tinha que servir o título de Grande Mestre… - Ambos riram, enquanto o casal chegava ao pé da escada para receber um abraço de urso, digo, de touro do grande homem.
Deba – Vocês dois deveriam estar alegres hoje, mas Shaka parece avuado e você, continua com essa mania de resmungar.
Mu – Eu prometo parar de resmungar (por hoje) se você nos soltar, Aldebaran. Meu marido é magrinho, vai quebra-lo!
"Eu não vou quebrar… Eu fico feliz por esta incomum recepção calorosa. Shaka deve ter reconciliado as amizades que eu não pude."
Deba – Ah, certo, certo. – Aldebaran os soltou. – Aonde vão, se posso saber?
Mu – A feira mensal. Shaka quer muito ir dessa vez…
Deba – Você, na feira, loiro? – Aldebaran analisou a situação. – Mu, você esqueceu o que acontece quando esta coisa deslocada sai do Santuário?
Mu – Não, eu não esqueci que todo mundo quer um pedaço do meu marido, Deba. Mas obrigado por reforçar, só vai ficar mais difícil não resmungar com isso…
"Todo mundo quer um pedaço? Oh… Aioria disse que eu… Shaka está lindo. E Mu é ciumento, mesmo. Adoravelmente ciumento."
Asmita – Ninguém vai ter nenhum pedaço de mim. Você não precisa resmungar ou ficar aborrecido por isso, Mu.
Mu – Você é um amor, mas é difícil lidar com pessoas normais ao seu redor porque não posso usar nenhum golpe nelas como estava pra usar no Aioria há pouco.
Asmita – Você não ia fazer isso…
Deba – Até parece que você não conhece a ovelhinha que tem em casa, Shaka.
Asmita – Você ia?
Mu – Ele estava olhando a sua bunda depois que a gente passou… - Mu fez bico. Asmita corou outra vez. Na sua época, podia se dizer que eram Cavalheiros de Athena, de santo ninguém tinha nada ali. Aldebaran estava rindo alto de novo.
Deba – Olhando a bunda do Shaka? Me surpreende que eu ainda sinta o cosmo bem vivo de Aioria… Mas, bem, vou parar o papo mesmo estando bom, porque a feira já deve estar aberta e eu tenho certeza que vocês já foram atrasados o bastante por hoje.
Mu – De fato. Mas nós voltaremos outra hora pra continuar! Até logo, Deba!
Asmita acenou apenas, ainda pensando na história de estarem olhando pra sua bunda. Aquilo tudo era muito constrangedor. Mas se bem conhecia a capacidade para ciúmes dos tipos arianos, provavelmente aquilo tudo era uma enorme brincadeira, senão, realmente já não estaria sentindo o cosmo do cavaleiro de Leão tão vivo assim…
Mu – Você é sempre quieto, mas está especialmente silencioso hoje. O que está acontecendo?
Asmita – Nada. Eu estou bem.
Mu – Tem certeza? Está me preocupando, meu anjo.
Asmita – Desculpe. Não foi minha intenção.
Mu – Não é para se desculpar, é para me dizer o que posso fazer para ficar mais alegre.
Asmita – Eu estou alegre, Mu. – Apertou a mão do ariano que segurava a sua. Não queria se soltar dele. – Eu estou… Acho que estou apenas um pouco… atordoado…
Mu – Por quê?
Asmita – Porque talvez não tenha me dado conta antes de toda a capacidade para ser feliz que me rodeava… Mas eu estou feliz. Não estou aborrecido. São apenas minhas reflexões sobre felicidade. Desculpe por preocupa-lo.
Mu – Eu já disse que não é para se desculpar. – Tomou outro beijo repentino do loiro, mais profundo dessa vez, já ao pé da escada antes de adentrar em Áries. Asmita se assustou um pouco com a intensidade, deu de se afastar, mas a língua roçando em sua boca lhe paralisou. Macio e quente. Entreabriu os lábios, deixando sua língua tocar a outra. O sabor era sublime. Experimentou um pouco mais daquele beijo, sabia que estava gravado em sua alma, conhecia aquele sabor. Mas afastou-se.
Asmita – Mu, a feira… agora é você quem está nos atrasando.
Mu – Não me culpe por você ser lindo e estar tão fofo hoje. – Deu mais um beijo leve no companheiro e prosseguiu o caminho. Asmita sentiu a atmosfera da casa de Áries, tão familiar de muitas maneiras. Era agradavelmente convidativa. Mal sabia ele que na verdade era ali que Shaka e Mu viviam, já que a primeira casa não devia ficar vazia. Ir à casa de Virgem para passar a noite era uma regalia casual e quase um fetiche. Mas o pobre e confuso Asmita não saberia disso… ainda.
… Finalmente chegaram à entrada da vila, podia se ver as barracas da feira começando e se perdendo rua afora, muitas pessoas já se movimentavam por lá além dos vendedores, vendo todo o tipo de artigos, desde artesanatos locais e diversidades para saborear até inúmeros itens vindos de outros países. Asmita olhou para aquilo maravilhado, tantas pessoas alegres, tantas coisas coloridas nas barracas também coloridas debaixo de um lindo céu azul, as casas simples e geralmente brancas nas laterais das ruas todas com pequenos canteiros e vasos cheios de flores em seu auge.
Mu – Preparado?
Asmita – Preparado pra quê? – Olhou assustado para Mu, que tinha apertado sua mão firmemente.
Mu – Vai ser outro passeio épico… - Suspirou, levando o loiro em direção às primeiras barracas da feira. Logo Asmita começou a ouvir a música alegre que vinha de longe, do meio daquela pequena bagunça de pessoas, bem mais a frente na feira. A música típica parecia tão propícia para aquele ambiente. Queria entender mesmo porque Mu parecia preocupado. Logo avistou uma barraca que reconheceu enquanto alisava a própria roupa. "Ah, Índia! Eu finalmente vou VER as coisas bonitas do meu país!"
Asmita – Mu, ali…
Mu – Tão típico de você ir direto nos saris e incensos. – Mu finalmente voltara a sorrir, enquanto se embrenhava entre as pessoas com o loiro até a barraca de artigos indianos. Asmita inalou o perfume dos incensos diversos ao se aproximar da barraca, as cores e bordados dos tecidos lhe enchiam os olhos. Levou a mão para deslizar nos bordados acobreados de um tecido púrpura que se dispunha aberto sobre uma pilha de outros.
Asmita – É tão bonito… - Mu apenas observava o encantamento do loiro, satisfeito. Começou a brincar com as mechas loiras enquanto o outro se perdia tocando os tecidos e roupas na barraca, era tudo bonito, gostava das cores e do brilho. Era um sonho poder desfrutar da simplicidade da beleza depois de uma vida na escuridão. Só não se dera conta de que nada naquela feira poderia ser tão bonito quanto a si mesmo… e ao "seu" marido. Voltou-se para Mu, alegremente, surpreendido pelo mesmo que lhe cobria a cabeça com um véu vermelho com bordados dourados.
Mu – Isso sim é um "tesouro do céu". Você é tão lindo, meu amor. – Segurou o rosto do loiro com as duas mãos, lhe dando um beijo na testa, enquanto aspirava o perfume dos cabelos loiros. – Escolha o que mais gostar, eu lhe trouxe para lhe dar um presente. – Asmita sorriu abertamente, embora a pontada no fundo de seu peito persistisse. Um amor tão puro e generoso e ele não o tinha encontrado… Tentou colocar de lado essa pequena dor e continuar deixando-se invadir pela música alegre da feira, pelas cores e pelos perfumados incensos. Pensou por um momento no que alegraria Shaka, já que mesmo sem entender o motivo de estar ali naquele instante, sabia que era o tempo dele.
Asmita – Me diga você o que gostaria que eu usasse, meu marido. – Acariciou suavemente a gola da roupa de Mu, aconchegando-se próximo a ele. Se esqueceu completamente das pessoas na feira. Mu soltou um longo suspiro, enquanto ainda acariciava os cabelos loiros.
Mu – Está bem, mas terá que vestir-se para mim esta noite. – Mu voltou-se para todos os lindos itens na grande barraca.
"Esta noite… eu não sei por quanto tempo minha mente vai estar com essa consciência fora de sua era, mas eu definitivamente não posso ter um 'esta noite' com ele. Ele não 'me' pertence… este dia maravilhoso não me pertence. Mas eu ainda quero tanto saber por que não o encontrei em meu tempo… sinto que o amo com toda a minha alma, quantas vezes, sob quantas luzes diferentes desse mundo, devo tê-lo encontrado? Muitas… talvez, todas… mas se eu estive próximo a ele no meu tempo, o que eu fiz de errado para não saber que ele era parte do meu coração e alma?"
Mu – Este! – O tecido que Mu vinha lhe mostrar resplandecia mais do que qualquer outro ali e parecia misturar a cor dos olhos de ambos, brilhando diferente a cada movimento. – Isto é simplesmente perfeito para você. Você gosta?
Asmita – Não poderia ter escolhido um mais bonito!
Mu – Então está decidido! – Enquanto Mu negociava com o dono da barraca e escolhia alguns incensos, Asmita começou a olhar em volta. E finalmente caiu na compreensão do que Aldebaran dissera. As pessoas se desviavam de seus belos objetos expostos na feira para olharem na direção do exótico casal. Algumas até tentavam ser discretas, mas a maioria ali, homens e mulheres, tinham cobiça e desejo enquanto os fitavam. Era bastante intimidador ser devorado pelos olhos das pessoas daquele jeito, sentiu-se desconfortável, mas tentou lidar para não estragar seu maravilhoso passeio com Mu. Mas ficou difícil de lidar quando Mu veio até ele, carregando o pacote com as compras. Porque foi quando finalmente Asmita se deu conta de que tinha levado um lemuriano branco feito as paredes das casas, com olhos de esmeralda, cabelos cor de lavanda enormes e esvoaçantes e lindos diferentes pontinhos na testa para passear em terras bem distantes de onde as pessoas poderiam estar acostumadas com aquele tipo de aparência. "Acho que agora entendi porque Dohko sempre pareceu ciumento… As pessoas podem até querer um pedaço meu, mas com certeza querem o Mu inteiro…" Ficou desgostoso com a situação, e apostava que Shaka também ficava.
Mu – O que foi, meu amor?
Asmita – Não reclame mais das pessoas olhando pra mim…
Mu – Ahm ? Por quê? – Isto surpreendeu Mu totalmente.
Asmita – Eu sou um enfeite no verdadeiro objeto de desejo, não vê? Sou apenas teu adorno, meu marido. Você é que é lindo e ninguém faz questão de disfarçar para te olhar…
Mu – Ora, ora, você, demonstrando ciúmes? Que cena rara, vou guardar bem esse momento na memória.
Asmita – Deveras, mas é um tanto quanto difícil não me incomodar visto que não são apenas os olhos a encarar isto, mas o cosmo pode sentir as emoções e sentimentos das outras pessoas… E estão todas a olhar e pensar sobre meu marido…
Mu – Sobre nós dois, meu querido. Se pode perceber o que elas sentam, sabe que te cobiçam, e sabe também o quanto eu me controlo para não estragar a vida comum das pessoas comuns…
Asmita – Arianos… - Asmita suspirou. Por maior que fosse seu desconforto, sabia que Mu deveria estar a ponto de cuspir fogo, mas permanecia controlado e tentando continuar sereno. Deveria fazer o mesmo. – Perdão. Minha reação foi despropositada. Não quero estragar o nosso passeio por conta de pessoas que em nada vão afetar a nossa vida e os nossos sentimentos um pelo outro. Ignore isto. – Deu um beijo suave na bochecha do ariano, que novamente pareceu surpreso por um instante.
Mu – É claro, tudo bem, meu anjo. Está calor, você gostaria de um sorvete? O senhor que vende os picolés está ali a frente!
Asmita – Bem… - "Picolé foi como ele chamou ao Dégel… eu quero saber o que é isto…" – Acho que sim.
Mu – Vamos então.
… Finalmente Asmita descobriu que o tal picolé era um doce congelado, ou um congelado doce, tanto faz. Saiam da feira, ele segurava no palito com as duas mãos, enquanto dava leves lambidas e pensava que realmente só podia ser coisa do Kardia inventar que Dégel era um "picolé francês". Riu baixinho, ainda dando atenção para seu doce.
Mu – O que é engraçado?
Asmita – Só pensando que "picolé francês" faz muito sentido…
Mu – As idéias do Miro… Agora vai dar de rir dele também?
Asmita – Mas faz sentido… - Fez bico, sem perceber. E continuou a lamber o picolé. Mu tentou não ficar olhando, mas não dava, simplesmente não dava para não olhar a boca pequena e a língua rosada passando pelo sorvete devagar. Se o loiro tivesse ideia de quantas coisas conseguia despertar na mente e no corpo de Mu só com essa visão…
"Ele parece interessado no meu doce… no meu jeito com o doce… o que eu estou fazendo de errado? Ele fez o mesmo… só que um pouco mais rápido." Continuou com o sorvete, sugando levemente para as gotas que começavam a derreter não escorrerem. Ouviu Mu suspirar. Sentiu a mão do ariano em sua cintura, o segurando possessivamente. Apenas aconchegou-se mais próximo a ele enquanto andavam, ainda dando atenção ao sorvete. Sentia os dedos de Mu inquietos em sua cintura a cada vez que mudava o ângulo e o jeito de lidar com o picolé. Ergueu os olhos para constatar o intenso desejo escondido por poderoso autocontrole nos olhos do outro.
"Acho que além de ser um doce gelado, deve ter alguns motivos nada castos para o Cavaleiro de Aquário ter ganhado esse apelido… Apesar de ser uma época não tão decente, eles parecem todos se divertir tanto com estas pequenas coisas de suas vidas… E Mu com certeza é um homem muito apaixonado e luxurioso…"
Asmita – O que tem de tão interessante no meu picolé, meu marido?
Mu mordeu os lábios, tentou manter o autocontrole e a decência. Ainda não era hora e muito menos lugar pra surpreender mais ao seu loiro. Mas notara o tom de provocação e assim ficava difícil se manter "inatingível". Encostou os lábios na curva da orelha do loiro, acariciando devagar. Sentiu o corpo de seu amado tremer e se aconchegar ainda mais a si, instintivamente.
Mu – No picolé, nada. – Sussurrou. – É a sua boca, meu amor…
Asmita – Ah… - "Muita luxúria. Não sei lidar com isso. Não posso lidar com isso. Mas não posso afastar o marido assim, por nada. Na verdade não quero, mas sei que deveria… mas se o afastar, vou magoá-lo." – Mu… - Acabou não controlando a voz ao gemer o nome do outro, depois de sentir os dedos se fecharem com força em seu quadril e a boca morder levemente seu pescoço logo abaixo da orelha. – Estamos no meio da rua… - "Ah não ser que essa era seja mais indecente do que posso imaginar, isso pode resolver…"
Mu – Ah, meu anjo. Você é sempre chato sobre namorar em público. Vamos para casa, então.
"Pelo menos por esse momento, consegui me desviar. Mas e depois? Eu não consigo entender o que está acontecendo. Fora do meu tempo. Eu tenho que devolver estes momentos para o seu verdadeiro dono, mas eu apenas…" Voltou o olhar para o rosto de Mu. "Eu apenas queria um pouco dessa felicidade de ser amado… Agora eu já tive, já sei que o futuro da minha alma é esta alegria, que neste tempo Hades já não pode mais machucar aos meus amigos, de algum jeito, tudo terminou bem assim e até que novas batalhas possam surgir, todos podem viver esta vida cheia de alegrias e amor. Isso era tudo o que Athena sempre desejou. Tudo está protegido por enquanto. Mas então, porque eu estou aqui a vislumbrar o marido do Buda deste tempo? E eu não sou o único do meu tempo a estar vislumbrando esta era…"
…
Notas da autora:
Essa fanfic ia ser um one-shot, mas acabou ficando muito grande então eu a dividi pra não ficar cansativa. Surgiu, pra variar, das minhas conversas com a Deni e depois do meu marido me fazer rever o Asmita em TLC. A idéia foi instantânea. Adoro como ela está seguindo e ela é relativamente "curta" em vista das minhas outras, vou estar postando logo o restante pois já está andando para ficar maior do que essa parte XD.
Ela tem mais dois one-shots que se passam ao mesmo tempo, a versão do Kardia & Milo e a versão do Albafica & Afrodite, que são menores e também vão ser publicadas. E se entrelaçam aqui, menções a isso em breve.
A música do Do As Infinity foi determinante para fazê-la, recomendo para quem não conhece.
Diversas referências cruzadas com a fanfic "50 dias com ele – Dohko e Shion".
*A frase marcada é uma frase do Marcelo Campos (Dublador Brasileiro do Mu) no Making Off da Saga de Hades, na ocasião, ele falava do Miro, mas como não tivemos a passagem por Escorpião, resolvi manter a brincadeira num contexto geral.
Obrigada por lerem. Se gostou, tem críticas ou sugestões, deixe uma review. Escritores se alimentam de review. o/
Beijos!
