We wish...
Por Ferfa.

;disclaimer: Harry Potter não pertence a mim, para a sua sorte.
;spoilers: primeiro ao quinto livro.
;shipper: Harry Potter e Draco Malfoy.
;classificação: K+
;avisos: pós-Hogwarts e slash
;capítulos: 01 e 02
;sinopse: É Natal, mas Harry e Draco estão brigados. O filhinho deles, Niue, não consegue entender isso e, como último recurso, resolve pedir para o Papai Noel uma ajuda.

Notas:

1. um pequeno especial pro Natal. Brega, não? xD

2. cabe a você, querido leitor, decidir se essa fic tem mpreg ou não. Eu não me dei o trabalho de pensar muito na origem do Niue. Ele pode ser tanto adotivo, como biológico.

3. pai é o Draco, papai é o Harry.

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Capítulo 01 – Idiotas.

Draco estava lendo tranquilamente o jornal, enquanto bebericava sem muito interesse seu café, já frio. Ao lado dele, Niue (1), seu filhinho de quatro anos, desenhava sem parar num pergaminho, fazendo um barulho constante que já começava a irritar Draco.

"Pai!", chamou o menino, de repente.

"Sim?".

"Por que o papai não está em casa?".

Ah não. Aquela história de novo não.

"Porque ele é um idiota, Niue", rosnou Draco, sem tirar os olhos do jornal.

O menino ficou dois segundos em silêncio.

"Mas pai...!".

"O quê?". Draco já estava ficando impaciente.

"Você também é idiota!".

"Eu sou O QUÊ?".

O café voou pela sala, manchando o tapa imaculadamente branco, mas Draco não ligou. Ter seu filho de quatro anos o chamando de idiota era um choque para o resto da vida.

"O papai disse, pelo menos", explicou o menino, com inocência.

Claro que disse. O maldito Potter! Ensinando aquele linguajar para uma criança! Absurdo. Niue não deveria nem saber o que significava idiota.

"Acho que não é completamente seguro você passar o fim-de-semana com seu papai", disse, desdenhoso.

Niue subiu em seu colo e abraçou-o pelo pescoço, ficando em silêncio por um tempo.

Draco agradeceu aos céus e voltou à leitura do jornal.

"Pai...".

"Sim?".

"Eu quero o papai em casa de novo!".

Ah, foda-se a merda do jornal. Draco jogou-o longe, encarando os olhos irritantemente verdes do menino.

"Já conversamos sobre isso. Papai e eu achamos melhor dar um tempo".

"Vocês não gostam mais de mim?", murmurou Niue, com lágrima nos olhos e cara de cachorrinho sem dono.

Draco quis socar Harry por isso. Era culpa daquele estúpido, afinal.

"Nós te amamos. Não repita mais uma coisa dessas!", retrucou Draco, severo. "E você não deve chorar justo nas vésperas do Natal".

"Natal, pai?", repetiu o menino, sem entender.

"É. Você sabe o que é Natal. Tem... neve e presentes".

"Ah! E um velhinho vestido de vermelho!", continuou Niue, esquecendo as lágrimas, parecendo bastante animado. Draco torceu o nariz diante daquilo.

Fora idéia de Harry se vestir de Papai Noel para o filho, no ano passado. Uma péssima idéia, aliás.

"É, mais ou menos isso". Ele levantou-se, com o filho no colo. Talvez fosse a hora perfeita para uma soneca, antes do almoço. "Você pode se deitar em sua cama e pensar em que presente quer ganhar esse ano".

"Presente?".

"Claro! Você quer presentes, não é?".

"Quero! Eu vou ganhar um do papai também?".

Argh. Por que tudo tinha que voltar àquele infeliz? Draco obrigou-se a dizer um "Sim" minimamente animado, deixando o filho com cuidado na cama dele.

"Mas pai! Eu não quero dormir!", protestou.

"Eu não disse para você dormir. Eu disse para você ficar aqui e pensar em bons presentes de Natal", explicou Draco, usando toda a paciência que possuía.

Niue encarou-o desconfiado.

"Mas eu quero conversar sobre os presentes com você".

Oh, claro.

"Certo. Fale". Draco sentou-se ao lado do filho, na cama.

"Será que o Papai Noel poderia trazer o papai de volta?".

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Era impressionante como duas semanas podiam passar tão devagar. E era impressionante a saudade que de Niue (e apenas de Niue, claro). Vê-lo só de fim-de-semana estava sendo uma tortura para Harry. Era uma sorte que já era sexta-feira, ou ele possivelmente ficaria louco logo.

Ele deixou a água cair em seu corpo sem pressa. Não tinha hora para jantar e ninguém para apressá-lo, como Draco sempre fazia. Draco. A pessoa mais estúpida que já havia passado pela Terra, claro.

Aquela briga fora a melhor coisa que poderia ter acontecido. Exceção feita a saudade que sentia de seu filho, tudo estava indo às mil maravilhas. Estava aproveitando suas merecidas férias do Ministério para acordar tarde, dormir tarde e sair para beber com o Rony, como se ainda tivesse vinte e poucos anos.

Era tudo uma maravilha.

Estava mais do que provado que ele conseguia viver longe de Draco Malfoy. Mesmo que sentisse uma solidão estranha dentro de si. Não deveria ser nada. Apenas uma falsa impressão.

Quando se deitou, ainda era cedo.

'Draco possivelmente está escrevendo, agora. Aquele livro besta dele', pensou Harry sem querer. 'Pare. Você não quer pensar nele. Você não quer saber o que ele está fazendo!', convenceu a si mesmo.

Rolou muito na cama antes de cair no sono.

"Já havia pessoas bêbadas, cantando alegremente e todas, sem exceção, não paravam de rir, brindando por qualquer coisa de cinco em cinco minutos. Harry já não agüentava mais gente vindo dar dois tapinhas na sua costa e dizer 'Bom trabalho'. Queria mais do que tudo ficar longe daquilo. Notou que Draco não estava em nenhum lugar do primeiro andar e achou uma boa desculpa sair dali para procurá-lo.

Encontrou no quarto que eles dividiram por mais de um ano. Quando Draco chegara na Ordem da Fênix, os dois ainda eram inimigos mortais, mas agora tudo estava diferente. Eles eram amigos, afinal.

Estava escuro e Draco estava sentado na cama de Harry, os joelhos dobrados. Harry se aproximou com cuidado e sentou-se na frente do loiro, provocando-lhe um pequeno susto.

'Fugindo das comemorações, também?', disse Harry, amigável.

'Eu? Não. O centro das atenções lá embaixo é você. Quem tem que estar fugindo é você'.

'Não fale como se você não tivesse sido importante para eu mata-lo!', retrucou Harry, um pouco irritado.

'Eu não fui'.

Oh não. Claro que não. Às vezes Draco conseguia ser realmente idiota.

'Por que você está aqui, então?', resolveu perguntar, antes que uma discussão começasse.

'Porque a guerra acabou, Harry'.

'E...'.

'E você vai ter sua casa e tudo mais. A gente não vai mais poder passar as noites rindo dos exageros da Trelaweney, ou das roupas da Lovegood. Isso vai me fazer falta'. Draco tentava a todo custo não olhar nos olhos de Harry.

'Eu... Eu vou sentir falta também, Draco. Mas você será sempre bem-vindo na minha casa. Nós somos amigos, afinal', ele sentiu uma vontade repentina de abraçar Draco e dizer que tudo continuaria bem.

'Amigos, claro', murmurou o outro, com um quê de hesitação.

Ficaram em silêncio por um tempo. Era a primeira vez que Harry pensava naquele assunto. Ele não moraria mais na Ordem da Fênix. Ele não veria mais Draco todo o dia. Ele sentiria falta de Draco. Muita falta, aliás. O loiro estava sendo a melhor pessoa do mundo naqueles tempos. Desde que Rony e Hermione começaram a namorar, haviam se afastado um pouco de Harry e Harry deles. Mas era guerra o garoto precisava desesperadamente de apoio. O apoio fora Draco.

'Eu vou sentir sua falta', ele ouviu murmurando.

E, no momento seguinte, sentiu lábios frios e macios juntando-se aos seus. Seu coração disparou e demorou para entender o que estava acontecendo: Draco estava beijando-o e ele começara a responder.

E ele estava amando tudo isso".

Harry acordou assustado. Sentia centenas de borboletas voando no seu estômago e a única coisa que ele conseguia pensar era "Merda". Olhou de relance para o relógio ao seu lado e viu que ainda era apenas cinco e meia da manhã de sábado. Um pecado.

Mas sabia que não conseguiria dormir.

Ele estava sonhando aquilo frequentemente. Não que ele quisesse. Se conseguisse, apagaria cada lembrança de Draco que havia nele, mas a coisa toda não era tão simples.

'Eu odeio o Dr- Malfoy'.

Obrigou-se a ficar na cama até as oito horas, horário que o despertador tocou. Levantou-se e enfiou-se num banho gelado, mesmo estando em pleno inverno, amaldiçoando todos os sonhos do mundo.

Escolheu, sem perceber, sua melhor roupa e se arrumar impecavelmente.

Lá fora estava nevando e ele não demorou para aparatar em sua ex-casa, que ficava na área residencial de Hogsmead.

Era uma casa simples e aconchegante por fora, com uma chaminé. Lembrou-se rindo que no ano anterior entrara como Papai Noel por ali, como dizia a tradição trouxa. Por dentro, a casa era bem mais espaçosa e metodicamente decorada. Draco não abandonara seus velhos hábitos de grandeza.

Atravessou o jardim bem cuidado e chegou na porta, que tinha alguns desenhos estranhos na madeira. Hesitante, bateu.

Durou uma eternidade o tempo entre a batida e a abertura da porta.

"Papai!", exclamou Niue, abraçando as pernas do homem. Harry quase chorou de alívio por ver seu filho, e não Draco.

Mas o alívio durou pouco.

"Eu tenho que falar com você antes de que você saia com o Niue", disse a voz fria do Sonserino.

"Fale".

"Aqui não seria o lugar ideal. Entre. E vá para seu quarto, Niue... Daqui a pouco o papai te chama", comandou Draco, enquanto os três entravam na casa, maravilhosamente quentinha.

"Mas pai...!".

"Já!", ele disse friamente.

Harry se sentara na poltrona preferida de Draco – de propósito – e tirara seu cachecol vermelho.

"Quando eu concordei que nosso filho ficasse com você, eu pensei que você o trataria melhor", disse Harry, no mesmo tom frio que o outro. Os olhos cinzentos crisparam.

"Não ouse insinuar que eu não cuido bem do Niue!".

"Vendo o jeito como-".

"Potter. Cala a boca, ok? Eu só queria te dizer uma coisa... Você", ele se sentou no ponto mais distante possível de Harry. "Você tome cuidado com o que fala para o menino. Ele... Ele me chamou de idiota ontem!", disse, sentindo-se corar.

Harry riu.

"Ele é bastante esperto, não? E por que você acha que eu tenho alguma coisa a ver com isso?".

"Porque você tem!", exclamou Draco, exasperado. "Você falou para ele que eu era idiota! Ele mesmo me disse".

Harry deu de ombros.

"E você provavelmente me chamou do mesmo".

Argh. Draco odiava o jeito que aquele idiota de olhos verdes parecia compreender tudo num segundo.

Ele estava prestes a retrucar qualquer coisa, quando Harry chamou Niue de volta para sala.

"Se você não se importa, Malfoy, eu vou sair com meu filho. Voltamos as sete". E saiu batendo a porta.

Lá fora a neve estava mais intensa.

"Está bem agasalhado, filho?", perguntou Harry, carinhoso, tomando o menino nos braços. Niue abraçou-o com força.

"Sim. O pai me pôs em todo o tipo de roupa".

"Hum, ótimo", disse Harry, rindo da cara desgosto do menino.

Andaram por um tempo em silêncio. Hogsmead estava quase completamente vazia, mas eles gostavam bastante de caminhar por lá e ver a novidade das lojas.

"Papai?".

"Sim?".

"É verdade que o Natal está chegando?".

"É", confirmou Harry, estranhando a pergunta.

Niue pareceu mais animado.

"Então é verdade que eu posso pedir o que eu quiser para o Papai Noel? De presente?".

"Sim", concordou o pai, rindo. "O que você está pensando em fazer, hein mocinho?", disse brincalhão. Mas Niue apenas balançou a cabeça e não disse nada.

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N/A: olá! Estamos entrando no clima natalino, presentes, pedidos, enfim. Resolvi escrever essa short, já que eu não tinha muita coisa mais últil para fazer nas minhas férias. u.u

Resolvi dividir em dois capítulos, porque... sei lá. xD

Espero que estejam gostando! Próximo capítulo vem sexta que vem (acho).

(1) - Atlas é de incrível utilidade quando estou escrevendo uma fic. Dá para tirar uns nomes bem legais de lá. Niue, por exemplo, que é o nome de uma Ilha que pertence à Nova Zelândia. /o/