Cinco Coisas
Por DM Tayashi
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Presente – atrasadíssimo – para a Naru
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- Eu duvido!
- Pode duvidar o quanto você quiser, não tenho que te provar nada.
Enquanto lavava a louça, Narumi escutou Madoka resmungar coisas que ele não conseguia entender.
Suspirou. Estava tentando entender de onde sua irmã havia tirado a idéia absurda de que ele estava apaixonado por Hiyono.
- Não é possível, Ayumu!
Não se deu ao trabalho de retrucar. Secou suas mãos, retirou seu avental e foi para seu quarto se trocar.
Assim que saiu, viu que Madoka não estava na sala. Decidiu ir rápido para a escola, caso contrário ela iria irritá-lo de novo com esse assunto.
- Não pense que eu me esqueci desse assunto, Ayumu!
Por um momento ele achou que estivesse livre...
Seria uma tarde e tanto.
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- Bom dia, Narumi-san!
Fez uma careta de dor ao escutar o grito estridente.
- Como você consegue acordar com tanta energia logo cedo?
Como resposta ela apenas abriu mais o sorriso, enquanto andava ao lado dele.
- Oi, Narumi-san!
- Hn?
- O feriado está chegando... O que nós vamos fazer?
- Eu planejo dormir o dia inteiro e—
- NEM PENSAR! – Ela gritou, pulando na frente dele – Já planejei diversas coisas pra fazer! Primeiro, você poderia fazer um delicioso café da manhã pra mim...
Continuaram andando. Ele fingindo que prestava atenção, e ela fingindo que não percebia que ele não dava à mínima.
Ela era irritante.
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- NAAARUMI-SAN!
Levantou em um pulo. Estivera deitado no teto do prédio lendo seu livro de culinária tão concentradamente que nem percebera a aproximação dela.
- O que você quer?
Revirou os olhos quando viu que, ao invés de responder, a garota apenas olhou fixamente para seu almoço.
- Seria uma pena se esse almoço fosse comido por uma pessoa só, ne, Narumi-san?
- Eu não acho. Por isso, tire os olhos do meu almoço. – O moreno puxou sua comida para perto, olhando desconfiado para a garota – E nem pense em roubá-lo. Estou de olho em você.
Ficou mais desconfiado ainda quando ela deu de ombros sem dizer mais nada.
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- Garota estúpida.
Olhou para o sanduíche com um bilhete em cima.
"Obrigada pelo almoço, Narumi-san!
Hiyono."
Respirou fundo.
Ela era folgada.
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Rutherford estava certo.
Ele estava com as mãos calejadas de praticar. Ele não desistira.
Não sabia porque mas, por algum motivo, ele sempre tocava aquela música no piano.
E ele odiava ser escutado por outras pessoas, não importando quem seja.
Por isso, sentiu uma veia saltar em sua testa quando escutou uma voz do lado de fora.
- Narumi-san toca tão bem...!
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Sentou-se do lado de fora da sala, como fazia todos os dias.
Não sabia se Narumi-san já havia percebido, se ele não ligava, ou se ele não sabia de verdade.
Só sabia que ela adorava escutá-lo tocar piano.
Era uma música triste, e por algum motivo, ela achava que era a cara dele.
- Narumi-san toca tão bem...!
Não percebeu quando a música parou abruptamente, por isso levou um susto quando a porta se abriu e um Narumi-san muito irritado saiu de lá.
- O que você quer?
- Eu só... Estava ouvindo Narumi-san tocar! – Hiyono gritou animada, mas ainda um pouco assustada – Mas Narumi-san não gosta que fiquem o escutando, então eu te vejo na hora da saída!
Ela saiu correndo, deixando-o sem entender o que tinha acabado de acontecer.
Ela era intrometida.
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- Mado no soto kirakirakirari...
Respirou fundo, tentando não se irritar com aquela música estranha.
- Nagareboshi ga hitotsu nagareta...
Apoiou a cabeça em suas mãos, que estavam apoiadas em suas pernas.
Ele sabia que não precisava escutar essa música, muito menos acompanhá-la até sua casa. Mas, por algum motivo, ele ainda o fazia.
- Oi, você precisa mesmo ficar cantando essa música estúpida?
Ela olhou para ele sem entender – Não é como se eu conseguisse parar. Quando está tudo muito quieto, eu canto.
- Hn.
- Otsuki sama yurayurayurari...
- Pára de cantar essa música! – Ela o olhou assustada devido a sua repentina explosão – Hoje eu acordei no pior dos humores e desde cedo você está me irritando. Chega!
Ela levantou-se de repente, esperando o trem que já estava chegando.
Suspirou.
- Ne, Hiyono, eu não—
- Sempre que Narumi-san está irritado ou qualquer coisa, eu fico do lado dele. Mesmo que ele sempre desconte em mim de alguma forma, eu sempre estou lá – Ela falava de costas para ele – Eu sei que não sou a pessoa mais fácil do mundo, Narumi-san, mas você também não é.
Ele ficou olhando para ela, sem saber o que dizer.
- Você é irritado, grosso e gosta de guardar seus problemas para si mesmo, sem deixar ninguém te ajudar – Ela olhou para o lado – E ainda assim, eu continuo tentando.
Ficaram em silêncio, escutando apenas o barulho do trem parando na estação.
Ela virou-se para ele, sorrindo.
- Por isso, não importa o que você diga, eu vou continuar aqui. Até, Narumi-san!
O moreno ficou olhando enquanto a garota embarcava no trem.
Ela era estúpida.
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Chegou em casa em silêncio.
Talvez fosse esse o motivo pelo qual Madoka não o importunara ainda.
- Ne, o que você vai querer comer?
- Qualquer coisa...
Ele olhou para sua irmã, que estava sentada em uma cadeira.
- Você 'tá bem?
Madoka bagunçou os cabelos, claramente irritada com alguma coisa.
- Não é possível que você não goste dela – Ele revirou os olhos – Simplesmente não é possível!
- Tá legal.
Narumi nunca fora de fugir dos problemas, por isso decidira resolver aquele de uma vez por todas. Sentou-se em uma cadeira, do outro lado da mesa, de frente para Madoka.
- Por que você acha isso?
- Não é questão de achar Ayumu, mas si—
- POR QUE você acha isso? – Ele interrompeu o que ela ia falar, decidido a ir direto ao ponto.
- Porque vocês ficam tão bonitinhos juntos!
Ayumu quase caiu da cadeira.
- E é SÓ POR ISSO que você acha que eu gosto dela?
Ela observou em silêncio quando ele levantou da cadeira e foi até a cozinha preparar o jantar.
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- Ne, Hiyono-san...
- Sim?
Madoka continuou preparando o jantar para o Natal, enquanto Hiyono decorava a sala.
- Eu sei que vai parecer uma pergunta estranha mas... Por que você ajuda tanto o Ayumu? Eu sei que ele não é uma pessoa fácil de lidar.
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Madoka suspirou. Ia ser mais difícil do que ela imaginara.
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- NAAAARUMI-SAN!
Será que ele estava tendo um pesadelo? Não era possível... Ele estava sonhando com vários pratos deliciosos que ele havia preparado...
- ACORDA, NARUMI-SAN!
Não, definitivamente não era sonho, já que ele sentiu um peso extra sobre seus quadris.
- O que você quer? Hoje é feriado.
- Eu falei que hoje eu iria passar aqui! Planejei um monte de coisas para nós fazermos e...
- Você ainda não entendeu?
Ele sentou na cama, olhando dentro de seus olhos.
- O que?
- Deixa pra lá... – Ele a empurrou pro lado e foi se arrumar.
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- Quer que eu te acompanhe até em casa?
Passaram a tarde inteira estudando, já que com toda a confusão das Blade Children não tiveram tempo de fazer isso.
E Ayumu percebeu que, quando Hiyono não estava sendo irritante, estúpida, intrometida e hiperativa, ela conseguia ser uma pessoa bem agradável de conversar.
Ela tentara cozinhar mais cedo e, outra coisa que ele pôde constatar era que ela era uma péssima cozinheira.
- Não precisa, Narumi-san – Ela respondeu, enquanto arrumava suas coisas – Não está tão tarde.
Ficaram em um silêncio agradável; Hiyono arrumando suas coisas e Ayumu lavando a louça do jantar.
- Ne, Narumi-san... – Ela o chamou, enquanto andava até a porta.
- Hn?
- Às vezes, eu me pergunto por que eu te ajudo tanto. – Ela calçava seus sapatos – Eu sei praticamente todas suas manias, e você não consegue listar cinco coisas sobre mim.
- Hiyono...
- Você cria essas rugas entre suas sobrancelhas quando está pensando em algo; Quando cozinha, você não perde sua atenção por nada desse mundo. – Ela olhava fixamente pro chão. Ele estava no batente, observando-a – Você prefere dormir de costas e, quando está lendo, gosta de segurar o livro com uma mão e apoiar sua cabeça na outra.
- Hiyono...
- Gosta da sua comida com bastante tempero e você costuma sujar sua mão direita quando escreve.
- Hiyono...
- Sim?
- Você calçou seu sapato ao contrário.
- Droga – Ela trocou os sapatos e se levantou – Te vejo amanhã na escola. Tchau, Narumi-san!
Ela bateu a porta quando saiu e o moreno pôde perceber que a casa ficava sem vida quando ela não estava por perto.
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Quando se deitou, naquela noite, ficou pensando no que Hiyono dissera.
"- Eu sei praticamente todas suas manias, e você não consegue listar cinco coisas sobre mim."
Ok, talvez ele não soubesse suas manias, mas sabia que ela era irritante, estúpida, intrometida, folgada e...
Narumi sentou-se rápido na cama.
Amanhã ele precisaria conversar sério com ela.
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- Madoka, você vai chegar atrasada.
Abriu um sorriso quando viu a irmã se levantar em um pulo.
Foi pra cozinha terminar o café; acordara mais cedo e já estava pronto. Teria uma missão e tanto essa manhã.
- Onde você se meteu o dia inteiro ontem? – Ele perguntou, quando Madoka sentou-se em uma das cadeiras.
- Fui até o trabalho resolver uma papelada e depois saí para beber um pouco. E você?
Ele colocou a mesa e sentou-se para tomar café junto com a irmã.
- Hiyono veio aqui e ficamos estudando a tarde inteira.
Madoka fez um sinal de concordância e, com isso, os dois começaram a comer.
Assim que terminaram, ela foi levar a louça pra cozinha. Ele estava se preparando para sair, quando falou.
- Oi, Madoka... Sobre aquilo que conversamos há dois dias atrás...
- Sim? – Ela gritou da cozinha.
- Pode até existir uma possibilidade.
Ela pensou e, quando se tocou do que ele estava falando, correu até a sala, só para dar de cara com a porta fechada.
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- Bom dia, Narumi-san!
- Vem comigo.
- Ahn? – Ela olhou para ele sem entender, enquanto era puxada pelo braço até o terraço do prédio.
Foram andando em silêncio. Ele com pressa, e ela sem entender nada.
Quando chegaram lá, ele parou de frente pra ela e começou a falar.
- Eu sei listar sim, cinco coisas sobre você – Quando viu que ela apenas o olhava, continuou – Você é irritante quando coloca alguma coisa na cabeça. Você é folgada porque adora roubar o meu almoço. Você é intrometida, já que sempre fica do lado de fora quando toco piano, e você é estúpida já que, por mais que eu te humilhe, você continua por perto.
- E qual é a quinta coisa? – Ela perguntou, com um semblante triste.
Só não esperava o que veio a seguir. Ayumu a abraçou apertado, inalando o cheiro de seus cabelos. Cheiro que fazia com que ele se sentisse bem.
- Eu não consigo me imaginar longe de você um minuto sequer. Você me faz feliz, Hiyono.
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- Porque por mais que ele seja tão difícil comigo, quando eu estou com ele, tudo parece muito mais fácil. – Ela suspirou – Eu quero fazê-lo feliz.
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FIM
N/A: Bom, aí está.
Inspiração nos episódios de Greys Anatomy e em um episódio de Spiral.
Nota rápida: Parabéns Naru! XD
Beijos.
