Inspirada nas personagens criadas por J.J. Abrams e equipe , portanto não me pertencem. As histórias são apenas diversão, não têm fins lucrativos.


I.

Ela andava calmamente em direção à saída do laboratório. Peter vinha logo atrás.

-Olivia...-ele estava em pânico.

Ela parou .Virou-se calmamente. No olhar não havia a menor sombra. Não estava emocionada ou irritada. Ele estranhou aquele autocontrole.

-Desculpe -me...

Ficou paralisado... Achou que ela estava sendo irônica. Engoliu a saliva com dificuldade. Cautelosamente, tocou seu braço. Ela não o repeliu. Sua expressão era até amigável.

-Onde você vai?

-Pensei em ir para casa, estou exausta.

Ela falava de forma calma e sensata.

Peter balançou a cabeça.

-Espere um pouco e iremos juntos

-Não é preciso se incomodar, Peter. Meu apartamento fica uns vinte minutos distante de onde você mora, não quero tirá-lo de seu caminho.

-Como?

Finalmente ele começou a desconfiar. Havia alguma coisa errada com Olivia.


Agora ela estava sentada numa cadeira. Apresentava uma expressão intrigada ao olhar para sua alternativa. Tinha respondido pacientemente todas as perguntas que Walter lhe fizera. Peter e Astrid estavam surpresos. Lincoln e a Olivia alternativa se aproximaram e ficaram assistindo, esta última um pouco ressabiada. Por duas vezes ela trocou um olhar enviesado com Peter, o que foi registrado por Lee. Walter foi o único a manter a concentração.

-Interessante...

Peter ansiava por maiores esclarecimentos. Estava aflito com a situação. Olivia não estava dizendo coisa com coisa.

-O que está havendo, Walter? Pode nos dizer?

-Claro. Ela está fisicamente bem, não é querida?

Olivia assentiu. Estava com um sorriso leve nos lábios. Não parecia incomodada por nada, nem por ninguém. Só parecia extenuada.

-Olivia tem amnésia.

-Como assim, Walter? Por que ela está com amnésia?

-Como não houve dano físico, deve ter sido ocasionado por algum trauma psicológico. Ela apagou da mente algo com que não pode conviver.-Walter enfatizou bastante as últimas

palavras.

Nova troca de olhares entre Peter e Olivia alternativa. Desta vez, não foi só Lincoln, Astrid também percebeu. Peter tentou continuar o assunto sem mostrar perturbação.

-Do que ela se lembra?

-Bem, pelas minhas perguntas a memória dela vai até as investigações do Padrão. Ela conhece também os metamorfos, já que sabe que Charlie Francis está morto. Daí por diante temos uma lacuna.

Peter conduziu o pai pelo braço, até um canto do laboratório. Quando teve a certeza da privacidade, perguntou:

-É grave?

-Não dá para avaliar sem fazer mais exames. Mas vamos pensar: viagens interdimensionais, cortexiphan, inserção de memórias alheias, tortura e para agravar, a temporada em que hospedou o meu amigo Belly. Pode ser uma sequela...

Peter queria se certificar de alguma coisa, mas não tinha coragem de falar. Walter percebeu e inquiriu:

-Qual é a dúvida, filho?

-É melhor deixar para lá. Vou tratar de levá-la para casa.

-Vai ter que começar tudo de novo... você sabe do que estou falando, não é?

Ele ficou sério. Preferiu não dizer nada. Voltou para perto dela.

-Venha comigo, Olivia.

Eles saíram tranquilamente. Astrid notou que o jovem Lee estava de cara feia. Ele seguiu para pegar o bebê, que dormia no escritório. Ele passou com a cestinha e a Olivia alternativa foi atrás dele apertando o passo para acompanhá-lo. Ele não diminuiu o passo e nem se dignou a olhar para ela. A coisa definitivamente não estava boa. Walter balançou a cabeça, pesaroso.

-Esta mulher é encrenca pura. Por onde passa não fica pedra sobre pedra.

Astrid teve um sobressalto.

-Você acha que ela e Peter? Por Deus, não quero nem pensar...

-Explicaria a amnésia, os olhares cúmplices e a insatisfação do companheiro dela. Ele é um ótimo rapaz, Astro. Jogou tudo para o alto por causa dela e do pequeno Henry.

-Mas e a nossa Olivia?

-Agora é problema de Peter.


Chegaram em casa. Ela ficou parada na sala. Parecia mesmo não conhecer o lugar. E o pior é que ela se comportava com a cerimônia de alguém que estivesse de visita. Peter resolveu tomar a dianteira, para tentar ambientá-la.

-Não gostaria de tomar um banho, Liv?

-Sim, mas eu receio não ter roupas para trocar.

-Suas roupas estão lá em cima.

-É?

Ele pegou-a delicadamente pela mão, como ela havia feito com ele da primeira vez em que dormiram juntos e levou-o para o andar de cima. Abriu a porta. Uma grande cama de casal dominava o espaço. Ele puxou a gaveta superior da cômoda: estava cheia de roupas de dormir. Olivia quis saber:

-Nós dormimos... aí?-ela indicou a cama de casal com o queixo.

Ele entrou em pânico internamente , mas não demonstrou. De modo geral, ela estava se comportando muito bem, levando em conta a estranheza da situação.

-Olivia, nós vivemos juntos. Você entende, não ?

-Claro, eu só não lembro. Não sou nenhuma puritana. Quando começou isso?

-Isso o quê?

Ela parecia hesitante. Caminhou para a outra extremidade do quarto, parou perto da janela. De repente foi direto ao ponto.

-Nós dois fazendo sexo.

Ele ficou meio surpreso com a objetividade de Olivia. Mas respondeu no mesmo tom.

- Há algum tempo, não muito. Chegamos a um consenso que era o que nós dois queríamos.

Olivia prosseguiu, parecia curiosa:

-E eu já estou morando com você?

-Bem, nós chegamos a um acordo que não iríamos mais perder tempo. Acha ruim?

-Não, acho certo. É mais corajoso.

Ele se aproximou dela e acariciou seu rosto. Ela fechou os olhos.

-Isso é bom, Peter.

-Vá tomar seu banho. Quando o jantar estiver pronto, eu aviso.

-Tudo bem.


O jantar foi até bem agradável. Até Astrid ficou para comer o espaguete. A presença de espírito de Walter foi benéfica para administrar a situação. Falava sem parar, dos mais variados temas. Porém, Peter estava intranquilo e qualquer pessoa que o conhecesse bem notaria de imediato.

Olivia assistiu um pouco de televisão, depois pediu licença e subiu para descansar. Peter foi em seu encalço. Quando os dois sumiram do alcance da vista, Walter filosofou:

-Agora é que são elas.

Astrid concordou.


Quando ele acabou de escovar os dentes, Olivia já estava deitada. Ela escolhera o lado certo da cama. Peter tomou seu lugar e puxou-a para perto de si. Eles tinham o hábito de dormir abraçados. Ela não opôs resistência, e ficou segurando a mão dele, que estava pousada em seu estômago.

-Eu me lembro ...

Ele teve um ligeiro sobressalto., mas não deixou que ela notasse.

-De quê?

-Lembro-me de amar você.

Ele deu um beijo atrás de sua orelha. Ela suspirou.

-Boa noite, Peter.

-Boa noite, Liv.

Para espanto dele, que mal pregou o olho, ela caiu num sono profundo. Peter inventariou mentalmente os acontecimentos do dia. Sabia que pela enésima vez estava metido até o pescoço em uma situação difícil. Mas a serenidade de Olivia adormecida terminou deixando-o mais relaxado e ele foi vencido pela exaustão.