PRÓLOGO • Um mundo, dois lados.


O lugar é Konohagakure no Sato, a última aldeia shinobi existente. Existiam aproximadamente trinta delas antes da separação, todas destruídas sob ordens do novo imperador do País o Fogo, Uchiha Madara, também líder do poderoso clã Uchiha.

Após assumir o governo, Madara separou em classes distintas os shinobis da nação. Dividiu-os em três grupos: os nobres, filhos dos poderosos clãs que possuem poderes especiais e únicos, conhecidos como kekkei genkai ou linhagens sanguíneas avançadas (poderes especiais transmitidos geneticamente pelos clãs); os shinobi, detentores de poderes de manipulação e técnicas especiais, inferiores ao kekkei genkai; e os samurais, guerreiros conhecidos por sua força física e habilidades espadachins, mas desprovidos de qualquer poder.

Os nobres são considerados aliados, servem ao imperador e não questionam suas ordens, além de o apóiam politicamente. Portanto, são protegidos pelo império, e a eles são concedidos todos os benefícios pedidos ao governo. Madara, um homem inteligente, sabe que não poderia enfrentar os poderosos shinobis nobres de Konoha e seus kekkei genkai, mesmo se possuísse o maior dos exércitos, a saída foi se unir a eles.

Só existem atualmente dois clãs nobres em todo o País do fogo, os Uchiha, do próprio imperador, que possuem o famoso sharingan, conhecido como "olho copiador", capaz de prever e imitar movimentos de luta e jutsus ninja, entre outras habilidades que podem ser desenvolvidas; e os Hyuuga, o clã mais antigo e mais poderoso do mundo shinobi e, portanto, o mais temido, não só pelos outros samurais, mas pelos demais clãs e até mesmo pelo império. O motivo de sua superioridade, o byakugan.

O byakugan, mais conhecido como "olhos que tudo vêem", é também um poder desenvolvido nos olhos, mas de habilidades e potencial até maior que o kekkei genkai dos Uchihas. Os usuários do byakugan são facilmente reconhecidos por seus orbes prateados, sem pupila, e possuem poderes como a visão de 360 graus e à longas distâncias também.

Fora os nobres, são sete os clãs shinobis restantes: Aburame, Akimichi, Inuzuka, Nara, e Yamanaka. Já existiram mais três, os Sarutobi, os Hatake e os Uzumaki, mas foram destruídos pelo império ao se rebelarem contra o mesmo, com exceção do último, que desapareceu sem deixar vestígios, antes mesmo de ser combatido pelo imperador.

Já os samurais, terceira e desprezada classe, julgada como a mais pobre e suja do mundo shinobi. São considerados renegados, que não oferecem maiores riscos à liderança praticamente invencível do imperador. Aqueles que nascem ou vivem sob essa tarja acabam se tornando ou aventureiros, sem um destino certo, sem moradia ou família, vagando sem rumo pelo mundo; ou assassinos, matadores de aluguel, que muitas das vezes mantém negócios com o próprio governo por dinheiro e para proteger suas próprias vidas; ou ainda um terceiro caminho.

Os que ele escolhiam eram chamados de rebeldes, os shinobi samurais que escolhiam lutar contra o governo, a favor da liberdade e do código samurai que pregava força, coragem , lealdade, bondade e honra acima de tudo, de todo e qualquer poder ou destino.

Para esses a vida era muito mais difícil. Viviam refugiados em pequenos acampamentos nômades, o governo os caçava incansavelmente e suas cabeças valiam muito ouro, ouro suficiente para às vezes traírem uns aos outros pela própria recompensa e liberdade. Era difícil até mesmo confiarem nos companheiros, pois nem todos seguiam o velho código.

Dos acampamentos samurai que surgiram em quase vinte anos de divisão, apenas dois haviam sobrevivido. Poucos eram os corajosos que se dispunham a arriscar a própria cabeça por uma causa praticamente perdida, que era lutar contra o exército mil vezes mais forte, mais poderoso e muito mais numeroso do imperador, e os aliados portadores do kekkei genkai, os Hyuuga e os Uchiha.

Ser um rebelde era quase como cometer suicídio, mesmo assim ainda existiam aqueles capazes de defender suas opiniões e sua liberdade a todo e qualquer preço. Jovens não só destemidos, mas habilidosos o suficiente para causar uma leve, porém latente dor de cabeça em Madara e seu governo, pois por não terem sido até hoje encontrados e destruídos, os dois grupos samurais começavam a ganhar credibilidade, e como conseqüência, enfraqueciam pouco a pouco a hegemonia do poder do imperador.

O primeiro acampamento era liderado pelo jovem conhecido como Raiton (raio), daí o nome do grupo. Os raiton eram o mais popular e mais forte dos grupos rebeldes, como habilidades espadachins quase perfeitas e técnicas shinobis vindas de desertores dos clãs não nobres de Konoha. 15 jovens faziam parte do mesmo, dentre eles dois desertores: Shino, do clã Aburame, e Sasuke, do clã Uchiha. Os dois, juntamente com o líder, Raiton, possuíam as melhores habilidades e força dentre os demais membros.

Já o segundo grupo, os Fuuton (vento), que eram liderados pelo desertor do clã Nara, Shikamaru, possuíam 9 membros, entre eles outro desertor, Chouji, do clã Akimichi. Aliados, protegiam-se mutuamente, mesmo estando em posições diferentes no território. Conheciam-se uns aos outros, para evitar que qualquer dos membros pudesse ferir outro do acampamento oposto.

Os rebeldes existiam desde a ascensão de Madara e da divisão do império, esses dois grupos já causavam problemas ao imperador há quase dez anos. Desde então, vários homens do exército foram mandados em sua busca e vários matadores de aluguel e shinobis rastreadores tentaram seguir sua pistas, sem maiores resultados, claro, pois sempre que chegavam muito perto, acabavam mortos pela espada dos habilidosos samurais raiton e fuuton.

Mas o que nem Madara, nem seus aliados, até mesmo os próprios rebeldes desconfiavam poder acontecer, estava prestes a mudar. O poder e força de uns dos mais temidos kekkei genkai estava prestes a cair na mão dos samurais, e um dos filhos desse clã viria a ser o responsável pelo fim do império e pelo nascimento de uma nova era no mundo shinobi, a era da reunificação.