Autora: Mia

Beta: Para variar um pouco, Fer Porcel, "A Cara".

Nota: Presente de aniversário para Bia Slytherin, minha amiguinha brava do Snapetes e das noites no MSN, num plot maluco de pedra escolhido por ela mesma.

Disclaimer: Harry Potter, vocês sabem, é da JK Rowling, e ela não deixa a gente ganhar nada com ele a não ser diversão. Menos mal, né?


Felicidade

Debruçadas na janela do pequeno apartamento, as meninas acompanhavam em alvoroço a festa que rolava na rua. Esperavam o amigo anfitrião acabar de se trocar para descerem para a avenida. Os blocos passavam animados e coloridos, as ruas adjacentes apinhadas de gente.

Diante do espelho na sala, vez ou outra conferiam os abadás, as formas, a alegria.

- Vamos, "meu rei"! Eu quero aproveitar tudinho! – elas mexiam com o rapaz no quarto ao lado, apressando-o.

Quando ele terminou, o bando alegre alcançou a rua, juntando-se ao povo espremido e ruidoso. Rumaram para o Pelourinho para acompanhar a saída dos Filhos de Gandhi, depois iriam atrás dos trios na Castro Alves.

Seguiam embalados pela música derramada no caminho, e logo o casario antigo apareceu, com a ladeira fervilhante, as cores vivas e os turbantes brancos por sobre a multidão.

Elas vasculhavam as aglomerações com olhinhos atentos, em busca de mais um troféu para levar de lembrança. O amigo baiano alertou com ar de entendido:

- Acho que Caetano não desfila mais, não...

- Mas já temos a Ivete! – rebateu a lourinha mais magra. – Tava em cima do trio, mas a Bia deu zoom e a foto ficou legal!

Haviam passado a tarde toda fotografando a festa. Levariam lembranças delas mesmas e de seu amiguinho baiano em pleno carnaval. De vez em quando, uma se sobressaltava animada com a presença de alguma celebridade.

- BIA! Não acredito! Olha ali, naquela sacada! – A amiga indicava com o dedo em riste, duelando verbalmente com a música ensurdecedora. – É ele de novo! O Snape do Harry Potter! Ele tá andando a cidade toda! Hahahahahaha... Veio curtir o carnaval baiano! Hahahahaha... Vamos tirar mais fotos dele?

- Deixa o homem, garota! Tá fantasiado de Snape. Ele deve ser turista! Olha como é branco! Se ele perceber que a gente tá cercando ele assim, vai se amolar! – ralhou o rapaz.

- Cara, meu! Igualzinho! A mulherada lá em Sampa nem vai acreditar! Só falta a capa! Tá todo de preto! E o cabelinho escorrido?! Olha o cabelinho! Igualzinho, meu!

Eles rasgaram o amontoado de pessoas em direção ao velho casarão colorido, na tentativa de se aproximarem mais da figura vestida de preto debruçada sobre o gradil da sacada, absorto e compenetrado, com uma expressão séria, acompanhando a multidão pululante.

Os olhos do homem corriam sobre a rua, capturando a movimentação, seguindo o curso do rio de gente que descia a ladeira numa coreografia cadenciada, até que cruzaram com as meninas de máquina em punho, excitadas e sorridentes, acenando escandalosamente agitadas para ele.

Elas o observaram se retrair constrangido, olhando-as sério e fixamente, murmurar algo que não decifraram e se refugiar nas sombras do interior do quarto da pensão.

- Viu?! O homem assustou! – brigou o amigo baiano. – Deixem ele se divertir como quiser e vamos nós curtir a nossa festa! Tem muita coisa pra ver!

As meninas ainda olharam para trás algumas vezes na tentativa de encontrar o misterioso fantasiado de Snape, mas ele não retornou novamente à sacada. Desistindo enfim da espera, misturaram-se à multidão, embaladas na alegria e na magia contagiante do carnaval baiano.

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Por entre as sombras do velho quarto de pensão, Severus observou as meninas desaparecerem no mar de roupas coloridas. O feitiço lançado na máquina trouxa, mesmo que rápida e desajeitadamente, deveria ser o suficiente para bloquear sua imagem filmada. Garantira discrição aos representantes do Ministério da Magia local, e nada mais discreto para alguém como ele do que exatamente uma festa popular, onde uma imensa quantidade de pessoas muito diferentes entre si e fantasiadas se misturavam, preocupando-se somente em comemorarem felizes.

Para ele, essa sempre fora a melhor época e local que ele encontrara para suas pesquisas de substâncias exóticas.

Logo retornaria à Hogwarts, as pesquisas e aquisição dos ingredientes já estavam concluídas.

Retardara por um dia o retorno para poder observar a liberdade e alegria que aquele povo se permitia desfrutar, coisas tão distantes do seu mundo, da sua mente.

Retornou à sacada, mantendo-se encoberto na penumbra que vinha do quarto alugado.

Felicidade. Eles pareciam buscar isso. "Será que haveria lugar aqui para mim?"

Fim


Obrigada por estarem aqui comigo, ouvindo meus "causos"! Obrigada também por tudo que quiserem me falar!