A vida em Nova York era muito boa para Camus Grive, um jovem francês. Camus veio para os Estados Unidos por causa do trabalho de seu pai, o que não o afetou muito por ainda ser muito jovem. O rapaz possuía um belíssimo cabelo ruivo, que se destacava em todos os lugares por onde ele passava. Ele contava com seus dezesseis anos e, por ser um gênio e adiantado na escola, já estava cursando uma ótima faculdade de medicina. Seus pais eram muito ricos. O pai era um dos melhores empresários do país, e a mão era dona da maior agência de trasportes da cidade. Camus tinha tudo, menos o que ele mais queria. O jovem rapaz era muito fã da banda de rock mais famosa do mundo, The Saints, cujo vocalista era o desejado grego Saga Tiropoulos. O ruivo acompanhara toda a trajetória de Saga pelo mundo da música. Ele viu Saga e banda crescerem, viu suas musicas se tornarem mundialmente famosas, viu seu amado Saga ser perseguido por fãs em turnês, e o que mais o preocupa, está vendo a The Saints fazer cada vez menos shows e ouviu boatos de que a banda estava se separando. Isso enlouquecera Camus.
O francês só pensava em uma forma de falar Saga, ele precisava. Pediu ajuda ao pai, Thomás Grive, mas o mesmo praticamente o humilhou. Thomás sabia que o filho era gay, mas queria de toda forma esconder isso de todos. A gota d'água foi quando o pai fez um acordo com outro magnata da cidade em casar seus filhos.
-Pai, por favor! - Camus andava atrás do pai pela casa (mansão) deles inteira - Eu não quero me casa com a Juliet!
-Pela última vez, Camus - O homem de cabelos negros falava com voz cansada e levemente irritada - É para o seu próprio bem! E o bem da nossa família!
-Mas eu não a amo! - O rapaz gritou.
-Você vai ter tempo pra aprender a amá-la - Thomás continuou pisando duro - E pare de falar essas coisas, parece um viado!
-Falando assim nem parece que você sabe que eu sou gay - Camus respondeu com voz de deboche.
-Repita o que disse, mocinho! - O pai respondeu furioso.
-Eu sou gay, ficou claro? - O ruivo repetiu em alto e bom som, com a mesma cara de deboche.
-Você vai se casa com a filha do Montiev e ponto final! - O homem gritou - Esqueça esse tal de Saga que você tanto fala, ele nem sabe que você existe.
-Mas um dia ele vai saber! E nós ficaremos juntos! - Camus gritou com seu furioso pai.
-Veja isso, viado idiota! - Thomás mostrou ao filho uma revista, cuja capa era Saga e uma garota se beijando em um belo jardim - Ele é normal! É obvio que ele não vai te querer! Então abra esse olhos!
-Cala boca! - Camus saiu correndo e chorando - Se você não vai me ajudar, então eu vou encontrar ele sozinho!
-Cresça, rapaz! Isso é só uma fase - O homem de cabelos negros simplesmente saiu andando, pegou sua BMW e foi para o trabalho.
Camus entrou correndo no quarto. Pegou uma mochila enorme que possuía, colocou alguns de seus pertences mais importantes dentro, pegou todo o dinheiro que tinha economizado, escreveu uma carta para seus pais e saiu de casa com sua Harley Davidson 1200 Custom. Ele sabia onde Saga morava, só precisava de algum pretexto para que o porteiro o deixasse entrar. Foi aí que se lembrou que estava levando consigo a carteirinha que usava pra poder trabalhar no hospital, o que o deu uma ótima ideia. Ao chegar em frente ao prédio de Saga, Camus estacionou sua moto e entrou no prédio com seus equipamentos médicos, jaleco e sua maleta.
-Com licença senhor - A recepcionista o chamou - Posso saber seu nome e o motivo da sua visita.
-Eu sou o doutor Camus Grive e vim fazer um exame de rotina no senhor Saga Tiropoulos - Camus respondeu com toda a seriedade que possuía.
-Posso ver sua licença? - A recepcionista perguntou.
-Sim - Camus retirou a do bolso do jaleco e entregou a moça - Aqui está.
-Hum... Muito bem, doutor - A recepcionista entregou a carteirinha de volta para o ruivo e sorriu - Vou só ligar para o senhor Tiropoulos para confirmar, pois são as normas do prédio. Com licença.
-Tudo bem - Camus mantivera o olhar sério, mas por dentro, ele estava completamente assustado.
A recepcionista não demorou a voltar, ainda com o mesmo sorriso nos lábios.
-Pode subir, doutor Grive, o senhor Tiropoulos está esperando pelo senhor - Ela indicou o elevador - O apartamento do senhor Tiropoulos é o de número 12.
-Muito obrigado - Camus sorriu e foi em direção ao elevador.
Ele não fazia ideia de como passara por aquela situação. O rapaz suava frio só de imaginar o que diria para o seu amado Saga. Coisas tipo "Sou seu fã" não estavam nem perto das opções de Camus. Seu coração quase parou quando as portas do elevador se abriu. Saga já o esperava com a porta aberta. Nunca, nem em sonhos, Camus imaginava ver Saga encostado no batente da porta de seu luxoso apartamento usando uma calça de moletom cinza e uma camisa regata preta esperando por ele.
-Então você é o doutor Grive? - Saga perguntou exibindo seu famoso sorriso malicioso que Camus já havia visto em vários posters.
-Sim, sou eu - Camus engoliu seco.
-Entre por favor - Saga virou-se e entrou em seu luxuoso apartamento.
-Claro - Camus entrou e fechou a porta.
-Veio me examinar? - Saga o encarou provocante.
-E-e-exatamente, senhor Tiropoulos! - Camus se esforçava para mantar seu disfarce.
-Então já pode começar - Saga retirou a regata - Preciso retirar a calça também, doutor Camus? - Saga o encarou novamente.
-Hum... eh... Não, senhor Tiropoulos! Só a camiseta já esta bom - O ruivo já estava da cor de seus cabelos de tanta vergonha.
Camus começou a analisá-lo. Mediu pressão, checou temperatura e fez questão, mesmo morrendo de vergonha, de apalpar o peitoral musculoso de Saga. O rapaz de cabelos azuis ficou quieto durante todo o exame, somente rindo da cara completamente vermelha do francês ao tocá-lo.
-Pronto, senhor Tiropoulos - Camus disse guardando seus equipamentos na maleta.
-Até que você é bom, Grive - Saga disse sorrindo - Pela sua cara, achei que fosse mais algum fã que se disfarçou de médico pra me conhecer, mas tenho quase certeza que me enganei.
-Como assim pela minha cara? - Camus o encarou confuso.
-Você aparenta ter no máximo dezessete anos - Saga analisou o rosto de Camus - Quantos anos você tem?
-Dezesseis - Camus respondeu decidido.
-Por pouco - Saga riu um pouco - Entende muito de medicina para um jovem de dezesseis anos.
-É por que eu faço medicina e trabalho em um hospital - Camus respondeu sorrindo.
-Por que fez isso? - Saga perguntou confuso.
-Isso o que? - Camus o encarou corado.
-Eu deduzo que você deve ser algum filho de magnata, pelas roupas que vesta, o sapato que usa, as pulseiras nos seus braços, o que você dirige, afinal você estacionou bem aqui em frente, seus modos, enfim, eu sei que você é rico, então por que veio até aqui pra e ver se podia ter pedido pro seu pai me contratar por uma noite inteira? - Saga disse sério.
-Eu... eu... - Camus não sabia por o que sentia em palavras.
-Por que se esforçou tanto por alguma coisa assim, que podia ser resolvido de uma forma muito mais fácil? - Saga e encarava.
-Eu sempre quis te conhecer, desde criança - Camus iniciou - Você sempre foi meu ídolo, minha inspiração. Acho que com o passar dos anos acabei desenvolvendo algum sentimento a mais - Saga engoliu seco - Não sei explicar, só que ao saber de boatos que a banda estava se separando, meu coração começou a doer, eu senti que alguma coisa muito séria estava acontecendo com você! Eu estava realmente muito preocupado com você! Então vim aqui pra te ajudar! Qualquer coisa que você quiser, pode falar que eu vou fazer! E se quiser se abrir comigo, pode falar o que quiser que eu nunca contaria nada a ninguém, nunca!
-Calma, rapaz! - O cantor respondeu um tanto quanto surpreso - Você apressa demais as coisas.
-Eu sei que não tenho chances com você, mas algo na minha cabeça me faz continuar pensando em você - Camus fitou o chão - Sabe, senhor Tiropoulos...
-Me chame de Saga - O vocalista disse.
-Sabe, Saga - Camus o encarou - Acho que o que eu sinto é... Amor...
