Parte Um
Aos meus quinze anos eu nunca imaginava que minha vida poderia mudar tanto. Acostumada com certa rotina e com determinadas pessoas ao meu redor, em pouco mais de dezessete anos minha vida havia mudado completamente.
Não havia reclamações da mudança. Nunca. Eu amava aquelas mudanças, pois foram todas feitas para ficar perto do meu marido.
Hoje estou morando na Califórnia, sim sai de Okinawa para o Tóquio e depois de Tóquio para Califórnia – Estados Unidos/Tio Sam - outro lado do mundo. Meus amigos de infância Jakotsu e Bankotsu ainda reclamam que esse "canalha que me desvirginou" não podia ter me levado para tão longe.
A mudança era culpa da especialização na área de Neurocirurgia que meu marido queria fazer. Encontrei um emprego em um hospital e vim com ele. Hoje estávamos bem estabilizados com uma casa de frente a praia.
Tantas mudanças nesses anos. É engraçado como a vida provoca mudanças em nossas vidas. Ela só não consegue mudar o mal humor do meu marido que estava de braços cruzados ao meu lado, vendo um documentário idiota.
Sesshomaru não mudará muito durante esses anos. Havia adquirido um rosto e um corpo mais maduro, no entanto sua personalidade irritante não havia mudado em nada. De fato a única coisa que realmente mudará em meu marido foi sua capacidade de demonstrar que me amava (leia-se mais gestos carinhoso e menos palavras ofensivas).
- O documentário já estava terminando, logo mudo de canal. – ele resmungou enquanto se arrumava no sofá me fazendo escorregar para cima dele.
- Precisamos conversar sobre o Mike.
Ele não fez qualquer barulho ou desviou o olhar da televisão, eu odeio quando ele me ignora dessa forma.
- Não me morde!
- Falei com você.
- Eu notei.
- Então me responde. – ele ficou novamente em silêncio. – Sesshomaru!
- Eu já disse que você pode fazer a festa como quiser. Deixo-a em suas mãos.
- É a primeira festa de aniversário dele que os avôs viram. – fiquei na frente do meu marido impedindo que ele visse a televisão. – É importante que você ajude, que ele veja que você se importa com a festa.
- É claro que me importo com a festa. Vou pagar ela, não vou?
Soltei um suspiro balançando a cabeça, as vezes ele é tão insensível.
- A questão não é pagar, a questão é participar. Ajude-o a fazer a lista de amigos que quer convidar. Leve-o para escolher a decoração. Estou cuidando de tudo praticamente sozinha, preciso de sua ajuda.
- Kagome, ando ocupado com o...
- Eu também sou medica e tenho tempo para o nosso filho.
- Eu sempre tenho tempo para o Michael. Apenas não tenho a paciência e o tato que você tem para cuidar de uma festa.
- Ao menos o leve para buscar seus pais e a minha mãe amanha no aeroporto.
- Certo.
- Sesshomaru.
- Eu vou levar.
- E seu irmão quando chega?
- Meio-irmão. – ele me corrigiu automaticamente. - Espero que daqui uma ou duas décadas.
Soltei outro suspiro. Mike idolatra o tio, mas o pai não gosta muito das visitas do tio. Eu tenho certeza que é ciúmes pois o Mike sempre fala como o tio Inuyasha é divertido. Tentei explicar ao Sesshomaru que as crianças se entendem, mas ele não engoliu minha explicação e continua nutrindo o ciúme.
- Na sexta-feira. – Respondeu Sesshomaru após eu levantar minha sobrancelha esquerda.
- Certo, tenho alguns dias para preparar a casa para o furão Inuyasha.
- Furacões sempre tem nome de mulheres. – comentou Sesshomaru displicente, quando se trata do irmão caçula ele sempre esses tipos de comentários.
Ri balançando a cabeça.
- Agora me diga, vamos ficar a noite vendo um documentário ou vamos aproveitar que o Mike foi dormir na casa do Toby?
Enfim consegui a atenção do marido totalmente para mim. Foi quase como se eu houvesse proferido palavras mágicas. Pois ele desviou totalmente sua atenção da televisão para me beijar.
Algo que ainda me assusta é a minha reação quando me beija. A mesma de quando começamos a namorar. Os anos, as brigas. Nada faz diminuir essa intensidade. Esse é o maior motivo para eu falar sempre que Sesshomaru Taisho é o homem da minha vida.
No entanto minha atenção foi desviada do meu marido beijando meu pescoço enquanto levantava minha camisola para o telefone que começara a tocar.
- Melhor atender. – falei contendo um gemido, Sesshomaru se afastou o suficiente para morde meu lábio e depois se inclinar para pegar o telefone.
Atendeu com um mal humorado "que é?". Afaguei seu cabelo enquanto estudava sua expressão mudar de um mal humorado "vou te matar por perturbar algo realmente importante" para um "calma, você é o que tenho de mais importante na vida".
O rosto de Sesshomaru fica tão sereno quando ele fala com o Mike que chega a ser impossível não notar quando ele está com o nosso filho.
Claro que o "Eu estou indo lhe busca, Michael" antes dele desligar o telefone confimou minha suspeita que o Mike.
- Eu disse que ele ficaria assustado, ele nunca ficou sem nós. – Comentei enquanto Sesshomaru se levantava.
- Ele precisa ser mais independente.
- Eu sei. Só estou me vangloriando por você estar errado e eu certa.
- Não tem graça, ele estava chorando.
E dizendo isso meu marido saiu a passos largos. O fato do meu filho estar chorando não me fazia rir. O fato do pai dele estar atordoado por ele estar chorando, isso sim me fazia rir. Sesshomaru, o cubinho de gelo. Derretia todo com o filho. Chegava a ser engraçado. Eu ainda tentando não rir quando ele saiu de casa para buscar o Mike.
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- Mãe, o papai comprou lanche.
Ergui minha vista do livro que lia para o meu filho que erguia uma sacola de fast food, desviei o olhar para o meu marido que ia para cozinha, consegui ver mais sacolas em suas mãos.
- Ele comprou é? – ergui minha sobrancelha esquerda enquanto o sorriso do meu filho foi morrendo em seus lábios.
- Eu insisti.
Pobre criança tentando defender o pai da bronca que vai levar quando subimos.
O que Sesshomaru tem na cabeça?
São quase onze hora da noite!
Ele quer dar uma desistiria no próprio filho?
Soltei um longo suspiro, temos uma política aqui em casa de nunca brigar na frente do Mike. Trocar provações era permitido. Brigar nunca!
Então sorri me levantando e baguncei o cabelo negro do meu filho que sorriu novamente. Mike é muito parecido comigo em sua personalidade e temos a mesma cor de cabelo. No entanto o formato do rosto, os lábios finos e olhos dourados intensos. Era uma versão morena de Sesshomaru.
Entrando na cozinha vi que meu marido já havia colocado todas as embalagens no balcão e estava preenchendo os copos com suco. Isso, de lanche para a criança de cinco anos as onze da noite, mas não de refrigerante a ela.
- Vovô e vovó já chegaram? – Mike observou ao redor como se esperasse encontrar seus avôs escondidos atrás de algum vaso, Sesshomaru o ergue sentando no banco ao seu lado.
- Eles chegam amanha.
- E o tio?
- Na sexta.
- Por que eles demoraram tanto?
- Eles estão do outro lado do mundo, Michael.
- Se a gente cavar, conseguimos chegar na China? O Toby disse que é possível, começamos um buraco no quintal da casa dele... a tia não gostou muito.
- Michael, você não chega na China por um buraco. – Explicou Sesshomaru, fiquei observando a onde aquela conserva ia parar... provavelmente em um "Kagome explica para ele".
- Então por que nos desenhos eles conseguem chegar na China cavando?
- Os desenhos são mentirosos.
- Mentirosos? – Mike se apoiou na mesa com uma careta de alguém seriamente indignado. – Como podem ser mentirosos? Como podem passar coisas mentirosas na televisão? A onde esse mundo está com a cabeça?
- Mike. – Colocou a mão sobre o ombro dele o fazendo se sentar. – Menos revolução e mais disciplina, o que eu disse sobre ficar em pé encima de cadeira, bancos e sofás?
- Desculpe... batata!
Sesshomaru me olhou, quase puder ler em sua testa escrito "Você me traiu com Inuyasha? Esse moleque é viciado em batatas tanto quanto ele?" ergui minha sobrancelha o que fez ele bufar, tenho certeza que ele entendeu a mensagem de "Melhor você viver na ignorância".
- Vocês estão fazendo careta.
- Michael, não fale de boca cheia e mastigue de boca fechada.
- Certo.
- Michael.
- Desculpe.
- Você ainda esta falando de boca cheia.
- O senhor continua a me questionar enquanto mastigo.
Sesshomaru me olhou.
- Ele está certo, você continua a falar com ele. – Meu filho sorriu e meu marido bufou, só me restou rir.
A grande sorte de Sesshomaru foi que Mike dormiu como um anjo depois que comeu e também dormiu na nossa cama pois não queria ficar longe com medo de que a gente o levasse de volta para casa do Toby como castigo por ele ter nos ligado para buscá-lo.
Resultado:
Meu marido e eu não conseguimos terminar que começamos antes do telefone tocar. Ou seja, ele ficou bem frustrado e eu fiquei com pena de brigar com ele, mas ainda vou lembrá-lo que não é bom dar coisas muito gordurosas para crianças tão tarde.
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Nota da autora – PRESENTE DE ANIVERSÁRIO PARA TRACY ANNE - LADIE-CHAN
Como eu li umas reviews me pedindo mais uma fic da saga "Festa", aqui estou eu postando para vocês também, afinal sou uma pessoa caridosa ^_^
Acho que terá Duas ou Três Partes, ainda estou decidindo.
Rapaz do Baile Adiado até eu terminar essa fic.
