A Lua fecha a cortina, mas o Sol me iluminará
Desde o começo eu já sabia, por isso, não sinto tristeza.
A cor da roupa e do cabelo contrastava com a pintura colorida a sua frente. Não havia coisa mais realista e significante sobre a sua personalidade do que a contrastação de todas as cores com a soma de todas elas. Não havia relevância alguma na pintura – eram apenas cores escolhidas minuciosamente, colocadas em lugares estratégicos, de formas geométricas perfeitas. Não importava o que fosse pintado, ele iria abusar e abusar das cores – tão belas, tão ausentes.
Tão ausente como a si mesmo. Tão presente quanto a soma delas. Personalidade. Monocromático. Preto.
-x-
Ele nunca reparara no desabrochar da rosa na primavera. Rosa era apenas uma das milhares de cores.
Ele nunca reparara no céu azul do verão. Céu azul era apenas mais um espaço para ocupar na tela.
Ele nunca reparara no branco infinito da neve no inverno. Branco, para ele, era inútil.
Ele nunca reparara na cor seca do outono. Cores secas e sem vidas. Espelho de si mesmo. Esperando um dia renascer.
-x-
Nunca soubera como começara a perceber que suas pinturas não tinham aparente significância, a ponto de não terem nome. Nunca soubera como conseguia pintar coisas tão belas, com uma soma de personalidade tão ruim. Ignorância, arrogância, falsidade. "Como ele pinta coisas tão lindas", perguntou uma garota, "sendo do jeito que é?".
Ah. Pelo menos ele sabia como ser irônico.
-x-
Quando notou o que estava acontecendo, tudo mudou. As paisagens que pintava não eram mais um ajuntamento de cores. As cores das estações eram mais do que ferramentas. Ele teria que aproveitar tudo em pouquíssimo tempo. Teria que aproveitar tudo o que não soubera aproveitara antes, apenas para não enxergar a verdade. A verdade que tirava aquilo que – mesmo intimamente e não querendo aceitar – mais amava. As tão belas cores.
Ele seria engolido pelo céu azul escuro da noite.
-x-
Outono estava acabando, as cores secas da vegetação iriam novamente ganhar vida. Mas ele tinha medo de que não poderia ver.
As cores continuavam secas, e pareciam cada vez mais mortas. Tinha medo de acordar, e pensar que estava na noite em claro, e saber que não tinha nenhuma estrela brilhante no céu. Medo do amanhã, incerto, tão escuro.
Por fora, as pessoas pensavam que ele continuava o mesmo de sempre. Por dentro, ele estava se sentido mais sufocado do que nunca – só queria mais alguns minutos... Ver as pessoas que conhecia, os lugares que ia... E parecia ser um pedido tão inacessível para ele. No final, fazia todo o sentido.
Desde o início, ele sabia. Não mostrava nenhuma reação, como normalmente. Apenas esperava, vendo tudo enegrecer.
Ele tinha acabado de ser engolido por sua própria personalidade.
Tão monocromática.
Preta.
D.L.N. Dark Long Night.
-x-
N/A: odiei essa fic. Fiz para matar o tédio e o grande período que eu fiquei sem fazer elas. Ficou tedioso, monótono e o no fim, o tema que eu queria escrever acabou não aparecendo tanto. E para saberem mais o que é D.L.N., é só procurar no letrasmus LOL. Se tiver algum erro, ignorem, a escritora está preguiçosa demais para revisá-la. Enfim, comentem pessoinhas.
