Konoha/ clã Hyuuga/ 6:00 A.M./ sol entre nuvens
Os pássaros já começavam a cantar, o sol subia grandioso e lento do horizonte. A luz entrou por pequenos orifícios na porta de madeira e papel. Orifícios feitos acidentalmente pelo ocupante do aposento de forma um tanto engraçada. Os pequenos feixes de luz pousavam sobre o rosto do jovem Hyuuga. Logo o despertador tocou, marcando exatas seis horas e cinco minutos. O pequeno acordou, e, sem mais delongas, se levantou. Os cabelos estavam completamente assanhados, e em seu rosto permanecia a impressão de que poderia dormir tudo de novo e só acordar no ano seguinte. Pisou no despertador, morrendo de ódio por ser retirado de seu lugar favorito na melhor parte. Entrou no banheiro e tomou uma ducha rápida. Saiu e foi até o armário, procurando uma roupa adequada. No dia anterior tinha "acidentalmente" estraçalhada sua roupa costumeira. Só lhe havia restado pouco mais que as calças. Não queria nem lembrar. Bem, pelo menos havia conseguido provar para o sensei de seu novo time que ele já estava mais que pronto para ser um integrante do time cinco. Era simplesmente muito, mas muito mesmo, diferente a idéia que tinha sobre como seria seu time. Na verdade, chegou a pensar que seriam até parecidos com ele: calculistas e sem rodeios. Nossa, que grande engano. Primeiro o sensei, que ele pensou que seria sério, na verdade era um preguiçoso. E os outros dois? Nem queria lembrar.
- "Tomara que hoje seja mais agradável" - comentou em pensamento, lembrando do dia anterior.
Se o sensei já era ignorante, nem se comparava com os outros. Um era o filho do Hokage, que a princípio ele achou que seria algo que esperasse, já que se tratava de um primo, primo de segundo grau, mas, ainda assim primo. Nossa, que grande engano. O tal do Hirose era, como diria o sensei, muito problemático. Parecia que o cérebro que ele tinha, ou era muito pequeno, ou ele não usava. E quando usava, parecia que ia pelo lado errado. E, enfim, a ultima integrante. Sim, uma menina, justamente aquilo que Kazuo rezava toda noite pra não estar no seu time. Ele achava que, como todas as outras meninas da antiga sala da academia ela seria fútil e ignorante. Ignorante ela até era, tinha que admitir. Mas fútil, ela podia ser tudo, menos isso. Não era exatamente o que esperava da filha do ex-traidor Uchiha, mas... Com certeza teria um longo dia pela frente.
Mal saiu do quarto já bem vestido – usava uma blusa bege, zipada, de gola alta com o símbolo do clã Hyuuga nas costas, umas calças que iam até pouco abaixo do joelho pretas, a bolsa de shuriken amarrada à coxa esquerda – ele era canhoto - e a hitaiate amarrada na frente da testa, entrecoberta pelos cabelos curtos e repicados e pela franja – que uma coisa simplesmente surgiu do nada e quase o derrubou quando foi abraçá-lo.
Infelizmente, para Kazuo, essa coisa tinha nome e sobrenome: Hyuuga Kazuko.
- Kazuo, seu idiota! Porque não me disse que tinha se tornado gennin!?
E começou a falar coisas incoerentes com a boca toda suja de arroz, prova que tinha terminado de comer nas pressas.
- Bom dia pra você também. Sobre isso, você deveria ter notado que eu tinha chegado em casa com isso aqui. – disse apontando sua hitaiate – Não tenho a menor culpa se você é distraída demais para prestar atenção – disse e pos a mão sobre a cabeça dela, afagando os cabelos dela de leve.
- Chato! – deu um tapa no ombro dele e foi correndo até sumir no corredor.
Kazuko, assim como seu irmão, Kazuo, tinha olhos perolados: a herança definitiva do clã Hyuuga. Seus cabelos eram longos e castanhos, geralmente presos num rabo de cavalo frouxo, como o de seu pai, porém salvo por uma franja tampando sua testa. Geralmente usava uma blusa estilo chinesa amarelo queimado e calças compridas e pretas. Tinha nove anos e ainda freqüentava a academia.
Andou até a cozinha e viu seu pai, vestido do uniforme de AMBU, salvo pela mascara de tigre torta sobre a lateral do rosto, e sua mãe terminando de comer o café da manhã.
- Bom dia.
- Hum...
- Bom dia Kazuo-kun.
Logo após terminar os cumprimentos, Neji virou a xícara de café em um único gole. Levantou-se e foi embora antes mesmo de Kazuo terminar de se sentar. Tenten pós uma porção de arroz bem na frente do menino Hyuuga.
- Mãe, não me espere voltar cedo, tudo bem? – informou e começou a comer.
- Ok, mas se a Kazuko tiver um troço, a responsabilidade é toda sua – disse, para logo em seguida esvaziar o copo de leite de soja, empilhar sua louça suja e levar para a pia.
- Certo.
- Agora vou indo, a academia me chama! – e foi aos pulos atrás de Kazuko, sua filha e sua aluna.
- "Evite tropeçar" – pensou maldosamente, Kazuo, que, como conhecia sua mãe, sabia que ela tinha um surto matinal de energia todo santo dia.
Dito e feito. Ouviu um baque sobre o chão de madeira. Desistira de falar para ela, então, limitava-se a pensar. Nem precisava ativar o byakugan para ter certeza, havia memorizado o som.
Pouco depois terminou seu breve desjejum, empilhou a louça e pós na pia, ao lado da pilha de Tenten. Tornou a caminhar pelos longos corredores, desta vez em direção à porta de entrada. Ao se deparar com a visão da porta, se sentou no batente que separava o chão de madeira do de areia batida. Calçou lentamente as sandálias ninjas pretas. Terminou e foi embora.
Por onde passava era cumprimentado pelos habitantes da vila, tantos os ninjas quanto os que optaram por uma vida mais simples de comerciantes ou fazendeiros. O sol brilhava entre as nuvens tão admiradas pelo seu sensei. Como se dissesse "belo dia" para todos que suas luzes banhavam. Nossa, se a luz tivesse um rosto ele seria capaz de mandar um soco bem no meio dele. Não estava nem um pouco a fim de encontrar com seu time naquele dia. Principalmente se iam ter aqueles dois gritalhões que eram seus "companheiros" de time.
Ponto de encontro do time cinco/ 7:46 A.M.
Era exatamente o mesmo lugar onde fora aprovado. Um campo de treinamento com três tocos de madeira, onde, lembrava bem, seu sensei havia amarrado Hirose, acusado de uma pegadinha muito infantil: bombinhas entupidas de cocô de pássaros. O Uzumaki estava roncando alto encostado em um tronco de árvore. A hitaiate brilhando com a luz do sol na testa dele, meio encoberta pelos curtos cabelos loiros e espetados. Suas roupas – uma blusa parecida com a parte de cima de um kimono masculino, calças pelos joelhos, brancas num tom meio acinzentado e as sandálias ninjas azuis, com até a metade de toda a área da canela enfaixada - nem bem haviam começado o dia e já estavam manchadas de poeira. Provavelmente de telhados e árvores, por onde ele era mais visto.
Pouco distante dele, uma menina andava de um lado pro outro, se irritando à toa. Suas roupas – uma blusa leve, estilo colete, zipada, num tom de vermelho bem próximo de tomate, com nas costas o símbolo de um leque, por cima de uma camisa branca de mangas ¼, uma saia bege aberta para os lados e curta por cima de um short preto que ia até o joelho e sandálias ninjas na cor branca, de cano médio, parecendo um tipo de bota, os cabelos róseos impecavelmente amarrados em um rabo de cavalo alto e a bandana vermelha de Konoha amarrado ao antebraço esquerdo -, ao contrário do seu companheiro de time, estavam livres de qualquer sujeira.
- SE ESSE SENSEI NÃO CHEGAR EM CINCO MINUTOS, VAMOS ATRÁS DELE!!! – berrou a rosada
- Se acalme, Yutaka. Gritar não vai fazer ele andar mais rápido – disse o Hyuuga, revirando os olhos. Se mexeu alguns centímetros, finalmente encontrando uma posição confortável naquele galho de árvore.
Mas ela continuou seu curto percurso ao redor de si mesma, ignorando o que o amigo disse.
- É bom que ele tenha uma desculpa muito boa pra demorar tanto! Quantas coisas eu poderia estar fazendo ao invés de ficar esperando a porcaria de um sensei preguiçoso que só sabe falar que tudo é problemático!? – resmungou, agora deixando marcas fundas de pisadas no chão.
O loiro pareceu acordar, piscando os olhos algumas vezes. Logo estava de pé, tirando o excesso de poeira das roupas. Viu que o sensei ainda não tinha chegado. Não precisava nem procurar por ele pra saber. Bastava ver sua companheira resmungando como se fosse um pai esperando o primeiro filho nascer. Suspirou fundo e soltou tudo logo em seguida.
- Pára de rodar, Taka-chan! Ta me deixando tonto, dattebayo! – resmungou com a voz num tom manhoso, como se fosse um gato perguntando porque deixaram acabar o peixe.
- Não me chame de Taka! – ela subitamente parou e gritou para ele, com uma veia estourando na testa e suas bochechas vermelhas de raiva.
Kazuo suspirou. Qual (diabos) era o problema de a droga do apelido dela parecer tanto com a palavra "falcão¹"? Nunca entenderia as mulheres. Não mesmo. Definitivamente.
- Te chamar de Yutaka-chan é chato! Taka-chan é mais a sua cara! – falou como se explicasse que o mundo era redondo para uma criança.
- Pouco me importa se o nome é chato! Eu gosto de Yutaka! Não me chame de algo como "Taka"! – berrou, batendo os pés, num sinal de aborrecimento.
- Quer fazer menos barulho? Tem gente querendo dormir aqui! – uma voz, vinda da árvore onde a pouco Hirose estava dormindo, falou com a voz arrastada e rouca. Mais especificamente, de alguns galhos mais acima, encoberto completamente pela folhagem.
- Essa voz... Shikamaru-sensei!- gritou Yutaka, agora espumando de raiva.
O dito cujo pulou do galho, caindo de pé poucos passos de distância de Hirose. Desde de que era um chunnin havia mudado muito. Kazuo já havia ouvido falar muito dele, como o melhor estrategista de Konoha. Aparentemente Shikamaru tinha achado problemático demais escolher roupas novas, então deveria ter comprado roupas idênticas, só que de números maiores. A única diferença aparente parecia ser o colete, que agora era de um junnin.
O sensei deu dois passos para trás, se encostando ao tronco da árvore. Em seguida ele desceu, arrastando as costas do colete contra o tronco, finalizando por se sentar no chão, apoiando um pé no chão, um cotovelo no joelho e, por fim, o queixo na palma da mão.
- Sim, eu. O que tem de mais? – perguntou, como se não tivesse notado que a raiva da menina Uchiha era proveniente do seu atraso – Eu estou aqui agora, não é?
-Quantas coisas você acha que eu poderia estar fazendo ao invés de ficar aqui esperando o senhor por duas horas e trinta e dois minutos?!?! – berrou, como se o sensei fosse surdo.
- Menos coisa do em duas horas e quarenta minutos?
Então, finalmente, Yutaka pareceu que ia explodir. Mas, alguma força divina fez com que ela não o fizesse. Ao invés disso, pareceu que uma dose muito forte de calmantes foi injetada diretamente em seu pescoço, porque ela pareceu voltar à coloração normal nas maçãs do rosto – que ficaram vermelhas de raiva mesmo antes do seu "querido", por assim dizer, sensei aparecer...
- Posso começar a falar, ou vai esquentar de novo?
...Para logo em seguida explodir em vermelho de novo.
- Calma, calma, Taka-chan. – disse, Hirose, para a de olhos verde mata. Já prevendo que ela podia pular no pescoço do sensei a qualquer momento na intenção de deixar a cicatriz mais memorável da vida dele bem ali.
- Certo. – E se ajeitou no tronco, de forma que nenhuma farpa arrancasse nenhuma mínima fibra da sua roupa. - Prestem atenção. Estamos numa época muito problemática do ano. – suspira.
- Não me diga. – disse Hirose, baixinho o suficiente para que somente seus companheiros de time pudessem ouvir.
O que só resultou em uma Yutaka dando uma cotovelada.
-... Como eu ia dizendo, uma época muito problemática do ano. Os comerciantes vão aos montes para outros países atrás de mercadoria nova. Mas tens uns encrenqueiros que não gostam de sua terras sendo "invadidas". – disse e fez um sinal com os dedos, imitando aspas e soltar um suspiro – E pra que eles não tentem nada idiota, como partir pro pau em cima da gente, alguns comerciantes resolveram que querem uma "escolta" até o seu destino. – então se levantou, com uma expressão de que fazia a contra-gosto – Vão ficar parados aí ou vamos atrás do cliente?
- Faça um favor à humanidade e fique de boca calada o resto do caminho – disse Hirose, rolando os olhos.
O que se seguiu de uma segunda sombra ligada à de Shikamaru pular do chão e assanhar os cabelos dele, uma Uchiha se segurando para não rir e um Hyuuga suspirando.
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Ame gakure no Sato/ ??/ 7:43 A.M. / chovendo
A fraca luz cinzenta entrava pela janela, sinal de que ainda chovia. Uma criança dormia silenciosa. O sorriso no rosto. Provavelmente tendo sonhos agradáveis, em algum lugar onde o sol pudesse brilhar.
Um homem entrou sorrateiramente, com um sorriso matreteiro no rosto. Olhos e cabelos brancos, devido à sua condição de albino. O sorriso deixando a mostra seus dentes, tão semelhantes à arcada de uma piranha. Ele foi se aproximando lentamente, a passos leves, tentando não acordar o pequeno. Ao se aproximar o suficiente do futon, pós a mão dentro da camisa folgada dele. Um sorriso matreteiro brincou novamente em seus lábios.
- ACORDA PRA CUSPIR, MOLEQUE!!! – berrou, Suigetsu, então o braço que estava dentro da camisa do menino se desfez em água.
Na mesma hora ele pulou da cama.
- PAI, EU JÁ DISSE PRA NÃO FAZER ISSO!! – disse o menino, com uma grande mancha de água em suas roupas.
Seus cabelos, diferentemente dos do pai, eram ruivos, quase vermelhos, seus olhos também vermelhos, mas num tipo mais claro, muito mais claro, um vermelho da mesma cor que estavam suas bochechas: vermelhas de raiva, mesmo na pele branca como neve. Os dentes pontudos e brancos, como os do pai.
- Ora, Yuu, vai me dizer que você ia acordar se eu te chamasse – disse, Suigetsu, balançando a cabeça de um lado pro outro. O braço já recomposto.
- Não ia acordar mesmo! – e se jogou no futon, se enrolando como em um casulo, tentando voltar a dormir.
- YUU! – Suigetsu pisou forte no chão, causando uma rachadura no mesmo e um pequeno estrondo no piso.
Mas isso só fez Yuu se enrolar ainda mais.
- Ah, moleque... – com uma chama de raiva nos olhos, puxou a beirada do futon, puxando pra fora do quarto – HO-U-ZU-KI YU-U!! LEVANTA PIRRALHO!!! – puxou até um determinado ponto em que acabara por arremessar o filho sem querer numa parede.
Yuu berrou e começou a rolar pelo chão, gritando e massageando atrás da cabeça, onde parecia ter levado a pancada.
- SUIGETSU, O QUE VOCÊ FEZ?!!? – Karin gritou da cozinha – QUE BARULHO FOI ESSE!? – completou, nervosa. Toda manhã era a mesma coisa. Já estava lhe enchendo a paciência.
- NADA!! - gritou de volta, Suigetsu, enquanto tentava calar a boca do filho.
Ame gakure no Sato/ ??/ 8:03 A.M. / chovendo
- Já está melhor? – perguntou Suigetsu.
- O que você acha? – devolveu o pequeno, altamente emburrado.
- Que culpa você acha que eu tenho? Foi você que não quis acordar! – aponta, Suigetsu, em seguida pondo as mãos para trabalhar, dando "cascudos" nas tempóras do filho.
- AAAAAAAH!!! ISSO DÓI!! MAMÃÃÃE!!! – e continuou assim, com seu pai rindo alto.
Então Suigetsu parou, sentindo o chão tremer. Ele ficou pálido ao imaginar o que seria. Se virou devagar, para se deparar com a visão de um pesadelo. Uma ruiva com uma aura assassina ao redor, ajustando os óculos que teimam em cair. Uma veia em sua testa estava estourando.
-A-aaah... Ka-Karin, não é o que você está pensando! – gaguejou, Suigetsu, tentando se explicar, inutilmente.
- Ah, é? Então o que eu estou pensando? – disse, Karin, estalando os dedos de uma mão, meramente ao fechá-la em punho.
- É... Não, não é isso! Espera!! – uma gota de suar descia pela sua face –Era só uma brincadeira! É isso! Uma brincadeira! Né, Yuu-chan? – então se virou desesperado para o filho.
- MAMÃE, O PAPAI TAVA ME BATENDO!! – falou o menino, apontando pro pai. Para logo em seguida dar um sorriso cínico, típico da mãe.
- O QUE!? AH, SEU MOLEQUE..!!!! – não pode completar, porque fora mandado para a parede do outro lado do corredor por um soco de uma Karin muito irada.
- SUIGETSU NO BAKAAAA!! – e foi isso o que gritou antes de mandar seu "querido" marido para o outro lado do corredor. Então se virou para o garoto, que, aliás, ria do pai, e o levantou no colo – Alias, feliz aniversário, Yuu-chan.
- Mãe! – gritou o menino, indignado – Eu não tenho mais idade para ser segurado no colo! Já tenho cinco anos! – e ele esperneava e se balançava.
- Não, você não tem cinco. Hoje é seu aniversário, lembra? – e, fácil fácil, fez o pequeno parar quieto.
- Então o que tem pro café? – perguntou, esquecendo de porque estava gritando, para dar espaço aos cafés-da-manhã deliciosos que tinha todo aniversário.
- Já está feito. Agora vamos antes que esfrie. Se esfriar, não vou fazer de novo! – disse brincalhona.
- Wuaah! Então o que estamos esperando!? Bora logo! – e pulou de seu colo, passando a puxá-la pelo pulso em direção à cozinha.
E lá foram os dois, deixando para trás um Suigetsu desacordado.
Konoha/ prédio hokage/ 9:41 A.M. / nublado
- Ho-Hokage-sama, a Shizune-sempai está do lado de fora. – disse, um menino com, nada mais que, supostos quatorze anos. Os cabelos castanho-claros, tão semelhantes aos olhos, salvo por serem um pouco mais claros, quase mel. Usava um haori¹ cor de branco ovo, bastante folgado, com o símbolo da folha nas parte de trás, juntamente com calças compridas e folgadas, num azul-marinho sem qualquer mancha de sujeira. Usava uma blusa folgada por baixo do haori, também da cor azul-marinho. Usava sandálias de madeira e uma hitaiate branca, de Konoha, amarrada ao pescoço.
- Ah, manda ela entrar então. –e Naruto continuou a assinar papéis, imaginando o que (diabos) Shizune queria agora.
O menino, tremendo mais que se tivesse visto um fantasma, abriu a porta, e então entrou uma Shizune pisando duro, com um olhar de ódio capaz de gelar a alma.
- NARUTO! – e bateu a mão na mesa, fazendo a mesa tremer, ameaçando rachar ao meio, juntamente com um susto para Naruto.
- Que foi agora!? Se for mais uma reclamação da Tsunade-obaachan, a porta é do outro lado! – disse o Uzumaki nervoso. Ultimamente tem tido muitos assuntos pendentes, como tratar de arranjar um jeito de por um fim nas (malditas) rivalidades entre Konoha e Showa. Aquele Tsuchikage estava lhe causando cada problema... Malditos pirangueiros.
- SE EU FOSSE RECLAMAR DISSO, RECLAMAVA COM O TABERNEIRO!! – disse, ainda mais irritada, batendo na mesa novamente – Eu vim tratar de um assunto sério!
- Então fale logo. – disse, pronto a ouvir qualquer coisa que pudesse.
- A Hinata entrou em trabalho de parto! SE QUISER PERDER O NASCIMENTO DO SEU TERCEIRO FILHO PODE CONTINUAR APODRECENDO NESSA CADEIRA!!
E, antes que notasse, estava sozinha na sala, só com o menino.
- Shi-Shizune-sempai, Hokage-sama já foi. – disse o menino.
- Eu já sei disso. – resmungou irritada – Agora vamos logo, Takeshi! – então ela e o tal Takeshi foram correndo para o hospital.
- "Que mestre eu fui arranjar" – pensou Takeshi, revirando os olhos.
Floresta aos arredores de Konoha/numa trilha/10:12 A.M./ nublado
- E foi assim que eu derrotei um dragão de duas cabeças só com um clipe de papel e um elástico! – disse o cliente pulando de alegria.
- SÉRIO, TIO!? – berrou, Hirose, com sua mentalidade de criança de oito anos.
- "Como ele consegue ser tão crédulo?" – pensou, Kazuo, com uma veia estourando na tempora. Estava de saco cheio daquele "contratante" metido a besta. Primeiro, como ele poderia matar uma coisa que não exista, e ainda por cima atirar um elástico no olho dele, deixando-o cego, e, pior ainda, debaixo da água? Quebra as barreiras do ridículo!
- Você está realmente acreditando nisso, Hirose? – perguntou, Yutaka, também com uma veia explodindo.
-Porque não? – perguntou, ainda saltitante.
- "Ele não é meu primo, ele não é meu primo, ele não é meu primo, ele não é meu primo..." – repetia mentalmente, como se fosse um sutra, Kazuo – "Definitivamente ele não é meu primo!"
- Talvez por que é uma mentira de quinta? – devolveu, com outra pergunta, Yutaka.
Suspiro.
- Ah, deixe disso, Taka. Se o Hirose quer acreditar, então deixa ele em paz. – disse Shikamaru, aborrecendo-se com a gritaria.
- Não me chame de Taka!! – gritou, a perturbada.
- Qual é o problema de te chamar de Taka? É legal! – mais uma vez, Hirose, achando que ia melhorar a situação.
- Qual é o problema? Qual é o problema!? – então ele descobriu que não ajudou mesmo – Eu vou te dizer qual e o problema! – e meteu um soco no meio da cara do loiro, que voou até bater de frente numa árvore.
Pouco depois, Hirose se recuperou do soco, exceto por um pequeno (grande) galo na cabeça. Então, o resto da viagem, o contratante não abriu o bico, vendo que eles era tão (ou mais) perigosos dos que as benditas gangues de rua que o ameaçavam.
- "Medroso" – pensou, maldosamente, Kazuo, deixando um sorriso de canto no rosto.
Ame gakure no Sato/ ??/ 10:25A.M. / chovendo
A chuva caia sobre sua cabeça, coberta de cabelos ruivos. Sua capa de chuva evitava que molhasse suas roupas, mas não impedia de suas mãos, pés e rosto fossem atingidos. Olhava as nuvens, como se tentasse olhar o que tinha atrás delas. Estirou os braços, sentindo a chuva batucar do outro lado da capa. Abriu a boca, deixando algumas gotas de chuva entrarem e descerem por sua garganta. A porta de sua casa foi aberta.
- Yuu-chan, sai da chuva. Por que, ao invés disso, não vem me ajudar com o almoço?
Então o menino se virou para a mãe, sorrindo mostrando os dentes pontiagudos. Começou a correr até ela, deixando a capa cair no chão, ao chegar na entrada.
- Vamos!
E Karin pegou sua capa de chuva toda molhada e estendeu ela no cabide. Gotas pingaram da ponta da capa e se alojaram na vasilha de metal ao lado do cabide. Então foram em direção à cozinha.
- Mãe, o que vamos comer?
- Inari-zushi²!
- Legal!
Então, quando passavam pelo corredor, o menino viu Suigetsu ainda no chão do corredor, com caracóis no lugar dos olhos, aparentemente em estado de êxtase.
- Mãe, por quanto tempo o papai vai ficar assim? – perguntou, apertando a saia longa da mãe.
- Hum, não sei. Até a hora que ele quiser acordar, eu acho. Ou que sentir fome. – respondeu, pouco se importando. Oras, já era acostumada a essas coisas do Suigetsu. Ela sabia que ele não estava sentindo dor alguma. Tinha visto ele virar água e voltar a forma física bem rápido, antes de receber o soco ou de bater na parede. Suigetsu era muito bom ator. Ela sabia que ele estava fingindo pra conseguir carinho.
Então o menino, inteligente como era, largou a saia da mãe e foi aos pulos até o pai. Chegou perto do ouvido dele e falou.
- Eu vou pegar a Karin pra mim – sussurou, num tom de voz diferente, mais grossa e firme, que só ele sabia imitar.
Na mesma hora Suigetsu levantou, batendo a cabeça na do filho, e esse caiu ao seu lado. Mesmo com a pancada na cabeça, Suigetsu ficou de pé e gritou.
-TIRA O OLHO GORDO QUE ESSA É MINHA!!!
Alguns segundos de silêncio depois, ele se tocou do que disse. Olhou quem tinha dito aquela frase perturbadora: seu próprio filho. Olhou para Karin, completamente vermelha, assim como seus cabelos. Então Suigetsu ruborizou. E Karin, morrendo de vergonha, virou o rosto e foi para a cozinha, fingindo que não tinha ouvido nada. Yuu começou a rir alto, quebrando o estado encabulado de Suigetsu.
- Ah, seu... – ameaçou Suigetsu, com fogo nos olhos – EU TE MATO!! – e começou a dar cascudos na cabeça do filho.
- Ai ai ai ai ai ai! – berrava, lacrimejando.
Então o soltou e foi correndo para a cozinha.
Yuu se sentou no chão, massageando os lados da cabeça que sofreram os cascudos. Se levantou. Foi até a porta da cozinha e olho pra lá. Seus pais estavam abraçados. Visialuzou milhares e milhares de germes na boca dos dois. Botou a língua pra fora, num sinal de nojo.
Olhou a chuva cair do lado de fora. Adorava banhos de chuva. Alias, também ajudava quando tentava se concentrar em algo. Por exemplo: toda vez que tentava criar chakra fazia isso debaixo da chuva. Mas até agora, nada. Assim, nem mesmo Karin, que rastreava chakra a uma distância razoável, era capaz de achá-lo. Mesmo assim pegou novamente sua capa, gritando para a cozinha.
- Vou pra chuva!
E não ouviu resposta.
Pós a capa e saiu pela porta. Afastou-se um pouco de casa, precisamente em um lugar onde houvesse muitas poças de lama. E foi até lá. Ficou muito tempo brincando na lama, fazendo bolinhas de lama e atirava nas árvores, como se tentasse melhorar a mira, pulava a lava, se pintava de animais, bolava na lama. Já nem ligava se sua roupa ficasse molhada. Agora a capa de chuva não servia pra mais nada. E ria, e brincava, e gritava sozinho. Então ouviu passos nas poças d'água. Antes que pudesse notar, um homem veio. Não houve tempo para ver seu rosto. Então tudo ficou escuro. Estava no fundo de um saco. Assim que se tocou do que acontecia, começou a chamar seus pais.
Uma pancada no saco. Provavelmente de um pedaço de madeira. Atingiu sua cabeça. Uma ferida abriu. Sangue. E Yuu dormiu.
- He he, Kabuto vai gostar disso.
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Vocabulário
¹: Hirose chama Yutaka de "Taka". E Taka significa "falcão". Yutaka não gosta nem um pouquinho de ser chamada de "Taka", então esmurra Hirose até ele calar a (bendita) boca XD.
²: Inari-zushi é um tipo de empanado de carne com frituras. A cor, quando assado, é a cor da pelagem de uma raposa. Inari é o nome de uma divindade do folclore japonês que toma a forma de uma raposa. Zushi é como sushi. Então é como se fosse um "sushi de raposa". Claro que essa é só a tradução literal, então é melhor não usar por aí.
