PELOS PÁTIOS PARTIDOS EM FESTA
Saint Seiya é marca registrada de Masami Kurumada e da TOEI/BANDAI, portanto não me pertencem. Mas o guardião Janos e Lunna Monami são meus e eu faço com eles o que eu quiser! HIHIHIHIHEHEHEHEHEHAHAHAHAHA HA! *risada maligna*
CAPÍTULO 01: Uma estranha visita e um novo aprendiz.
O sol desaparecia vermelho no horizonte e o céu e a terra se enchiam de cores azuladas e alaranjadas. Shion observava o vivo espectro adentrar sua sala no santuário. Havia terminado seus afazeres e agora esperava. Porém, conhecendo seu amigo de longa data – e acreditava que ele não mudara nada mesmo depois de tantos anos – não esperaria por muito tempo. Levantou-se e foi até a entrada aguardar o visitante. Não demorou muito e duas sombras emergiram das escadarias. A mais alta era familiar, cabelos castanhos quase negros, olhos escuros, trajando vestimentas negras, como sempre, desde aquele dia fatídico. Nunca soube dizer com precisão se aquilo tratava-se de um eterno luto ou apenas a marca registrada de sua posição e meta. Como um monge e seu hábito. Já a menor tinha os cabelos castanhos, e trejeitos de impulsividade, como se sua estatura não pudesse conter tamanha energia que possuía. Mesmo amarrado no alto da cabeça, os cabelos caiam em cachos, amenizando o olhar desconfiado e arisco - que era comum a todos os jovens aspirantes a cavaleiros - e proporcionando-lhe um ar delicado e infantil. Vinha carregando uma mochila grande para o tamanho dela. No pescoço pendia um cordão com pingente de estrela, discreto, que passava quase despercebido pela sua simplicidade. Janos trazia sua pupila e futura sucessora.
- Boa noite, Shion.
- Boa noite, Janos. Sejam bem vindos.
- Esta é Lunna.
A menina cumprimentou o Mestre do Santuário com a cabeça, muito séria. Shion retribuiu o cumprimento e voltou-se para Janos.
- Como eu lhe disse antes, ela vai ficar junto dos outros aprendizes. Não se preocupe. Alguns deles viajam constantemente para visitar e treinar com seus próprios mestres, o que não será o caso dela. Não há real necessidade de sua saída do Santuário, uma vez que ela não concorrerá por uma armadura de ouro como os demais.
Janos ajoelhou-se diante de sua aluna:
- Estou indo.
- Tem certeza que não vai precisar de mim?
- Eu preciso de você aqui, desenvolvendo suas aptidões.
- Você quer dizer "protegida", não?
- Isso também.
- Não acredito que essas pessoas possam me proteger de qualquer coisa.
- Não seja arrogante, Lunna. Não subestime os outros só porque você possui alguma habilidade.
- Tá...ok. Quanto tempo dessa vez?
- No máximo um ano. Mas acredito que não chegue a isso. – respondeu Janos se levantando.
A garota respondeu com um leve interjeição.
- E comporte-se.
Lunna deu um sorriso cínico.
- Estou falando sério. Não vá me quebrar o braço de alguém como da outra vez. Seja menos rebelde. - E voltando-se para Shion - É meu amigo, eu não menti: Talvez você tenha um pouco de trabalho. Até breve. –e desceu as escadas adentrando a escuridão.
- Ei Janos!
O homem voltou o rosto em direção a discípula, parando na escadaria.
- Tome cuidado.
Janos esboçou um leve sorriso que quase não foi visto na escuridão. Em seguida desapareceu como se tivesse sido engolido por ela.
- Venha comigo, vou lhe mostrar o Santuário. E quero apresentar-lhe a um aprendiz que já conquistou sua armadura de ouro.
- A gente tem sempre que descer esse MONTE de escadas? Vocês nunca pensaram em botar um elevador não?
Shion riu. Ela era petulante. Sim...o Cosmos da Deusa Atena impede qualquer tipo de teletransporte.
- ...Sim, a deusa... – Lunna calou-se uns instantes observando o Mestre do Santuário. Ela não conseguia penetrar em sua alma e decifrá-lo. A única coisa que sentia era um misto de severidade e doçura. - O senhor deve ser muito antigo, não?
Shion voltou-se para ela sem diminuir o passo.
- Perdão, não quis ofendê-lo. Todos os velhos amigos de meu mestre são realmente velhos. E tão poderosos quanto ele. Ele detesta pedir favor, senhor, sabia?
Os dois calaram-se por uns instantes. Shion retomou a conversa:
- Lunna, há quanto tempo treina com Janos?
- Há oito anos. Desde os seis, desde quando...bem, ele deve ter-lhe contado.
- Sim contou. Contou-me também que tens um problema com autoridade.
- Sim, tenho.
- Pelo menos é franca e parece-me exigente consigo mesma e com os outros. Se sua dedicação for maior que sua rebeldia, vai se dar bem aqui.
Lunna pensou se aquilo era uma ordem ou um conselho.
- Estamos chegando...é aqui. – Shion parou a frente a uma casa com seis colunas sustentando um frontão. Acima deste, havia uma estátua de um centauro com segurando um arco e flecha. A casa de Sagitário. - Cavaleiro de Sagitário, peço permissão para adentrar sua morada! –anunciou.
- Sua visita é sempre bem vinda, Grande Mestre! – um rapaz dono de cabelos castanhos meio aloirados surgiu apressado de dentro da casa de Sagitário. No rosto um sorriso confiante e doce.
- Aioros, quero apresentar-lhe Lunna. Ela é discípula de um grande amigo e vai ficar uns tempos treinando junto com os outros garotos. Acredito que seu irmão tenha a mesma idade dela.
- Muito prazer! Nossa você vai ficar com os rapazes! Haha Tem alguns ali que são muito encrenqueiros! Mas se aproxime de Aiolia, meu irmão mais novo, se quiser ser amiga de alguém mais responsável! – Aioros riu assanhando os cabelos da menina.
Lunna não reagiu de imediato. Estava chocada. Os olhos azuis de Aioros emanavam uma bondade profunda. Ela nunca tinha visto isso antes e duvidou de sua capacidade de perceber a essência das pessoas. Às vezes ela não percebia nada, às vezes percebia algumas coisas, mas nesse rapaz ela percebia por completo e ela achou muito...bonito.
- Prazer conhecê-lo também, senhor Aioros. – abriu o rosto num sorriso.
- Já que você mencionou isso, Aioros, leve Lunna ao alojamento de Aiolia, Shura e Milo. Lá tem uma cama sobrando mesmo. Boa noite, Aioros.
- Boa noite, Mestre Shion.
Aioros e Lunna continuaram a descer as escadas. Lunna vinha calada e cabisbaixa, ainda chocada com a aparição de Aioros. Geralmente ela via tanta coisa feia, pontos sujos, inveja, cobiça, raiva, ciúme, dentre outras piores e mais obscuras que ela temia lembrar. E nele ela não viu nada. Somente uma luz forte. Será que era de verdade? "Não, Lunna, era de plástico!" Ela riu de seus pensamentos bobos e voltou a prestar atenção no caminho.
- Você é sempre tão calada assim? – Aioros sorria.
Ela corou com aquele sorriso.
- Er... Às vezes. É que sou assim mesmo meio fechada no começo, em lugares que não sou familiar, com pessoas que não sou familiar, essas coisas. Sem querer ofender!
- Rá! Isso é bem do signo de câncer, acertei?
- Sim...nasci em 13 de julho... Vocês são realmente ligados com esse lance de signo, né?
- Com certeza!
Lunna aos poucos foi se abrindo mais à simpatia de Aioros. Era realmente um rapaz muito bondoso, não errara no seu julgamento. Quis muito ser amiga dele. Se aproximar mais. Mas...ele era amável demais. Perfeito demais. Se ela chegasse perto, ela iria corrompe-lo, sujá-lo. Temia que o mero toque de sua mão pudesse infectá-lo. Eram tantos os pensamentos horríveis que povoavam a sua mente e impregnavam seu espírito que Lunna quase se sentia um vírus mortal. Resquícios do primeiro lugar que Janos a deixou...mas não, não era hora de lembrar isso. Aioros era uma lembrança boa que ela gostaria de guardar.
-Tem mais um cavaleiro que você precisa conhecer antes de eu levá-la ao alojamento...é aqui. - Aquela casa era diferente. Dois blocos saltavam a frente, deixando que a colunata se transformasse em fora de "U". Duas figuras de anjos em relevo destacavam-se em cada bloco. - Cavaleiro de Gêmeos, peço permissão para adentrar sua morada!
- Boa noite, Aioros. Seja bem vindo.
- Boa noite!
- Quem é a garota? É a novata de quem o Grande Mestre falou?
- Sim, é ela. Lunna este é Saga, o Cavaleiro de Gêmeos.
Lunna estendeu a mão ao cavaleiro que retribuiu o comprimento ocidental.
- Seja bem vinda ao Santuário. – ao tocar em sua mão, ela sentiu uma grande força, um grande poder e ousou pensar que era maior do que a que sentira em Aioros. Tentou enxergar além dos seus olhos, mas nada via. Saga era um outro enigma, mas diferente de Shion. Um enigma bem atraente ainda por cima. No último instante, acreditou que ele a analisava também, media sua força, e isso fez a garota retirar a mão desviando o olhar.
Aioros e Lunna se despediram do Cavaleiro de Gêmeos e continuaram sua descida. Àquela altura, era possível distinguir melhor o horizonte, os lampiões e tochas lá embaixo que dispersavam um pouco as trevas e aumentavam o calor. Era um lugar bonito, diferente e parecia que havia parado no tempo. Uma reconstituição perfeita da Grécia Antiga. Ou seria melhor dizer que ela voltara à Grécia Antiga?
Na porta de um alojamento de pedra, Aioros bateu. Um garoto muito parecido com Aioros abriu a porta.
- Irmão?
- Olá, Aiolia. Vim trazendo algumas novidades. Vocês vão ter uma nova companheira de quarto.
Aiolia olhou a garota morena, curioso. Sua expressão era de arrogância, como se fosse ela quem o olhasse de cima, apesar de que ela era um pouco menor que ele só.
- Ela vai treinar para ser cavaleiro?! – Shura e Milo apareceram nos cantos do vão da porta ao escutarem a exclamação de Aiolia.
- Não. Apenas vai passar um tempo conosco e treinar também. Mas não para ser cavaleiro.
Milo empurrou Aiolia pra um lado e ficou encarando Lunna como se tivesse ganhado um bichinho de estimação.
- Qual o seu nome?
- Lunna...
- Ela não devia estar usando máscara?
- Máscara?
- Bem, eu vou deixar vocês em paz. Lunna, os estudos e treinos começam bem cedo da manhã. Mas é só seguir os garotos. Qualquer dúvida pergunte a Aiolia ou a mim. Boa noite a todos. – Aioros se retirou e os rapazes passaram mais alguns segundo encarando a garota antes de deixá-la entrar no aposento.
- Ela é bonitinha. Vou botar a cama dela do meu lado. – disse Milo puxando-a para dentro. E virando-se pra Lunna falando mais baixo como se ninguém o fosse escutar – É que o Shura e o Aiolia tem um caso e se você entrasse no meio ia virar um menage à...
- Milo! – Aiolia estava indignado. – A menina mal chega e você já tá inventando história?!
- Não é história! É verdade!
- Eu te arrebento! – Aiolia foi pra cima de Milo derrubando-o no chão enquanto Shura ajudava Lunna com suas coisas. A garota tinha abandonado o ar esnobe e achava graça da briga entre os dois, que rolavam no chão.
No dia seguinte, durante as aulas de filosofia e história, Lunna logo se familiarizou com os outros aprendizes que não havia conhecido pela noite. Meio sem jeito a princípio, tentou manter a seriedade e ar superior que lhe era de costume, pois Lunna não confia em estranhos. Porém, ficou imediatamente amiga de Milo, que a carregava de um lado para o outro lhe mostrando os lugares, os costumes, apresentando-a aos colegas. Aliais, Milo foi o principal responsável pela derrocada do muro de arrogância de Lunna.
Afrodite era engraçado e com rosto de boneca, mas às vezes meio afetado. Carlo não falou com ela de imediato e Lunna prontamente lembrou-se da explicação de Aioros sobre os cancerianos, que também se aplicava a ela. Mu era gentil e prestativo, uma graça. Mas o amigo que sempre o acompanhava, Shaka, não. Na verdade, Shaka era meio presunçoso e cheio de regras e normas. Só Mu mesmo para agüentá-lo. Aldebaram era um rapaz grande e doce, um gigante que não esmagaria uma flor. Lunna ficou empolgadíssima quando descobriu que era brasileiro.
- Eu também sou! – revelou com entusiasmo.
Kamus e Shura eram meio quietos, calados, mas de maneiras diferente. O garoto que tinha treinado na Sibéria era muito inteligente e um estudante dedicado. Tímido também. Já o silêncio de Shura era devido ao jeito contemplativo e reservado. Mas ele sabia sair da sua quietude quando queria. Aiolia tinha um orgulho muito grande do irmão mais velho e também certo status por causa dele. Era meio atrapalhado de vez em quando e sempre prestativo com Lunna, mas a menina logo percebeu que não era com todos que ele agia assim. Talvez operasse desse modo para impressionar a garota ou o próprio irmão.
Lunna logo descobriu as idades de cada um: Aiolia, Milo, Kamus, Mu, Shaka e Aldebaram tinham quatorze como ela. Shura e Carlo tinham dezessete, Afrodite tinha dezesseis. Aioros tinha dezenove e Saga vinte (1). A novata estava bastante satisfeita com tudo que vinha descobrindo, mas o mesmo não valia para os aprendizes, que se sentiam frustrados por ela nunca responder suas perguntas. A única coisa que descobriram era que nascera no Brasil, que seu mestre Janos a deixara lá por algum tempo, e que nunca, nunca tirava o cordão surrado de estrela do pescoço. Sendo assim, todos esperavam ansiosos pelo treino para ver se ela era tão boa de luta quanto eles.
O mestre deu algumas explicações a Lunna antes de começar o treinamento. Ele havia pedido a ajuda de Saga que era o mais velho e experiente para formar dupla com ela naquela tarde e tirar-lhe qualquer dúvida. Lunna olhou seu oponente de 1,88 m de altura e suspirou, enquanto ela própria ainda estava longe dos 1,70m que Janos afirmou que ela ia alcançar. E quando Janos diz, está dito. Saga também não estava muito feliz. Não gostava muito de treinar com os mais novos e ainda com alguém tão mais baixo. Pior ainda: uma mulher. As únicas guerreiras que ele conhecia eram as amazonas e elas não eram páreo para ele. Saga tentava disfarçar o tédio que se formava em seu rosto.
Qual não foi sua surpresa, ao início dos treinos, ao descobrir que Lunna era bastante ágil e forte. Não tão forte quanto ele, afinal ela era uma criança e ele cavaleiro. Mas o chute que atingiu suas costelas estava provocando uma dor considerável. Os outros aprendizes ficaram espantados, pois ninguém acertava Saga com facilidade. O mestre estava satisfeito por ter a confirmação de que sua escolha de duplas funcionara. Saga deixou de subestimar a garota e ela não conseguiu mais acertá-lo o resto do treino.
A menina era realmente a sensação. A novidade tinha agradado tanto que cada um queria puxar conversa, puxa-la para um lado. Lunna se sentia muito feliz por ter tantas atenções voltadas para si. Geralmente, ela não era bem recebida. E há muito tempo não se sentia tão bem.
- Parece que vou realmente gostar da Grécia. – falou um dia para Milo enquanto voltavam de um treino.
- Lun, fala pra mim...você vai suceder seu mestre, né? – Milo perguntou.
- Eu sou a única chance de aposentadoria dele haha.
- E que cargo você vai assumir? Você vai receber alguma armadura também? O que o seu mestre faz?
Lunna encarou Milo decidindo-se até onde contaria.
- Meu mestre é um guardião.
- De quê?
- Bem... De planos como esse. Dimensões, mundos paralelos.
- Está brincando?
- Bem... na maioria das vezes apenas observamos. Não podemos interferir em certas acontecimentos.
- Mas...mas ele protege contra o quê?
Lunna e Milo entraram no dormitório onde Aiolia e Shura se encontravam. Foram para suas camas e Lunna retomou a conversa baixinho de forma que os outros não a ouvissem.
- Não posso lhe dizer muito, Milo. Mas um dia você vai saber, afinal, você vai ser um cavaleiro de ouro, não é? Eu sei que o Grande Mestre sabe e penso que Aioros e Saga sabem também. Meu mestre não me fala muito as coisas e eu deixo de perguntar. – Lunna parou para refletir um instante e continuou. – Penso que quando for à hora tudo vai ser revelado tanto pra mim quanto pra você.
- Lunna, você fala como se tivesse contando uma história – Riu - ou uma profecia. – disse Milo brincando aparentando não ter dado a devida importância a tudo que ela contara.
- Dã e você fala como um bebezinho! – Lunna lhe deu língua e lhe enfiou o travesseiro na cara.
Não demorou muito para Milo, que não sabe ficar de boca fechada, contar para todos os outros amigos, que sua nova amiga era uma "guardiãzinha".
(1): Eu alterei a idade de Saga e Aioros para ficar mais coerente com a história. Na verdade era para Saga ter 22 e Aioros 21. E também, a essa altura do campeonato, esse povo já era para estar com suas armaduras, serem cavaleiros. Mas aiiii não ia ter graça! xD
