Título: PAIXÃO QUE NASCE, QUE MATA, QUE RESSUSCITA...

Autora: Eℓℓєη

Personagens: Pertencem a Stephenie Meyer...

Gênero: Drama, romance, universo alternativo, suspense...

Censura: maiores de 15

Sinopse: Bella Swan se acha feia. Será mesmo? Ela é uma garota genial que escreve lindas cartas e versos para ajudar o namoro de Victoria, ou como ela chama Vick, sua melhor amiga, com Jacob, seu grande amor. A morte da diretora da escola – terá sido mesmo suicídio? Vem alterar sua vida e precipitar a tragédia. Bella foi testemunha de uma cena muito suspeita e sua vida está ameaçada. Acuada, desesperada, a idéia da morte começa a tomar conta de todo o seu ser, enquanto o seu coração de despedaça pelo amor de Jacob. Além de tudo o que a rodeia, perigo, amor não correspondido, amizade em risco, uma família inconstante, ainda um Edward, que estará sempre por perto, inclusive quando esta quiser ficar só...

Com o amor no coração... e a morte na alma.

I – PAIXÃO QUE NASCE

CAPÍTULO 1 – UMA GOTA DE SANGUE

Aquele era o seu pior inimigo. O mais cruel o mais cínico, o mais impiedoso. Um inimigo que falava a verdade. Sempre. Sempre a verdade. Toda aquela verdade que Bella conhecia muito bem e nunca a abandonava.

Ainda com a escova de cabelo na mão, Bella não podia deixar de encará-lo. Lá estava ele, encarando a garota de volta, com os próprios olhos de menina. De um lado, eles estavam molhados. Do outro, refletiam-se gelados, vítreos, sem compaixão.

- Feia...

Bella sufocou um soluço.

- Gorda...

Uma lágrima formou-se na pontinha da pálpebra.

- Que óculos horrorosos...

Como um bichinho que foge, uma lagrima saiu da toca e foi esconder-se no aro do óculos.

-Você plantou uma rosa no nariz, é?

- Cale a boca... por favor...

Já mais grossa, a lágrima livrou-se dos óculos e escorreu pelo rosto de Bella.

- Sabe que essa rosa vai ficar amarela? Amarela e grande...

A lágrima penetrou-lhe pelos lábios e Bella reconheceu aquele gosto salgado, tão comum e tão amargo em momentos como aquele.

- Por favor... me deixe em paz...

- Você vai espremer a rosa amarela. O seu nariz vai inchar...

Os lábios de Bella apertaram-se molhados, sem palavras. Aquela garota, que sempre tinha resposta para tudo, sempre uma gozação na hora certa, uma tirada de gênio que deixava qualquer provocador sem graça, não sabia o que dizer quando o seu grande inimigo apontava sadicamente cada ponto fraco que havia para apontar.

- ... e você vai ter vergonha de voltar às aulas semana que vem...

- Cale a boca!

A raiva foi tanta que a escova de cabelo voou com força, acertando o inimigo em cheio, bem na cara.

- Bella! Venha cá. Morreu aí no banheiro, é?

O chamado penetrou-lhe os ouvidos, acordando a menina do pesadelo que ela sofria acordada. A voz irritante da mãe, estridente como uma campainha de despertador. Devia estar com enxaqueca, como sempre. Na certa ia reclamar de alguma coisa, exigir que a filha respeitasse pelo menos sua dor de cabeça, queixar-se de...

O combate com o inimigo estava suspenso, por hora, Bella sacudiu a cabeça como se despertasse, e esfregou o rosto apagando as marcas da luta uma ultima olhada para o inimigo. Ele a olhou de volta, agora com uma rachadura de alto a baixo.

"Sete anos de azar!", pensou Bella. "Ah, o que são sete, para quem já viveu dezessete dos anos mais azarados do mundo?"

- Bella! – ainda mais irritada, a voz da mãe invadiu o banheiro. – Não me ouviu chamar?

"Quatorze anos de azar!", ainda pensava a menina ao abrir a porta. "Será que minha mãe quebrou dois espelhos quando eu nasci?"

A mãe apertava as têmporas com as mãos, como se a cabeça fosse cair se ela a largasse.

- Você sabe que eu não posso gritar, Bella. Você devia...

- Está bem, mãe. O que você quer?

- Ai, ai. Tia Sue acabou de ligar. È o aniversário do Jacob e ela faz questão que você vá.

- Jacob? Que Jacob?

- O seu primo, ora. Não se lembra dele? Vocês brincavam tanto...

- Ah, mãe! Isso já faz um século...

- É, faz tempo mesmo. Também, Sue foi casar-se com um homem que não pára em nenhum lugar! Não sei o que tanto tem aquele sujeito de se mudar da cidade. Mas parece que desta vez vai sossegar. Ele está bem de vida, agora. Montou uma casa que é uma beleza. Sue vai fazer uma festa para o Jacob que...

- Que droga! Aniversario de criança!

- Jacob faz dezesseis anos, Bella.

- Eu não quero ir.

- Não discuta, Bella. Minha cabeça está me matando!

- É claro que eu vou! – concordou Victoria, do outro lado da linha. – As férias estão no fim mesmo, e os programas andam raros. Acho até gozado: sempre sou eu quem tem de arrastar você para alguma festa. Mas você sempre arranja uma desculpa, sempre tem de estudar...

- Acontece que eu não quero ir sozinha, Vick – desculpou-se Bella, como se estivesse convidando a amiga para uma sessão de tortura. - minha mãe exige que eu vá. É o aniversario de Jacob, um primo que eu não vejo há anos. Dizem que sempre foi o melhor aluno da classe. Um chato! E o pior é que ele foi transferido para o nosso colégio. A partir de segunda-feira, vou ter de conviver com o chatinho a vida inteira. Faltam só dois dias... A festa deve ser tão chata quanto ele. A gente fica só um pouquinho e...

- Já disse que vou, Bella. Uma festa é uma festa. E esta não deve ser mais chata do que as outras...

Lá estava ele de novo. O inimigo, agora rachado de cima a baixo, dizendo pra Bella que ela ficava medonha com aquela blusa, que seu cabelo estava um lixo, que todo mundo ia rir dela na festa...

- Todos riem, não é? Só que eu nunca dou tempo para que riam de mim. Eles tem de rir do que eu digo. Tem de rir comigo, na hora em que eu quero que eles riam. Todo mundo ri do que eu digo, não é?

Bella, a grande gozadora! Bella, a contadora de casos. Vamos, riam todos com Bella!

Levemente, seus dedos tocaram a face fria do inimigo, bem na rachadura. Lentamente, seus dedos percorreram a borda quebrada, tateando como um cego que procura reconhecer alguém.

- Todos riem... mas eu não queria tantos risos. Eu queria um sorriso apenas. Um só. Queria estar quieta e ver alguém aproximar-se, olhado nos meus olhos... sorrindo... Eu sorriria de volta, e nada mais precisaria ser dito...

Bella deixou as lágrimas correrem fartas pelo rosto. Foi aí que o inimigo resolveu feri-la mais fundo e cortou-lhe o dedo com a borda da rachadura. Num gesto maquinal, a menina levou o dedo à boca, chupando o ferimento. Na rachadura, no peito do inimigo, ficou uma gota de sangue.

O dedo não doía quase nada. Era ali que doía.

FIM DO CAPÍTULO 1