Disclaimer: Não me pertencem.

Notas iniciais: UA em que o Akira (Jadeite) e Mamoru não conheciam o resto do pessoal no colegial. O Mamoru por causa da Usagi. O Akira eu não sei porquê. Nomes civis: Tamashiro - Zoisite; Saitou - Kunzite; Akira - Jadeite e Hideo - Nephrite.


— Eu não quero saber disso. – Minako falou com um tom sério no telefone – Eu fiz o pedido a tempo, vocês têm a obrigação de fazer na entrega no dia determinado. Não me interessa.

Mamoru se apoiou no balcão. Estava imundo como era de se esperar de um bar em pleno funcionamento. Minako ainda estava no telefone, olhando para algum lugar muito distante que ficava entre a quina do balcão e o chão. Ela fez uma cara de desgosto antes de falar:

— As 7 então. Claro que vai ter alguém aqui, eu mesma. Só para garantir que vocês vão fazer essa maldita entrega. E eu quero um ressarcimento. É óbvio que sim! A culpa é sua, cara!

Mamoru realmente achava engraçado como ela tinha dois modos: um que não levava nada a sério – inclusive o próprio chefe – e o outro seríssimo que chutava bundas dos fornecedores. Saitou passou por de trás de Mamoru após tocar o ombro dele com os dedos.

— Argh! – Mamoru levantou o braço que tinha limpado a poça de líquido desconhecido com a manga do seu jaleco quando ele se assustou com o toque de Saitou. – Você sujou o meu jaleco!

— Ops! – Minako falou. Ela já tinha desligado o telefone e estava no modo nada a sério para o azar de Mamoru.

Você deveria ter limpado o balcão! – Mamoru apontou o dedo para ela.

— Isso não teria acontecido se você não fosse esse pipoqueiro que sai por aí de jaleco. – Minako respondeu com um sorriso absurdo de tão grande.

— Eu sou um médico... – Mamoru começou a falar.

— Jura? Tem certeza? Porque quem sai por aí de jaleco é pipoqueiro. – ela respondeu – Inclusive, tem pipoca doce?

— Um médico... – ele continuou a falar – Cansado depois do turno que só precisa de uma bebida.

— Tire esse jaleco imundo e eu penso no seu caso.

— Saitou, sua atendente está sendo impertinente! – Mamoru reclamou alto.

— Eu sou a gerente! – Minako bateu a mão no balcão.

— Como você conseguiu essa promoção? – Mamoru perguntou antes de tirar o jaleco. Ele estava se embolando com as mangas e, se ela não estivesse tão brava por ter sido chamada de atendente, estaria zoando da cara dele. – Você é a atendente mais incompetente desse bar!

— É porque eu sou linda. – ela respondeu.

— Naaaah! – Akira apareceu do nada e pegou uma garrafa atrás de Minako – Eu também sou e não foi promovido.

— Sua função é fazer bebidas. – Minako resmungou – Quer ser promovido a que? Mestre Misturador das Poções Mais Alcoólicas da cidade?

— Hmmm... – Akira olhou para Minako com uma seriedade exagerada – Eu gosto. Pode ser. – E se virou de costas enquanto Minako ria satisfeita.

— Eu não sei como esse bar consegue se manter. – Mamoru resmungou.

— Eu acabei de demonstrar um exemplo de gestão de funcionários, Chiba! – Minako retrucou – Peguei um funcionário insatisfeito e o mandei para a estação dele, felizinho!

— Você é insuportá- – Mamoru estava se inclinando sobre o balcão de novo e encostou a manga da camisa na mesma poça de bebida desconhecida – Mas que inferno!

Minako começou a gargalhar. Mamoru estava quase soltando fogo pelas ventas agora e Saitou, como se não estivesse ouvindo toda aquela conversa, apenas se dignou a passar um pano sobre a bebida.

— Que porcaria é essa? – Mamoru estava passando um guardanapo de papel na manga da blusa e Minako continuava a rir.

— Pelo cheiro, cerveja. – Saitou respondeu – Pega um copo de água para ele, Aino.

Ela ainda estava rindo, mas obedecendo a ordem. Pelo menos alguém ela escutava aqui. A história dos dois era tão complicada e cheia de altos e baixos que ele nem sabia como os dois trabalhavam juntos. Quando Mamoru percebeu, ela estava tomando o guardanapo de papel da mão dele e colocando o copo na frente dele.

— O que você espera que eu faça com essa água? – Mamoru reclamou.

— Se afogue. – Minako respondeu, sorrindo de novo. Agora era Akira que estava gargalhando ao fundo.

— Use para limpar a sua camisa. – Saitou respondeu ao mesmo tempo que ela e entregou um guardanapo de pano para Mamoru. – E a entrega, Aino?

— Amanhã. – ela resmungou – De madrugada, as 7.

— Ah, o que? – Saitou olhou para ela.

— Não se preocupe, eu vou estar aqui para pegar. – Ela sacudiu a mão.

— Você mora do outro lado da cidade, Aino. – ele retrucou – E o bar não fecha antes das 3h da manhã. Não vai dar tempo de você ir e voltar.

— Que bom que você está preocupado! Eu pretendo ficar aqui mesmo. – ela respondeu.

— Aqui no bar?

— É, ué. – ela respondeu como se fosse óbvio. – Posso fechar um pouco mais tarde e fazer a limpeza enquanto isso...

Ele estava olhando para ela como se ela não batesse bem.

— Qual é o problema? – ela perguntou – É uma ótima solução.

— Ela pode dormir lá em cima também. – Mamoru comentou, olhando para como a mancha na sua camisa não estava saindo. Aquilo não era cerveja de jeito nenhum.

— Só tem uma cama lá em cima. – Saitou respondeu. Ele era o dono do bar e morava no andar de cima.

— De casal... Não vejo qual é o problema... – Mamoru comentou e completou baixinho – Como se vocês nunca tivessem feito exatamente isso tempos atrás.

— Pega a entrega então. – Ela falou para Saitou. Mamoru não tinha certeza se eles tinham ouvido a última parte. Os dois sempre faziam isso, ignoravam o que ele dizia quando assunto era eles.

— Não. Eu não tenho um bar para acordar cedo no domingo.

— Certo, vou fazer do meu jeito! – ela retrucou, saindo de trás do balcão.

— Aino, eu não vou pagar hora extra. – Saitou quase gritou e se virou para Mamoru – Eu ouvi o que você disse.

— Bem, eu não menti, não é? – Mamoru estava sacudindo os ombros.

— O que você vai querer? – Saitou mudou de assunto e Mamoru parecia confuso. – Para beber? Ou comer?

— Quero o meu jaleco limpo.

— Ah, não posso ajudar nisso. Você não deveria usar ele fora do hospital.

— Traidor! – Mamoru jogou o guardanapo em Saitou.

— Akira, traz um uísque! – Saitou pediu.


— O problema é que os caras daquela mesa são uns trogloditas. – Tamashiro resmungou. Ele estava com o cotovelo apoiado no balcão e com a bochecha toda amassada pela mão que estava enfiada no rosto. A expressão dele era quase infantil daquele jeito.

— Quer que eu resolva? – Minako perguntou.

— Já resolvi. – Tamashiro sorriu – Só estou avisando para o caso de... "reclamações".

— Beleza.

Tamashiro olhou para o bar e franziu o cenho. Mamoru estava sentado na frente de Akira o que era engraçado e preocupante ao mesmo tempo.

— Qual é o problema dele hoje?

— De quem? – Minako estava distraída e Tamashiro apontou para Mamoru – Ah, plantão longo, jaleco sujo de bebida – ninguém mandou ele ser pipoqueiro – e provavelmente a Usagi.

Tamashiro começou a rir. A briga entre Mamoru e Usagi era conhecida por todos naquele bar. E provavelmente no hospital em que os dois trabalhavam. Mamoru tinha começado a residência no mesmo hospital em que Usagi já trabalhava como enfermeira. Ela era uma enfermeira adorável e amada por todos os pacientes, sempre muito simpática com todos. Só que ela não era nada disso com Mamoru e isso o consumia por dentro. Ele era uma boa pessoa, certo? Tudo bem que ele já tinha falado algumas coisas meio desagradáveis, mas o que mais um cara poderia fazer para chamar a atenção de uma garota? Puxar os coques da cabeça dela? E, para piorar mais, Usagi era a melhor amiga de Minako, a garç... Gerente do bar de Saitou. Além das suas serem muito parecidas, Minako fazia questão de lembra-lo disso o tempo todo.

— Será que algum dia eles vão se entender? – Tamashiro perguntou, curioso.

— Só se a gente fizer algo para isto acontecer. – Minako resmungou.

— Você está bem? – Tamashiro a cutucou no braço.

— Cansaço. – ela resmungou de novo – Eu vou ter que esperar até amanhã de manhã pela entrega de frios.

— Saitou te deixa dormir no apartamento dele. – Tamashiro bocejou em consideração.

— Ele está irritado comigo por causa do atraso da entrega. Não vou nem tentar.

— A culpa não foi sua.

— Isso importa para o Saitou?

— Crianças... – Akira passou pelo lado de Tamashiro e se encostou ao lado dele – Qual é a boa?

— O que que o Mamoru está bebendo? – Minako perguntou – Ele parece acabado.

— Ele está péssimo. – Akira riu. – Acho que vai acabar por aqui mesmo.

— Acabou-se a minha chance com o sofá do Saitou! – Minako reclamou.

— Mas você disse que não ia nem tentar. – Tamashiro falou e Minako o olhou irritada.

— Já estamos nesse ponto do relacionamento? – Akira perguntou, animado.

— Eu só estou interessada no sofá do Saitou, Akira! – Minako cortou Tamashiro que já estava com a boca aberta para falar algo que não ia agradar Minako. Tamashiro conhecia Minako e Saitou da época do colegial. De antes de Minako ir para faculdade, já Akira não. E ela não queria que Akira ficasse sabendo das coisas dessa época. Ela nunca mais teria paz.

— Estou valendo tão pouco por aqui. – Saitou falou depois de suspirar – Por que vocês três estão aqui, parados e sem fazer nada?

— Bom, chefe... – Akira começou a falar.

— Você, volte para o bar! – Saitou apontou para Akira e antes mesmo de se falar algo para Tamashiro, o mesmo já tinha corrido. Ele olhou para Minako, pronto para falar mais um punhado de coisa, quando...

— Quem é que manda nessa birosca?! – um cara grandalhão quase gritou.

— Eu, por quê? – Minako levantou o queixo como se isso a fizesse maior. O cara pareceu confuso por alguns segundos e depois decidiu que ia continuar mesmo assim.

— Porque eu quero falar sobre aquele seu garçonzinho ali, aquele loirinho. – O cara estava apontando o Tamashiro, claro que estava.

— Oh... – Minako olhou para Tamashiro a distância e depois para o cara – Oh... Você está interessado nele? Porque, sabe, a gente não trabalha com isso aqui.

— O que?! – o cara estava surpreso demais para articular a próxima ofensa. Saitou não sabia se ficava furioso com ela ou parava aquela conversa naquele momento

— Eu disse que isso aqui é um bar. Só isso! – ela explicou, falando cada vez mais devagar – A gente serve bebidas e umas porções. Só isso. Em troca nós queremos o seu dinheiro e sua educação. Se você não consegue tratar bem o garçom, eu não posso fazer nada por você.

— Mas ele foi sarcástico e...

— Sarcasmo é a marca do atendimento dele. – Saitou comentou.

— E, o mais importante, eu sei que foi você, ou alguém da sua turma, que começou... – Minako continuou a falar.

— Você nem estava lá! – cara quase gritou de novo.

— Eu acredito no meu funcionário. – Saitou falou sério – E se você continuar a gritar com ela, vou ser obrigado a chamar a polícia...

O cara grunhiu algo e mostrou o dedo para Minako. Ela sacudiu a cabeça inconformada, murmurando o quão típico era aquele comportamento. Saitou olhou feio para ela.

— O que foi?!

— Você arrumando briga com um cara bêbado em um bar!

— Eu trabalho em um bar cheio de caras bêbados e chatos! – ela retrucou – Ele nem ia partir para a briga de verdade. Foi só falar de polícia que ele deu no pé!

— Mas ele podia... – Saitou grunhiu, irritado, enquanto coçava um dos olhos com a palma da mão – Toma cuidado.

— O Mamoru vai ficar na sua casa hoje? – ela perguntou com um tom que soava desinteressado, mas não era nenhum pouco.

— Talvez. – Ele respondeu depois de olhar para Mamoru, cruzando os braços – Você pode ficar também. Não tem problema nenhum.

— Tudo bem. – Ela balançou a mão – Eu fico aqui embaixo e...

— Não, Aino. A gente fecha o bar, você sobe e dorme um pouco. Recebe a entrega as 7h e depois vai para casa.

Ela olhou para ele por algum tempo.

— Eu estou falando sério. Não é como se eu estivesse te oferecendo algo além do sofá com umas molas soltas para dormir...

— Você ainda está com o mesmo sofá velho, Kun?

— Bom, você mesmo disse que só estava interessada no sofá. – ele respondeu, sacudindo os ombros – Não podia jogá-lo fora.

— Eu vou... – Minako falou – Arrumar alguma coisa para fazer e... Tchau.


— Cadê o Mamoru? – Minako perguntou, colocando a bolsa no lugar de sempre. Ela parou por alguns instantes e pensou no quão absurdo era a bolsa dela ainda ter um lugar na casa dele.

— Pediu um táxi e decidiu ir para casa. – A resposta dele estava distante.

— Ele parecia péssimo. – Ela sentou no sofá e começou a puxar os cadarços do coturno. - Ir para casa sozinho é seguro para ele?

— Ele está apaixonado.

— Por favor, me diz que não é pela Usagi! – Ela pediu enquanto puxava o coturno do pé esquerdo com muita força. Ela não tinha soltado os cadarços direito e agora o sapato não saia do pé de jeito nenhum.

— É pela Usagi. – Ele jogou o travesseiro no sofá. – Desculpe, mas não posso mentir assim.

Minako murmurou algo baixo sobre como Saitou nunca podia mentir e como aquilo não ajudava em nada manter um diálogo saudável. Por que as pessoas achavam que sempre falar a verdade era uma coisa boa?

— Eu posso ficar no sofá. – Ele ofereceu um cobertor para ela, o dela. Não, não era o cobertor dela. Era o cobertor laranja com flores amarelas em aquarela que ele comprou para ela. Para os fins de semana que ela ficava enroscada com ele no sofá, fingindo que iam assistir algo na TV, mas nunca escolhendo um filme de verdade. Saitou franziu o cenho sem entender a demora dela em pegar o que ele estava oferecendo. Com uma pontada que só o reconhecimento de algo que foi rotineiro no passado e que não se repete mais no presente, ele aproximou o cobertor para perto do corpo dele. Ao mesmo tempo ela puxou uma das pontas e o cobertor escorregou. – Você fica com...

— Negativo. – Ela pegou o cobertor e o estendeu no sofá. – Eu vou acordar mais cedo. No sofá eu não te incomodo.

— Aino...

— Não precisa gastar suas palavras, Kun. – Ela começou a amassar o travesseiro em um dos cantos do sofá – Assim é melhor.

— Você que sabe. – ele respondeu.

— O que você acha de nós armamos para juntar o Mamoru e a Usagi? – Ela mudou completamente de assunto. O clima estava estranho, ela não queria ir dormir naquele clima.

— Eu não vou me meter nisso. – Ele nem pensou antes de responder. Porque, claro, que ele não ia se intrometer na vida dos outros.

— É sério! – ela disse mais animada – Ele está apaixonado por ela – Saitou fez um barulho meio de descrença meio de dor (ele não devia ter falado aquilo para ela) – Usagi meio que gosta dele e...

— Usagi meio que gosta dele? – Saitou repetiu as últimas palavras. Ele não sabia como era possível gostar de alguém pela metade.

— Ela não admite, mas tem sentimentos...

Saitou bufou baixinho e coçou os olhos:

— Não estou dizendo que concordo... Amanhã a gente conversa sobre isso. Vamos dormir.


Minako acordou assustada com barulho. Até conseguir reconhecer onde estava e descobrir onde raios estava o celular que era a fonte do barulho, ela caiu do sofá. Claro, mais barulho. Ela tinha exatos 20 minutos para estar acordada e apresentável para pegar a entrega lá embaixo. Ela só queria se enroscar de novo no cobertor e voltar para o sofá. Resmungou algo enquanto buscava os coturnos no chão.

— Minako, o que você está fazendo?

Ela parou a busca pelo coturno e olhou para cima. Saitou estava encostado no portal do quarto, coçando os olhos e de pijama. Ela abriu a boca para falar algo e deixou para lá porque ou seria um xingamento ou um elogio. Ela não queria falar nenhum dos dois. Mas ela estava mesmo surpresa com o uso do primeiro nome. Houve um tempo que era assim que eles faziam, mas já fazia anos que eles não se chamavam um ao outro a não ser pelo sobrenome.

— Volta para a sua cama, Kun. – Ela colocou os coturnos e amarrou os cadarços de qualquer jeito. Quanto mais rápido ela terminasse, mas rápido ia sair dali.

— Por que você não está na cama? – Ele parecia confuso demais. Era cedo demais, mas não era para tanto. Aquele papo de ter um bar para não acordar cedo fazia todo sentido.

— Kun, são menos de 7 da manhã. – Ela levantou e o manobrou pelos ombros em direção da cama – Eu vou cuidar da entrega, você pode voltar a dormir.

Ele se deixou levar por ela até o pé da cama, ainda estava coçando os olhos e com uma expressão de quem estava com dificuldade de raciocinar. Ele concordou com a cabeça e se sentou na cama. Antes que ela conseguisse se afastar, ele a abraçou pelos quadris e encostou a cabeça na barriga dela.

— Volta... – A voz dele era um suspiro. – Volta para mim.

A voz dele estava abafada já que a boca dele estava grudada no tecido da camiseta dela, mas não tinha como não entender o que ele tinha falado. Em vez de responder, ela tirou os braços dele de onde estavam e o empurrou com uma das mãos para a cama. Um Saitou com sono era quase um Saitou bêbado. Ela só esperava que ele não se lembrasse disso depois porque ela não queria.