O sol amanhecia por trás das grandes montanhas africanas. A noite, que tinha tomado conta por horas, agora dava espaço para a luz solar aparecer. As estrelas começavam a sumir uma por uma, mas ainda enfeitavam o céu, mesmo que espalhadas e longe umas das outras. O céu apresentava uma mistura de azul escuro e laranja.
Correndo pela grama, uma leoa, exausta, finalmente colapsa no chão. Ela havia corrido a noite inteira e não tinha parado para descansar um minuto. Deitada sob uma frondosa árvore, a leoa, Kamari, olha para cima.
A árvore parecia estar habitada. Ela pode ver, de longe, badulaques e quinquilharias penduradas sobre os galhos.
Usando as últimas forças que seu corpo continha, Kamari se esgueirou sobre o tronco e começou a escalá-lo. Suas fortes garras a mantinham presa à árvore, ao mesmo tempo que a impulsionavam para cima. Chegando ao topo, a leoa se deparou com uma espécie de casa. Havia frutas em um canto dos galhos, e um pouco de água sobre uma tigela. Parecia que alguém a esperava e havia deixado presentes para ela.
Faminta, a leoa atacou as frutas com um apetite voraz, melecando toda a boca no processo. Depois bebeu um pouco da água, o que recuperou suas forças. Antes de poder virar-se, ela ouviu uma voz, o que a surpreendeu:
"Geralmente, eu vejo leões caçarem comida, não roubá-la dos outros."
Kamari abriu a boca com surpresa, e virou-se para a voz. O que ela viu foi o morador da árvore - um babuíno, olhando para ela com um olhar sereno no rosto e um sorriso presunçoso.
A leoa, envergonhada, tentou se explicar. "E-eu sinto muito, senhor. Eu posso explicar-"
O babuíno olhou para as frutas, marcas de dente poderosas estavam cravadas nelas. "Ora, leões não comem frutas. Que tipo de leoa é você, pequena?"
"Eu... eu posso recuperar suas frutas." - Kamari tentou sorrir, mas sua face estava congelada com uma expressão assustada. Tudo o que ela conseguiu fazer foi sorrir de canto, um semblante apreensivo ainda preso em seu rosto.
O babuíno começou a rir. "Não é preciso. Diga, qual o seu nome?"
"K-Kamari."
"Hmm..." - ele coçou a longa barba branca. "E o que veio fazer aqui?"
"Eu estava apenas fugindo.. e encontrei essa árvore, e.. acho que já vou indo-"
"Não, espere. Fique" - ele a pediu com uma voz suave, o que fez Kamari estremecer. "Rafiki gosta de histórias."
'Rafiki? Este é seu nome?' - Kamari pensou. "Amigo.." talvez, eu possa confiar nele...'
Ela olhou para Rafiki, que se sentou no chão, à altura dos olhos de Kamari, e sorria amavelmente para ela. "Conte sua história a Rafiki. Talvez Rafiki possa ajudá-la."
"Por que me ajudaria?" - Ela perguntou, desconfiada.
"Porque...", ele coçou a barba branca novamente. E, pela primeira vez em muito tempo, ele não tinha uma resposta pronta. Só sabia que havia simpatizado com a pequena leoa, e queria que ela ficasse um pouco mais com ele.
Às vezes, ele se sentia solitário naquela frondosa árvore. Era bom ter uma companhia de vez em quando.
"Porque... Bahh, conte sua história, que Rafiki responde depois."
"Tudo bem.. 'Rafiki'" - Ela começou. "É uma história longa. Tem certeza de que quer ouvir?"
"Rafiki tem", Rafiki respondeu. "Conte-a logo."
"Certo."
Tudo começou assim...
