Assim que todos subiram com segurança ao barco para partir da ilha em que Enishi havia mantido Kaoru como refém, Kenshin soltou um longo e forte suspiro.
Finalmente, tudo acabara.
Quando ele havia visto o corpo de Kaoru inerte presa numa parede por uma espada, com um corte em forma de cruz em sua bochecha esquerda, ele sentiu o mundo cair debaixo de seus pés.
Medo, angústia, frustração, raiva, uma enorme depressão e, acima de tudo, o desejo de não mais viver.
Tudo o consumia muito intensamente.
Então, quando Tomoe apareceu em seus sonhos e sorriu para ele, falando que alguém ainda esperava por ele...
Ele sentiu esperança. Ele sabia: Kaoru aguardava por ele.
E agora, seguindo seu caminho para Tokyo com Kaoru e seus amigos, Kenshin fechou os olhos. Ele estava cansado. Tentou respirar profundamente, mas percebeu que não conseguia por completo. Ele estava com algumas costelas quebradas. Ele queria cair no chão ali mesmo e deixar o sono lhe levar.
Mas, ainda não.
Ele ainda não podia relaxar por completo.
Ainda havia algo ali, um medo contido no fundo de seu ser.
Ele virou o olhar em direção a Kaoru, que estava recebendo abraços ansiosos de seus amigos.
Megumi veio na direção de Kenshin depois de pegar prontos socorros.
- Você vai ser o primeiro a ser tratado, Ken-san. Seu estado é grave!
Kenshin a ignorou, indo na direção de Kaoru. Ela percebeu sua aproximação e o olhou nervosa, com expectativa. Yahiko, Sanosuke e os outros deram alguns passos a distância para dar espaço aos dois.
Então Kenshin de repente segurou os dois braços de Kaoru, colocando mais força do que ele pretendia.
Seus olhos eram firmes e sua boca estava em uma linha reta.
- Ken...? – Kaoru começou, mas Kenshin a interrompeu.
- Eles fizeram alguma coisa com você? – Kenshin falou duramente.
Todos olharam apreensivos.
Kaoru piscou os olhos, ainda absorvendo a informação.
- Você estava sozinha em uma ilha com todos aqueles homens. – Kenshin continuou, e então sua expressão ficou mais fria. – eles lhe machucaram? Eles... lhe tocaram?
Então ela entendeu.
Kaoru percebeu toda a tensão que havia em Kenshin quando ele a segurou com suas mãos geladas. Ela manteve a voz calma, e falou de uma forma melódica, quase como uma canção de ninar:
- Não, Kenshin. Ninguém fez nada de mal à mim. Claro que... houveram tentativas...
Kenshin apertou ainda mais os lábios, nervoso.
- ...mas Enishi garantia minha segurança. Acho que ele não suporta a ideia de qualquer mulher da idade de Tomoe passar por algum tipo de violência... e, bem... ele me protegeu.
Kenshin arregalou os olhos em leve espanto, assim como os outros.
Seus olhos de repente acumularam algumas lágrimas e sua voz era mais calma quando ele falou:
- Me desculpe ter demorado tanto... –
Então Kaoru simplesmente o abraçou.
- Obrigada por ter vindo, de qualquer maneira.
Kenshin respirou de seu perfume e então ele sentiu o alívio que aguardara a tanto tempo.
Finalmente... estava tudo bem...
Kaoru sentiu o peso do corpo de Kenshin em seus braços, então ela viu... ele havia apagado.
- Oh, meu Deus! Eu disse que ele tinha que ser tratado logo! Ele consegue ser bem teimoso quando quer! – disse Megumi vindo as pressas, e com a ajuda dos outros, ela conseguiu leva-lo para ser examinado.
Kaoru apenas sorriu calmamente.
