Esta fic é uma outra versão de "Um intruso em minha cama", que eu publiquei há alguns meses. Aconselho que os leitores dêem uma olhada na versão original antes de lerem esta, mas não é nada obrigatório, pois esta é perfeitamente compreensível isoladamente.
"Um intruso em minha cama" original é uma fic inocente e que ressalta a parte emocional dos personagens. Esta é mais "caliente", com lemon yaoi. Por isso, se você não gosta, pare de ler agora. Mas se você é fã do estilo, como eu, divirta-se. 3, 2, 1...LET IT RIP!
Um intruso em minha cama
Lemon Version
Parte 1
Odeio isso. Odeio. Odeio ter que ficar aqui jogado em cima de uma cama bagunçada, sobre lençóis amarrotados e travesseiros duros, ouvindo as gargalhadas que vêm da sala. Odeio ter que ficar admirando as telhas quebradas, por falta de coisa melhor para fazer. Mas sei também que odiaria estar lá com eles, rindo como um idiota, comendo pizzas e doces italianos, bebendo um vinho de quinta categoria que o Ray conseguiu por aí clandestinamente.
Será que eles não percebem? Estamos aqui, perdidos na Europa, sem companhia, sem dinheiro e sem segurança. Deveriam estar preocupados agora. Não com o fato de estarmos em um continente estranho – porque eu confesso que também não estou – mas com nossos novos adversários, com as feras bit gigantes deles. Os Majestics. Não fui com a cara de nenhum deles. Não gosto muito de gente rica. Mas eu sou rico. Rico não; milionário. Ou será bilionário? Trilionário? Não faço idéia. Nunca me importei realmente com isso. Quando era criança e tinha acabado de perder meus pais, meu avô enviava muitos presentes caros. Lembro da alegria com que minha babá me trazia os embrulhos coloridos. "Kai-chan, olhe que lindo presente o Sr. Voltaire lhe mandou!" E eu ficava me perguntando quem era aquele misterioso "Sr.Voltaire". Por que aquele tal de "Sr.Voltaire" não vinha me dar o carinho do qual eu tanto precisava? Por que aquele "Sr. Voltaire" não percebia que eu não queria brinquedos inúteis, mas sim alguém em quem eu pudesse confiar? Então eu me enraivecia e quebrava tudo, dava as costas para a minha tutora e para seus malditos embrulhos coloridos. Ela censurava, dizia que todas as crianças do mundo gostariam de ter o que eu tinha, gostariam de ter um avô como o meu, blá blá blá.
Até que, um dia, um homem baixo e pançudo apareceu no meu quarto, onde eu chorava desesperadamente, com saudades dos meus pais, sem nem ao menos entender direito o que tinha acontecido a eles. Quando percebi a entrada daquele homem, engoli os soluços e escondi as lágrimas, me encolhendo sob os lençóis da minha cama. Mesmo sem vê-lo, eu sentia o olhar penetrante dele invadindo minha carne. Não entendi bem o que ele conversava com a mulher que cuidava de mim. Mas algum tempo depois minhas malas estavam prontas e eu estava sendo banhado e vestido com minhas melhores roupas. Segui viagem ao lado dele, em silêncio. Para mim, não fazia a menor diferença saber quem ele era, nem para onde estava me levando. De repente, o frio. De repente, uma abadia escura e triste. De repente, um outro homem, ainda mais repulsivo do que aquele que segurava minha mão, num contato gélido e desagradável. Não lembro de mais nada a partir daí. Imagens esparsas e confusas se misturam em minha mente.
Que droga! Começou a chover. As goteiras me incomodam. Este barraco caindo aos pedaços que arranjamos para dormir está quase desabando sob o ímpeto furioso da água. Mas as gargalhadas na sala não cessam. Bando de idiotas.
Apago a luz do quarto e volto resignadamente à "cama". Tento me acomodar da melhor forma possível. Mas será que eles não vão parar de rir?
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Abro os olhos lentamente. Eles encontram apenas a escuridão impenetrável da madrugada. Tento me sentar na cama e esbarro em alguma coisa, que depois percebo ser uma pessoa. Não há dúvida. Estes cabelos compridos roçando na minha pele, esta respiração agitada, este corpo ligeiramente rechonchudo...
— Filho duma... – inflamo de raiva.
Levanto bruscamente e me dirijo ao interruptor. Faltou energia. Droga. Abro a janela. A chuva parou e a lua brilha majestosamente no céu, banhando o aposento com uma luz prateada. Ele acorda. Faço minha expressão mais ranzinza e assustadora para ele, que revida com uns olhinhos vermelhos e sonolentos, que comoveriam qualquer um. Mas a mim, não. Ou pelo menos eu espero que não.
— Kai... – a voz está engrolada por causa do vinho – fecha, tá fazendo frio.
Esforço-me ao máximo para continuar com a carranca. Queria poder ter algo bem rude para dizer agora. Como não tenho, permaneço calado e imóvel, sem saber o que fazer. Ele se levanta vagarosamente e cambaleia na minha direção. Eu quero acreditar que não estou tremendo. Mas eu sei que estou.
— Kai... então tá! Se você não quer fechar a janela, é você mesmo que vai ter que me aquecer!
Ele se atira em cima de mim, num abraço desajeitado.
— Tyson! Pare imediatamente com isso! – eu finalmente consigo falar.
Mas ele, como sempre, não ouve.
— Nossa, Kai, como seu corpo é bonito...
E continua brincando comigo, rindo para mim, de mim... E eu não posso agüentar mais. O calor dos braços dele envolve minha cintura, e ele se delicia vendo minha incapacidade de me defender, numa diversão quase infantil... Até que eu perco definitivamente o controle, e cubro os lábios dele com os meus. Não carinhosamente, mas com violência e voracidade, como para mostrar quem manda.
Ele resiste no princípio, mas logo seu corpo amolece em meus braços, e ele se entrega, como o escravo faz ao seu senhor. Separo meus lábios dos dele súbita e bruscamente, e ele me olha suplicando por mais, mais, mais...
Conduzo-o até a cama, de forma nada gentil. Eu o obrigo a se deitar, mesmo que não seja necessário. Fico de quatro sobre ele, segurando seus pulsos com força.
— Kai...
— Você pediu. Agora, vai ter.
