Shiro Usa-chan
Beta-reader: Darklizalfo
Duo caminhava despreocupado pelas ruas noturnas, bem iluminadas da cidade de Tókio. Ele não tinha para fazer, estava totalmente desocupado, apenas observando as pessoas seguirem para sabe-se lá onde elas estivessem indo. Passados alguns minutos algo o surpreendeu. Ao longe ele viu um circo que parecia bastante interessante. O rapaz correu até o local sentindo-se empolgado. O local era enorme deveria ter espetáculos bastante diferentes. Chegando lá na entrada viu o cartaz do circo onde se lia "Shiro".
- Shiro? O que quer dizer?
- Significa branco! – Disse uma voz meiga as suas costas. O rapaz virou-se para ver quem falava e não encontrou nada. Voltou-se para frente confuso, mas ali só havia um coelhinho de pelúcia extremamente branco, de olhinhos azuis escuros, um pouco brilhante. O rapaz olhou para os lados ainda a procura da voz, mas não havia nenhum ser humano ali.
- Só tem eu aqui. Não fique procurando! – Disse a voz novamente, deixando o rapaz a sua procura e fazendo-o olhar mais uma vez para o coelhinho branco de pelúcia que tinha um olhar maldoso no rostinho fofo, um olhar que antes não estava ali.
- Será que... É você que está falando? – disse Duo se agachando e ficando em frente ao coelhinho, observando-o confuso. Ele não poderia estar falando. Era impossível, no mínimo improvável – Acho que é impossível!
- Não é não! – Falou o coelhinho lançando um olhar irritado e gelado para Duo.
- Não acredito! Você fala? E tem olhar assassino! – Gritou o rapaz bastante surpreso e caindo sentado.
- Eu faço muito mais! – Respondeu a pelúcia de olhos azuis cerrando um pouco mais os olhos.
Duo não podia acreditar aquele coelhinho de pelúcia estava falando, movendo a boca e os olhos. Era macabro. Ele pegou o a pelúcia e começou a observá-la de perto. Seus grandes olhos violetas esquadrinhavam cada pequena parte do bichinho, os cabelos longos castanhos, trançados agora se encostavam, no chão. O rapaz levou a pelúcia para perto do rosto e encostou-se nela, sentiu a maciez e depois um pouco de calor que vinha do coelhinho, depois o afastou ainda mais surpreso enquanto observava as bochechas da pelúcia ficarem vermelhas.
- Você vai entrar no circo ou não? – Disse o coelhinho muito irritado para o rapaz – Ele já vai fechar.
- Eu acho que não. Encontrei algo mais interessante! – Disse pegando a pelúcia no colo e levantando-se para ir embora – Vou levar você para minha casa, quero conhecê-lo melhor.
- Mas meu lar é no circo! – grunhiu a criaturinha branca.
- Não se preocupe, amanhã eu o trarei de volta!
- Não seja idiota! Amanhã talvez ele não apareça aqui... hun. Viu? Já foi!
- Como assim? – Perguntou o rapaz se virando para observar o local onde deveria estar o circo. Mas, ao se virar, não encontrou nada, apenas um enorme espaço vazio – desapareceu? O.O
Duo virou-se e continuou a andar. Ia para casa imediatamente com aquele coelhinho macabro. Ia tomar um banho, deitar na sua cama, amanhã tudo estaria normal e aquela pelúcia maldita não falaria mais.
No outro dia...
- Acorda! Acorda! ACORDA! ACORDA BAKA!
- Mais cinco minutos... Hum? Quem está falando? – O rapaz de trança virou-se para o lado para ver e lá estava o coelho branco do dia anterior com o mesmo olhar. Pronto. Ou ele estava definitivamente louco ou aquilo estava realmente acontecendo. – Não acredito! Não foi um sonho?
- Não. Você foi ao circo, me achou e me tirou de lá que era meu lar. Agora é responsável por mim. Meu nome é Heero Yui, eu costumava ser humano – Respondeu a pelúcia enquanto Duo quase subia pelas paredes. Por que ele? Por que ele era obrigado a viver aquele pesadelo maluco?
- E... eu não acredito nisso! – Disse distanciando-se das paredes.
- No momento eu sou um coelho de pelúcia falante, mas esqueça isso. Você tem que me levar de volta para o circo!
- Por que? – Perguntou o rapaz arqueando uma sobrancelha.
- Meu corpo está lá e eu já disse a você, lá é o meu lar! – Respondeu a criatura descendo da cama - Me leve até lá o mais rápido possível!
- Mas não foi você que disse que talvez o circo não estivesse lá? – Perguntou o rapaz irritado com a pelúcia branca – Sem contar que ele desapareceu ontem, lembra?
- Eu sinto meu corpo! Então imagino que ele esteja perto!
- Vamos lá mais tarde. Não sei se você sabe, mas eu tenho minha vida. Vou para a faculdade e... Veja a hora, parece que eu estou quase atrasado. – O rapaz se levantou com um salto e correu pelo quarto tirando o pijama e vestido às roupas rapidamente. O coelho branco apenas o observou tendo o pressentimento de que talvez ele não voltasse ao circo nunca mais se dependesse dele.
Duo terminou de se vestir, arrumou o cabelo e jogou uma água no rosto, não podia nem pensar em tomar um banho. Voltou para o quarto e apanhou a mochila observando a pelúcia levemente irritada. Então foi até ela e a pegou no colo dizendo:
- Escute, eu prometo que o devolverei ao circo, mas entenda que eu tenho meus afazeres. Eu vou levá-lo comigo dentro da minha mochila, portanto comporte-se, ta? – completou dando uma piscadela oferecendo a mochila aberta para que Heero entrasse. Ele o fez com a face fofa que, antes branca, ficara totalmente rubra. De certa forma o sorriso e o olhar do rapaz eram bem convincentes e encantadores. Duo alargou o sorriso, colocou a mochila nas costas e perguntou – Está confortável?
- Não muito. – respondeu Heero irritado.
- Me desculpe Usa-chan! – Pediu Duo, saindo do apartamento com um sorriso resignado.
- Não é Usa-chan, é Heero! – A face ainda mais rubra.
- Se não é Usa-chan, então é Hee-chan! – Falou o rapaz apertando o botão do elevador calmamente, rindo-se do apelido que dera para o coelhinho – Hee-chan é tão kawaii.
- Maxwell, pare de falar sozinho! – Disse uma voz irritada às costas de Duo.
- Wu Fei!...ÙÚ Bom dia para você também! – Falou o rapaz de trança para o outro – Você está excepcionalmente bonito hoje! – Elogiou o rapaz observando-o. Ele usava uma roupa toda preta, simples e um pouco colada ao corpo para fazer exercícios, o que deixava seus músculos um pouco a mostra. A pele branca contrastava com as vestes negras, os olhos e os cabelos levemente longos.
- Maxwell, o que você quer? – Perguntou o outro rapaz.
- Vamos ver... Eu quero tomar café da manhã, mas eu não vou poder porque eu estou atrasado para ir a faculdade, então vamos ver... Eu gostaria... que um belo amigo meu de cabelos negros, que acaba de sair de casa e se prepara para seus exercícios matinais, me levasse de carro!
- Ahhhn! Tudo bem. Vou na mesma direção que você mesmo – respondeu o rapaz com olhar irritado.
- Viu, Hee-chan? Vamos de carro para a faculdade. A propósito... – falou Duo já entrando no elevador com Wu Fei e observando o vizinho com um olhar analítico e malicioso – Será que você vai fazer exercícios tão longe apenas para ver de relance o local onde o magnífico Treize Kushrenada está trabalhando?
- Calado Maxwell! Ou vai ficar sem carona...e sem dentes Oó – Ameaçou Wu Fei enquanto apertava no botão do térreo fazendo Duo se encolher um pouco.
- Certo... Hee-chan, não se preocupe. Ele é legal embora não pareça! u.u' – Disse o rapaz olhando para a mochila ainda assustado.
- MAXWELL, está me irritando! Quem raios é esse Hee-chan com quem você está falando? – Rosnou o rapaz de cabelos negros ao outro rapaz.
- Meu coelhinho branco, fofinho, de pelúcia que eu encontrei ontem! O nome dele é Heero Yui segundo ele... Vou leva-lo comigo a faculdade hoje. – O elevador parou e eles se dirigiram em direção a um carro preto enquanto Duo acariciava carinhosamente a mochila.
Aquela situação estava deixando Wu Fei assustado e bravo. O seu vizinho só podia estar louco por quatro motivos: primeiro porque ele lhe pediu uma carona, segundo porque ele estava falando sozinho, terceiro porque ele estava irritando-o com aquilo e quarto porque ele ousara citar seu ex-namorado em uma conversa comum. Wu Fei estava se perguntando se havia algum hospício no caminho quando entraram no carro. Infelizmente não havia um. Aquilo era uma injustiça, na sua opinião. Ele nunca tinha o que precisava quando precisava. Eles já estavam saindo do estacionamento e Duo ainda falava sobre a pelúcia. Se tivesse continuado naquilo tudo bem, no entanto ele resolveu mostrá-la a Wu Fei e o tirou da mochila deixando o rapaz chinês irritado.
- Maxwell, guarde esse brinquedo ridículo agora ou eu te jogo para fora do carro sem cerimônias!
- Mas olha, ele não é lindinho? E ele fala, sabia?... Hee-chan, fale pro Chang – Pediu Duo olhando para a pelúcia que estava imóvel. Ele olhou novamente e a sacudiu, virou-a se cabeça para baixo e começou a apertá-la.
- PAREEEEEE! – Gritou a pelúcia assustando todos no carro e fazendo Wu Fei pisar no freio com tanta força, que o carro rodou na pista antes de parar. Sorte a deles que a rua estava vazia.
- Essa... essa coisa está falando? – Perguntou o chinês.
- É como eu lhe disse, ele fala – Falou Duo.
- Eu me chamo Heero Yui – Falou a pelúcia oferecendo o braço fofo para Wu Fei que o segurou e o apertou ainda assustado.
- Ah... Bom... Prazer! Chang Wu Fei! – Falou o chinês tentando ligar o carro que, com toda aquela confusão, havia morrido. Ele girou a chave na ignição, mas não adiantou, o carro não ligou – Não está funcionando... Injustiça. Não tem nenhum mecânico por perto!
- De qualquer forma precisamos tirar seu carro do meio da rua antes que algum outro carro venha – Falou Duo calmo.
- E como vamos fazer isso?... Não! Isso não! – Disse Wu Fei colocando a testa na parte superior do volante – Tá legal! Vamos empurrar.
Wu Fei saiu do carro e começou a empurrar para o acostamento enquanto Duo ficara controlando de dentro dizendo-lhe para onde empurrar. Quando terminou de empurrar, o chinês voltou para o carro para pegar suas coisas.
- Fizemos um bom trabalho empurrando-o até aqui! – falou Duo observando o chinês que parecia extremamente cansado.
- Ah... mas... mas O QUE ESTÁ DIZENDO SEU PILANTRA! EU EMPURREI SOZINHO! – gritou o rapaz de cabelos negros percebendo que havia feito todo o esforço sozinho.
- Você não me pediu ajuda... – Respondeu Duo rindo-se.
- Tudo bem. De qualquer forma eu tenho que ir atrás de um mecânico e você tem que ir para a faculdade... – O rapaz fechou o carro e olhou para o outro que agora fazia carinho na pelúcia branca – Conte-me mais sobre ele.
- Bom, vamos ver... Eu não sei muito. Eu o encontrei ontem na frente de um circo que era o lar dele e o levei de lá para minha casa. Eu pretendia devolvê-lo ao circo, mas ele desapareceu quando eu estava saindo de lá – O rapaz de olhos violetas olhou para o amigo que o olhava com cara de quem não acreditava dele para a pelúcia – Você não acredita não é?
- Ele está dizendo a verdade! – Falou a pelúcia para Wu Fei.
- Depois de vê-lo – Disse ele apontando para o coelhinho – eu não duvido de nada.
- Então continuando, ele na verdade é um mágico! – Disse o rapaz alegre – Eu não sei como ele ficou assim, mas é incrível. Imagino se tem algo mágico naquele circo! Tem, não tem, Hee-chan?
- Tem sim! Se não me engano ninguém que entrou lá quis sair mais e também aquele local sobrevive com os desejos das pessoas. Viaja de cidade em cidade procurando talentos que se apresentam para um público jamais visto. Outra coisa, não é qualquer um que pode vê-lo, talvez vocês sejam especiais, por isso podem se comunicar comigo também.
- Como assim? – perguntou o rapaz de cabelos negros.
- Não sei explicar, mas eu não tenho corpo nesse mundo, só naquele que faz parte do circo. Quem sabe vocês sejam os novos integrantes que estávamos procurando? Mês passado, dois de nossos integrantes quiseram voltar as suas vidas humanas e abandonaram o espetáculo, imagino que ter encontrado vocês não seja por acaso!
- Eu não sou palhaço! Não vou a nenhum circo! – Falou Wu Fei.
- Que INTERESSANTE! Eu quero ser o que amestrador de leões -!
- Já temos um amestrador. Na verdade ele até conversa com eles U.U – Respondeu a pelúcia séria – De qualquer forma só saberemos quando vocês chegarem lá.
- Entendo... De qualquer forma preciso chegar a faculdade então vou pegar um ônibus. Wu-chan, nos vemos mais tarde, precisamos ir visitar aquele circo não é? – Duo correu para um ponto próximo onde um ônibus acabara de chegar.
- Eu passo na faculdade para almoçarmos juntos – Gritou Wu Fei vendo Duo acenar e concordar com a cabeça antes de sumir atrás do enorme veículo. E assim o chinês finalmente se lembrou de ligar para o mecânico e para seu ex, a quem prometera encontrar perto do local onde o mesmo trabalhava. Aquele provavelmente seria um dia interessante e cheio.
