Disclaimer: as personagens de Harry Potter não me pertencem.
Capítulo I
- Espero que entenda a minha posição, Sr. Malfoy. Os seus pais são pessoas de bem, eu respeito-os muito, mas a sua insolência está a ultrapassar todos os limites. Terá de mudar a sua atitude ou correrá o risco de ser expulso.
Draco sorriu de canto, mas não disse nada.
Já era a quarta vez que era chamado ao gabinete do Director e sempre recebia sermões que duravam uma vida inteira. O discurso era sempre o mesmo; Albus Dumbledore parecia um disco riscado: "A sua atitude é inadmissível, blá blá blá, terá de parar, blá blá blá, expulsão." Se alguém lhe pedisse, ele recitaria tudo o que o Directo estava, neste momento, a dizer, num piscar de olhos. Será que ele não se tocava que Draco não queria saber? Os Malfoy eram a família mais temida de toda a sociedade, extremamente ricos, e pagavam mais a esta escola que todos os alunos juntos. Dumbledore nunca se atreveria e expulsá-lo ou perderia a sua mesada. Tão simples quanto isso.
- Estamos entendidos?
Draco percebeu que o Director já tinha acabado o seu discurso do dia. Olhou o relógio. 13.30. Wow, desta vez foi rápido, apenas duas horas! Normalmente, nunca era menos de três.
- Sim, Director – respondeu na voz monótona que sempre adquiria cada vez que falava com um professor.
Dumbledore reparou que Draco não tinha ouvido nada do que lhe tinha dito. Suspirou. Estava farto. Se ele não queria mudar, não era ele que o iria obrigar. Os pais que o educassem; afinal era esse a função deles. No entanto, tinha de admitir que não queria expulsá-lo. A sua família doava muito dinheiro à escola privada de Hogwarts e, se o Directo perdesse esse dinheiro, seria muitíssimo mau.
- Sr. Malfoy, eu não vou importuná-lo mais.
Draco olhou pela primeira vez para o Director desde que entrou naquela sala.
- Não? – perguntou surpreso.
- Já é a quarta queixa que eu recebo do Sr. Não vai às aulas, agride os seus colegas, falta ao respeito aos professores… - Dumbledore deu um suspiro cansado e acomodou-se na sua cadeira. Já que não poderia expulsá-lo teria de fazer outra coisa. Se os outros alunos vissem que Draco não estava a ser punido pelos pequenos delitos, seria o caos nesta escola. Isso nunca poderia acontecer. Hogwarts tinha a reputação de ser a escola mais prestigiada do país e era assim que iria continuar.– Acho que umas visitas a Madame Pomfrey irão acalmá-lo por uns tempos.
- A psicóloga?
- Sim, Sr. Malfoy. Irá visitá-la duas vezes por semana.
- Você não pode fazer isso! – protestou Draco, levantando-se da cadeira em que estivera sentado. Encarou o Director ameaçadoramente. – Sabe muito bem que não pode fazer isso.
- Não só posso como vou. O Sr. tem andado fora do controle, ultimamente e se não consegue mudar as suas atitudes, nós o faremos por si.
- Espere só até o meu pai saber disto!
- O seu pai já foi informado. Ele também anda muito preocupado e concorda com as medidas tomada por esta escola. Serão apenas duas horas por semana, a seguir às aulas. Não tomará grande parte do seu tempo.
A porta do gabinete do Director Dumbledore foi aberta tão repentinamente que, uns alunos que ali passavam perto, até saltaram de susto. Eles seguiram com os olhos arregalados Draco sair pela porta com o rosto contorcido de raiva. Passou por entre os alunos sem se incomodar de desviar.
Estava possesso. Como se atrevia aquele velho caduco a fazer uma coisa daquelas? Obrigá-lo a falar com a psicóloga da escola como se tivesse problemas mentais! Sim, ele não se preocupava muito com as aulas e, vez ou outra, dizia aos professores o que bem lhe apetecia. Se se envolvia em brigas era porque tinha pouca paciência para a aturar a estupidez dos seus 'colegas'. Mas isso não queria dizer que precisava de ir chorar à psicóloga como a sua vida era dura. Estava tão vermelho de raiva que podia jurar que fumegava.
Sim, isso mesmo. Draco Malfoy tinha um pequeno problema com a autoridade. Segundo ele, cada um fazia as suas próprias regras e não tinha nada que dar satisfações aos outros; cada um sabe da sua vida. Muitas pessoas admiravam-no. Afinal, não era para mais. Toda viva alma conhecia Draco Malfoy – um rebelde de primeira. Ele era cruel, frio e não dava a mínima para os outros. Os estudos serviam para dar dor de cabeça; a vida era demasiado curta para ser desperdiçada na escola.
Loiro, alto, olhos azuis. Era a perdição de todas as raparigas e a inveja dos rapazes. E também era muito rico. Era só estalar os dedos que todos os seus sonhos se realizavam. Pelo menos, era o que as pessoas pensavam. Alguns idolatravam-no outros desprezavam-no mas, segundo o loiro, todos desejavam ser como ele. Os últimos apenas tinham muita inveja para admitirem.
Basicamente, Draco Malfoy era perfeito.
Dirigiu-se aos jardins e logo viu o seu grupo de amigos. A sua respiração acalmou um bocado, mas ainda continuava furioso. Bom, ao menos podia desabafar com os amigos e todos podiam chamar todos os nomes existentes ao Director.
- Oi, pessoal – cumprimentou-os e sentou-se na mesa ao lado de Jenna.
Com os seus cabelos castanhos e olhos verdes, Jenna Wilson era uma das raparigas mais bonitas da escola, na opinião de Draco. Já tentara alguma coisa com ela, mas Jenna era difícil e desde que começara a namorar Burt era completamente impossível. Totalmente fiel e Burt, que media 1.90m, era muito ciumento.
- O que se passa? – perguntou Jenna que havia notado o seu mau humor. - Nunca te vi tão furioso depois de uma conversa com o Director.
- Pois é, Draco. Como correu o sermão? Ele ameaçou-te com a expulsão outra vez? – Blaise tinha uma expressão divertida no rosto.
Blaise Zabini era o melhor amigo de Draco. Os pais eram velhos amigos, por isso os dois praticamente cresceram juntos.
- Sim, ele ameaçou expulsar-me outra vez. Se calhar achou que eu não tinha ouvido bem nas primeiras mil vezes – disse sarcástico.
- Não me digas que ele te expulsou mesmo? – quem falou foi Burt.
- Claro que não. Mas fez uma coisa muito pior.
- O quê?
Draco suspirou. E se os amigos gozassem com ele? Abanou a cabeça para afastar aquele pensamentos. Se isso acontecesse, ele diria para irem à merda.
- Tenho de ir duas vezes por semana à Madame Pomfrey.
- Não acredito! – exclamou Blaise. – À psicóloga?
- Conheces mais alguma Madam Pomfrey? – retorquiu irritado. Porque eles faziam tanta questão em fazer perguntas óbvias?
- Mas porquê? – perguntou Jenna que estava tão espantada quanto os outros.
- Pelos vistos, o meu comportamento anda fora do controle. Ele diz que umas visitas a Madame Pomfrey me irão acalmar.
- Isso são tretas! – disse Blaise. - Ele só quer impor o respeito. Ainda no outro dia o Cicatriz arranjou uma grande confusão na cantina e foi logo suspenso por três dias!
- O que aconteceu? – perguntou Draco intrigado por ter perdido um momento deaqueles.
- Parece que o imbecil do Weasley ainda não aprovou o namoro do Potter com a irmã. Ficou feio aquilo. Os dois pegaram-se à luta e destruíram a cantina inteira. Agora andam por aí com os olhos negros e cortes em todo corpo.
- Oh, que pena! Tenho de ir ver se eles estão bem – disse Draco com uma voz séria. Por um momento todos olharam para ele como se fosse um extraterrestre mas logo caíram na risada.
Era conhecimento comum que Harry Potter e Draco Malfoy eram inimigos desde sempre. Quando era pequeno, os pais do Potter morreram num acidente de automóvel e ele sobreviveu com apenas uma cicatriz na testa. Desde então, tinha a mania que era um super-herói e que precisava de salvar toda a gente. Draco odiava-o; odiava a forma como todos pareciam adorá-lo. "Coitadinho do pequeno órfão, sofreu tanto na vida e tem um coração tão grande!" Ah, dava-lhe vómitos.
- Agora a sério. Tenho mesmo pena de ter perdido essa cena. Quando é que isso foi?
- Ontem. Acho que estavas no gabinete Director – respondeu Blaise.
Draco bufou. Já tinha de ouvir os seus longos sermões durante horas, agora também era privado do seu divertimento?
- Realmente, o meu dia não podia ser melhor – resmungou.
- Pois eu acho que tenho uma coisa que te vai animar – disse uma rapariga chinesa de longos cabelos pretos.
- Oi, Cho – cumprimentou Jenna. – Eu não estava assim tão esperançosa. O Draco está mesmo com azar.
- O que aconteceu?
- Foi chamado ao gabinete do Director.
Cho Chang apenas franziu o sobrolho. E depois? Não havia nada de novo naquilo. Draco era muito frequentador do lugar.
Blaise respondeu ao olhar interrogativo de Cho.
- Nem queiras saber.
- Bem – disse, afastando o assunto, e sentando-se de frente para Draco – sabes a Pansy?
- Que tem ela?
- Nós somos amigas há algum tempo e, bem, ela conta-me sempre tudo – começou a chinesa, mas foi interrompida por Draco.
- Sim, pois. E isso interessa-me porque…?
Cho sorriu.
- Acontece que ela perguntou-me se tu estavas a fim de alguém.
- Que sorte, Draco! – disse Blaise. – A Parkinson é fogosa! Quem me dera que ela estivesse interessada em mim.
Draco ignorou o amigo e virou-se para a chinesa.
- Perguntou, foi? Sou capaz de aproveitar – sorriu maliciosamente.
- Mas cuidado, Draquito, não te apaixones por ela – zombou Cho.
Os outros riram. Sim, pois, era mesmo do Draco apaixonar-se por alguém!
- Bem, mas do que é que vocês estavam a falar? Aconteceu alguma coisa ao Draco? Não me digas que foi desta que te expulsaram.
Contaram a história a Cho e esta mostrou-se indignada, mas não pareceu muito surpreendida. Aliás, até mencionou o facto de achar estranho o Director não o mandar a Madam Pomfrey mais cedo. Com ele, todos os problemas eram resolvidos daquela maneira – uma visita à psicóloga.
O sinal tocou e os alunos dirigiram-se ao segundo tempo da manhã. Draco e os amigos decidiram que Sociologia era um saco e, portanto, faltaram. Passaram o tempo todo a rir, dizendo mal dos professores e do quão chatos eram os pais. Tal como o loiro, eles tão não queriam saber dos estudos e o ambiente familiar não era propriamente espectacular.
A hora de almoço chegou e o grupo dirigiu-se à cantina para comer. A comida, como sempre, era nojenta; alguém devia dizer à cozinheira que ela era uma merda. A sério, aquilo mais parecia estrume do que outra coisa.
As aulas da tarde passaram à velocidade da luz, o que era estranho pois, para Draco, elas sempre demoravam anos-luz. No entanto, desta vez, Draco deu consigo a desejar que aquela aula de História nunca mais acabasse. Não que estivesse interessado no que o professor Binns estava a dizer. Antes pelo contrário, mal podia esperar para o raio do homem se calar. Mas o fim da aula significava visita a Madam Pomfrey, o que, por sua vez, significava pura tortura.
E era no seu gabinete que Draco se encontrava naquele momento, a ganhar coragem para entrar. Que se foda!, pensou. Vou apenas entrar, ignorar tudo o que ela disser e, ao fim de uma hora, liberdade. E ponto final. Com este pensamento positivo, o loiro entrou. Abriu a porta (sem bater, é claro) e entrou.
Estava apenas uma pessoa lá dentro, mas não era a psicóloga. Draco olhou rapariga de cabelos castanhos um pouco confuso. Quem era ela e o que estava ali a fazer? Tinha a certeza de que esta fora a hora marcada pelo Director. A rapariga notou a sua presença e, sentada na cadeira, virou para encará-lo.
- Olá – disse com um sorriso educado. – Vieste ver a Madame Pomfrey?
Não, idiota, vim ver a professora McGonnagal, teve vontade de dizer, mas segurou a língua.
- Sim. – Limitou-se a dar-lhe um olhar de desprezo. Nunca a tinha visto na escola, mas a julgar pelas suas roupas um pouco largas (e foleiras) para a idade e o seu cabelo demasiado volumoso, percebeu que não era o tipo de pessoa com quem se dava; era mais o tipo de pessoa com quem gozava.
- Estou só à espera de um folheto que ela tem para me dar.
Draco não disse nada.
- É a tua primeira vez?
- Desculpa?
- Se é a primeira vez que vens cá – explicou a morena.
Draco perguntou-se se ela ainda não tinha reparado que ele não queria conversar com ela.
- Sim, porquê? – perguntou, mas arrependeu-se imediatamente. Se ela já falava quando o loiro permanecia em silêncio, bem podia imaginar o que ela não faria se ele formulasse uma pergunta. E não se enganou. Ela entendeu que ele estava disposto a conversar e o seu rosto iluminou-se.
- Não é assim tão mau – disse de forma tranquilizadora como se ele fosse um garoto assustado numa consulta ao dentista. - Vais ver que te habituas. A Madame Pomfrey é muito simpática. Deixa-te sempre à vontade e podes falar com ela sobre o que quiseres. Ela nunca te julga e dá muito bons conselhos – Draco não disse nada. – Algumas pessoas pensam que ir a psicólogo é só para os loucos, mas isso não é verdade e não há mal nenhum em estares aqui – terminou com um pequeno sorriso.
- Sabes, quando tu abras a boca, tudo o que oiço é blá blá blá.
- Não és lá muito simpático – disse chateada.
- Estou a ver que, para além de faladora, também gostas de constatar o óbvio.
A rapariga não se mostrou abalada desta vez.
- Estou a ver que o dinheiro do papá te impede de ser expulso.
- Que culpa tenho eu de ser rico? – devolveu o loiro.
- É por causa de pessoas como tu que vivemos numa sociedade corrupta. Tudo se faz com uma segunda intenção, já nada vale por si mesmo.
Draco riu. De onde vinha esta rapariga? Doutro planeta?
- O mundo é assim desde sempre, querida. – A morena fez uma careta perante a alcunha. – Se não os podes vencer, junta-te a eles.
- Se todos pensassem assim, o mundo seria o inferno.
- Pensei que vivêssemos numa sociedade corrupta, onde tudo se faz com uma segunda intenção e já nada vale por si mesmo. Soa-me a inferno, não achas?
- Depende do ponto de vista.
Draco sorriu vitorioso. Apesar de dar luta, a rapariga nunca teve hipótese. Draco sempre ganhava quando se debatia. Ele ganhava em tudo, fazia parte da sua natureza.
- Não tens hipótese. Admite, perdeste. Eu tenho razão e tu estás errada.
A rapariga ignorou-o e desviou o olhar para a secretária.
- Acho que perdeste toda a credibilidade quando entraste neste gabinete. Provavelmente, és mentalmente perturbado portanto tudo o que sair da tua boca é duvidoso.
- Pensei que os psicólogos não fossem só para os loucos.
- E eu pensei que cada vez que eu abrisse a boca, tudo o que ouvias era blá blá blá. Admira-me que tenhas escutado isso.
Draco ficou sem saber o que dizer. Aquela pirralha deixara-o sem palavras, mas como não o queria dar a entender, mudou de assunto.
- Também te mandaram aqui ou viste por iniciativa própria?
A rapariga pareceu pensar por uns segundos.
- Um pouco dos dois.
- Porquê?
- Foi uma coisa que eu disse. Chegou aos ouvidos do Director e ele achou que eu devia falar com a Madame Pomfrey.
- O que é que disseste? – perguntou. A verdade é que não estava assim tão interessado, mas não tinha nada melhor para fazer.
- Ah, nada de especial. Só disse que ia morrer em 23 dias – disse como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- O quê? – Só posso ter ouvido mal, pensou o loiro.
- Não fiques tão espantado. É verdade.
- E como é que sabes que vais morrer em 23 dias? Tens alguma doença?
- Não.
- Não me digas que prevês o futuro.
- Não.
Draco começou a duvidar da sanidade mental da rapariga.
- Então como tens tanta certeza de que vais morrer em 23 dias? – perguntou, desconfiado.
- Porque me vou matar ao fim desse tempo.
Draco abriu a boca de espanto. E ainda ficou mais confuso quando a viu rir. Só podia ser louca! Ou então estava a gozar com a cara dele!
- Desculpa – disse – é que pensei que tivesses dito que te ias matar.
- E disse.
Draco analisou a situação. Ela havia afirmado que se ia suicidar. E riu. Provavelmente, acha o assunto hilariante. Ok, aquela era a rapariga mais esquisita que o loiro alguma vez havia conhecido. Esqueçam a psicóloga de escola, ela devia ser internada num instituto psiquiátrico!
- A professora McGonnagal também ficou um pouco surpreendida quando eu lhe disse.
- Tu estás a gozar comigo?
- Não – disse simplesmente. – Mas a tua reacção foi engraçada.
Draco arqueou uma sobrancelha. Antes de ter a oportunidade de dizer alguma coisa, porém, Madame Pomfrey entrou no gabinete.
- Peço desculpa pela demora, Srta. Granger. Aqui tem o folheto – disse entregando um papel à morena.
- Ah, não tem importância. Obrigada, Madame Pomfrey.
A rapariga levantou-se e pegou nos seus livros que, Draco notou, eram bastantes. Naquele momento, ela pareceu-lhe vagamente familiar.
- Vai pensar no que conversámos?
- Sim, senhora.
- Muito bem, então pode ir. Até à próxima, Srta. Granger.
- Adeus.
Depois da rapariga sair da sala, Madame Pomfrey virou-se para Draco.
- Ah, Sr. Malfoy. O Directo falou-me de si. Bom – verificou o relógio – temos uma hora. Vamos começar?
Uma hora. Um autêntico desastre. Primeiro, Draco achou completamente inútil o tempo que gastou naquela sala. Madame Pomfrey veio com aquela treta de "pode falar sobre o que quiser, nada sairá desta sala, pode confiar em mim". Treta de psicólogo. No princípio ainda tentou convencer a mulher de que não tinha qualquer tipo de problema e, consequentemente, não precisava de estar ali, mas ela apenas o fitava com um ar de que sabia mais do que ele. Escusado será dizer que Draco não gostou nem um pouco. Ao fim de um quarto de hora, deixou de falar pura e simplesmente. Não ia estar o tempo todo a repetir coisas em que Madame Pomfrey, tão obviamente, não acreditava. Também, quem se importa com o que ela pensa? Certamente que Draco não.
Quando saiu do gabinete, no entanto, outro pensamento se apoderou da sua mente. Granger. Quem era ela? De certo que não era normal visto que ninguém, no seu perfeito estado de saúde, diz que se vai matar como quem comenta o tempo. Então Dumbledore mandou-a ir à psicóloga porque a miúda é doida e quer se suicidar. Draco nunca pensou que algum dia fosse concordar com o Director, mas tinha de admitir que fora uma decisão acertada. Será que os outros professores sabiam? Ela havia dito que contara a McGonnagal, mas e os outros? Estariam a par da rapariga suicida? Reflectiu sobre o assunto e decidiu que, provavelmente, ninguém sabia. Dumbledore devia estar a abafar o caso. Raparia suicida em Hogwarts – seria um escândalo de todo o tamanho. Mas mais preocupante que o escândalo era a tal Granger. Ok, Draco Malfoy estava se pouco importando para os outros, mas quando alguém lhe diz que se vai matar em 23 dias com um sorriso no rosto… Bem, isso mexe com uma pessoa. E foi com a cabaça na miúda estranha que Draco encontrou Blaise à saída da escola.
- Então, como foi com a Madame Pomfrey? Desabafaste tudo o que te vai na alma?
- Cala-te, Blaise.
O amigo riu.
- Ok, ok. Mas agora a sério. Como foi?
- Normal.
Blaise parou instantaneamente de andar.
- Normal? Nada de "aquela mulher é louca, eu vou matar aquele velho caduco"? Só 'normal'?
Draco lembrou-se da morena, novamente, assim que ouviu a palavra matar. Matar. Ela vai se matar. O loiro olhou para Blaise que o fitava como se ele tivesse três cabeças. Eles eram amigos desde crianças, podia confiar nele.
- Encontrei uma rapariga lá no gabinete, uma tal Granger. Já ouviste falar?
- Granger? Hermione Granger?
- Sei lá. Acho que sim.
- Se já ouvi falar? Claro que sim! Ela é insuportável! – Perante o olhar confuso do loiro, ele elaborou. – Tem algumas matérias connosco. É a 'sabe-tudo' que não se cala, sempre com a mão no ar como um mendigo a implorar por uma moeda.
- Acho que nunca a vi.
- Claro que viste. Sempre com o nariz enfiado nos livros, anda sempre sozinha. Não admira, ninguém a atura!
Draco puxou pela memória. Lembrava-se vagamente de uma rapariga que sempre respondia às perguntas dos professores. A imagem dela no gabinete da psicóloga com os livros na mão voltou à sua mente. Sim, já a tinha visto; ele e os amigos zombavam dela algumas vezes.
- Acho que já sei quem é. Uma que tem a mania da superioridade. Está à nossa frente em Literatura.
- Sim, essa mesma – disse Blaise. – Ela estava na psicóloga?
- Sim, parece que se vai matar.
Blaise arregalou os olhos. Depois caiu na risada. Draco ficou confuso. Do que ele se estava a rir?
- Realmente, essa inventa cada uma – disse depois de recuperar o fôlego. – Ela é esquisita, é o que te digo. Muita calada, sempre na sua e passa os dias na biblioteca ou nos jardins a ler. Dizem que anda metida em bruxaria.
- A sério? Uma pessoa depara-se com cada uma! Mas dizer que se vai matar em 23 dias…
- Até já marcou data e tudo. - Blaise riu novamente. Parecia estar a divertir-se bastante com a situação. - Olha, Draco, esquece, a sério. Ela não é normal, provavelmente inventou isso para chamar a atenção.
- Achas?
- Quem é que se quer matar e diz a toda a gente que a queira ouvir? – Blaise até tinha uma certa razão.
- Pois, isso é verdade. Ela contou à McGonnagal e não parecia muito triste quando me contou a mim.
- Estás a ver? Ouve o que te digo, a miúda não regula. Esquece isso. Vamos é passar por minha casa. Quero te mostrar a nova guitarra que o meu pai me comprou. É incrível, tens de a ver…
Draco deixou-se levar por Blaise. Pelo que o amigo dizia e pelo que o próprio loiro se lembrava, Hermione Granger não era muito normal, não. Não iria pensar mais no assunto. Não iria perder o sono por CDF's loucas que se dizem querer matar. Tinha mais com o que se preocupar.
N/A: Estou de volta com mais uma fic, desta vez D/Hr. Será totalmente Universo Alternativo, ou seja, nada de magia. Espero que gostem e, se não for pedir muito, comentem!xD
